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Significado de Zacarias 3:8-10

O profeta Zacarias diz a Josué que seus companheiros eram sinais do Messias, o futuro grande Rei, através de quem Deus limparia o Seu povo e restauraria a paz e segurança em sua terra.

Na quarta visão, Zacarias viu um adversário (Satanás) prestes a acusar o sumo sacerdote Josué diante do tribunal celestial. O anjo do SENHOR, no entanto, repreendeu a Satanás e o SENHOR perdoou aos pecados de Josué, vestindo-o com vestes limpas, representando a justiça imputada, e exortando-o a viver uma vida obediente a Ele. Ele também exortou Josué a demonstrar um caráter genuíno diante do povo de Deus por meio do cumprimento de seus deveres sacerdotais (v. 1-7).

Após a exortação, o profeta Zacarias fala em nome de Deus e diz a Josué que sua purificação e privilégios prefiguravam a transformação de toda a comunidade israelita. Esta cena pode ser vista como um vislumbre profético de Jesus como nosso Sumo Sacerdote, cujo ministério seria o de trazer justiça à humanidade a todos os que crêem (Romanos 4:3). O versículo 8 nos diz que Josué era um símbolo profético.

Zacarias inicia com um alerta, apresentando um vislumbre de uma cena futura na qual os sacerdotes e todas as pessoas que confiam em Deus viveriam uma vida sem pecado e pacífica: Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e teus colegas que se assentam diante de ti (v. 8). O verbo traduzido como “escutar” é "Shema" na língua hebraica, descrevendo a atividade de ouvir e seus efeitos resultantes (Deuteronômio 6:4; Oséias 5:1; Amós 5:1). Aquele que ouve deve prestar atenção cuidadosa ao que é dito. A audição deve ser tal que a obediência siga ao ato de ouvir.

O homem Josué era o líder religioso de Judá que havia retornado a Jerusalém com os exilados (Esdras 3:2). Ele representava ao povo de Judá perante o SENHOR. Os amigos de Josué que estavam sentados na frente dele provavelmente eram outros sacerdotes de posição inferior, como alunos sentados diante de um professor em uma sala de aula (2 Reis 4:38; Ezequiel 8:1). Era o trabalho dos sacerdotes tanto aprender a lei quanto ensiná-la ao povo (Deuteronômio 33:10). Josué e seus colegas deveriam dar atenção total à mensagem.

Falando em nome de Deus, o profeta Zacarias diz a Josué que seus companheiros eram homens que são um símbolo (v. 8). Isso significava que eles prefiguravam eventos futuros (Ezequiel 12:6; 24:24). O restante do versículo indica que os companheiros de Josué simbolizavam dias melhores à frente, incluindo a vinda do Messias. O SENHOR anuncia Seu curso de ação usando a partícula “eis”, que chama a atenção para a importância da mensagem: Porquanto, eis que farei vir o meu servo, o Renovo (v. 8).

No Antigo Testamento, o termo “servo” às vezes se refere a pessoas específicas, como Abraão, Moisés, Calebe e Davi, que o SENHOR usou de maneira especial para realizar Seus propósitos (Gênesis 26:24; Números 12:7; Números 14:24 e 2 Samuel 7:5, respectivamente). Porém, o servo supremo é o Messias (Isaías 53:11). Ele cumprirá o plano redentor de Deus para a humanidade. O Messias é chamado de Servo de Deus em uma série de "Canções do Servo" em Isaías (Isaías 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; e 52:13 - 53:12). Aqui, o Servo é chamado de Renovo.

A palavra “renovo” ("ṣemaḥ" em hebraico) se refere ao que brota (ou seja, "crescimento"). O verbo derivado dessa raiz é frequentemente usado para determinar o termo “crescimento”, como em Gênesis 19:25, onde lemos sobre o crescimento de cidades. Também é usado para algo que brota, como no Salmo 56:10, onde lemos sobre a bênção que brota da chuva. Em Jeremias 23:5, Deus fala do Messias prometido como um "semah" - traduzido como Renovo - um broto de descendência da linhagem real de Davi, que é Jesus (Mateus 1:1).

De acordo com Jeremias, o SENHOR "levantará para Davi um Renovo justo; e reinará como rei e agirá com sabedoria, e executará juízo e justiça na terra" (Jeremias 23:5). Esse renovo justo é o Messias, que viria da linhagem de Davi (Jeremias 33:15). Ele reinará com todo poder e majestade (Daniel 2:44). Aqui em Zacarias, a palavra “renovo” é um termo técnico que se refere a um herdeiro legítimo de uma família davídica, um futuro rei e Messias que cumpriria a profecia e restauraria a monarquia do reino em Israel.

A profecia do Messias, Filho de Davi, reestabelecendo o reino de Davi, foi cumprida em parte por meio de Jesus, que recebeu toda a autoridade sobre a terra como resultado de Sua obediência ao Seu Pai (Mateus 28:18; Filipenses 2:8). No entanto, em vez de assumir o controle como autoridade política, Jesus ascendeu ao céu e ordenou a Seus seguidores que fossem Suas testemunhas até Sua volta (Atos 1:6-8). Agora, aguardamos Sua volta, quando essa profecia em Zacarias será completamente cumprida (Mateus 19:28).

