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Significado de Zacarias 7:8-14

Zacarias define quatro requisitos que resumem o ensinamento ético dos profetas antes do exílio de Judá para a Babilônia. Ele lembra à comunidade pós-exílica de Judá que a rejeição dos ensinamentos de seus antepassados havia sido o motivo pelo qual Deus os havia punido severamente, dispersando-os e deixando-os à mercê de nações estrangeiras, de acordo com as disposições da aliança/tratado de Deus com Israel.

Na seção anterior, Zacarias recebeu uma delegação da cidade de Betel, perguntando se deveriam continuar a jejuar anualmente para lembrar e lamentar a destruição do templo de Salomão, destruído pelos babilônicos em 586 a.C. O SENHOR aproveitou a ocasião para informar às pessoas de toda a terra que seus rituais religiosos não O agradavam, uma vez que não vinham de um coração sincero (Zacarias 7:1-7).

Na seção atual, o profeta fornece um exemplo da história da nação. Ele descreve quatro qualidades distintas que resumiam o padrão pelo qual as gerações anteriores dos judeus deveriam ter vivido, de acordo com sua aliança/tratado com Deus. Infelizmente, eles não cumpriram aos requisitos, levando o Senhor a enviá-los para o exílio, de acordo com as disposições de sua aliança/tratado (Deuteronômio 28:64). No entanto, antes de Zacarias enumerar as estipulações, o narrador insere uma frase para confirmar a origem divina da mensagem. Ele declara: Então veio a palavra do SENHOR a Zacarias (v. 8).

O termo hebraico “SENHOR” é "Yahweh", o nome da aliança de Deus. Esse nome fala do caráter de Deus e de sua relação com seu povo da aliança (Êxodo 3:14, 34:6). Usando o nome divino, o narrador disse à sua audiência que Zacarias não era o autor principal da mensagem. Em vez disso, a palavra vinha de Deus, o Soberano ou Mestre de Judá, exigindo obediência de seus vassalos para abençoá-los.

A palavra do SENHOR carrega um peso significativo na Bíblia e é um conceito técnico para a palavra profética da revelação. Refere-se à mensagem do SENHOR na qual Ele revela Sua vontade a um mensageiro humano e ordena que ele a transmita a outros (1 Reis 6:11, 16:1, Zacarias 1:1). Em nosso trecho, o mensageiro era Zacarias, um nome que significa "Yahweh se lembrou". Como todos os profetas de Deus, Zacarias tinha um chamado específico para ver ou ouvir o que Deus estava dizendo, viver isso e proclamá-lo aos outros; neste caso, à comunidade de Judá que havia retornado do exílio babilônico, com a permissão da Pérsia.

O profeta introduz a revelação divina com a fórmula profética: Assim diz o SENHOR dos Exércitos (v. 9). O termo traduzido como “exércitos” é "Sabaoth" em hebraico e se refere aos exércitos angelicais do céu. Assim, a frase significa que o Deus Todo-poderoso lidera Seu exército para lutar em favor de Seu povo e derrotar seus oponentes.

A mensagem divina começa aqui, onde o profeta define duas das quatro qualidades necessárias na comunidade pós-exílica. Ele o faz usando dois comandos positivos: Julgai juízo verdadeiro e mostrai misericórdia e compaixão, cada um para com o seu irmão (v. 9). O termo “juízo” é "mišpaṭ" em hebraico. Pode se referir às leis ou estipulações de Deus, abrangendo mandamentos individuais e um resumo de toda a lei (Êxodo 24:3, Deuteronômio 5:1, 7:12). Em nosso trecho, "mišpaṭ" se refere à administração de decisões legais em um tribunal. Porém, por que o SENHOR pede a Seu povo que pratique o juízo verdadeiro?

