AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Zacarias 13:1-6
No capítulo anterior, o SENHOR prometeu destruir a todos os adversários de Judá, dando-lhe vitória e elevando-os à proeminência. Ele afirma que derramaria o espírito de graça e súplica sobre os judeus visando reconciliá-los com Ele; eles reconheceriam a Jesus, a quem traspassaram, e se arrependeriam genuinamente de tê-Lo rejeitado e lamentariam amargamente para expressar sua tristeza por terem entristecido ao Senhor ao rejeitarem a Seu Messias (Zacarias 12:6-14).
No presente capítulo, o profeta Zacarias continua a falar sobre o tema da purificação. Ele inicia com a frase temporal “naquele dia” (v. 1). Isso parece se referir ao tempo designado em Zacarias 12:10, quando Deus promete "derramar" sobre Seu povo "o espírito de graça e de súplica. Olharão para mim, a quem traspassaram, e farão pranto sobre mim, como quem pranteia seu filho único". Neste momento de arrependimento, “haverá uma fonte aberta” (v. 1).
O termo “fonte” ("maqor", em hebraico) denota uma nascente de águas. A forma passiva do verbo (aberta) descreve o fluxo contínuo desta fonte, um poço que forneceria água limpa “para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém”. A fonte é uma imagem de abundante provisão e purificação. O texto parece inferir que a fonte estaria conectada ao "espírito de graça e de súplica" de Zacarias 12:10. Deus derramaria Seu Espírito sobre Seu povo como fonte de água.
A “casa de Davi” provavelmente se refira aos descendentes do rei Davi, a quem o SENHOR prometera um descendente que ocuparia "o trono do seu reino para sempre" (2 Samuel 7:13). Os “habitantes de Jerusalém” eram os que viviam na cidade. Esses dois grupos representavam a todas as pessoas que viviam em Judá. No dia em que eles vierem a Jesus como Aquele a quem eles traspassaram, Ele abrirá uma fonte e os purificará do pecado e da impureza.
O termo “pecado” ("chāṭāʾ", em hebraico) denota a perda de um alvo ou desvio de rota. A palavra “impureza” ("niddâ", em hebraico) significa sujeira. Por exemplo, quando Ezequias se tornou rei em Judá, ele reuniu os levitas e disse: "...tirai a impureza do lugar santo" (2 Crônicas 29:5). Em Zacarias, uma fonte de purificação seria aberta para purificar ao remanescente arrependido entre os judeus.
Esta declaração ecoa os termos da Nova Aliança, conforme encontrado em Jeremias 31:31-34 (ver também Ezequiel 36:25-28 e Romanos 11:26-29). Uma vez que isso está relacionado com o período de tempo em que os judeus reconheceriam a Jesus como seu Messias, isso parece cumprir a promessa de Deus de restauração a Israel; eles se tornarão parte da Nova Aliança. A fonte da bênção pode incluir uma alusão ao sangue de Jesus, que selou a Nova Aliança (Marcos 14:24).
Em seguida, Zacarias diz a seu público que o SENHOR destruiria aos ídolos e falsos profetas da nação de Judá. Ele introduz a frase com a expressão “naquele dia”, visando lembrar aos judeus que aquelas promessas ainda eram futuras (v. 2). A seguir, antes de dizer ao povo o que aconteceria, ele insere a fórmula profética “diz Jeová dos exércitos” para confirmar a natureza divina de sua mensagem. Esse dia seria o momento em que o povo judeu passaria a reconhecer a Jesus como seu Messias (Zacarias 12:10).
O termo SENHOR é o nome da aliança de Deus, dado a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14-15), descrevendo Deus como auto-existente, eterno, compassivo e fiel (Êxodo 6:2-8; 34:5-7). O termo “exércitos” é a tradução da palavra hebraica "sabaoth", referindo-se aos exércitos angelicais. A frase “Senhor dos Exércitos” descreve o poder de Deus como guerreiro liderando Seus exércitos celestiais para derrotar a Seus inimigos e libertar o Seu povo da aliança (Amós 5:16; 9:5; Habacuque 2:17). Ele é o Deus supremo e fará com que todas as coisas aconteçam de acordo com o Seu plano.
