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Significado de Zacarias 2:1-5
No capítulo anterior, Zacarias teve duas visões. Na primeira, ele viu um homem montado em um cavalo vermelho liderando uma patrulha de cavaleiros celestiais. Através dessa visão, o SENHOR expressou zelo e compaixão por Jerusalém, mas também ira e julgamento sobre as nações gentias que haviam oprimido a Seu povo.
Na segunda visão, Zacarias viu quatro chifres (nações estrangeiras) que haviam dispersado a Judá e quatro ferreiros (outras nações) que vieram para amedrontar os chifres. Através dessa visão, o SENHOR explicou que outras nações derrotariam as nações que haviam oprimido a Judá. O capítulo atual contém a terceira visão de Zacarias, seguida por palavras de exortação.
Ao descrever sua visão, o profeta começa dizendo: Então, levantei os olhos e vi (v. 1). Essa expressão idiomática indica que Zacarias estava focado em todas as imagens da visão anterior, até que outra imagem chamou sua atenção. Essa expressão marca o início de uma nova parte na narrativa. Conforme o profeta olhava para cima, eis um homem que tinha na mão um cordel de medir. (v. 1).
No antigo Oriente Próximo, as pessoas frequentemente usavam uma linha de medição para fazer o levantamento de locais de construção e prepará-los antes de iniciar o trabalho efetivo. Era o primeiro passo no processo de construção (Jeremias 31:39). Assim, quando Zacarias viu o topógrafo, ele soube imediatamente que, em breve, um projeto de construção estaria em andamento. Porém, ele não sabe o que seria. Assim, ele se dirige ao agrimensor e diz: "Para onde vais?" E o agrimensor lhe responde: Medir a Jerusalém, a fim de ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento. (v. 2).
A cidade de Jerusalém era a capital de Judá, o reino do sul. Era o local da presença de Deus (Salmo 9:11; Zacarias 8:3). Em Isaías, é chamada de "a cidade santa" (Isaías 52:1). Era a cidade na qual Deus se havia estabelecido (Salmo 48:8; Apocalipse 21:10-11) e à qual Ele sempre protegeria (Salmo 46:4-5). Infelizmente, a desobediência dos judeus levou Deus a discipliná-los por meio de exércitos estrangeiros. Assim, o rei Nabucodonosor da Babilônia (Caldéia) e seus exércitos destruíram a cidade de Jerusalém em 586 a.C.,
“Todo o exército dos caldeus que estava com o capitão da guarda deitou abaixo em roda os muros de Jerusalém. Nebuzaradã, capitão da guarda, transferiu o resto do povo que havia ficado na cidade, e os que se tinham desertado para o rei da Babilônia, e o resto da multidão” (2 Reis 25:10-11).
Uma vez que os babilônicos haviam destruído Jerusalém cerca de setenta anos antes, a comunidade que retornou do exílio precisava reconstruí-la (Esdras 2:1). Assim, em sua visão, Zacarias vê que um homem está pronto para fazer um levantamento topográfico de Jerusalém a fim de ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento (v. 2). O levantamento ajudaria os judeus a tomar as decisões adequadas ao planejarem a reconstrução da cidade.
Porém, antes que o homem começasse seu levantamento, ele recebe uma mensagem importante. Zacarias explicz: Eis que saiu para fora o anjo que falava comigo (v. 3). O texto nos diz que Zacarias estava interagindo com um anjo. Nos tempos bíblicos, os anjos não apenas entregavam mensagens de Deus, mas também explicavam o significado delas e respondiam a perguntas sobre elas. Um exemplo desse fenômeno está no livro de Daniel, onde o anjo Gabriel interpretou uma visão para ele (Daniel 8:16). Aqui, em Zacarias, um anjo também interpretaria a visão para o profeta.
Enquanto o anjo intérprete de Zacarias estava saindo, outro anjo saiu-lhe ao encontro (v. 3). O segundo anjo tinha uma mensagem urgente para revelar. Assim, ele falou com o anjo intérprete de Zacarias e disse-lhe: Corre, fala a este mancebo, a pessoa que estava prestes a fazer o levantamento de Jerusalém (v. 4).
O verbo hebraico traduzido como “correr” é "rûṣ", denotando um movimento rápido e intencional e uma motivação urgente. Aqui em Zacarias, o anjo intérprete deveria correr atrás do homem e entregar a mensagem a ele sem demora. Ele deveria dizer a ele para não se preocupar em fazer medições, porque Jerusalém será habitada como aldeias não muradas (v. 4). Isso sugere que o homem estava medindo as muralhas de Jerusalém, talvez para avaliar o que seria necessário para repará-las, já que haviam sido destruídas pelos babilônicos.
