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Significado de Zacarias 11:15-17
Em Zacarias 11:7-14, vimos que o profeta agiu como um bom líder e cuidou dos judeus oprimidos usando dois bastões: um chamado Favor e o outro chamado União. Ele descartou os líderes pelo fato de explorarem o povo sem remorso (Zacarias 11:5).
Mais tarde, ele renunciou à sua missão e pediu ao povo que lhe pagasse o que lhe era devido. Eles lhe pagaram uma quantidade baixíssima de prata, trinta peças, a quantia necessária para se resgatar um escravo. Deus diz a Zacarias para doar a quantia ao oleiro para a construção do templo, prenunciando a ação de Judas, que lançaria no templo as trinta moedas de prata recebidas pela traição de Jesus (Mateus 27:3-5).
Finalmente, Zacarias quebrou os dois bastões, significando que Deus removeria Seu favor de Israel e não unificaria Judá (o reino do sul) e Israel (o reino do norte) por um tempo. Em vez de Israel se juntar a Judá, Judá se juntaria a Israel no exílio.
Aqui, Deus instrui o profeta a agir como um líder tolo, buscando ilustrar como um futuro governante negligenciaria e oprimiria aos judeus. Ele, então, pronuncia juízo contra esse futuro pastor por sua inutilidade e maldade. Ao frelatar a notícia ao povo de Judá, Zacarias começa com a declaração da fonte divina de sua mensagem: “Jeová disse-me” (v. 15).
O termo hebraico para “Jeová” é "Javé", o nome da aliança de Deus. Esse nome indica que Deus é a própria existência. Ele fala do caráter de Deus e de Seu relacionamento com Seu povo da aliança (Êxodo 3:14; 34:6). O fato de o profeta ter dito a seu público que Jeová havia falado com ele significava que a mensagem que ele estava prestes a proclamar não partia dele. Em vez disso, ela vinha do Senhor, o Governante ou Susserano de Judá, o Todo-poderoso.
O SENHOR diz a Zacarias: “Toma tu ainda os instrumentos de um pastor insensato” (v. 15). O pastor era responsável por alimentar, orientar e defender suas ovelhas, já que elas eram alguns dos animais menos inteligentes entre o gado e precisavam de orientação para sobreviver. As ovelhas não eram capazes de lutar para se proteger de predadores.
As ovelhas precisavam de cuidados constantes. O SENHOR novamente usa a imagem de um pastor para exortar Zacarias a liderar os judeus; porém, desta vez, como um pastor insensato. Ele acrescenta o termo “ainda” para conectar esse versículo ao versículo 7, onde Deus havia instruído Zacarias a pastorear bem a Judá. Isso indicava que a presente nomeação para que o profeta agisse como um pastor insensato se seguiria à instrução anterior de agir como um pastor sábio.
Anteriormente, o profeta havia agido como um bom pastor, carregando dois cajados para cuidar dos judeus. Desta vez, no entanto, ele agiria como um tolo.
O termo traduzido como “insensato” é "'ĕvilî" no texto em hebraico, descrevendo um homem estúpido que não age no momento apropriado (Provérbios 13:16). Este homem é fracassado na vida e em suas palavras (Provérbios 10:14; 14:17). Este homem é um servo dos sábios devido à sua inadequação como líder, um homem irracional (Provérbios 11:29; 22:15). Em Zacarias, o SENHOR ordena que o profeta desempenhe esse papel como forma de demonstrar a Judá o que estava por vir. O SENHOR, então, explica a razão de Sua ordem, iniciando com a expressão “eis” (v. 16).
A partícula “eis” ocorre muitas vezes em contextos onde um evento inesperado está prestes a acontecer. Nesta passagem, o SENHOR usa o termo para chamar a atenção do povo para as palavras que estava prestes a dizer, visando preparar Seu público para se concentrar e ouvir com atenção. Enquanto os ouvintes davam atenção exclusiva à mensagem divina, Deus aponta para o comportamento de um futuro líder de Judá e declara: “...suscitarei um pastor na terra” (v. 16). O pronome é enfático, indicando que Deus instalaria esse governante perverso como forma de julgar ao povo de Judá.
O SENHOR descreve quatro características que esse futuro líder não possuiria. Primeiro: “...não visitará as desgarradas” (v. 16). O verbo em hebraico traduzido como “visitar” é "pāqaḏ", significando ter interesse por alguém ou cuidar de alguém. Este é o sentido aqui pretendido. Usando a metáfora do pastor, o SENHOR declara que o futuro líder insensato não manifestaria qualquer interesse por seu povo. Ele não buscaria aos perdidos. Ele seria descuidado e insensível. Ele cuidarria apenas de si mesmo.
