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Significado de Zacarias 10:6-12
Em Zacarias 10:1-5, o profeta aborda as preocupações dos judeus contemporâneos que viviam em uma sociedade agrícola à mercê dos caprichos do clima. Ele os exorta a pedir a Deus chuva para suas colheitas, em vez de se voltarem aos deuses pagãos. Ele também os informa de que seu Susserano (Governante) seria Sua provisão e lhes daria vitória nas batalhas porque Ele era o verdadeiro Deus. Na presente seção, o SENHOR promete povoar e restaurar a Seu povo, levando-os a se tornar seguidores fiéis. Ele começa dizendo: “Fortalecerei a casa de Judá e salvarei a casa de José” (v. 6).
A casa de Judá refere-se aos descendentes do reino do sul que restaram depois de o reino do norte ter sido separado após o reinado de Salomão (1 Reis 12:16-17). A casa de José representa os descendentes do povo do reino do norte, geralmente chamado de Israel ou Samaria.
Os profetas muitas vezes se referiam ao reino do norte como Efraim, uma vez que esta era a tribo mais proeminente naqueles dias (Oséias 5:3, 13; 6:4, 10; Isaías 7:17). Porém, neste texto, Zacarias usa o nome de José de forma coletiva para representar o reino do norte (Israel), já que José era o pai de Efraim (Gênesis 41:52). O uso de José poderia indicar a reunificação das tribos em uma nação, conforme prometido pelo Senhor (Oséias 1:11).
O SENHOR promete fortalecer o reino meridional de Judá e salvar o reino setentrional de Israel. O verbo traduzido como “fortalecer” vem da mesma palavra raiz traduzida anteriormente como "valentes" (v. 5). O termo fala de força ou poder extraordinário (1 Samuel 2:4; Amós 2:14; Sofonias 1:14). O verbo “salvar” significa libertar alguém de uma situação difícil, como quando o SENHOR resgatou os israelitas de sua escravidão no Egito (Êxodo 14:13, 15:2). Aqui em Zacarias, Deus também libertaria a Seu povo da aliança e os traria de volta à sua terra natal. A restauração seria um ato de amor, graça e misericórdia de Deus. Conforme Ele afirma: “...fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles...” (v. 6).
Ter compaixão significa demonstrar simpatia por alguém. Essa qualidade é inerente à natureza do SENHOR (Jeremias 33:26). Sua compaixão é tão constante quanto a de um pai por seus filhos e superior à de uma "mãe pelo filho de seu ventre" (ver Salmos 103:13 e Isaías 49:15, respectivamente). Por causa do amor infalível de Deus por Seu povo, eles teriam de volta o cuidado precioso que um dia haviam tido.
O Senhor continua: “...eles serão como se eu não os tivera rejeitado...” (v. 6). A razão pela qual Deus faria Seu povo da aliança se sentir assim fica clara na linha seguinte: “Porque Eu sou Jeová, seu Deus” (v. 6). A expressão “Eu sou” deixava claro que Deus nunca havia rejeitado a Israel como Seu povo. Seu amor por Israel era devido à Sua graça, não devido ao seu desempenho (Deuteronômio 7:7-9). Deus havia rejeitado à habitação de Israel na terra da promessa sob Sua bênção. Essa rejeição, ou maldição, era uma provisão da aliança/tratado com Israel. O pacto especificava que, se o povo se enveredasse na prática exploradora do paganismo, em vez de praticar o autogoverno e o amor ao próximo, eles seriam exilados da terra (Deuteronômio 28:41, 49, 64).
O termo hebraico para “SENHOR” nesta frase é "Javé", o nome da do Deus da aliança. Esse nome fala do caráter de Deus e de Seu relacionamento com Seu povo (Êxodo 3:14; 34:6). O pronome "Eu" na frase é enfático no texto em hebraico, indicando que Deus era o único libertador de Israel.
Deus os havia resgatado da escravidão no Egito e os redimido "com braço estendido" (Êxodo 3:13-15; 6:6, 7). Deus estabeleceu um relacionamento de aliança com eles e os reivindicou como Sua posse, cuidaou deles "como a pupila de Seus olhos" (ver Êxodo 19:4-6 e Deuteronômio 32:10, respectivamente). Deus promete salvar a todo o Israel no futuro, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (Romanos 11:26).
