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Significado de Romanos 9:1-5

Ao longo de sua carta, Paulo refuta acusações caluniosas feitas por autoridades judaicas sobre sua mensagem evangélica. Paulo está profundamente triste por Israel, como nação, ter rejeitado a Cristo. Israel era a nação escolhida por Deus e Paulo desejava que todo israelita tivesse fé em Cristo.

Depois de repreender a calúnia das autoridades judaicas ao longo dos capítulos 1-8, Paulo dedica um tempo para explicar o status de Israel nos capítulos 9-11, respondendo a uma versão diferente das acusações. Antes de iniciar seu argumento, ele apela para a autoridade de Cristo, dizendo: “Digo a verdade em Cristo, não minto, dando testemunho comigo a minha consciência no Espírito Santo(v. 1).

As autoridades judaicas em Roma estavam tentando fazer com que os crentes gentios seguissem à lei judaica, especificamente sua interpretação da Lei. Isso colocaria os gentios sob seu domínio, já que eles determinariam quem seria condenado.

Aquelas autoridades também argumentavam que, se a Lei não mais se aplicava, Deus havia rejeitado aos judeus. A Lei era parte integrante da aliança de Deus com Israel. "Se vocês viverem segundo a Lei, Eu vos abençoarei", como Deus diz em Deuteronômio 30, um texto ao qual Paulo se referirá no capítulo seguinte. Assim, as autoridades judaicas argumentavam que, se a Lei fosse rejeitada, o relacionamento de Deus com Israel seria rejeitado.

No entanto, nos versículos 1-5, Paulo deixa claro que Deus não havia rejeitado ao templo ou às práticas religiosas dos judeus. Paulo afirma apenas que essas coisas simplesmente não produziam justiça.

A questão geral levantada na carta de Paulo aos crentes romanos era: "O que é a justiça e como ela pode ser alcançada?" O argumento claro das autoridades judaicas é era o de que a justiça só poderia ser alcançada de uma forma, ou seja, através da Lei dada por Deus ao povo judeu. O argumento de Paulo era o de que a justiça só poderia vir de uma forma, ou seja, através da fé (Romanos 1:17). Paulo afirma que a justiça vem através da vida de fé (Romanos 1:17). A vida justa vem através de andarmos no Espírito e quando os crentes andam no Espírito eles cumprem a Lei (Romanos 8:4).

Paulo era um israelita e estava profundamente chateado pelo fato de a nação de Israel ter rejeitado a Cristo, dizendo: “Tenho grande tristeza e incessante dor no meu coração” (v. 2). Os líderes judeus em Jerusalém haviam demandado a morte de Jesus e quando o povo de Jerusalém teve a chance de libertá-Lo, eles exigiram que Ele fosse executado, assim como seus líderes desejavam (Mateus 27:22).

Embora alguns israelitas coloquem tivessem colocado sua fé em Cristo, o Evangelho estava se espalhando muito mais rapidamente às nações gentias no momento em que a carta de Paulo estava sendo escrita. Em Romanos 1:8, Paulo diz que a fé dos cristãos romanos estava sendo anunciada em todo o mundo. Ao mesmo tempo, ele estava sendo forçado a lidar com falsos ensinamentos das autoridades judaicas em Roma que deturpavam seu Evangelho e tentavam levar os crentes romanos a se submeter à Lei do Antigo Testamento.

Nesta carta, Paulo direciona os crentes à fé, à obediência, ao Espírito Santo e à graça de Deus, levando-os para longe do legalismo, das regras e da escravidão do pecado. Paulo estava triste que Israel, como nação, houvesse rejeitado a Cristo, tanto que ele demonstra seu desejo de ser cortado das bênçãos de Deus se isso pudesse abrir espaço para seus irmãos: “Eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas segundo a carne” (v. 3).

A palavra grega "anátema" quer dizer “amaldiçoado”. Ela é usada em Atos para descrever o juramento que alguns líderes judeus haviam feito contra si mesmos caso não conseguissem matar a Paulo, um juramento solene:

"...e estes, indo ter com os principais sacerdotes e os anciãos, disseram: Juramos, sob pena de anátema, não provar coisa alguma, enquanto não matássemos a Paulo" (Atos 23:14).

