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Significado de Zacarias 11:7-14
Em Zacarias 11:4-6, o SENHOR instruíra Zacarias a cuidar dos exilados de Judá que retornavam à terra porque, como ovelhas destinadas ao abate, eles estavam à mercê de líderes exploradores. Na presente seção, Zacarias obedece à ordem divina e relata seu curso de ação. Primeiro, ele afirma: “Apascentei as ovelhas destinadas para o matadouro” (v. 7). Isso evocava a imagem de que Zacarias estava guiando Judá como o pastor guiava seus rebanhos. Aquele rebanho em particular estava condenado ao abate, o que significava que havia sido marcado para o juízo.
Apascentar significava proteger o rebanho e levá-lo a lugares onde pudesse encontrar alimento e água (Salmos 23:1-3). Era isso que os pastores faziam. Eles criavam ovelhas e cabras para produção de carne, leite e pele. O rebanho representava a nação de Judá. Zacarias usa essas imagens para retratar seu trabalho de cuidar dos judeus destinados à destruição. Ele se refere a eles como “ovelhas mais miseráveis”. Simplificando, o profeta deveria liderar e guiar os judeus destinados a sofrer humilhação e opressão nas mãos de outros.
Zacarias continua a descrever como cuidava dos judeus: “Tomei para mim duas varas”. No mundo antigo, o pastor normalmente carregava dois cajados. Um deles era resistente e servia como arma para proteger as ovelhas de predadores. Mas, ele também usava um longo bastão para conduzir as ovelhas sempre que necessário. O profeta diz a seu público que ele possuía esses dois itens, cada um com um nome específico: “A uma chamei Formosura, e a outra chamei União” (v. 7).
O termo “favor” é "nōʿam" na língua hebraica, expressando a idéia de bondade. O termo “união” refletia o termo hebraico "ḥōḇelîm", significando "vínculo" ou "conexão". Esses nomes aludem à dupla função dos pastores: proteger as ovelhas contra ameaças externas e manter o rebanho unido. Isso significava que Zacarias guiaria os judeus e cuidaria deles para que obtivessem a aprovação de Deus, guardando os termos da aliança/tratado com Ele e experimentando unidade nacional. Assim, ele resume o versículo dizendo: “Apascentei as ovelhas”.
Depois de assumir a liderança do povo de Deus, o profeta remove os líderes negligentes dentro da comunidade de Judá: “Exterminei os três pastores num só mês” (v. 8). Os “três pastores” possivelmente se referiam a três classes de governantes em Israel e Judá: reis, sacerdotes e profetas. Zacarias apresenta o motivo de sua exterminação: “...minha alma se enfastiou deles, e a sua alma também teve nojo de mim” (v. 8).
Os três grupos de líderes pareciam não estar dispostos a seguir ao Senhor; assim, o Senhor havia perdido a paciência com eles. Deus avança para a fase de julgamento.
Na seção anterior, vimos a imagem dos líderes como mercadores que exploravam aos outros por ganância e ambições egoístas, sem qualquer remorso. Eles atribuíam seus ganhos ilícitos a Deus, declarando que Deus os havia feito ricos, sem pensar em cuidar de seus concidadãos.
Assim, eles haviam abandonado o princípio central de sua aliança com Deus: amar ao próximo como a si mesmos e procurar perpetuar Israel como uma sociedade autônoma (Levítico 19:18). Eles aparentemente haviam se tornado tão calejados aos mandamentos de Deus que não mais lhes ocorria que Deus jamais abençoaria sua exploração dos outros.
Pior ainda, os líderes nada faziam para proteger ou cuidar do povo (Zacarias 11:4-6). Portanto, o SENHOR eleva Zacarias a uma posição de liderança e o exorta a agir como um bom pastor. Ao elevar Zacarias, o profeta toma o lugar dos reis, sacerdotes e profetas.
Isso indicaria que, a esse respeito, Zacarias era uma imagem profética de Jesus. Jesus veio à terra como ser humano. Por causa de Sua obediência fiel, Ele recebeu a terra como herança (Hebreus 1:5, 8, 13). Isso lhe deu autoridade sobre céu e terra, com superioridade sobre todos os reis terrenos (Mateus 28:18).
Além disso, Jesus também ascendeu como sacerdote acima de todos os sacerdotes, de acordo com a ordem de Melquisedeque (Hebreus 5:5-6). Ele é, portanto, o Supremo Rei e o Sumo Sacerdote.