Portanto, embora o povo da aliança desobedecesse a Deus e se afastasse Dele, passando, assim, a sofrer as disposições da execução da aliança, Ele responderia quando eles pedissem. Ele perdoaria seus pecados e restauraria Sua comunhão com eles.
Quando o SENHOR restaurar Seu povo, “os de Efraim serão como um valente” (v. 7). Efraim aqui se refere ao reino do norte, geralmente chamado de Israel ou Samaria. Este reino se separou de Judá após o reinado do rei Salomão (1 Reis 12:16-17). Efraim era o segundo filho de José, irmão mais novo de Manassés. José o chamou de Efraim, que significa "duplamente fecundo", porque disse: “Deus me fez fecundo na terra da minha aflição" (Gênesis 41:52). Mais tarde, os descendentes de Efraim ficaram conhecidos como a tribo de Efraim. Uma vez que esta era uma das tribos mais proeminentes no antigo Israel, a Bíblia frequentemente a usa para representar a todas as dez tribos do norte (Oséias 10:6, 11:8).
Durante o período pré-exílico, Deus frequentemente repreendeu as tribos do norte (representadas por Efraim) por sua idolatria e por sua associação com nações pagãs (Oséias 4:17, 12:1). Infelizmente, eles ignoraram a advertência divina e Deus usou os assírios como Sua ferramenta para enviá-los ao exílio em 722 a.C. (2 Reis 17). Isso estava de acordo com as disposições da aliança/tratado que Israel havia firmado com Deus (Deuteronômio 28:41, 49, 64).
No entanto, Deus nunca abandonou a Seu povo. Embora Ele os castigasse, Ele sempre se lembrava deles no momento apropriado (Jeremias 31:20). Isso também estava de acordo com Sua aliança/tratado (Deuteronômio 32:36). Um dia, Ele os reunirá e “seu coração se regozijará como de vinho” (7). Os israelitas serão felizes e alegres outra vez. Sua felicidade os levará a agir como pessoas embriagadas pelo vinho.
“Seus filhos o verão e se regozijarão; e o seu coração se alegrará em Jeová” (v. 7). Eles se lembrarão dos atos graciosos de Deus em seu favor e O louvarão por Sua bondade e misericórdia. Em vez de viver na falsa realidade de poder controlar as divindades pagãs com seus sacrifícios a fim de ter seus desejos atendidos, o povo verá a realidade e reconhecerá que todas as bênçãos vêm de Deus (Tiago 1:16).
No versículo seguinte, Deus fala diretamente e revela Seu plano para o povo. Ele declara: “Eu lhes assobiarei e os ajuntarei” (v. 8). O verbo traduzido como “assobiar” é "shāraḳ" na língua hebraica. É uma palavra que também pode significar "chamar" (Isaías 5:26). Nos tempos antigos, os pastores frequentemente assobiavam para chamar seu rebanho (Juízes 5:16). Assim, o Deus Susserano assobiaria para que Seu povo da aliança voltasse do exílio e eles ouviriam ao Seu chamado. Isso mostrava a soberania de Deus: quando Ele se propõe a fazer algo, aquilo vai acontecer.
Em seguida, o SENHOR apresenta a razão pela qual chamaria a Seu povo de volta do exílio: “Porque os tenho remido” (v. 8). O verbo traduzido como “redimir” é "padah" no texto hebraico, significando "resgatar". Isso ocorre várias vezes no contexto do Êxodo, quando o SENHOR libertou os israelitas de sua escravidão no Egito (Deuteronômio 7:8; 15:15, 24:18). Da mesma forma, chegará o dia em que Deus graciosamente resgatará a Seu povo do exílio. Eles foram exilados de acordo com as disposições corretivas da aliança/tratado com Deus como resultado de sua desobediência a Seus mandamentos (Deuteronômio 28:15-68). Deus promete trazê-los de volta do exílio (Deuteronômio 32:36).
