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Significado de Zacarias 5:5-11
Este trecho registra a sétima visão de Zacarias. Anteriormente, o profeta viu um rolo com maldições escritas em ambos os lados. O anjo disse que o pergaminho era o instrumento pelo qual o SENHOR julgaria aos ladrões e aos que juravam falsamente pelo Seu nome (Zacarias 5:1-4). Enquanto Zacarias meditava em sua última visão, o anjo que estava falando com ele saiu e direcionou sua atenção para uma nova cena. Assim, o anjo diz: Levanta os teus olhos e vê que é o que sai. (v. 5).
“Levantar os olhos” é uma expressão que significava olhar ao redor (Gênesis 13:10; 18:2; 22:4). Às vezes, a ação envolvia elevar os olhos de uma posição mais baixa para uma mais alta. O verbo sugere que Zacarias passou a olhar de maneira constante e atenta para o rolo, até que o anjo interrompe seus pensamentos e pede para que ele observasse uma nova cena. O profeta deveria abandonar sua contemplação do pergaminho e se concentrar na nova revelação.
Tendo obedecido ao anjo e olhado para cima, o profeta viu um objeto, mas não entendeu bem sua natureza. Ele faz uma nova pergunta ao anjo: O que é isso? Sem hesitar, o anjo responde: É um efa que sai. O termo “efa” significava "cesto". Era a unidade padrão para se medir a todos os tipos de produtos agrícolas. Era a unidade amplamente usada em comércio e venda (Amós 8:5). Variava de cerca de 20 a 40 litros.
O anjo identifica o objeto como um efa e diz: Esta é a sua semelhança em toda a terra. (v. 6). O termo traduzido como “aparência” é "eye" em hebraico. O pronome “sua” que precede a palavra “semelhança” provavelmente se refere aos judeus ímpios, uma vez que o termo “terra” fala do território de Judá.
Além disso, o trecho anterior já havia identificado os judeus desobedientes como ladrões e aqueles que faziam juramentos falsos pelo nome de Deus (Zacarias 5:1-4). Assim, o povo da aliança precisava de purificação por parte de Deus. A purificação era necessária para que os exilados que retornavam pudessem continuar a ter comunhão com o Deus santo e justo. Deus promete purificar a terra dos transgressores, casa por casa (Zacarias 5:4).
Conforme o profeta continuava a observar o efa, eis que foi levantado um talento de chumbo (v.7). O chumbo era um metal pesado bem conhecido, geralmente encontrado nos veios das rochas (Êxodo 15:10). Seu uso como tampas em Zacarias provavelmente tinha o propósito de selar o cesto e evitar que algo ou alguém escapasse.
Ao se aproximar do efa, o profeta viu uma mulher sentada dentro dele (v.7). Antes que perguntasse ao anjo o que a mulher estava fazendo no cesto, ele recebe a resposta. O anjo diz a ele: Isto é a impiedade! (v.8). O termo para “impiedade” é "rāšaʿ" na língua hebraica. Refere-se ao que é moralmente mau ou errado. É o oposto da retidão, que é viver de acordo com o plano perfeito de Deus (Provérbios 11:5; 13:6). Como a palavra é feminina, o escritor personifica a impiedade como uma mulher (2 Crônicas 24:7). Isso contrasta com a Senhora Sabedoria (Provérbios 1:20).
Como o talento de chumbo não estava sobre o efa, a mulher que personificava a impiedade tentava escapar. Porém, o anjo não permite que isso acontecesse. Enquanto ela tentava subir e sair, ele a lançou no fundo do efa e sobre a boca do efa pôs o peso de chumbo. (v.8). O verbo “lançar” sugere uma luta entre o anjo e a mulher. Porém, o anjo tinha força superior. Assim, ele confinou a Senhora Impiedade dentro do efa e fechou o cesto novamente, selando-o com o peso de chumbo, como uma tampa.
