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Significado de Zacarias 14:1-8
Em Zacarias 12, o Senhor prometeu defender Judá e livrá-la de todas as nações inimigas. Ele os elevaria à proeminência e removeria toda a desigualdade socioeconômica dentro da nação. Além disso, Ele concederia um espírito de graça e súplica a todos os judeus, levando-os a se arrependerem. Eles reconheceriam que haviam traspassado ao seu SENHOR (Zacarias 12:10) e se voltariam a Ele com fé genuína (Zacarias 12:1-10). Porém, antes de experimentarem a libertação, Jerusalém primeiro sofreria e perderia metade de seus moradores através do exílio.
No final do capítulo 13, Zacarias previu que Judá experimentaria dois terços da população sendo isolada e perecendo. Isso pode se relacionar com 70 d.C., quando os romanos invadiram e subjugaram os judeus, ou pode estar ligado aos acontecimentos deste capítulo.
O profeta introduz o primeiro versículo com a partícula “eis que”, um termo frequentemente usado para descrever um evento que está prestes a ocorrer (v. 1). Ele concentra sua atenção na afirmação que se segue. Simplificando, os escritores bíblicos usavam “eis que” para enfatizar uma ação iminente que seria surpreendente ou inesperada a seus ouvintes. Em nossa passagem, o público era Jerusalém, conforme mostra o restante do verso aplicando o pronome feminino singular "ti".
Depois de chamar a atenção de seu público, Zacarias declara: “Eis que para Jeová vem um dia” (v. 1). A expressão “um dia" geralmente se refere a qualquer momento específico em que o SENHOR intervém abertamente nos assuntos humanos para julgar os ímpios e libertar os justos. Este tempo pode ser próximo ou distante. Em Zacarias, o verbo “vir” é um particípio no hebraico, transmitindo a natureza iminente do Dia de Deus. Isso provavelmente se refira à inevitabilidade da ocorrência da profecia.
O profeta diz a Jerusalém: “vem um dia em que no meio de ti serão repartidos os teus despojos” (v. 1). As nações gentias saqueariam a cidade. Eles levariam os pertences de Jerusalém à força. Sua vitória seria tão arrasadora que eles nem mesmo esperariam retornar a seus acampamentos antes de dividirem as riquezas de Jerusalém, mas o fariam a caminho. De fato, Jerusalém experimentaria perdas severas porque estaria sob castigo divino.
O profeta esclarece essa verdade usando o pronome na primeira pessoa, permitindo, assim, que Deus fale diretamente. Por isso, Deus declara: “Ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém” (v. 2).
Em nosso contexto, a frase “todas as nações” retrata uma cena em que os países da terra se aliariam para realizar uma invasão coordenada. Neste caso, todos se reuniriam para atacar Jerusalém. Como resultado, “A cidade será tomada, as casas serão saqueadas, e as mulheres, violadas; a metade da cidade sairá para o cativeiro” (v. 2). Os inimigos tomariam a cidade de Jerusalém, saqueariam suas casas e estuprariam suas mulheres.
Este pode ser o mesmo evento descrito em Apocalipse, quando a Besta reúne as nações da terra no Vale de Jezreel (Armagedom) e as move para atacar Jerusalém (Apocalipse 19:19; 16:16). Depois disso, o Apocalipse descreve que Jesus os derrotará completamente (Apocalipse 19:20-21).
Em suas operações militares, os inimigos de Israel levariam metade dos habitantes de Jerusalém para o cativeiro, mas “o resto do povo não será exterminado da cidade” (v. 2). Isso significava que a outra metade permaneceria em sua terra natal, indicando um tempo em que Jerusalém estaria sob domínio de outras nações.
Quando toda a esperança parecesse ter desaparecido, o Senhor interviria no conflito: “Então, sairá Jeová e pelejará contra essas nações, como quando pelejou no dia da batalha” (v. 3). O verbo “sair” ocorre frequentemente em contextos militares. Nesses casos, significa sair para a batalha (Gênesis 14:8; Êxodo 17:9; Números 1:3). Assim, a declaração de que Deus “pelejará contra essas nações” O retrata como um guerreiro divino e lembra as inúmeras ocasiões em que Ele interveio em favor de Seu povo da aliança Israel (Êxodo 15:3; Deuteronômio 1:30; Josué 10:42, 10:14; Isaías 42:13).