A restauração de Deus incluirá o aumento populacional: “...multiplicar-se-ão, como se têm multiplicado” (v. 8). Assim como os israelitas experimentaram uma explosão numérica durante sua estada no Egito, eles se multiplicariam novamente quando Deus os redimisse (Êxodo 1:7, 20), inferindo que teriam segurança contra os inimigos, prosperidade material e física, e saúde espiritual. Todas essas coisas são necessárias para a prosperidade de uma população.
O SENHOR teroma o tema do exílio e diz: “Eu os semearei por entre os povos, e em terras remotas se lembrarão de mim” (v. 9). A dispersão dos israelitas foi a maneira de Deus castigá-los por sua desobediência à Sua aliança/tratado. Seu tratado com Israel estabelecia claramente quais eram as disposições para a desobediência caso o povo se enveredasse pelos caminhos pagãos de exploração mútua, em vez de viverem em obediência a Deus, seguindo a Seus caminhos de autogoverno e amor ao próximo (Deuteronômio 28:15-68).
Um exemplo das "maldições" no Deuteronômio, quando Moisés adverte o povo sobre as consequências que sofreriam por violar seu voto a Deus, afirma:
Jeová te levará a ti e ao teu rei que tiveres estabelecido sobre ti a uma nação que não conheceste, nem tu, nem teus pais; e ali servirás a outros deuses, ao pau e à pedra (Deuteronômio 28:36).
As tribos do norte caíram nas mãos dos assírios em 722 a.C. e as tribos do sul em 586 a.C., cumprindo assim esta maldição. O povo da aliança, escolhido pelo SENHOR como Sua posse, rebelou-se contra Suas leis e entrou debaixo de Suas ações disciplinares. Deus usou os inimigos como ferramentas para enviar Seu povo ao cativeiro (Deuteronômio 28:63, 64). Eles foram levados a países distantes.
No entanto, um dia, o remanescente disperso do povo de Deus se lembraria Dele, o que significava que eles se lembrariam da Sua salvação no passado e se voltariam a Ele em fé. Tal lembrança causará uma transformação na vida dos israelitas: “...viverão com seus filhos e tornarão a vir” (v. 9). Assim, quando eles se arrependerem e buscarem a Deus genuinamente, eles experimentarão bênçãos espirituais desfrutadas até mesmo pelas gerações seguintes (filhos). A obediência aos mandamentos de Deus produz uma sociedade segura e próspera; o povo vive vidas longas e prósperas (Deuteronômio 5:33).
Quando os israelitas se voltarem a Deus em arrependimento, Ele os restaurará. Ele declara: “Também os farei voltar da terra do Egito, os congregarei da Assíria” (v. 10). O Egito era um país situado ao longo do rio Nilo, o lugar onde os israelitas haviam vivido como escravos por cerca de 400 anos (Gênesis 15:13, Atos 7:6).
Mesmo depois de os babilônicos invadirem Jerusalém em 586 a.C., um grupo de judeus forçou Jeremias a ir com eles para o Egito (Jeremias 43:6, 7). Enquanto estavam no Egito, eles cresceram exponencialmente durante o período intertestamentário (cerca de 400 a.C. a 30 d.C.) e gradualmente esqueceram sua língua nativa. Por essa razão, eles traduziram o Antigo Testamento para o grego (a Septuaginta) entre 250 e 150 a.C.
A Assíria é a região do norte da Mesopotâmia, onde o reino do norte (Israel) foi exilado em 722 a.C. (2 Reis 17). Como o Egito e a Assíria eram inimigos tradicionais de Israel, Zacarias os usa como arquétipos para representar a todas as nações que se opunham a Deus. Eles simbolizavam o sofrimento suportado pelo povo desobediente de Deus no exílio (Oséias 8:13; 9:6). Porém, um dia, os israelitas não mais sofrerão, porque Deus os restaurará. Conforme Ele afirma: “Também os farei voltar da terra do Egito, os congregarei da Assíria e os trarei para a terra de Gileade e do Líbano; não se achará lugar para eles” (v. 10).
O lugar chamado Gileade ficava na região leste do rio Jordão, a parte norte da atual Jordânia (ver mapa). Era uma das cidades designadas como cidades de refúgio para onde as pessoas que cometiam mortes acidentais podiam fugir com segurança (Josué 20:1, 2). O Líbano era uma região montanhosa ao norte de Israel (ver mapa) conhecida por sua beleza e recursos naturais (Oséias 14:5-7; Salmos 92:12).
