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Significado de Zacarias 4:1-7
Este trecho registra a quinta visão de Zacarias. O profeta se lembra de como o anjo intérprete lhe dá a revelação: Então o anjo que estava falando comigo voltou (v. 1). O verbo traduzido como “voltar” denota um movimento de volta a uma localização ou condição anterior, como quando Jacó voltou à terra de sua origem familiar após uma estadia de vinte anos com Labão em Harã (Gênesis 31-35). Em nosso trecho, o verbo sugere que o anjo tinha se afastado do profeta e agora havia retornado para fornecer uma orientação adicional.
Embora todas as visões aparentemente tenham ocorrido para Zacarias em uma única noite, provavelmente houve uma pausa entre os episódios, visando dar a ele tempo suficiente para meditar e refletir. Agora, o anjo voltou para revelar a quinta visão ao profeta e o despertou.
O verbo traduzido como “despertar” significa "estimular" ou "ativar". Ou seja, fazer com que alguém ou algo fique ativo. Muitas vezes, é Yahweh quem causa essa ativação, começando no interior da pessoa. Por exemplo, "o SENHOR excitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que ele enviou uma proclamação por todo o seu reino" para permitir que os exilados retornassem à sua terra natal (Esdras 1:1).
De forma similar,
“Jeová suscitou (despertou) o espírito do governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o espírito de todo o resto do povo; eles vieram e trabalharam na Casa do seu Deus, Jeová dos Exércitos” (Ageu 1:14).
Aqui em nosso trecho, o anjo intérprete despertou a Zacarias, como um homem é acordado de seu sono. À primeira vista, pode parecer que Zacarias estivesse dormindo. Porém, a comparação sugere que o profeta estava, na verdade, pensando sobre o que havia visto nas cenas anteriores. Enquanto Zacarias meditava sobre o significado das visões anteriores, o anjo interrompe seus pensamentos e chama sua atenção para uma nova visão.
Quando o anjo despertou a Zacarias, interrompendo seus pensamentos profundos, ele lhe faz uma pergunta: O que vês? (v.2). Zacarias responde: Eu vejo, e eis que um candelabro todo de ouro com a sua taça no topo dele. (v. 2).
O anjo mostra a Zacarias um objeto e pede para que ele o identifique. O profeta descreve a visão corretamente como um candeeiro de ouro. O termo hebraico para “candeeiro” é "menorá", derivado de um verbo que significa "flamejar". Nos tempos bíblicos, os candeeiros continham lâmpadas removíveis. No livro de Êxodo, por exemplo, Deus ordenou ao povo da aliança que fizesse um candeeiro para dar luz aos sacerdotes enquanto trabalhavam no tabernáculo (Êxodo 25:31-40).
Na visão de Zacarias, o candeeiro tinha um recipiente em cima dele. Havia sete lâmpadas; há sete canudos, e cada um deles vai unir-se a uma das lâmpadas que estão em cima do candeeiro (v. 2). Cada uma das sete lâmpadas tinha sete canudos ao redor de sua borda.
Além disso, havia duas oliveiras, uma à direita do vaso e a outra à sua esquerda. (v. 3). Na antiga Israel, as oliveiras eram essenciais para a vida diária. Elas produziam o azeite usado para se cozinhar e fazer higiene, bem como para combustível das lâmpadas (Deuteronômio 24:20). As pessoas colhiam as azeitonas, as sacudiam e as removiam das árvores com uma vara comprida. A Bíblia frequentemente descreve o uso de óleo para acender lâmpadas (Êxodo 27:20; Levítico 24:2). O óleo também era usado para unção e regrigério (Êxodo 30:29-30). Em Zacarias, as oliveiras alimentavam as lâmpadas derramando o azeite diretamente nos candeeiros.
Embora Zacarias tenha identificado corretamente as imagens, ele não sabia o significado delas. Por esse motivo, ele pede ao anjo uma explicação: O que são esses, meu senhor? (v. 4). O termo hebraico para “senhor” é "ʾādôn", transmitindo a idéia de alguém em posição de autoridade. A Bíblia frequentemente o usa para se referir a um mestre humano (Gênesis 18:12; 24:12; 31:35). O profeta Zacarias usa o termo para se referir ao anjo. Humildemente, ele pede ao mensageiro que explicasse o significado daquelas imagens.