Segundo: “...nem procurará as espalhadas”. “Procurar” significa buscar alguém ou algo, implicando uma atividade que exige esforço por parte de quem tenta encontrar a pessoa ou o item perdido. Seu uso aqui nos diz que o líder insensato seria infiel. Ele não envidaria esforço algum para procurar as ovelhas perdidas.
Terceiro: “...não curará a quebrada” (v. 16). “Curar” significa restaurar ou tornar inteiro, englobando uma série de atividades, como a revitalização de um corpo doente (2 Reis 20:5), reparar um altar destruído (1 Reis 18:30) e consertar uma peça de cerâmica quebrada (Jeremias 19:11). Em Zacarias, esse falso líder não faria nada para ajudar aos doentes e feridos.
Esse líder tolo contrastava com o sábio líder Zacarias retratado na seção anterior. Isso provavelmente prenunciava o contraste entre Jesus, o Messias, e os líderes judeus insensíveis e exploradores de Sua época. Os líderes tolos não demonstravam cuidado com os necessitados; Jesus era um pastor que deixaria noventa e nove ovelhas para recuperar uma única ovelha perdida (Lucas 15:4-7). Jesus repreendeu aos líderes de Israel por sua exploração do povo, acusando-os de roubar as viúvas e transformar o templo de Deus em um covil de ladrões (Mateus 21:13, 23:14)
Quarto: “...nem apascentará a sã” (v. 16). Em suma, aquele governante não se importaria com as pessoas saudáveis que precisassem de atenção.
Em vez de cuidar do povo, esse governante devoraria “a carne das gordas” (v. 16). Seu único foco seria o de explorar as pessoas a quem deveria servir. Em vez de guardar e guiar às ovelhas, esse líder comeria as ovelhas gordas e deixaria o resto para ser comido por predadores.
O quadro aqui era de um pastor focado apenas em satisfazer a seus apetites imediatos, um pastor tão indiferente que logo acabaria sem rebanho. Assim, o quadro pintado por Zacarias era o de um povo falido condenado à dispersão.
Esse líder mau falharia em seus deveres de proteger a vida dos cidadãos da Judéia e de guiá-los à verdade e em retidão. Em vez disso, ele os maltrataria e mataria para satisfazer a seus apetites. Os líderes da época de Jesus se encaixavam nessa descrição. Eles ignoraram completamente os grandes benefícios concedidos por Jesus ao povo e planejaram matá-Lo a fim de salvarem suas próprias peles (João 11:48).
Esse líder futuro não se contentaria apenas em comer as ovelhas gordas. Ele despedaçaria “suas unhas” (v. 16).
A expressão idiomática “despedaçar as unhas” descrevia alguém que procuraria comer até o último pedaço de carne da carcaça do animal, retratando, assim, a intensa ganância desse líder; ele extrairia tudo o que pudesse de seu rebanho.
Esse pastor insentato ignoraria as leis divinas, não demonstraria interesse em cuidar do povo de Deus e abusaria brutalmente dele. Jesus apresentou uma imagem semelhante ao falar dos maus líderes de Sua época, acusando-os de devorarem as casas das viúvas (Mateus 23:14). Uma viúva naqueles dias possuía muito pouco ou nada; os fariseus, porém, tiravam o pouco que lhes restava.
Consequentemente, o SENHOR declara: “Ai do pastor imprestável” (v. 17). O termo “ai” ("ʾôy", em hebraico) era usado no antigo Israel como um grito de luto em funerais (Jeremias 34:5; 1 Reis 13:30). Aqui, o Deus Susserano o usa para sugerir a desgraça que viria sobre o pastor insensato, descrito aqui como imprestável.
No Antigo Testamento, o termo imprestável ("elil", em hebraico) geralmente descrevia os ídolos (Isaías 2:8). O termo os retratava como impotentes e imóveis (Salmos 115:4-8). Os ídolos eram inúteis porque eram incapazes de fazer o trabalho solicitado por seus adoradores. O povo lhes pedia benefícios, mas eles eram incapazes de proporcioná-los.
Em Zacarias, o SENHOR caracteriza o pastor como imprestável porque ele não faria seu trabalho. Os líderes de Israel deveriam servir ao povo. Eles deveriam ensinar, liderar e criar benefícios para o povo. Um bom líder deveria guardar e proteger. Porém, esse pastor era imprestável porque abandonaria o rebanho. Um pastor ausente não pode ser chamado de pastor. Esta é mais uma imagem de que o líder não faria nada para cuidar do povo - ele estaria interessado apenas em si mesmo.
