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Significado do Apocalipse 3:2-3
A carta à igreja em Sardes pulou qualquer elogio e passou diretamente para a parte de correção apresentada nas cartas às igrejas do Apocalipse. Encontrando-se em uma disparidade entre sua reputação e a realidade, a igreja em Sardes recebe instruções para tornar-se viva em ação e não apenas em palavras: as duas primeiras admoestações no versículo 2 são para acordar e fortalecer as coisas que ainda estão firmes. Manter uma fachada de eficácia não é útil para Deus; Ele quer que Sua igreja seja genuína.
O termo usado no versículo é se vigilante, e vem da palavra grega "gregoreō", que é traduzida em outros lugares como "ficar alerta" ou "acordar".
Segue uma pesquisa de usos desse termo:
“Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor”
(Mateus 24:42)
“Depois, voltou para seus discípulos e, encontrando-os dormindo, perguntou a Pedro: Nem ao menos uma hora pudestes vigiar comigo?”
(Mateus 26:40)
“Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda ao redor de vós como leão, rugindo, buscando a quem possa devorar”
(1 Pedro 5:8)
Em todos esses versículos, há um senso de prontidão ativa. Seguindo essa linha de pensamento, o comando para vigiar não se trata apenas de estar meramente acordado, mas de ficar alerta e estar ciente do ambiente ao seu redor. Estar em alerta também requer estar pronto para agir a qualquer momento.
Para a igreja em Sardes, o primeiro passo para se tornar viva na prática é vigiar e estar alerta. Parece que a primeira parte de acordar seria admitir sua condição comprometida. Eles precisam perceber que estão vivos apenas na aparência, mas não na realidade, precisam ter em mente que Jesus os julgará por suas ações e, no momento, não estão se saindo bem (2 Coríntios 5:10).
Os crentes devem estar constantemente trabalhando para o reino de Jesus, para serem considerados fiéis quando morrerem ou quando Ele retornar. Qualquer um dos dois pode acontecer a qualquer momento, e ninguém tem a garantia de um amanhã. Os crentes não devem ser encontrados dormindo, como os discípulos no jardim do Getsêmani (Mateus 26:40), mas devem estar vigiando por Jesus, vivendo para Jesus e construindo para Jesus. Para aqueles crentes que não estiverem trabalhando diligentemente para o Seu reino quando Ele voltar, Ele virá como um ladrão e Sua chegada será inesperada (Mateus 24:43).
Não devemos ser preguiçosos como se o Seu retorno estivesse longe (como se pudéssemos nos preocupar com isso depois). Se fizermos isso, Jesus virá como um ladrão. Isso se aplica tanto ao fim de nossas vidas, bem como ao Seu retorno, e vai acontecer antes que possamos perceber, então não podemos voltar atrás e reviver os segundos que se passaram.
Além disso, os crentes não devem viver como os preguiçosos, como se o que fazemos não importasse já que Jesus está voltando em breve (e, portanto, qualquer coisa que fazemos é considerada um esforço desperdiçado). Jesus não precisa do nosso esforço, Ele quer que façamos tudo o que fazemos como se fosse para Ele (Colossenses 3:23). Jesus fica satisfeito quando nos esforçamos para completar nossas ações de uma maneira que O agrade. Isso implica que Jesus decidirá quando terminamos, não nós.
A instrução para Sardes manter-se alerta e vigilante, é também particularmente comovente com algum contexto histórico sobre a cidade de Sardes. Ela foi construída em um penhasco com uma muralha ao redor, por isso era achado que a cidade seria inexpugnável. No entanto, ela foi invadida duas vezes e ambas porque os sardianos pararam de vigiar seus muros, permitindo que os inimigos se infiltrassem. Jesus não quer que a igreja em Sardes sofra o mesmo destino da cidade, então Ele os instrui a ficarem vigiantes.
A ação específica ordenada por Jesus depois que eles compreenderam totalmente de sua necessidade, é fortalecer as coisas que ainda permanecem. Isso indicaria que ainda há alguma fé ativa que restava na igreja. Portanto, Jesus quer que eles se concentrem em construir a partir dessas coisas e começar a torná-las mais fortes. A melhor maneira de mudar é construir com base no que já existe. "Comece com o que você tem." Jesus é paciente, mas é hora de progredir. Eles não podem chegar lá em um só passo, mas estão desesperadamente precisando dar o primeiro.
