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Significado de Zacarias 11:1-3
O capítulo anterior termina com o julgamento de Deus sobre a Assíria e o Egito ⎯ duas nações que provavelmente representavam todas as nações que se opunham a Deus e a Seu povo de aliança (Zacarias 10:11, 12). O presente capítulo é iniciado com um pequeno poema lírico dirigido ao Líbano e Basã, duas regiões vizinhas, também possíveis representantes das nações que experimentariam o julgamento divino. O profeta representa graficamente o julgamento vindouro usando um imperativo, seguido pelo nome da região. Ele dirige-se ao Líbano e a Basã como se estivesse falando com seres humanos. Assim, ele diz ao Líbano: “Abre as tuas portas, ó Líbano” (v. 1).
A palavra “porta” é "deleth" em hebraico. Portas fechadas promovem uma sensação de segurança (Josué 2:19), enquanto portas abertas transmitem acolhimento, conectando o que está dentro com o que está fora.
Às vezes, "deleth" refere-se às portas de uma cidade (Deuteronômio 3:5; 1 Samuel 23:7; 2 Crônicas 8:5). Porta ou portão, o termo refere-se a um obstáculo ao qual alguém que esteja do lado de fora deva superar para entrar ou sair de um lugar (Juízes 19:22; 3:25). Em nossa passagem, Zacarias fala das portas do Líbano em referência à passagem que dava acesso ao Líbano (Provérbios 8:34). Ele pede ao Líbano que abra suas portas para o julgamento que estaria chegando: “...para que o fogo devore os teus cedros” (v. 1).
O Líbano era uma região montanhosa que fazia fronteira com Israel ao norte. Nos tempos bíblicos, era conhecida por sua beleza e recursos naturais (Oséias 14:5-7; Salmos 92:12). Era fonte de madeira fina para Israel. Os poderosos cedros do Líbano representavam o orgulho e a força daquela terra (Isaías 2:13). No entanto, era o lar dos modelos exploradores do paganismo e da adoração aos ídolos. Pelo fato de sua beleza ter produzido orgulho, o Líbao caiu sob o julgamento de Deus. Assim, o profeta personifica o Líbano e ordena-lhe que abra suas portas para que o fogo devorasse seus cedros (v. 1).
O cedro era uma árvore nativa do Líbano. Como item de luxo, o cedro era um presente de Deus e um sinal de riqueza para o Líbano (Salmo 104:16). Era imponente, com um aroma agradável, alto e forte (ver, por exemplo, Ezequiel 31:3-5; Oséias 14:6; Amós 2:9). O rei Davi usou o cedro para construir seu palácio (2 Reis 5:11). Seu filho, Salomão, os usou para o primeiro templo (2 Samuel 5:11).
Mais tarde, quando os judeus voltaram de seu cativeiro na Babilônia, eles usaram cedros para a construção do segundo templo (Esdras 3:7). Em Zacarias, o profeta pronuncia que o fogo do juízo de Deus estava prestes a ter livre acesso à terra. A imagem do julgamento era a queima das árvores mais luxuosas do Líbano. Deus os destruiria para mostrar Seu poder (Isaías 14:8).
O fogo do julgamento viria contra toda a floresta. Em um segundo comando, Zacarias diz: “Uiva, ó cipreste, porque já caiu o cedro” (v. 2). “Uivar” significava chorar em voz alta, expressar tristeza e angústia (Joel 1:13), clamar de tristeza e desespero (Ezequiel 32:18). Zacarias ordena que o cipreste lamentasse como se fosse uma pessoa. O cipreste também produzia madeira útil. O rei Salomão usou-o para fazer o piso, as portas e o teto do templo que Deus o instruiu a construir (1 Reis 6:15, 34). Era uma árvore valiosa, ainda que menos valiosa que o cedro.
A pergunta que vem à mente do leitor é: por que o cipreste precisava expressar tristeza e agonia? O profeta não hesita em explicar o motivo: “...porque já caiu o cedro”. Ou seja: se o cedro, forte como era, poderia cair, o cipreste teria o mesmo destino. Eles chorariam juntos “porque já foram destruídos os principais” (v. 2).
Os “principais” referiam-se aos cedros. A Bíblia frequentemente os descreve como "a glória do Líbano" (Isaías 35:2; 60:13). Hoje, o cedro ainda é o emblema nacional do Líbano e está no centro da bandeira do país, simbolizando a elevação e a força do Líbano. No julgamento, porém, "o Líbano está envergonhado e se murcha" (Isaías 33:9).
Depois de chamar o Líbano para abrir suas portas e receber o julgamento divino, o profeta Zacarias volta sua atenção para Basã. Ele afirma: “Uivai, ó carvalhos de Basã”. A região de Basã era uma terra rica e fértil no que hoje é chamado de Colinas de Golã, a leste do Mar da Galiléia. A região continha abundantes carvalhos, que produziam madeira valiosa (Isaías 2:13; Ezequiel 27:6). A região também possuuía muito gado (Deuteronômio 32:14; Ezequiel 39:18).
Os animais pastavam na grama exuberante disponível em Basã. Em Zacarias, o profeta convoca os carvalhos a lamentar, “o forte bosque já foi abatido” (v. 2). A expressão “forte bosque” provavelmente se refeerisse às grandes florestas de cedro do Líbano. A questão era: se um “bosque forte” podia ser destruído, os carvalhos de Basã deveriam entrar em pânico e lamentar porque também sofreriam o mesmo destino.
Zacarias, então, faz uma transição das árvores e da floresta para os seres humanos e o gado, mostrando, assim, a extensão do julgamento de Deus sobre a terra e seu povo. Ele diz: “Voz do uivar dos pastores” (v. 3). Os pastores eram responsáveis por orientar e proteger seus rebanhos. Eles deveriam cuidar deles. Eles viam e sabiam mais que suas ovelhas.
Por isso, eles deveriam cuidar delas para evitar que se perdessem ou fossem expostas ao perigo. Nesta passagem, os pastores deveriam demonstrar agonia, “porque a sua glória está destruída” (v. 3). A glória de um pastor era seus rebanhos ou pastagens. Este lamento retratava a devastação das pastagens e dos rebanhos.
Além da dor dos pastores, haveria também a “voz do rugir dos leões novos”. A razão de seu rugido era porque “a soberba do Jordão está destruída” (v. 3). A soberba do Jordão provavelmente se referisse ao habitat exuberante ao redor do rio Jordão, onde os leões viviam. A devastação de seu habitat os afastaria de seus territórios.
Tudo isso aconteceria no tempo em que Deus julgasse aqueles que se opunham a Ele. O propósito de Deus para a humanidade é que todos vivam em amor e serviço uns aos outros (Levítico 19:18). A idolatria pagã produzia o oposto dos desígnios de Deus. O paganismo levava à exploração, violência e opressão, incluindo o sacrifício de cruanças. Deus julgaria tal iniquidade e neste capítulo Seu juízo é pronunciado.