Por ser inútil como líder e não beneficiar a seu povo, “a espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito” (v. 17).
O termo “braço” normalmente representava a força. O termo “olho” frequentemente era usado para representar as decisões ou julgamentos de uma pessoa (Deuteronômio 7:16; 13:8; 15:9). Nesta passagem, porém, o líder perderia a ambos. Ele perderia sua força, bem como sua capacidade de fazer boas avaliações e emitir bons juízos.
Isso certamente representava os líderes da época de Jesus. Seu julgamento era extremamente ruim. Eles ignoravam as ramificações dos milagres de Jesus, preocupando-se apenas com o fato de que as maravilhas sobrenaturais realizadas por Ele levavam as pessoas a segui-Lo. Eles se recusavam a aceitar que um homem que podia ressuscitar os mortos e curar os cegos pudesse realmente ser alguém a queme eles deveriam ouvir. Ao observarem os milagres de Jesus, ele procuraram matá-Lo inspirados pelo medo de que o povo O seguisse e os levasse a perder seus privilégios (João 12:10-11). Isso certamente descrevia alguém com um julgamento horrível (olho direito cego).
Em contraste, o Messias seria um governante que "apascentará a Meu povo Israel" (Mateus 2:6; Miquéias 5:2). Jesus cumpriu essa profecia em parte mostrando estar disposto a servir ao povo e buscar seu interesse. Jesus teve compaixão do povo porque viu que eram como ovelhas sem pastor (Marcos 6:34). Isso mostrava que, em Sua época, os líderes haviam cumprido essa profecia de ser como pastores imprestáveis que haviam abandonado ao rebanho. Jesus pode ter tido isso em mente ao registrar que havia guardado fielmente ao rebanho de discípulos, exceto Judas, que O havia traído (João 17:12).
Os líderes da época de Jesus eram egoístas e corruptos. Dentro de uma única geração, eles perderam seu poder e posição para Roma, em quem haviam confiado. Cumprida a imagem do pastor inútil, seu braço foi totalmente murcho. A liderança de Israel depositou toda a sua confiança em Roma, chegando a dizer que não tinha rei à exceção de César, a fim de crucificar a Jesus (João 19:15). Foi um julgamento terrível (os olhos serão cegos); Roma servia apenas aos interesses de Roma. Previsivelmente, cerca de 40 anos mais tarde, Roma destruiria Jerusalém e, com ela, o poder dos líderes judeus (a espada sobre seu braço).
Como a expressão “pastor insensato” está no singular, podemos pensar em uma pessoa específica, Caifás, que servia como sumo sacerdote, ou Anás, seu sogro, o verdadeiro poder por trás do sumo sacerdócio (Lucas 3:2). Isso indicava a influência descomunal que os principais líderes tinham sobre o povo como um todo. Sabemos que alguns membros do conselho (o Sinédrio) apoiavam Jesus, mas parece que todos eles participaram do processo de julgamento de Jesus.
Assim como uma nação pode ser representativa de várias nações, um líder também pode ser representante de outros líderes. No capítulo 10, vimos Deus pronunciar juízo sobre a Assíria e o Egito, o que provavelmente também indicava que Deus julgaria a outras nações vis. Dois outros países são destacados nos primeiros versículos do capítulo 11, a saber, Líbano e Basã. Portanto, essa profecia provavelmente se referisse tanto aos líderes superiores quanto àqueles que o seguiam.
O que todos eles tinham em comum era que seriam julgados por sua exploração egoísta do povo. Deus deixa claro que Seu desígnio é que as pessoas vivam em harmonia, servindo umas às outras em amor. Isso é verdade tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Levítico 19:18; Mateus 22:37-39). Em todas as Escrituras, Deus promete recompensar grandemente os que seguem os Seus caminhos; os que exploraram uns os outros sofrerão terríveis julgamentos.
Isso é verdade tanto no nível individual quanto no nível coletivo (Romanos 2:6, 7). O povo de Deus nunca corre o risco de ser rejeitado. Porém, eles ainda colhem o que semeiam em termos das consequências de suas decisões (Gálatas 6:8; 2 Coríntios 5:10). Portanto, todos nós podemos aprender com este texto: a palavra de Deus jamais retorna vazia (Isaías 55:11). Assim, devemos procurar conhecer e seguir os Seus caminhos, sabendo que Seus caminhos são para o nosso bem. Todos os outros caminhos conduzem à destruição.