A morte é separação. Uma vez que as coisas que permanecem estão prestes a morrer, a pergunta é o que está prestes a ser separado do quê? O contexto imediato e a razão para a morte das coisas que permanecem, é porque as obras da igreja em Sardes não estão completas. A palavra grega traduzida como completas é frequentemente traduzida nas Escrituras como "cumpridas". Parece que ainda há uma centelha remanescente de obras na igreja, mas ela está prestes a se apagar. Como um fogo que está esfriando e quase se extinguido, essa pequena chama está à beira de se apagar - está prestes a morrer.
Jesus adverte os crentes em Sardes a fortalecerem as coisas que ainda permanecem. Jesus quer que eles comecem de onde estão e construam pouco a pouco. Avivem a chama remanescente, acrescentem combustível e comecem a reavivar o fogo.
No geral, a tarefa que Deus dá a cada crente é continuar na fé a cada dia, aplicando seus dons espirituais para servir aos outros. Deus atribui à igreja o papel de reunir os crentes para estimularem uns aos outros a praticar o amor e as boas obras (Hebreus 10:24). O estímulo ao amor e às boas obras por meio de se reunir, leva diretamente cada crente a continuar na fé e crescer na maturidade em amor e boas obras. Parece que quando uma igreja não faz o seu trabalho, o seu testemunho é removido, como aconteceu com a igreja em Éfeso; Jesus disse que, se não se arrependessem, Ele removeria seu candelabro (Apocalipse 2:5).
Em seguida, Jesus diz que Ele não encontrou as obras da igreja em Sardes como sendo completas diante do Meu Deus. Jesus recebeu autoridade sobre o céu e a terra, mas Ele ainda se submete ao Seu Pai em todas as coisas, chamando-O de Meu Deus. Isso ilustraria que o uso apropriado da autoridade é usá-la em total submissão a Deus, assim como Deus faz.
Tiago 2 fala sobre aqueles que têm fé, mas não a colocam em prática com suas ações, e chama isso de fé morta (para mais informações, leia nosso comentário sobre Tiago 2:14).
No final desse capítulo, Tiago explica que Deus deseja que Seu povo leve sua fé e a coloque em ação, dizendo que "assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem obras está morta" (Tiago 2:26). O corpo sem o espírito ainda existe, mas não pode realizar nada. Da mesma forma, a fé sem obras ainda é fé, ela existe, mas não está animada. Sem ações, nossa fé está extinta, é uma fé morta, separada do trabalho que Deus nos deu para servir aos outros.
A igreja em Sardes tem uma fé que está quase morta. Isso significa que a orientação de Deus é para eles fortalecerem as coisas que ainda restam, que estavam prestes a morrer. Jesus não quer que a fé deles morra, pelo contrário, Ele quer que ela esteja viva. E assim como o espírito é o que faz o corpo ganhar vida, as obras são o que fazem a fé ganhar vida. Lembre-se de que a igreja em Sardes tinha a reputação de estar viva (Apocalipse 3:1), mas não era verdadeira. Jesus quer que eles façam jus a essa reputação.
Mudar de uma fé quase morta para uma fé viva é um trabalho árduo, por isso Jesus diz a eles para fortalecerem as coisas que ainda permanecem. Eles podem começar com o que possuem e fortalecer o pouco de bondade que têm para construir, podem abandonar a preocupação com as aparências e transformar-se, podem substituir seus esforços para parecerem corretos por obras verdadeiras impulsionadas pela fé, refletindo uma vida em Cristo.
Claramente, essa é uma escolha está nas mãos deles. Jesus está apresentando a realidade de seu estado: quase mortos. Ele também lhes oferece uma promessa de um novo futuro, um que O agradará. E isso começa com esforço. Fortalecer as coisas que ainda permanecem. Jesus não faz rodeios. Não será fácil; exigirá muito trabalho. Mas valerá muito a pena.
