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Significado de Zacarias 6:1-8

Zacarias tem uma visão de quatro carros saindo de entre duas montanhas de bronze. O anjo que estava falando com ele identifica os carros como sendo quatro espíritos dos céus que saem da presença de Deus. O carro que rumava em direção ao norte satisfaz a ira de Deus por causa das ações contra Judá, julgando as terras do norte.

Este trecho registra a última visão de Zacarias. O profeta começa com a partícula “De novo”, traduzida como "então" no capítulo anterior (Zacarias 5:1). O Antigo Testamento frequentemente usa essa partícula em textos narrativos para explicar uma sequência de eventos (como o desenrolar de uma história), indicando o que acontece cronologicamente a seguir. Assim, depois que Zacarias viu uma mulher em um cesto, simbolizando a maldade, e duas mulheres transportando o cesto para a Babilônia (Zacarias 5:5-11), ele conta a seus leitores o que acontece a seguir. Ele declara: Levantei os olhos de novo e olhei (v.1).

“Levantar os olhos” é uma expressão idiomática que significava olhar ao redor (Gênesis 13:10; 18:2). O fato de o profeta olhar ao redor indicava que ele estava focado nas imagens da cena anterior até que algo novo chama sua atenção e interrompe seus pensamentos. Ao olhar para ver o novo episódio, eis que quatro carros estavam saindo de entre as duas montanhas (v. 1). Não nos é dito o que o número quatro representa. A imagem de carros normalmente representa poderia militar. O trecho nos diz que esses quatro carros representavam quatro espíritos que estavam na presença do Senhor. Eles são enviados por Deus para realizar a Sua vontade.

Durante a maior parte da história do Antigo Testamento, os carros de guerra (chamados de "merkāḇâ" em hebraico) eram veículos de duas rodas puxados por dois cavalos e projetados para ter velocidade e manobrabilidade em batalhas e corridas. Eram plataformas móveis que permitiam aos soldados disparar rajadas de flechas contra seus inimigos. O profeta Naum descreve as rodas estrondosas, os cavalos galopantes e seus carros num ataque à cidade sangrenta de Nínive (Naum 3:2). De maneira semelhante, o profeta Habacuque descreve o ataque vitorioso do Senhor com cavalos e carros de guerra (Habacuque 3:8).

No livro de Zacarias, o profeta observa quatro carros de guerra emergindo de entre duas montanhas (v. 2) para travar guerra contra algumas das nações vizinhas.

Zacarias identifica as cores das duas montanhas como bronze (v. 1). O termo “bronze” ("neḥōšeṯ" em hebraico) frequentemente é um símbolo de força no Antigo Testamento. Por exemplo, quando Deus comissionou Jeremias, Ele afirmou: "Eis que eu fiz de você hoje uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e muros de bronze, contra toda a terra" (Jeremias 1:18; veja também Isaías 45:2).

Aqui em Zacarias, as montanhas de bronze provavelmente simbolizavam a força inabalável do SENHOR. Em resumo, os carros de guerra surgindo entre as montanhas de bronze significavam que o SENHOR, o grande guerreiro, estava saindo de Sua "morada santa" para lutar contra Seus inimigos.

Em seguida, o profeta relata à sua audiência as cores dos cavalos que puxavam os carros: Cavalos vermelhos, no segundo carro, cavalos pretos, no terceiro carro, cavalos brancos, e, no quarto carro, cavalos baios com malhas. (v. 3).

No livro do Apocalipse, cada uma dessas cores recebe um significado. A cor branca representa a vitória; a vermelha significa a guerra e derramamento de sangue; a cor preta significa a fome; e a cor baia simboliza a morte (Apocalipse 6:1-8). No entanto, em Zacarias, não nos é dito que as core representem algo.

As imagens dos quatro carros com essas diferentes cores chamam a atenção de Zacarias e despertam sua curiosidade. Ele dirige-se ao anjo que estava falando com ele e diz: O que são esses, meu senhor? (v.4). Zacarias faz sua pergunta habitual para garantir que entendesse o que estava vendo (Zacarias 1:9; 19; 4:4).

O título hebraico traduzido como senhor é "ʾadhon" no texto hebraico. Significa "mestre" ou "governante". Aparece no Antigo Testamento mais de 300 vezes para se referir a um senhor terreno e cerca de 30 vezes para se referir a um senhor divino. Os irmãos de José, sem saber quem ele era, o chamaram de "meu senhor" e se referiram a si mesmos como "seus servos" (Gênesis 42:10). Às vezes, no entanto, o Antigo Testamento usa o termo "senhor" como uma expressão de cortesia, como em nosso texto (veja também Gênesis 31:35).

Sem hesitar, o anjo responde ao profeta: Estes (os cavalos e carros) são os quatro ventos dos céus (v.5). O termo traduzido como “vento” é "rûaḥ" na língua hebraica. Pode significar "respiração" ou "espírito". Ele aparece no segundo capítulo como "vento" (Zacarias 2:6). No nosso contexto, se refere a espíritos enviados por Deus para realizar obras sobrenaturais ao redor do mundo.

É inferido que os quatro ventos dos céus eram seres angelicais que serviam como emissários de Yahweh. Eles sairiam de diante do Senhor de toda a terra (v. 5). O fato de esses seres celestiais estarem diante do Senhor de toda a terra indicava que eles tinham uma alta posição de hierarquia e autoridade.