Jesus também foi o segundo Moisés. Ele foi o cumprimento da promessa de Deus de enviar um outro profeta que falaria Suas palavras diretamente ao povo (Deuteronômio 18:18). Jesus escreveu a lei nos corações humanos, em vez de tábuas de pedra.
Como veremos em breve, Zacarias deixaria de pastorear o povo de Deus e eles deixariam de ser cuidados. Assim, apesar de Sua alta posição, Jesus foi rejeitado por Israel como seu governante durante Seu primeiro advento. Jesus estava acima de todos os reis, sacerdotes e profetas.
Em obediência ao mandamento de Deus, o profeta Zacarias lidera os judeus, aparentemente colocando-se acima das três categorias de líderes por um tempo (reis, sacerdotes e profetas). Ele remove os falsos líderes de seus cargos por conta de sua maldade.
Tendo dispensado os líderes incompetentes, Zacarias lhes diz: “Não vos apascentarei” (v. 9). O pronome aparece no masculino plural. Zacarias já havia demitido os líderes. Portanto, o pronome parecia referir-se ao povo de Judá.
Aparentemente, o povo havia se recusado a seguir ao profeta como seu pastor ou líder. Eles estavam, agora, relegados ao juízo. O profeta diz ao povo que não mais cuidaria deles. Ele relega o rebanho à derrota e declara: “o que morre, morra; o que há de ser exterminado, seja exterminado” (v. 9). O povo, agora, estava sem protetor. Eles haviam rejeitado ao pastor, então estariam expostos aos predadores.
Esta realidade pode ser observada no primeiro século, quando Deus removeu a proteção de Seu povo após o fim da primeira geração daqueles que haviam rejeitado Jesus como Rei, Sacerdote e Profeta. Em 70 d.C., Jerusalém foi destruída e incontáveis judeus morreram. Nos anos que se seguiram, os judeus foram espalhados até os confins da terra.
Zacarias também informa aos líderes que não se importaria com os que permanecessem vivos: “...os que restam, comam cada um a carne do seu próximo” (v. 9). A imagem de pessoas consumindo carne humana geralmente se refere a um cerco, onde os suprimentos ficam escassos e não há mais nada para se comer. Em circunstâncias tão terríveis, as pessoas às vezes recorrem à ingestão da carne de outros seres humanos. Isso antevia profeticamente o cerco romano de Jerusalém no ano 70 d.C.
Deus permitiu que o povo consumisse (literal e figurativamente) uns aos outros durante conflitos civis. Zacarias, de repente, renuncia à sua comissão como pastor, deixando o povo à mercê do destino que os esperava (Deuteronômio 31:17).
Além disso, falando em nome do Senhor, o profetadeclara: “Tomei a minha vara Formosura e a fiz em pedaços, para destruir a minha aliança que tinha feito com todos os povos” (v. 10). O termo traduzido como “aliança” é "berith" em hebraico refere-se a um vínculo e implica a noção de imposição ou obrigação (Salmos 111:9; Zacarias 9:11). A expressão “todos os povos” refere-se a todo o povo de Judá, com base no contexto.
Assim, a quebra do cajado “Favor” simbolizava a quebra do acordo entre o Deus Susserano (Governante) e Seu povo escolhido: “Foi quebrada naquele dia” (v. 11). Através desse ato simbólico, o SENHOR retira Seu favor do povo escolhido.
Deus fizera uma aliança com Israel (Êxodo 19:7-8). O acordo seguia o formato do que os historiadores chamam de tratado susserano-vassalo, onde Deus era o rei superior (Susserano) e o povo era o corpo governado (vassalos). O acordo especificava bênçãos para a obediência (Deuteronômio 28:1-14) e maldições pela violação ou quebra do tratado (Deuteronômio 28:15-68).
O povo havia quebrado sua parte do contrato; assim, era hora de Deus invocar a provisão para as maldições, de acordo com os termos do acordo. A frase “quebrar minha aliança” provavelmente significava que Deus não mais iria abençoar a Israel, conforme havia prometido fazer caso eles andassem em obediência a Seus caminhos de autogoverno e amor ao próximo (Deuteronômio 28:1-14). Ele, agora, interromperia as bênçãos e começaria a invocar as provisões das maldições. As Escrituras deixam claro que Deus não se retirou do pacto, nem ignorou Sua intenção de honrar Suas promessas a Israel. Isso é afirmado abertamente no Novo Testamento. Falando sobre Israel, que em grande parte havia rejeitado a Jesus como seu Messias, o apóstolo Paulo afirma:
Quanto ao evangelho, eles são inimigos por vossa causa; mas, quanto à eleição, são amados por causa de seus pais; porque dos dons e da sua vocação Deus não se arrepende (Romanos 11:28, 29).