Uma vez que o SENHOR lutaria por Jerusalém, Ele transformaria sua derrota em vitória. “Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras” (v. 4). A designação Monte das Oliveiras era uma cordilheira de quase cinco quilômetros de comprimento que corre do norte para o sul e para o leste através do Vale do Cidrom em Jerusalém (2 Samuel 15:30). O fato de os pés do SENHOR estarem “no Monte das Oliveiras” indica que o SENHOR descerá do céu e resgatará a Jerusalém de seus opressores. Isso é exatamente o que prevê Atos 1:11.
De acordo com o Evangelho de Lucas, Jesus visitou o Monte das Oliveiras várias vezes (Lucas 21:37, 22:39). Foi lá que Ele proferiu Seu discurso conhecido como Discurso das Oliveiras, registrado em Mateus 24:1 - 25:46.
Jesus subiu ao céu do Monte das Oliveiras (Atos 1:9). Depois de Sua ascensão, dois anjos falaram aos discípulos no Monte das Oliveiras, dizendo: "Este Jesus, que foi levado de vós para o céu, virá da mesma maneira que o vistes ir para o céu" (Atos 1:11). Assim, os anjos previram que Jesus voltaria à terra no futuro e Seus pés desceriam no Monte das Oliveiras. Isso também é previsto em Zacarias 14:4.
O profeta Zacarias diz a seu público que, um dia, Deus, representado na pessoa de Jesus Cristo, desceria ao Monte das Oliveiras para impedir a erradicação dos judeus remanescentes e para lutar contra a coalizão das nações gentias.
Nessas alturas, “o monte de Oliveiras será fendido pelo meio para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale mui grande” (v. 4).
A presença de Deus no monte provavelmente causará um terremoto e o dividirá em dois, criando um grande vale que correrá para o leste e para o oeste. Assim, “uma metade do monte se removerá para o norte, e a outra metade, para o sul” (v. 4). A presença e o poder do SENHOR afetarão aos quatro pontos cardeais. Este evento cataclísmico poderá ocorrer quando Jesus descer no Monte das Oliveiras, ou em algum momento depois de Seu retorno.
O vale criado pela divisão do monte se tornará uma rota de fuga para os judeus que estejam fugindo de Jerusalém, enquanto Deus lutará contra as nações inimigas. Zacarias observa: “Fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes se estenderá até Azel” (v. 5). Os “montes” referem-se ao vale dividido e talvez a outras montanhas ou colinas da Judéia.
Isso pode estar relacionado ao evento descrito por Jesus em Mateus 24:15-22, onde Ele admoesta o povo de Jerusalém a fugir quando visse a "abominação das desolações da qual falou Daniel, o profeta" (Mateus 24:15-21). Se Jesus estava admoestando o povo de Jerusalém a escapar pelo vale, isso significaria que o vale seria criado antes do resgate de Jerusalém. Parece que haverá um atraso no tempo entre a abominação da desolação da qual falou Daniel e o resgate de Jerusalém por Jesus. Não temos detalhes a respeito.
Azel provavelmente fosse um assentamento no lado oriental de Jerusalém, que marcaria o limite oriental do vale recém-criado. Embora sua localização exata permaneça desconhecida, Azel pode ser uma referência ao Vale de Josafá, o cenário para o julgamento das nações e um refúgio para os judeus (v. 2).
Zacarias, então, lembra os judeus de um evento histórico, buscando enfatizar sua fuga futura: “fugireis, como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá” (v. 5). O primeiro pronome sujeito refere-se aos judeus no dia do cumprimento profético; o segundo pronome representa seus ancestrais que sobreviveram ao terremoto durante o reinado do rei Uzias (792-740 a.C.).
Evidências arqueológicas mostram que houve um grande terremoto nas escavações do estrato 6 em Hazor, datando de aproximadamente 760 a.C. O livro de Amós data o ministério do profeta dois anos antes da catástrofe (Amós 1:1). Zacarias, que ministrou cerca de 250 anos depois, falou da magnitude daquele terremoto e o comparou a um evento profetizado sobre o fim dos tempos. Então, diz ele, “virá Jeová, meu Deus, e todos os santos, contigo” (v. 5).
O profeta diz a seu público que o SENHOR era o seu Deus, o que significava que eles tinham um relacionamento íntimo com Ele. Os santos provavelmente se refiram aos exércitos angelicais de Deus (Daniel 4:13; 8:13; Salmos 89:5, 7). Eles servem a Seu comando. Esses soldados celestiais acompanharão ao Senhor quando Ele aparecer no Monte das Oliveiras com toda a glória e poder para proteger a Seu povo da aliança e governar a terra.