A idéia parecia ser a seguinte: "Estamos dispostos a infligir sobre nós mesmos o pior destino possível caso não sejamos capazes de realizar isso". Paulo pode ter tido isso em mente, mas a passagem infere que ele percebe a impossibilidade de seu pensamento, porque isso jamais seria sua escolha. Assim, ele diz: “Eu mesmo desejaria”. O ponto parece ser: "Eu estaria disposto a me colocar sob essa grande consequência se eu fosse capaz de fazer algo para mudá-los". Seu raciocínio parece mostrar o quanto ele realmente se importava com o povo, ao memso tempo em que demonstra sua limitação quanto ao que seria capaz de fazer.

A linguagem de Paulo era destinada a comunicar o quão triste ele estava por Israel estar naquele estado. Nem ele, nem Deus haviam desistido dos israelitas, apesar do ministério de Paulo ter sido, em grande parte, voltado aos gentios.

Deus havia escolhido Israel para ser Sua nação e Seu povo. No Antigo Testamento, Ele libertou os israelitas da escravidão no Egito. A partir de então, Ele foi o Deus deles, dando-lhes a Lei, fazendo promessas e alianças com eles remontando ao pai da nação, Abraão. Paulo explica a oportunidade especial que seus parentes haviam tido: Os quais são israelitas; de quem é a adoção, a glória, as alianças, a promulgação da Lei, o culto de Deus e as promessas; de quem são os patriarcas, e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém (v. 4-5).

Esta lista de benefícios mostrava que Paulo reconhecia a posição privilegiada que os judeus haviam recebido.

  • Israel possuía o direito de adoção como filhos.

Podemos ter uma idéia do que Paulo queria dizer com “adoção de filhos” olhando para o capítulo anterior, onde ele usa a mesma palavra ("huiothesia"). No versículo seguinte, "huiothesia" é traduzida como "adoção como filhos":

Não recebestes o espírito de escravidão, para estardes outra vez com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai (Romanos 8:15).

Isso parece indicar que Paulo fala aqui sobre o nascimento na família de Deus como filhos. Esta passagem em Romanos 8:15 fala sobre aqueles que nascem como filhos na família de Deus através da fé; eles simplesmente recebem um dom de Deus. Esta passagem em Romanos 9 fala da nação de Israel, a quem Deus chama de Seu "filho" (Êxodo 4:22). Deus trouxe Israel à luz por Sua graça e fez de Israel Seu "filho".

  • Israel tinha a glória, as alianças e a promulgação da Lei.

Deus havia dado Sua Lei a Israel, bem como as alianças entre Ele e a nação, monstrando a Israel como viver de forma a receberem grandes bênçãos. Ele os ensinou a desenvolver uma cultura de amor ao próximo como a si mesmos, uma atitude que desenvolveria confiança, colaboração e florescimento mútuo. Isso deu a Israel a glória de ser nomeado como nação sacerdotal, visando mostrar às outras nações como produzir grande florescimento (Êxodo 19:6).

  • Israel recebeu o culto de Deus.

O culto de Deus no templo apresentava a imagem do sacrifício de Cristo que estava por vir. Ele também apresentava a realidade de que Deus havia passado por cima dos pecados do povo por Sua graça (Levítico 16).

  • Israel recebeu as promessas.

Israel havia recebido muitas promessas, incluindo a promessa da terra, as bênçãos da aliança e o reinado perpétuo do Filho de Davi, o Messias.

  • Israel tinha os patriarcas, a quem Deus havia amado; Ele cumpriria Suas promessas por Seu amor a eles (Romanos 11:28-29).
  • Israel havia sido o veículo através do qual Jesus, o Cristo, havia vindo segundo a carne, o qual era sobre todas as coisas.

Porém, embora Israel tivesse recebido todos esses benefícios, Cristo havia sido rejeitado pelos líderes e pelo povo de Israel. Entristecia a Paulo que seu próprio povo estivesse separado de Deus. Sua história deveria levá-los a abraçar a Cristo, mas eles O rejeitaram. Como resultado, eles perderam a oportunidade dos "tempos de refrigério" (Atos 3:19) e o cumprimento das promessas de bênçãos através do reinado do Messias.

No entanto, Paulo deixará muito claro que Deus não havia rejeitado a Israel para sempre, embora Israel tivesse rejeitado a Deus. Na verdade, Paulo nos dirá que todas as promessas a Israel serão cumpridas e que os gentios crentes desempenhariam um papel fundamental nesse cumprimento.

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