O ato de quebrar o cajado Favor não passou despercebido. Alguns testemunharam Zacarias quebrando-o em pedaços. Talvez sua ação tenha surpreendido a seu público e alguns possam ter-se perguntado por que ele havia feito aquilo. Entre os que o observavam, ele menciona o grupo que havia ouvido sua mensagem e aprendido a lição.
Ele continua: “Foi quebrada naquele dia; assim as miseráveis dentre as ovelhas que me respeitaram reconheceram que isso era a palavra de Jeová” (v. 11). O povo parece ter percebido que sua aliança com Deus havia sido quebrada. Os aflitos do rebanho pareciam são os únicos que haviam observado o que Zacarias fizera. Talvez fossem eles os que estavam sendo abusados e esperavam pela libertação. Porém, eles perceberam que a palavra do Senhor era um juízo contra Judá.
Isso implicava que o restante do povo estava alheio, ou não se importava com o que Zacarias (e, portanto, o Senhor) tinha a dizer. Isso é reforçado pelo salário insultuosamente baixo pago pelo trabalho de liderar ao povo de Judá.
Antes do povo de Israel entrar na terra, ainda sob a liderança de Moisés, Deus fez com que metade do povo se reunisse no Monte Ebal, a montanha das maldições, a fim de compreenderem a realidade de que qualquer violação de sua aliança com Deus teria consequências reais (Deuteronômio 27:13; Josué 8:33-34). Se Israel seguisse aos caminhos pagãos de exploração e violência, Deus os removeria da terra (Deuteronômio 28:41, 64). Agora, havia chegado a hora da aplicação das maldições. É provável que tenha existido um cumprimento no curto prazo. O cumprimento de longo prazo ocorreu após Jesus ter sido rejeitado por Seu povo como seu líder, assim como Zacarias seria rejeitado.
O termo em hebraico para “palavra” na expressão “palavra de Jeová” é "dābhār". É a mesma palavra usada para "coisa, evento ou matéria" (Provérbios 11:13; 17:9; 1 Reis 14:19). Na Bíblia, o termo muitas vezes lida com uma situação ou um evento, conforme deixam claro os profetas Amós e Isaías (Amós 1:1; Isaías 2:1). Pode ser uma mensagem de julgamento ou uma palavra de esperança e salvação. Ela tem autoridade e exige ações de seu(s) destinatário(s) porque vem do Senhor.
O termo hebraico para “Jeová” na frase “palavra de Jeová” é "Javé", o nome da aliança de Deus. Esse nome fala do caráter de Deus e de Seu relacionamento com Seu povo da aliança (Êxodo 3:14; 34:6). Nesta passagem, o profeta diz a seu público que sua ação era a “palavra de Jeová”. Isso significava que a palavra divina era mais do que um mero discurso. Era um meio de ação de Deus através de promessas, exortação e poder. Nesta passagem, os aflitos do rebanho, os cidadãos oprimidos da comunidade judaica, perceberam que o SENHOR lhes falara por meio das ações do profeta.
Zacarias, então, fala aos judeus e diz: “Se vos parecer bem, dai-me a minha paga” (v. 12). Ele pede ao povo que lhe pagasse pelo tempo de serviço como líder, cargo ao qual, agora, ele estava renunciando. Porém, Zacarias não coloca imposição alguma sobre o quanto lhe deveriam pagar. Ele deixa a decisão para eles. Se achassem que era apropriado dar-lhe um salário que mostrasse sua gratidão pelo cuidado dispensado, poderiam fazê-lo. Se não, não importava! A escolha seria deles.
A tradição judaica sustenta que esta proposição de Zacarias foi apresentada aos líderes de Judá. Os líderes de Judá decidiram recompensar Zacarias, mas de uma maneira desprezível. Ele indica os honorários que lhe haviam sido pagos e declara: “Pesaram, pois, por minha paga trinta moedas de prata” (v. 12). Na cultura israelita, trinta moedas de prata era o preço de um escravo, ou seja, o preço pago ao senhor de um escravo morto por um boi (Êxodo 21:32).