No antigo Israel e Judá, os juízes frequentemente administravam a justiça de forma distorcida e até mesmo aceitavam subornos de uma das partes para condenar inocentes e absolver culpados. Porém, este não era o plano de Deus para eles, pois Ele havia estabelecido Israel como uma nação auto-governada baseada no Estado de direito, propriedade privada e consentimento dos governados. Por isso, Ele ordena que Seu povo da aliança não "aceitasse subornos", pois fazê-lo "cega os olhos do sábio e perverte as palavras do justo" (Deuteronômio 16:18-20).

Aqui em Zacarias, o SENHOR usa o adjetivo “verdadeiro” para intensificar o comando, indicando, assim, que Seu povo não deveria proferir decisões judiciais com base no lucro pessoal (Ezequiel 18:8). Quando o juízo está à venda, ela se torna injustiça, o que vai contra o padrão de Deus, pois Ele é "um Deus de fidelidade e sem injustiça" (Deuteronômio 32:4).

Além disso, o povo da aliança deveria praticar a misericórdia e compaixão, cada um para com o seu irmão. O termo hebraico para “misericórdia” é "ḥesed", denotando o amor de Deus por Seu povo da aliança (Salmo 103:8). Às vezes, refere-se ao amor do homem por Deus (Oséias 6:4). Em nosso trecho, trata-se do amor fraternal (Oséias 4:1).

O termo hebraico “compaixão” é "rakham", referindo-se a um amor profundo de um para com outro. O profeta Isaías usa esse termo para descrever o amor de uma mãe ao bebê a quem amamenta (Isaías 49:15). Em Zacarias, "rakham" fala do amor que os judeus deveriam demonstrar uns aos outros, porque todos eram irmãos, tendo "o Senhor Deus" como seu pai (Deuteronômio 14:1). Esse comando de amar a seus companheiros judeus ecoava a exigência da aliança de amar ao próximo como amavam a si mesmos (Levítico 19:18). Jesus afirma que este era o segundo mandamento mais importante (Mateus 22:37-39).

Assim, Zacarias equilibra os comandos positivos com dois negativos. O primeiro fala favoravelmente das pessoas mais vulneráveis da comunidade judaica. A idéia por trás da instrução estava na verdade de que os seres humanos tendem a maltratar àqueles que não podem se defender. Pessoas ricas gostam de abusar dos menos afortunados para encher seus bolsos. É por isso que o Deus Soberano lembra aos judeus para não oprimirem à viúva e ao órfão, nem ao estrangeiro e ao pobre (v. 10), pois fazer isso seguiria a cultura pagã de exploração, em vez do caminho de Deus de amor mútuo e colaboração. A cultura pagã tratava a viúva e o órfão como objetos inferiores e violava sua dignidade.

Oprimir a alguém não reflete o plano de Deus para os seres humanos, porque Ele os criou "à Sua imagem" (Gênesis 1:27). No entanto, desde a queda do homem em Gênesis 3, a humanidade tem conhecido e praticado a injustiça e o mau tratamento. Isso, infelizmente, tem sido algo comum aos que se encontram em circunstâncias difíceis, como as viúvas.

Uma viúva ficava sem um provedor masculino, numa época em que comida e segurança dependiam em grande parte da energia dos músculos humanos. Sem a ajuda de uma estrutura social da comunidade judaica, as viúvas poderiam ser presas fáceis e sofrer com a pobreza. Enquanto estivessem em tal posição difícil, as viúvas poderiam ser oprimidas por pessoas com más intenções que aproveitarriam a oportunidade para tirar vantagem delas de alguma forma. Esse mau tratamento social também se aplicava aos órfãos.

Ainda que um órfão não tivesse uma figura masculina para protegê-lo e defendê-lo, o SENHOR era o "pai dos órfãos e juiz das viúvas" (Salmos 68:5, Deuteronômio 10:18). Deus não desejava que ninguém os maltratasse. O princípio de "amar ao próximo" também se aplicava às viúvas e aos órfãos.