Este pode ser o mesmo evento que o retorno de Jesus à terra, conforme discutido em Apocalipse 19:11-16.
Nesse dia, Ele causará uma ruptura do cosmos: “não haverá luz, as estrelas luzentes se retirarão” (v. 6). Assim, o evento retrata uma convulsão cósmica.
Isso soa como o mesmo evento previsto por Jesus em Seu Discurso das Oliveiras:
Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu, e as potestades dos céus serão abaladas (Mateus 24:29).
Jesus fez essa declaração (registrada em Mateus) em resposta à pergunta de Seus discípulos: "Qual será o sinal de sua vinda?" (Mateus 24:3). Essa profecia pode ter sido respondida em parte quando Jesus foi crucificado, durante Suas últimas três horas na cruz, quando as trevas cobriram a terra (Mateus 27:45). Durante esse tempo, Jesus salvou o mundo do pecado e redimiu à humanidade o direito de reinar com Ele (Colossenses 2:14; Hebreus 2:9-10; Apocalipse 3:21). Esta era uma pré-condição necessária para que Ele voltasse novamente para restaurar Seu reinado sobre a terra (Filipenses 2:5-9).
Porém, parece que o cumprimento completo da previsão desses eventos cósmicos virá em um momento no futuro, como precursor da segunda vinda de Jesus à terra. Este tema da agitação cósmica pode ser encontrado em muitas passagens proféticas da Bíblia, incluindo:
Na terra que está por vir, o próprio Deus será a fonte de luz. Isaías ecoa essa verdade ao dizer aos judeus: "Não te servirá mais o sol para luz de dia, nem com o seu resplendor te alumiará a lua; mas Jeová te servirá de luz perpétua, e o teu Deus será a tua glória" (Isaías 60:19; Apocalipse 22:5).
Da mesma forma, nesta circunstância especial descrita por Zacarias, Deus causará uma alteração do ciclo normal do dia e da noite. “porém será um dia conhecido de Jeová, não dia nem noite” (v. 7). Só Deus sabe todos os detalhes relativos a este dia especial. Ele sabe quando começará e como se manifestará.
De qualquer forma, o dia não será nem dia nem noite. Será outra coisa ainda não vivida. Então, o profeta acrescenta: “...mas acontecerá que, à tarde, haverá luz” (v. 7). Embora o dia não seja nem dia nem noite, a iluminação normal parece estar ausente. Mas à noite haverá luz. Neste dia especial, no momento em que a luz comece a diminuir, ela irá reaparecer.
Naquele dia, quando o SENHOR estabelecer Seu governo sobre o mundo inteiro, “sairão de Jerusalém águas vivas” (v. 8). Jerusalém se tornará a cabeceira de um rio novo que promoverá um ecossistema inteiramente novo.
O termo hebraico traduzido como “águas vivas” descreve as águas correntes de uma nascente ou rio, em oposição ao escoamento ou água da chuva. Jerusalém se tornará uma fonte de águas vivas, “metade delas para o mar oriental, e a outra metade para o mar ocidental” (v. 8). Isso significa que a nascente de água terá dois ramos. Um fluirá em direção ao Mar Morto, a leste, e o outro em direção ao Mar Mediterrâneo, a oeste. Ao contrário dos riachos sazonais que fluem apenas durante a estação chuvosa, este rio irrigará a terra “no verão e no inverno”. Ele irá fluir continuamente.
Esta é uma mudança dramática em relação à atual topografia e paisagem de Jerusalém. Jerusalém está atualmente localizada em uma série de colinas. Esta passagem descreve um novo vale correndo para leste e oeste que divide o Monte das Oliveiras. Aparentemente, no fundo desse vale, correrá um rio que fluirá tanto para leste quanto para oeste.
Lemos em Ezequiel 47:1-12 sobre um rio nos últimos dias que correrá para o Mar Morto. O rio estará repleto de peixes e terá fluxo suficiente de água para curar o salgado Mar Morto, trazendo vida de volta às suas águas. A cabeceira deste rio começa no novo templo que será reconstruído, conforme descrito em Ezequiel 40-46. Parece provável que esta passagem de Ezequiel descreva a mesma mudança ambiental notável registrada aqui em Zacarias.