O terceiro comando que Jesus dá à igreja em Sardis é lembrar: como recebeste e ouviste, guarda-o e arrepende-te. Passagens como esta em todo o livro de Apocalipse ecoam as instruções de do capítulo 1:3 para ler, ouvir e obedecer à profecia. A igreja em Sardis recebeu, leu e ouviu o que deveria fazer, mas não obedeceu. Portanto, eles precisam se arrepender e mudar seus caminhos, precisam guardar ou agir de acordo com a realidade de que sua fé está quase morta. Eles precisam fazer escolhas para agir com base em sua fé e fazê-la reviver. Suas escolhas terão consequências imensas. Jesus está dizendo a eles o que é do seu melhor interesse, Ele quer que eles acordem e percebam o que é verdade, e então ajam de acordo com isso.
O próximo versículo volta ao primeiro comando para permanece vigilante e oferece um aviso caso a igreja em Sardes se recuse a seguir:
Pois, se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás a hora em que hei de vir a ti.
Jesus usa uma metáfora aqui para a condição espiritual de Sua igreja em Sardes; eles estão adormecidos. Uma igreja com obras quase mortas e uma fachada de estar viva é uma igreja que está adormecida. Ele quer que eles acordem. Se eles não acordarem, inevitavelmente se encontrarão surpreendidos por Jesus. Ele virá como um ladrão.
Essa metáfora de acordar e dormir é encontrada em toda a Escritura. Um exemplo está neste versículo de Romanos:
“Digo isso, porque sabeis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono; porque agora está mais perto de nós a salvação do que quando recebemos a fé. A noite vai adiantada, e o dia está próximo. Dispamo-nos, pois, das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz.”
(Romanos 13:11-12)
Neste trecho, Paulo convoca os crentes romanos a estarem alertas, sabendo que o tempo de sua salvação está se aproximando. Neste caso, uma vez que o tempo da salvação está dito como se aproximando, essa "salvação" se refere ao momento em que os crentes serão salvos da presença do pecado neste mundo caído e serão entregues a uma nova terra em que a justiça reina. A maneira de estar preparado para este novo mundo é andar na luz e viver o que é verdadeiro.
Os crentes em Sardes estão recebendo a oportunidade de reconhecer seu estado atual de "sonambulismo espiritual" e acordar. Se eles permanecerem adormecidos, então, quando Jesus vier a eles, Ele virá como um ladrão, o que significa que Ele aparecerá inesperadamente. Por estarem despreparados, perderão a recompensa da herança (Colossenses 3:23).
Se Jesus vier de maneira inesperada, os crentes não estarão preparados. Jesus deseja que Seu povo viva em constante estado de preparação. Esta não é a única passagem em que a metáfora de um ladrão é usada para descrever Jesus. Mateus 24:42 também inclui uma metáfora de ladrão:
“Mas considerai que, se o dono da casa tivesse sabido a que hora da noite havia de vir o ladrão, teria vigiado e não haveria deixado arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também apercebidos; porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem.”
(Mateus 24:43-44)
Há um senso de urgência nessas instruções. Se sua fé está morta ou morrendo, você é advertido a começar imediatamente a seguir os mandamentos de Jesus para que ela possa reviver.
É interessante que a frase e não conhecerás a hora em que hei de vir a ti começa com e, conectando-a com virei como um ladrão. Quando Jesus retornar à Terra, o mundo inteiro saberá (Mateus 24:27). Portanto, isso pode se aplicar à vinda de Jesus para encontrar a igreja no ar (1 Tessalonicenses 4:17). Isso poderia acontecer repentinamente, sem aviso prévio.
Também pode estar se referindo a outro julgamento. Talvez Cristo venha a eles com um julgamento por sua má testemunha, e eles estarão despreparados devido ao seu estado mental sonolento. E talvez por causa de sua fachada externa de retidão, eles ficarão atordoados com Seu julgamento e nem mesmo reconhecerão que é Jesus os julgando.
Os crentes do Novo Testamento podem aplicar essa orientação de várias maneiras:
Jesus quer fazer os crentes na igreja de Sardes cientes do estado real de sua fé e enfatiza a importância de fortalecê-la. Os crentes são orientados a serem transformados pela renovação de suas mentes (Romanos 12:2). Um passo fundamental é ver a realidade como ela é. Não podemos ter uma jornada bem-sucedida para um destino desejado sem primeiro termos uma compreensão da realidade de onde nossa jornada começa. Neste caso, começa com o reconhecimento da diferença entre percepção e realidade. Às vezes é dito que "a percepção é a realidade". A verdade é que a percepção é percepção, e Deus conhece a realidade. Portanto, é vantajoso para nós entrar na realidade.