O termo SENHOR é "ʾadhon" no texto hebraico. Significa "mestre" ou "governante". O profeta usa esse termo no versículo anterior para expressar cortesia ao se dirigir ao anjo (v. 4). Aqui, o anjo o utiliza deliberadamente para descrever o SENHOR como Mestre ou Governante de todo o universo. Ao fazer isso, ele lembra a Zacarias de que Deus era o Senhor dos senhores. Os seres angelicais que ele via, poderosos e impressionantes, estavam sob a autoridade e a serviço do SENHOR.

O profeta Zacarias, então, descreve as direções dos carros: O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do Norte, e os brancos saíram atrás deles (v. 6). O norte frequentemente representava a direção de onde os adversários viriam. Em Jeremias, o SENHOR informa ao profeta: "Do norte, o mal se espalhará sobre todos os habitantes da terra" (Jeremias 1:14-15).

A região da Babilônia significava o mal vindo do norte que havia invadido Judá (Zacarias 2:6-7). Embora a Babilônia estivesse mais a leste do que ao norte de Israel, seus exércitos viajavam para noroeste ao longo dos rios, o que resultava numa entrada pelo norte durante a invasão. Eles fizeram isso em vez de tentar atravessar as montanhas e enfrentar terrenos mais difíceis.

Os cavalos brancos seguiam aos cavalos pretos e também foram para o norte (para a Babilônia), enquanto os cavalos baios foram para o sul (v. 6). provavelmente representando o Egito.

O profeta, então, faz uma declaração geral sobre os cavalos. Ele diz: Quando os fortes saíram, estavam ansiosos para patrulhar a terra (v. 7). Aqui, aparentemente, cada um dos espíritos servos é chamado de forte, o que indicava ainda mais o poder e a autoridade deles para agir.

Zacarias retrata os cavalos como poderosos e ansiosos; eles estavam ansiosos para começar a jornada e viajar por toda a terra. Isso significava que eles estavam impacientes para iniciar a tarefa. Ele diz: Vão, patrulhem a terra (v. 7). O pronome “Ele” aqui provavelmente se refira ao SENHOR. Zacarias queria que seu público ouvisse o comando da boca de Deus, que tinha toda a autoridade e poder; então, ele O apresenta como o interlocutor.

Deus estava claramente no controle de todas as coisas (Apocalipse 19:16). Portanto, uma vez que os anjos ouviram ao comando divino, eles foram e patrulharam a terra. Isso é semelhante aos cavalos que patrulharam a terra no Capítulo 1 e a encontraram em paz (Zacarias 1:11).

Então, o SENHOR chama o profeta para revelar algo a ele. O som alto significava que o SENHOR estava distante de Zacarias. Ao convocar o profeta, Ele diz: Eis que aqueles que saem para a terra do Norte fizeram repousar na terra do Norte o meu Espírito. (v. 8).

A expressão “fizeram repousar o meu espirito” significava literalmente "fizeram o Meu Espírito descansar". O fato de o Espírito de Deus descansar na Babilônia significa que Sua justiça seria feita àqueles que haviam abusado do povo de Deus (Zacarias 1:15).

Essa última visão de Zacarias remete o leitor à primeira, na qual uma patrulha de cavaleiros celestiais montados em cavalos de cores diferentes informou que a terra estava então em paz. Além disso, na primeira visão, o anjo tranquilizara Zacarias de que, embora o Senhor estivesse ainda irado com as nações gentias, Ele confortaria Jerusalém e restauraria suas fortunas (Zacarias 1:7-17). No capítulo 1, havia paz sobre a terra, mas Deus não estava satisfeito com essa condição, pois as nações que Ele havia usado para punir Israel haviam abusado de sua autoridade e ido além dos limites (Zacarias 1:15).

Os espíritos enviados por Deus que vão para a terra do norte executarão julgamento sobre os ímpios, em nome de Deus, a fim de satisfazerem Sua ira. Isso ocorreria porque Ele estava "muito irado com as nações que estão despreocupadas" por serem excessivamente opressoras contra o Seu povo (Zacarias 1:15).

No momento em que Zacarias estava profetizando, o captor de Judá, Babilônia, já havia sido derrotado pela Pérsia (Zacarias 1:1). Porém, Deus fala das "nações" que "estão em tranquilidade" e conecta essas nações diretamente com a Babilônia, afirmando que elas "aumentaram o desastre" sobre Judá, além do que era necessário. Isso parece se aplicar às nações aliadas à Babilônia ou que, de alguma forma, haviam sido cúmplices nos abusos contra Judá.

O ponto parece ser o de que a justiça de Deus em nome de Seu povo seria realizada. Isso fazia parte de Sua promessa de aliança a Israel, de que quando eles retornassem após terem sido julgados com maldições por quebrarem Sua aliança, Deus os redimiria quando se arrependessem e traria justiça sobre seus inimigos (Deuteronômio 32:35-36, 43).

Esse trecho nos diz que o SENHOR é o grande e justo guerreiro que luta contra o pecado e a maldade para restaurar a justiça e a paz no mundo. Ele também faz cumprir as previsões de Sua aliança, tanto as maldições pela desobediência (Deuteronômio 28:15-68) quanto a restauração prometida e a aplicação da justiça quando eles se arrependem (Deuteronômio 32:35-36, 43).

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