Assim, o povo insulta Zacarias oferecendo-lhe o preço de um escravo por seu trabalho em liderá-los. O Evangelho de Mateus faz alusão a esse versículo, indicando que a traição de Jesus por Judas, que conspirou com os líderes de Judá, eram o cumprimento dessa profecia:
Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, procurou os principais sacerdotes e lhes disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? Eles lhe pesaram trinta moedas de prata (Mateus 26:14, 15).
Como o salário de Zacarias era um insulto, o Senhor o aconselha: “Arroja-as ao oleiro” (v. 13). O pronome "as" refere-se às peças de prata. O termo “oleiro” ("yōtsēr", em hebraico) descreve uma pessoa que fabricava vasos (2 Samuel 17:28). Seu trabalho era o de amassar o barro com os pés e, em seguida, moldar o vaso em uma roda de oleiro (ver Isaías 41:25 e Jeremias 18:5,6).
Zacarias diz a seu público que doaria a prata ao oleiro. Usando de sarcasmo, ele descreve seu salário como “esse belo preço em que fui apreçado por eles” (v. 13). Zacarias usa o sarcasmo para chamar a atenção para o valor insultuosamente baixo que lhe foi pago, chamando o preço de um escravo de “belo preço”.
A questão era que a excelente liderança de Zacarias não havia sido valorizada pelos líderes de Judá. O mesmo aconteceria com os líderes de Judá no tempo de Jesus. Jesus realizaria milagres, levando cura aos enfermos e visão aos cegos. Ele alimentaria os famintos. Ele ensinaria a verdade. Porém, os líderes de Judá se preocupariam apenas em manter seus privilégios (João 11:48). Eles trairiam Jesus, seu verdadeiro Rei, por trinta moedas de prata, levando-O à cruz. Eles fariam isso declarando ao governador romano Pilatos que não tinham rei, exceto César (João 19:15).
O fato de o SENHOR ter ordenado que Zacarias desse seu salário ao oleiro mostrava que Ele estava descontente com a avaliação que o povo fazia do profeta. Ele instrui Seu mensageiro a agir como pastor que lideraria, guiaria e protegeria os judeus. Infelizmente, eles não reconheceram a importância do homem de Deus, cuja tarefa era a de guiá-los a toda a justiça. Por isso, pagaram-lhe um preço insultuoso por seu trabalho - o preço de um escravo.
Zacarias dá seu salário ao oleiro, como o Senhor havia ordenado. Ele diz: “Tomei as trinta moedas de prata e arrojei-as ao oleiro na Casa de Jeová” (v. 13). A casa de Jeová referia-se ao templo em Jerusalém. Quando os exilados voltaram para Israel depois de terem sido exilados na Babilônia, eles construíram o segundo templo. Os babilônicos haviam destruído o primeiro templo quando capturaram Jerusalém em 586 a.C., fazendo com que os judeus passassem cerca de 70 anos no exílio da Babilônia.
Na época de Zacarias, os judeus já haviam lançado o novo alicerce do templo (Esdras 5:1; 6:14). Como o templo era o lugar onde os israelitas/judeus armazenavam os dízimos e outros itens preciosos dedicados a Javé, o profeta dá as peças de prata ao oleiro para que pudesse guardá-las lá (Josué 6:24; Esdras 2:69).
Mateus retoma o fato de Zacarias ter lançado as peças de prata ao oleiro na casa do Senhor ao relatar um detalhe significativo sobre a traição de Jesus por Judas. Depois de notar que os líderes judeus não iriam receber de volta o pagamento, já que era preço do sangue, Mateus relata:
Judas, depois de arremessar as moedas de prata no santuário, retirou-se (Mateus 27:5a).
Judas saiu para se enforcar. Os líderes judeus decidiram usar o dinheiro para comprar um campo, transformando-o em cemitério para forasteiros. Mateus, novamente observando os detalhes da profecia de Zacarias, aponta que o campo comprado com as trinta peças de prata foi chamado de "Campo do Oleiro":
...compraram com elas o Campo do Oleiro, a fim de servir de cemitério para os forasteiros (Mateus 27:7).