Tendo inserido a fórmula para confirmar a fonte divina de sua mensagem, Zacarias fala em nome de Deus usando o pronome em primeira pessoa. Ele diz: “Cortarei da terra os nomes dos ídolos” (v. 2). “Cortar” aqui significa destruir ou remover. Denota tosquiar um animal ou remover a pele ou a lã do animal (Gênesis 31:19; Deuteronômio 15:19). O Deus Susserano (Governante) de Judá prova-se o SENHOR da história, mostrando Sua superioridade ao remover os nomes dos ídolos da terra.
No mundo antigo, um nome dado a alguém ou algo era importante porque falava da essência daquela coisa ou pessoa. Por exemplo, o nome de alguém refletia sua reputação ou caráter. Assim, cortar o nome significava remover sua relevância. Nesta passagem, o profeta diz a seus ouvintes que Deus erradicaria os ídolos ou falsos deuses da terra de Judá “e deles não haverá mais memória”. Eles desapareceriam e ninguém mais se lembraria de sua existência.
Deus não apenas destruiria a adoração aos ídolos, mas também removeria “os profetas e o espírito imundo” (v. 2). O termo “profeta” ("nābî", em hebraico) significa "proclamador" ou "contador". Geralmente descreve alguém que recebeu um chamado de Deus para ser Seu porta-voz. Nesta passagem, no entanto, "nābî" descreve alguns falsos profetas que falavam mentiras em nome do verdadeiro Deus ou profetizavam em nome de outros deuses (Jeremias 6:13, 26:7-8, 27:9, 28:1). Eles faziam isso para enganar as pessoas, dizendo-lhes para fazerem algo ao qual o SENHOR proibia (Jeremias 23:13, 25).
Neste contexto, como o dia mencionado parece estar ligado ao tempo em que Israel olhará ao Deus a quem traspassou e chorará, a referência parecer ser feita ao afastamento daqueles que falam falsamente a respeito de Jesus. Deus os removeria, juntamente com o espírito imundo. Tal remoção e purificação parece abrir ao povo judeu a oportunidade de retornar a seu Deus e ser totalmente restaurado.
O “espírito imundo” (literalmente, "o espírito da impureza") é um impulso que motiva as pessoas a realizar atos perversos. Os agentes da idolatria eram os falsos profetas, mas o poder espiritual que os inspirava era demoníaco. Uma vez que os espíritos malignos que os energizavam eram imundos, eles odiavam a Deus e Seus padrões morais de justiça (1 Reis 22:19-23). Eles levavam seus seguidores à impureza moral e à falsa religião. Uma vez que essas ações eram contrárias ao caráter e às normas de Deus, Ele as eliminaria para purificar a terra. Isso implicava que Deus removeria as forças espirituais do engano e seu lugar de influência sobre Seu povo.
Zacarias delineia em seguida as ações punitivas que as pessoas deveriam tomar contra os falsos profetas. Ele afirma: “Se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás” (v. 3). O fato notável nesta passagem é que os pais dos profetas confrontariam os infratores. A idéia parece ser a de que nem mesmo as relações de sangue impediriam que as pessoas buscassem a verdade e expusessem aos enganadores. O compromisso com a verdade sumplantaria a todas as relações sociais.
O verbo “viver” significa permanecer vivo ou continuar a existir. No dia em que Deus purificasse a terra de Judá, Seu povo teria um desejo tão forte de servi-Lo que até mesmo os pais de um falso profeta estariam dispostos a aplicar a pena de morte a seu próprio filho. Os pais também indicariam o motivo do castigo do filho: “porque falas mentiras em nome de Jeová”. Essa penalidade estava de acordo com a lei mosaica, que afirmava: "Mas o profeta que se houver com presunção, falando em meu nome uma palavra que não lhe ordenei falar ou que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá" (Deuteronômio 18:20; 13:10).
No entanto, há uma pequena diferença entre a pena observada em Deuteronômio e em Zacarias. Em Deuteronômio, o meio de execução era por apedrejamento. Em Zacarias, no entanto, seria por uma ferramenta de corte. Zacarias afirma: “Seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar”. Isso significava que os pais do profeta mentiroso deveriam executá-lo durante o exercício de seus falsos deveres proféticos.
Zacarias reintroduz a expressão “naquele dia” para lembrar aos judeus que aquelas promessas ainda eram futuras (v. 4). O tempo inferido se referia ao dia em que os judeus se voltariam ao Messias a quem haviam traspassado, quando se afastassem dos falsos ensinos e se comprometessem a seguir à verdade.