Conforme o significado da visão se desenrola, Zacarias novamente usa a partícula “eis” para apontar para uma pedra. Ele cita diretamente a Deus e declara: Eis a pedra que tenho posto diante de Josué (v. 9). A palavra “pedra” é uma tradução da palavra hebraica "eben". Essa palavra aparece nove vezes em Zacarias e é traduzida de várias maneiras:

• Pedra(s) (Zacarias 3:9, 5:4, 9:15-16, 12:3)

• Pedra de esquina (Zacarias 4:7) (em outras traduções, pedra angular ou pedra principal)

• Prumo (Zacarias 4:10)

• Peso (Zacarias 5:8)

A palavra "eben" (pedra) refere-se a pedras em uma coroa (Zacarias 9:16) e pedras para serem atiradas com uma funda (Zacarias 9:15). Portanto, o significado de "eben" depende do contexto.

Nesse caso, a pedra pode representar a pedra fundamental da construção do templo, reconstruído por Zorobabel. Isso parece provável em parte porque aqui há apenas uma pedra referenciada. Nesse caso, a pedra fundamental apontaria profeticamente para o Messias, chamado de pedra fundamental que foi rejeitada (Mateus 21:42).

O profeta ainda declara: Sobre uma só pedra estão sete olhos. Eis que eu farei ao buril a sua escultura (v.9). O número sete é o número da perfeição e completude. Assim, os sete olhos provavelmente simbolizavam onisciência e sabedoria. Isso significava que o Messias teria inteligência plena para governar em Seu Reino (Isaías 11:2). Também indicava a divindade do Messias, que seria onipresente e onisciente, como a imagem dos sete olhos sugere. Jesus é retratado como um cordeiro com sete olhos no livro do Apocalipse (Apocalipse 5:6). Essa imagem de sete olhos em uma única pedra apoia uma representação de Jesus, a pedra angular (Mateus 21:42; Atos 4:10). Embora Jesus, o Messias, seja divino, Ele também é humano. Ele aprendeu obediência (Filipenses 2:8) e submeteu-se ao conhecimento de Seu Pai (Atos 1:7).

O Senhor diz: Eis que farei ao buril a sua escultura (v.9). No livro de Êxodo, lemos: "Também farás uma placa de ouro puro e nela gravarás, como se grava um selo, 'Santo ao Senhor'" (Êxodo 28:36). A pedra em Zacarias pode ter uma inscrição semelhante.

Zacarias acrescenta a fórmula profética “declara o Senhor dos Exércitos” para confirmar a fonte de sua mensagem. O termo “Senhor” é o nome da aliança de Deus, como foi dado a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14-15). A frase Senhor dos Exércitos descreve o poder de Deus como um guerreiro liderando Seu exército angelical para derrotar Seu inimigo (Amós 5:16; 9:5; Habacuque 2:17). Aqui em Zacarias, a frase demonstra o poder do Senhor como o Deus supremo que realizará todas as coisas.

Após a fórmula profética, Zacarias retoma seu discurso, citando novamente ao Senhor: E tirarei a iniquidade desta terra num só dia. (v. 9). O profeta associa a pedra à remoção do pecado. Isso provavelmente se refira a Jesus. Ele era a principal pedra fundamental que seria rejeitada (Mateus 24:32), Ele foi rejeitado, Ele morreu na cruz. A obra de Jesus Cristo na cruz no Calvário cumpriu a promessa divina em Zacarias. De fato, Jesus foi à cruz e tirou "os pecados do mundo" (João 1:29). Jesus foi uma pedra de tropeço para Israel, mas Sua rejeição tornou-se salvação para o mundo (João 3:14-15; Romanos 11:9-11). Todos os pecados do mundo foram pregados na cruz e removidos em um só dia (Colossenses 2:14).

Um cumprimento adicional dessa promessa ocorrerá durante o reino messiânico, quando Jesus reinará por mil anos (Apocalipse 20:4-6). Virá um momento em que Israel aceitará ao seu Messias. Então, todos os habitantes de Israel olharão para Jesus "a quem eles traspassaram" (Zacarias 12:10; João 19:37). E acontecerá que "todo o Israel será salvo" (Romanos 11:26).

Naquele dia, diz Jeová dos Exércitos, chamareis, cada um de vós ao seu próximo para debaixo da videira e para debaixo da figueira. (v. 10). O termo “um dia” parece se encaixar no dia em que Jesus morreu pelos pecados do mundo. A frase “naquele dia” parece se encaixar ao momento em que Israel seria restaurado. Durante esse tempo, Jesus reinará e a harmonia da natureza na terra será em grande parte restaurada (Isaías 65:24-25). A morte será rara (Isaías 65:19-20). Haverá paz na terra, o que permitirá que as pessoas habitem em suas propriedades sem medo e desfrutem de interações com seus vizinhos (Miquéias 4:3-4).

Nos tempos bíblicos, a figueira era uma das plantas mais comuns. Ela produzia frutos deliciosos e folhas amplas, proporcionando uma agradável sombra (Miquéias 4:4; João 1:48). A árvore simbolizava a boa vida, alegria, paz e prosperidade (Isaías 36:16). Da mesma forma, a videira representava bênçãos e restauração. Um lar próspero possuía figos e videiras. O profeta Jeremias, antecipando tal prosperidade e bênçãos, conforta ao povo de Deus, que em breve enfrentaria grandes dificuldades: "Novamente plantarás vinhas nos montes de Samaria; os plantadores plantarão e as aproveitarão" (Jeremias 31:5).

A expressão “sentar debaixo de sua videira” retrata segurança e paz (1 Reis 4:25; 2 Reis 18:31). Isso implicava uma bênção terrena, como abundância de colheitas, clima favorável, gado, produtos e alimentos. Isso significa que haverá paz e segurança no reino messiânico (Miquéias 4:4). Todos desfrutarão de uma vida boa, sem medo ou estresse. Ó, que dia glorioso será esse!

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