AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Salmos 91:1-2
O salmo se inicia assim: Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo. Inicialmente apresentado do ponto de vista de uma terceira pessoa, o salmista cria uma metáfora convidativa para mostrar a possibilidade real de um relacionamento íntimo com Deus. O pronome "aquele" é usado na terceira pessoa. Sua aplicação não é limitada ao gênero, indicando o alcance abrangente do cuidado dispensado pelo Senhor ao Seu povo (Gálatas 3:28).
O verbo “habitar” (em hebraico, "yashab") estabelece uma condição que pressupõe uma situação de longo prazo, imutável em seu caráter de durabilidade. Outros termos associados ao verbo em hebraico original são: permanecer, manter, viver. Assim, “habitar” invoca um sentido de residência duradoura, neste caso, dentro de um compromisso relacional duradouro descrito como “o esconderijo do Altíssimo”.
Não é necessário limitarmos o substantivo “esconderijo” em (hebraico, "cether") a uma entidade estrutural. Embora a palavra, de fato, possa sugerir a construção de natureza física, ela se inclina aqui mais para um significado semelhante a circunstâncias de proteção ou guarda segura. Ao habitar no “esconderijo” da providência de Deus, os crentes investem propositadamente sua confiança Naquele que promete ser o mordomo de seu maior bem. O Novo Testamento apresenta um eco dessa postura:
"E sabemos que Deus faz com que todas as coisas cooperam conjuntamente para o bem daqueles que O amam, daqueles que são chamados de acordo com Seu propósito" (Romanos 8:28).
A primeira menção do salmista a Deus no Salmo 91 é feita através do uso da palavra “Altíssimo” (em hebraico, "elyown"), ou seja, um “abrigo”. No mundo antigo, cercado por inúmeras divindades às quais as pessoas eram atraídas por inúmeras razões, o escritor desta obra poética estabelece logo de início e de forma enfática, uma verdade incontestável. Não havia Deus maior que o único e verdadeiro Deus de Israel. Todas as outras chamadas divindades eram meras ficções, nenhuma delas se comparava ao Senhor de toda a criação:
"Por isso, és grande, ó Senhor Deus; porque não há ninguém como Tu, e não há Deus além de Ti, segundo tudo o que ouvimos com os nossos ouvidos" (2 Samuel 7:22).
O que começa como a decisão consciente de uma pessoa tomada e sustentada pelo propósito de habitar na presença de Deus resulta em um resultado específico. Aquele que habita no abrigo do Altíssimo permaneceria à sombra do Todo-Poderoso. Novamente, o termo “habitar” aqui deve ser entendido como um ato da vontade de uma pessoa fiel que escolhe viver na presença de Deus, confiando Nele. Permanecer “à sombra” descreve as ramificações desta escolha ativa por Deus: conforto, estabilidade, experiência contínua do cuidado providencial e eterno do Senhor. Estar à sombra de algo requer estar em sua proximidade. Se habitarmos em Deus como nosso esconderijo, permaneceremos à Sua sombra. Podemos confiar que Deus sempre tem o nosso melhor no coração, apesar das situações à nossa volta.
O nome Todo-Poderoso (em hebraico, "Shaddai") na frase “à sombra do Todo-Poderoso” foi atribuído pela primeira vez a Deus em Gênesis 17:1. O termo descreve o Senhor como Aquele que é, ao mesmo tempo, suficiente e autossuficiente, capaz de fazer o impossível. A primeira parte do versículo 1 - Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo - descreve o poder da escolha de depositarmos nossa confiança no Senhor, o Altíssimo. Faz sentido confiar no Altíssimo; não há autoridade ou poder superior ao Altíssimo.
A segunda parte do versículo - à sombra do Todo-Poderoso descansará - demonstra o compromisso firme do Deus Todo-Poderoso com aqueles que confiam Nele. O Deus Altíssimo do Salmo 91 é o Deus único e autêntico, o Todo-Poderoso, no qual todas as pessoas podem confiar e com quem todos podem entrar em um relacionamento eterno. Os que o fazem colhem abrigo, sustento e propósito de vida.
É, portanto, uma escolha a cada um de nós: confiaremos ou não no Altíssimo, o Todo-Poderoso? A tentação original dos seres humanos foi confiar em si mesmos e não em Deus (Gênesis 3:4-5). Os seres humanos têm uma escolha fundamental a fazer: confiar que os caminhos de Deus são para o nosso bem, ou acreditar que sabem mais do que Deus. Se reconhecermos que somente Ele é Altíssimo (não nós) e somente Ele é o Todo-Poderoso, faz sentido confiarmos em Deus como nosso esconderijo e permanecermos à Sua sombra.
O versículo 2 é traduzido na primeira pessoa. É uma declaração clara e ousada de fé e confiança no Senhor Deus. É uma confissão de total confiança, sem os entraves da dúvida ou da limitação. O salmista ressalta o caráter do que significa viver sob os cuidados de Deus, conforme descrito pela primeira vez na abertura do salmo: De Jeová direi: "Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, Deus meu, em quem confio!"
“Jeová” aqui é a tradução da palavra hebraica "Javé", significando "O Eu Sou". Este é o nome mais pessoal de Deus, revelado pela primeira vez a Moisés em Êxodo 3:13-15. O Eu Sou é a única fonte confiável de refúgio (em hebraico, "mahsi"), de conforto e cuidado quando as inevitáveis tempestades da vida castigam o corpo e a alma. Javé é o Deus Vivo que dá proteção e força, sobre quem os fiéis podem se apoiar plenamente.
Ele é refúgio e fortaleza (em hebraico, "matsuwd") contra os ataques lançados contra a humanidade dentro de uma criação rebelde. O salmista transforma isso em algo pessoal: Javé é MEU refúgio e MINHA fortaleza [grifo nosso]. "O Senhor", declara o salmista, "é o MEU Deus e Ele é completamente digno da MINHA confiança" (em hebraico, "batah"). Esta confiança total é garantida porque o cuidado providencial de Deus e Seu amor redentor não falham:
"As misericórdias de Jeová são a causa de não sermos consumidos, porque não falham as suas misericórdias. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade" (Lamentações 3:22-23).