Então, Zacarias diz: “Serão envergonhados os profetas, cada um da sua visão, quando profetizar”. A palavra novamente se refere aos falsos profetas. Além das pessoas lamentarem sua cegueira anterior por não enxergarem a Jesus como seu Messias, parece que até mesmo os falsos profetas passariam a se envergonhar de suas falsas declarações.
O termo traduzido como “visão” ("ḥāzôn" em hebraico) vem do verbo que significa "ver" ou "contemplar". É um termo técnico usado para uma forma de revelação divina (Ezequiel 12:27, 13:16). Em Amós e Zacarias, refere-se a algumas representações visuais da vontade de Deus (Amós 7, Zacarias 1:7 - 6:15).
Portanto, naquele dia, os profetas mentirosos terão vergonha de continuar a deturpar o SENHOR e enganar ao Seu povo da aliança (Miquéias 3:7). Ao que tudo indica, eles renunciarão a seus cargos. A frase “não se vestirão de manto de pelos, para enganarem” (v. 4) indica que eles deixariam de usar o traje de profeta e renunciaram a seu ofício.
O “manto de pelos” era um manto grosso. Nos tempos do Antigo Testamento, era a vestimenta tradicional do profeta, conforme o livro de 2 Reis deixa claro (2 Reis 1:8; ver também Mateus 3:4). Nesta era de restauração, o falso profeta renunciará à sua profissão e abster-se-á de usar roupas proféticas. Em vez disso, ele dirá: “Não sou um profeta, sou lavrador da terra” (v. 5). Ele deixará de ser um falso profeta e assumirá outra ocupação: a agricultura.
A expressão “não sou profeta” talvez seja uma imitação do estilo do profeta pré-exílico Amós. Enquanto Amós profetizava a respeito do julgamento de Deus sobre as estruturas religiosas da nação Israel e seu rei, um sacerdote chamado Amazias enviou uma carta ao rei Jeroboão II para dizer-lhe que Amós havia conspirado contra ele. Ele, então, pediu a Amós que retornasse a Judá e parasse de profetizar em Betel, porque Betel era um santuário e a residência real (Amós 7:10-13). Amós respondeu a Amazias, dizendo: "Então, respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não era profeta nem filho de profeta, mas era pastor de gado e cultivador de sicômoros" (Amós 7:14).
No caso de Amós, ele queria validar sua mensagem profética dizendo a Amazias que o SENHOR o havia chamado de sua profissão para ministrar aos israelitas (Amós 7:15). No entanto, nesta passagem, o profeta mentiroso negaria ter um papel profético e diria: “Sou lavrador da terra” (ou fazendeiro).
Tomada isoladamente, esta afirmação pode revelar uma vergonha que o leve ao arrependimento. Porém, no contexto, parece mais provável que o falso profeta esteja alegando um caso de identidade equivocada, dizendo: "Eu não sou quem você pensa, sou outra pessoa". Isso parece provável, já que nesta era de arrependimento as pessoas não mais tolerarão aos falsos profetas, a ponto de até mesmo os pais estarem dispostos a executar a seus próprios filhos caso sejam falsos profetas (v. 3).
O falso profeta irá além, aparentemente afirmando nem mesmo ser um morador local: “Tenho sido feito escravo desde a minha mocidade”. Ele apresentará falsas alegações para evitar ser identificado como falso profeta. Nesse momento, alguém o confrontará e dirá: "Que são estas feridas entre os teus braços?” As feridas provavelmente eram um símbolo do profeta. Porém, o falso profeta contaria uma história para tentar encobri-las.
O termo “ferida” denotava uma lesão (1 Reis 22:35; Isaías 1:6). Em Zacarias, provavelmente se refira a hematomas auto-infligidos que muitas vezes traíam a profissão de um profeta. O termo “entre os teus braços” referem-se ao corpo, especialmente as costas ou o peito (2 Reis 9:24). O interlocutor suspeitava que os profetas se dilaceravam, como os profetas de Baal costumavam fazer ao realizarem seus rituais (1 Reis 18:28).
O falso profeta responderá: “As que fui ferido na casa dos meus amigos” (v. 6). Ele proporcionará ao questionador uma resposta falsa para evitar ser identificado. Ao fazer essas declarações, o falso profeta procurará esconder sua profissão para que o povo não o execute. O ponto principal desta ilustração é enfatizar que nessa era em que Israel se voltaria a Deus não haveria tolerância para a falsidade. Aqueles que antes eram falsos profetas e falavam mentiras agora mudarão de ofício para evitar ser mortos.