Nos tempos antigos, as pessoas construíam muralhas ao redor das cidades para protegê-las dos estrangeiros (Deuteronômio 28:52). Essas muralhas podiam ter até 10 metros de espessura em suas fundações, alcançando até mesmo o leito rochoso, se possível. Sua altura era mais ou menos a mesma, também cerca de dez metros.
Assim, as muralhas proporcionavam segurança e uma sensação de bem-estar aos habitantes em ambientes frequentemente hostis e ameaçadores (2 Samuel 5:6; Salmo 48:12-13). É por isso que a cidade de Davi podia se orgulhar de ter uma muralha tão forte que até mesmo os cegos e os coxos poderiam defendê-la (2 Samuel 5:6). Por outro lado, uma cidade sem muralhas estaria vulnerável a ataques inimigos, como mostra o livro de Ezequiel (Ezequiel 38:11).
Em nosso trecho, lemos que Jerusalém, um dia, ficará segura. Não haverá muralhas ao seu redor por causa da multidão de homens e de animais que haverá nela. (v. 4). Ou seja, a população da cidade seria tão numerosa que não caberia dentro da cidade murada.
Deus derramaria Suas bênçãos abundantes sobre a cidade, fazendo-a transbordar de suas fronteiras. Porém, os cidadãos de Jerusalém nos dias de Zacarias ainda podiam perguntar: "Como podemos proteger a cidade dos estrangeiros?" O profeta usa o pronome na primeira pessoa para relatar a resposta do SENHOR, informando ao povo que, ainda que numa época futura Jerusalém não teria necessidade de ter um muro, eles teriam proteção abundante: Pois Eu, diz Jeová, lhe serei um muro de fogo ao redor e serei a glória no meio dela. (v. 5).
O pronome “Eu” na frase “Pois eu, diz Jeová” é enfático no texto em hebraico. Seu uso aqui demonstra que o SENHOR era único porque possuía todo conhecimento, sabedoria e poder (Deuteronômio 32:39). Sua presença seria suficiente para proteger Jerusalém. Embora construtores humanos pudessem empregar esforços para construir as muralhas da cidade, o SENHOR declara que a vigiaria e seria um muro de fogo ao redor dela.
No Antigo Testamento, o termo “fogo” frequentemente retratava a presença de Deus. Por exemplo, Deus falou a Moisés da sarça ardente (Êxodo 3). Da mesma forma, Ele apareceu diante de Israel como um fogo consumidor no topo do Monte Sinai (Êxodo 24:17). A Escritura descreve ao Senhor como sendo um "fogo consumidor" (Hebreus 12:29). A expressão “muro de fogo” é, portanto, uma metáfora que simbolizava a presença e proteção de Deus.
A comunidade exilada que havia retornado um dia viveria em paz porque o SENHOR os protegeria. Como muro de fogo, o SENHOR consumiria aos inimigos de Jerusalém antes que eles pudessem danificar a cidade, porque Ele é invencível. Essa verdade lembra o leitor da declaração no Livro dos Salmos: "Se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela" (Salmo 127:1b). Podemos ver uma manifestação futura dessa cena retratada no Livro do Apocalipse, quando Jesus retorna para derrotar os exércitos das nações que aparentemente se aproximam de Jerusalém para destruí-la (Apocalipse 19:11-20).
Os babilônicos conseguiram destruir a Jerusalém e seus muros em 586 a.C. porque Deus retirou Sua presença protetora (Ezequiel 10:18-19). Porém, no futuro, Deus promete que habitaria em Jerusalém, protegendo a cidade de qualquer invasor em potencial. Além disso, Deus manifestaria Sua presença e majestade entre eles. Conforme Ele declara: Serei a glória no meio dela. A palavra “glória” aqui se refere à poderosa manifestação da presença do SENHOR. Parece que essa previsão profética se refere ao tempo em que Deus prepararia um novo céu e uma nova terra e onde Ele habitaria pessoalmente, com toda Sua glória. Falando sobre essa nova terra, o Apóstolo João escreve:
“Não vi nela santuário, porque o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro são o seu santuário. A cidade não precisa do sol nem da lua para a iluminar; porque a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua candeia” (Apocalipse 21:22-23).
Uma vez que a "glória de Deus" se fará plenamente presente apenas na nova terra, parece que isso se encaixa à visão de Zacarias neste capítulo.
Essa terceira visão de Zacarias, apresentada nesta seção, retrata as futuras bênçãos do povo da aliança de Deus. Também é possível que essas profecias ocorram total ou parcialmente durante o reinado de mil anos de Jesus sobre a terra (Apocalipse 20:4-6).
Deus, um dia, abençoará ao Seu povo, fazendo com que habitem em paz e segurança. Ele habitará no meio deles e cuidará deles. Naquele tempo, os inimigos não representarão mais ameaça alguma. Portanto, eles não terão medo. Eles desfrutarão da presença do seu Deus da aliança para sempre e sempre. Amém.