O anjo sabia que Zacarias, como judeu, reconheceria o candeeiro, uma vez que ele tinha uma tradição antiga na Bíblia e na história do judaísmo. Ele também sabia que o profeta identificaria as oliveiras, uma vez que eram comuns na antiga Israel. Parece que o anjo ficou surpreso pelo fato de Zacarias não saber o que as figuras simbolizavam. Aparentemente surpreso, o anjo responde: Não sabes o que são elas? Respondi: Não, meu senhor (v. 5).
Após ouvir a resposta negativa de Zacarias, o anjo diz a ele: Esta é a palavra de Jeová a Zorobabel. O profeta Zacarias estava recebendo uma mensagem a ser entregue ao líder político de Judá, Zorobabel. O termo hebraico para “SENHOR” é Yahweh, o nome da aliança de Deus. O nome fala do relacionamento de Deus com Seu povo (Êxodo 3:14). A palavra do SENHOR refere-se à revelação de Yahweh (1 Reis 6:11; 16:1).
Para Zacarias, Yahweh revela uma mensagem de encorajamento a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos (v. 6). Na estrutura observada por Zacarias, o azeite alimentava as lâmpadas sem a ajuda do trabalho humano. Embora o óleo fluísse para as tigelas dos galhos, não havia uma pessoa retirando as azeitonas das árvores, juntando-as em recipientes ou espremendo-as para remover o azeite. O óleo fluía diretamente da árvore.
Da mesma forma, Deus removeria os obstáculos para a reconstrução do templo, sem que Zorobabel tivesse que fazer isso acontecer. Não seria pela força de Zorobabel, nem por qualquer poder dos exércitos de Judá, mas pelo Espírito de Deus. Essa mensagem com certeza foi recebida por Zorobabel, já que a população de Judá era pequena e sem capacidade significativa de trabalho.
O termo hebraico para “força” é "Chayil". Frequentemente, refere-se à força militar. Às vezes é traduzido como "exército", como em Êxodo 14:4; 9; 15:4. O termo hebraico para “poder” é "kōaḥ", denotando a força humana, como a força física de Sansão (Juízes 16:5, 6, 9). Juntos, os termos “força” e “poder” abrangem todos os esforços humanos. Os judeus haviam retornado havia pouco tempo à sua terra natal, não haviam estado lá tempo suficiente para reconstruir e repovoar Judá. Eles não possuíam força ou poder.
Nos dias de Zacarias, os exilados que retornavam de Judá começaram a reconstrução do templo. Sob a liderança de Zorobabel e com a permissão de Ciro, o rei persa, os judeus começaram a reconstruir o templo em 536 a.C. (Esdras 3:8-13). Eles planejavam concluir o projeto, mas interromperam o trabalho por cerca de dezesseis anos devido às intrigas hostis de seus adversários.
Porém, o plano do SENHOR era o de que Seu povo reconstruísse o templo para que pudessem adorá-Lo. Assim, Ele entrega essa mensagem a Zorobabel, informando-o de que completariam o projeto de reconstrução. No entanto, isso não seria feito pela força física deles, mas pelo Meu Espírito.
Quando o Espírito do SENHOR opera nas vidas das pessoas, Ele as capacita a realizar coisas grandiosas. Por exemplo, o SENHOR chamou Bezalel pelo nome e "o encheu do Espírito de Deus, de sabedoria, de entendimento, de conhecimento", capacitando-o a realizar "todo tipo de artesanato" ao construir o tabernáculo no deserto (Êxodo 31:1-3). Mais tarde na história de Israel, o profeta Isaías declara:
“Espírito de Jeová está sobre mim, porque Jeová me ungiu para pregar boas-novas aos mansos: enviou-me para sarar os quebrantados de coração, para apregoar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos que estão encarcerados; para apregoar o ano aceitável de Jeová e o dia da vingança do nosso Deus; para confortar a todos os que choram” (Isaías 61:1-2).