O SENHOR pode ter-se referido a Gileade e ao Líbano para descrever a completude da restauração, uma vez que esses lugares eram pouco habitados. A restauração do povo escolhido de Deus seria tão completa que eles precisariam de território extra em Gileade e no Líbano para sua morada. Mesmo assim, eles ficariam sem espaço, porque seriam muito numerosos.
“Ele passará o mar de aflição” (v. 11), como fizeram nos dias de Moisés, quando o SENHOR abriu as águas do Mar Vermelho e lhes deu passagem segura (Êxodo 14:21, 22). Esta provavelmente fosse uma metáfora retratando as dificuldades futuras a serem enfrentadas pelo povo judeu, conflitos que exigiriam, uma vez mais, a libertação milagrosa de Deus.
Deus livrará Israel em sua aflição. Ele realizará um milagre semelhante ao da separação do Mar Vermelho para Seu povo escolhido. Ele “ferirá as ondas no mar, e todas as profundezas do Nilo secarão” (v. 11). Tudo isso indicava que Israel experimentaria grandes dificuldades no futuro, mas que um livramento como o de sua libertação do Egito precederia sua restauração como nação e o cumprimento dessas profecias de bênção.
O Nilo era o fluxo de vida do Egito no nordeste da África. Seu comprimento é de cerca de 7.000 quilômetros, posicionando-o como o rio mais longo da África. Ele era a base da riqueza do Egito, uma sociedade agrícola única que não dependendia das chuvas (Gênesis 42:1, 2; Números 11:5). Apesar de sua profundidade e importância para o Egito, o SENHOR o secaria no momento apropriado. O profeta Zacarias usa essas imagens para dizer a seu público que o SENHOR removeria todos os obstáculos à sua restauração. E, assim como o rio Nilo secaria, “a soberba da Assíria será abatida, e o cetro do Egito se retirará” (v. 11).
As duas nações listadas no versículo 10 — Assíria e Egito — representam a todas as nações que se opõem a Deus e ao Seu povo da aliança (ver mapa). O cetro é um bastão simbolizando a realeza (Gênesis 49:10). A palavra “soberba” significa confiança humana em si mesmo. As Escrituras contrastam o orgulho com a fé (Habacuque 2:4). A idéia é a de que orgulho é a fé em si mesmo, ou seja, o oposto da fé em Deus. As nações do mundo teriam fé em si mesmas, em seu poderio militar e riquezas materiais. Deus, porém, garantiria que elas fossem destruídas.
Isso significava que o SENHOR humilharia os orgulhosos assírios e rebaixaria os egípcios, provavelmente símbolos de todas nações da terra. Ele reduziria seu poder e autoridade a nada. Mas, teria misericórdia de Seu povo. Conforme afirma: “Eu os fortalecerei em Jeová” (v. 12), repetindo a promessa anterior (v. 6). Quando isso acontecer, “no Seu nome andarão” (v. 12).
Os israelitas se comportarão de forma a honrar a seu parceiro de aliança, Jeová. Eles viverão como filhos obedientes. Eles andarão nos caminhos de Deus. Eles guardarão aos mandamentos da aliança e amarão uns aos outros.
Zacarias encerra o capítulo com a fórmula profética: “...diz Jeová”.
A frase “diz Jeová” tem muito peso nos livros proféticos. É uma afirmação de que os profetas falavam em nome de Deus. Nos tempos bíblicos, um profeta recebia uma mensagem de Deus e a entregava ao(s) destinatário(s) pretendidos por Deus. Assim, quando o profeta Zacarias declara "Diz o Senhor", ele acrescenta peso e ênfase à sua mensagem, indicando que ela não vinha dele, mas do Senhor, o Governante de Judá. Portanto, os exilados da Judéia que estavam retornando encontrariam conforto sabendo que seu parceiro de aliança, um dia, removeria todos os obstáculos e os restauraria.
Quando será cumprida essa profecia? O Antigo Testamento mostra muitas dessas profecias sobre a restauração completa de Israel e da terra ao seu projeto original. A plena realização dessas profecias ainda é futura no momento em que escrevemos este artigo.