Continuando sua descrição da visão, Zacarias diz: Então, levantei os meus olhos e vi (v.9). Essa expressão idiomática indica que Zacarias concentra sua atenção em todas as imagens da mulher no cesto até que algo mais chama sua atenção. Essa expressão marca o início de uma nova parte da visão.
Quando Zacarias olhou para cima, ele percebeu que saíram duas mulheres, e o vento estava em suas asas (v.9). Zacarias tem uma visão de duas mulheres que tinham asas. Elas voavam e tinham asas como as asas de uma cegonha (v. 9).
Dizer que as mulheres tinham o vento em suas asas significava dizer que elas voavam sem esforço. A cegonha é um pássaro altamente hábil em planar, aproveitando as correntes de ar. O profeta compara o voo das mulheres ao da cegonha por causa da semelhança na forma como usavam suas asas. Essa comparação sugere que as mulheres voavam com força e facilidade.
Elas (as duas mulheres aladas) levantaram o efa entre a terra e os céus (v. 9). Isso significa que elas voaram como "a cegonha no céu" (Jeremias 8:7). A ação das duas mulheres que tomaram o cesto e voaram com ele despertou a curiosidade de Zacarias. Então, ele pergunta ao anjo: Para onde estão levando o efa? (v. 10). O anjo responde: Para lhe edificar uma casa na terra de Sinear (v. 11).
Sinear era o nome antigo de Babilônia (Gênesis 10:10). De acordo com Gênesis 11, a raça humana primitiva se estabeleceu em um vale na "terra de Sinear" e começou a construir a torre de Babel (Gênesis 11:2-9). O anjo provavelmente usou o termo Sinear em vez de Babilônia neste trecho para lembrar a audiência sobre o lugar onde a raça humana primitiva havia se oposto a Deus.
Os profetas Isaías e Jeremias nos dizem que Babilônia era um lugar de maldade e idolatria (Isaías 46-47; Jeremias 50-51). Assim, Sinear seria um lugar apropriado para levar o efa, já que a mulher dentro dele simbolizava a impiedade (v. 8). Quando a casa tiver sido preparada, ela será estabelecida no seu lugar. (v. 11). As pessoas ergueriam o efa em um templo como um ídolo para ser adorado pelos pagãos.
Transportar a mulher no efa (Senhora Impiedade) para a Babilônia significava que Deus removeria o pecado de Seu povo da aliança e purificaria sua terra. Significava também que Deus devolveria a maldade da idolatria à Babilônia, a nação que havia derrotado a Judá, queimado sua capital (Jerusalém) e levado seus cidadãos ao exílio por muitos anos (2 Reis 25:8-12). Deus purificaria a terra de Judá para abençoar a Seus filhos e permitir que eles tivessem comunhão com Ele.
A Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse, aborda a imagem da Babilônia como o sistema mundial que se opõe a Deus e tenta substituí-lo por um reino humano governado por tiranos. Em Gênesis, o governante tirano era Ninrode. Seu plano de unir os humanos sob seu reinado foi frustrado por Deus, que confundiu suas línguas (Gênesis 11:1-9). Embora Deus tenha usado a Babilônia como seu agente para purificar Judá (Habacuque 1:5-7), Ele ainda se opõe à sua maldade. Aqui, Deus devolve a maldade da Babilônia, que havia sido exportada para Judá, levando-a de volta à Babilônia e confinando-a aos templos de lá.
No Livro do Apocalipse, a Babilônia representa o sistema mundial que se beneficia da exploração humana (Apocalipse 18:10-19). A Babilônia é representada com a Senhora Maldade, descrita como aquela que corrompe a toda a terra com sua maldade:
“Na sua testa estava escrito um nome: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUTAS E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Apocalipse 17:5).
Esse sistema mundial de maldade humana é responsável pela morte do povo de Deus (Apocalipse 17:6), assim como a Babilônia havia sido a responsável pela morte de muitos do povo de Deus (2 Reis 25:8-11; Jeremias 19:6-8).