Jesus foi apresetnado a Israel como Profeta, Sacerdote e Rei. Porém, Ele foi rejeitado. Ele era o Rei dos Judeus, mas foi traído pelo preço de um escravo. Assim, a profecia de Zacarias foi cumprida em minuciosos detalhes.
Tendo doado a prata ao oleiro, Zacarias relata a seu público a próxima tarefa que empreenderia: “Então fiz em pedaços a minha segunda vara União”. Este cajado aparentemente simbolizava a unidade nacional entre o reino do norte (Israel) e o reino do sul (Judá). Assim, o profeta a quebra mostrar o rompimento da irmandade entre Judá e Israel (v. 14).
As tribos do norte, conhecidas como Israel ou Samaria, se separaram de Judá e das tribos que ele foram absorvidas depois que o filho de Salomão, Roboão, decidiu aumentar os impostos (1 Reis 12:16). O reino do norte deixou de existir quando os assírios o invadiram em 722 a.C. (2 Reis 17). O reino do norte estava exilado e não havia retornado na época de Zacarias. No entanto, Zacarias começou a profetizar em 520 a.C., cerca de 200 anos mais tarde. Assim, por que o profeta fala sobre a irmandade entre Judá e Israel quando Israel não mais existia?
O profeta usa os termos Israel e Judá para referir-se a toda a nação judaica. Seu argumento era o de que o povo judeu não desfrutaria da reunificação por algum tempo. Isso indicava que, em vez de as tribos do norte se voltarem para se unir a Judá - portanto, recompondo as doze tribos de Israel - o reino do sul (Judá) também iria para o exílio mais uma vez.
Esta profecia da quebra da união prenunciava a discórdia existente na nação, levando Israel a ser governado por Roma, mais tarde uma das principais causas de Jerusalém ser destruída em 70 d.C. Assim, a profecia de Zacarias indicava que todo o Israel seria exilado por um tempo, conforme prescrito em sua aliança com Javé caso desobedecessem aos mandamentos de Deus de amar em vez de explorar uns aos outros (Deuteronômio 28:64).
Embora as duas nações não tenham alcançado a unidade nos dias de Zacarias e tenham passado muitos séculos no exílio desde então, o Senhor promete reuni-las e reunificá-las no momento apropriado. Naquele tempo, "constituirão sobre si uma só cabeça" (Oséias 1:11b). "Deles farei uma só nação na terra, sobre os mortos de Israel; e um só rei reinará sobre eles todos. Nunca mais serão duas nações, nem de maneira alguma se dividirão para o futuro em dois reinos" (Ezequiel 37:22).
É provável que os eventos descritos neste capítulo tenham visto seu cumprimento literal durante os dias de Zacarias. Porém, é certo que essa passagem refere-se a uma profecia messiânica. Do ponto de vista messiânico, a quebra do cajado “Favor” simbolizava a rejeição de Israel a Jesus como seu Deus e Rei. A quebra da vara da “União” representava a conquista sangrenta dos romanos sobre Jerusalém em 70 d.C., desencadeando o subsequente exílio dos judeus pela segunda vez.
Os três pastores aos quais Zacarias havia descartado (v. 8) podiam também representar os três ofícios de liderança na época de Jesus: os fariseus, os saduceus e os escribas (Mateus 16:21; 26:3-5). Jesus foi apresentado a Israel como a resposta final de Deus para os três ofícios bíblicos: profeta, sacerdote e rei. Porém, os líderes se recusaram a reconhecê-Lo.
Por fim, o arrojo das trinta moedas de prata na casa do Senhor prefigurava a ação de Judas devolver as moedas aos principais sacerdotes (Mateus 27:3, 4). É típico que as profecias bíblicas tenham um duplo cumprimento. Neste caso, somos informados por Zacarias sobre seu cumprimento imediato, que presumivelmente teve o impacto prático de ajudar na reconstrução do templo. O segundo cumprimento se deu quando Judas lançou as trinta moedas de prata no templo (Mateus 27:5).
O notável cumprimento das profecias messiânicas ressalta a soberania de Deus. As Escrituras indicam o que Jesus veio fazer na terra:
Então, eu disse: Eis aqui venho (No rol do livro está escrito de mim) para fazer, ó Deus, a tua vontade (Hebreus 10:7).
Esta passagem de Hebreus é atribuída às palavras ditas por Jesus ao entrar no mundo. É em si uma citação do Salmo 40:7,, 8 mostrando novamente a notável confiabilidade da Palavra de Deus.