Jesus leu esse trecho de Isaías, parando no "ano aceitável do Senhor", enquanto estava em uma sinagoga. Ele disse aos ouvintes que essa passagem havia se cumprido (Lucas 4:18-21). O Espírito do Senhor estava proclamando as boas novas de Deus através de Jesus. Em Zacarias, o Espírito do Senhor capacitaria a Zorobabel e aos judeus a superar todos os medos e obstáculos para concluir o que haviam começado (Ageu 2:5).
Após o anjo ter entregue a mensagem a Zacarias para Zorobabel, ele acrescenta a fórmula profética “diz o Senhor dos Exércitos”. A expressão “Senhor dos Exércitos” frequentemente descreve o poder de Deus como um guerreiro liderando seu exército angelical para derrotar seus inimigos (Amós 5:16; 9:5; Habacuque 2:17). Aqui em Zacarias, ela demonstra o poder de Deus como o supremo guerreiro que tem controle completo sobre todos os assuntos humanos. De fato, o Senhor é o Deus Todo-poderoso. Seu Espírito os capacitaria.
O anjo continua a mensagem iniciada no verso anterior. Ele faz uma pergunta retórica, ou seja, uma pergunta feita não para obter uma resposta, mas para enfatizar um ponto. Ele declara: Quem és tu, ó grande monte? (v. 7). Nos tempos bíblicos, os montes frequentemente serviam como barreiras naturais que se tornavam limites geográficos e políticos (Josué 15:8-16). Aqui em Zacarias, o termo “monte” representa as dificuldades políticas que Zorobabel e o povo de Judá enfrentavam. Apesar desses desafios, o anjo tranquiliza Zacarias ao afirmar que o povo de Deus triunfaria: Diante de Zorobabel, tornar-te-ás uma campina (v. 7). O que parecia para eles um obstáculo intransponível seria removido pelo Espírito de Deus.
Em termos de geografia, o termo “campina” referia-se a uma extensão plana de terra, um terreno suave que não apresentava grandes variações de elevação e, portanto, fácil de percorrer. Era o oposto do termo monte, que não era facilmente transposto (Isaías 40:4). Por essa razão, Isaías e Zacarias usaram ambos os termos monte (obstáculo) e campina (remoção do obstáculo) para descrever a intervenção de Deus nos assuntos humanos.
Em preparação para a chegada do Messias, Isaías declara:
“Todo o vale será exaltado, e todo monte e outeiro será abatido; o torto far-se-á direito, e os lugares escabrosos, planos” (Isaías 40:4).
Isso se refere a Deus removendo obstáculos para o Messias. Da mesma forma, o anjo, em Zacarias, anuncia que não haveria montes de oposição contra Zorobabel. Quaisquer obstáculos tão grandes quanto montes desapareceriam repentinamente, pois o Espírito do Senhor capacitaria a Zorobabel e ele traria a pedra principal com gritos de graça, graça para ela! (v. 7). A pedra principal se refereia ao tijolo de fundação na construção e restauração do templo. O termo traduzido como “graça” é "ḥēn" na língua hebraica, referindo-se ao favor de Deus concedido a alguém ou algo. Em nosso contexto, refere-se ao favor de Deus sobre o templo reconstruído.
A conclusão do templo seria um ato da graça de Deus em relação aos exilados que retornavam, realizado por Seu Espírito. As pessoas reconheceriam o favor de Deus, conforme evidenciado por seus gritos de Graça, graça para ela! A repetição da palavra graça enfatizava que a graça de Deus era abundante a eles. É louvável que eles tenham reconhecido isso. Eles apenas deveriam fazer a sua parte, liderados por Zorobabel.
O anjo não responde diretamente à pergunta de Zacarias: O que são essas coisas, meu senhor?, referindo-se às árvores e às lâmpadas. Por inferência, no entanto, a resposta do anjo era a de que aquela lâmpada abastecida com azeite das árvores sem o trabalho humano representava o Espírito de Deus trabalhando em favor deles. Isso inferiria que as lâmpadas representavam o Espírito de Deus. Isso será confirmado no versículo 10, que fala das sete lâmpadas que vêem tudo sobre a terra.