O SENHOR também ama ao estrangeiro. O termo “estrangeiro” se referia a uma pessoa “de fora”, alguém que residia em um país estrangeiro (Deuteronômio 24:17). Como não israelitas, os estrangeiros às vezes não desfrutavam dos mesmos privilégios concedidos aos cidadãos israelitas, como ocorre em qualquer país hoje em dia. Porém, a lei israelita lhes conferia plena participação e aceitação na comunidade israelita, desde que concordassem em ser circuncidados e seguir aos rituais judaicos (Êxodo 12:48-49). Assim, como membros de pleno direito da comunidade da aliança, os estrangeiros deveriam receber igualdade de status sob a lei. Isso explica por que o SENHOR "demonstra Seu amor pelo estrangeiro, dando-lhe alimento e vestimenta" (Deuteronômio 10:18).

O SENHOR demonstra preocupação igual pelos pobres, aqueles que mal conseguem ter o mínimo para sobreviver. Os pobres frequentemente dependiam de seus salários diários para sustentar suas famílias ou para colocarem comida em suas mesas. No antigo Israel, essa condição precária poderia acontecer porque o pobre havia perdido a terra da família ou outros meios de renda. Como resultado, sua única opção era trabalhar para outra pessoa. No livro de Deuteronômio, o SENHOR instrui os israelitas a cuidar de tais pessoas:

Se, no meio de ti, houver um pobre, qualquer de teus irmãos, numa das tuas cidades na tua terra que Jeová, teu Deus, te está dando, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a mão ao teu irmão pobre; mas, certamente, lhe abrirás a tua mão e, sem dúvida, lhe emprestarás quanto baste para a sua necessidade naquilo que lhe falta” (Deuterônomio 15:7-8).

A última instrução diz: Nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu irmão. (versículo 10). Intentar o mal é pensar em maneiras de explorar outras pessoas. Esse modo de pensar é o oposto de "amar ao próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39), pois "o amor não pratica o mal contra o próximo" (Romanos 13:10). Em vez disso, ele permite que os cidadãos de uma sociedade auto-governada vivam em harmonia uns com os outros, cuidando uns dos outros e se protegendo mutuamente. Em Zacarias, o SENHOR diz a Seu povo da aliança que Ele priorizava essas qualidades acima do jejum e dos banquetes.

O princípio central por trás da aliança/pacto de Deus com Israel era de que eles se amassem e cuidassem uns dos outros. Esse princípio relacionado aos pobres incluía o ato de "emprestar" — o que significava que eles deveriam ajudar aos necessitados a sair de situações difíceis e recuperar sua autossuficiência econômica. Cada pessoa tinha dignidade e deveria ser tratada como capaz, recebendo oportunidades para prosperar. Porém, Israel havia caído na exploração. Eles estavam se aproveitando das pessoas, ao invés de de ajudá-las.

Antes do exílio de Judá para a Babilônia, Deus havia enviado os profetas para alertá-los de que estavam desobedecendo às cláusulas da Sua aliança/pacto com Israel e que, consequentemente, experimentariam as medidas corretivas por desobediência caso não se arrependessem (Deuteronômio 28:25-68). Deus não estava buscando mais observâncias religiosas. Em vez disso, Ele desejava que Seu povo se amasse mutuamente e praticasse a justiça para todos (Amós 5:23-24).

Mas se recusaram atender (v. 11). Isso significa que eles haviam ignorado as estipulações divinas (Jeremias 11:10). Em vez de prestarem atenção aos avisos de Deus, o povo judeu havia voltado as costas a Deus e se recusado a mudar seus caminhos. Como resultado, a provisão da aliança para a desobediência foi invocada e eles foram levados ao exílio na Babilônia (Deuteronômio 28:36).

O termo “rebelde” significa "moralmente obstinado" ou "duro de pescoço". Nos Salmos, é usado para o "cavalo ou mula que não têm entendimento, cujos arreios incluem freio e cabresto para mantê-los sob controle" (Salmo 32:9). A expressão “voltar as costas” significava que o povo de Judá estava relutante em obedecer às ordenanças divinas, como haviam prometido fazer (Êxodo 19:8). Eles viraram suas cabeças como uma mula e fecharam seus ouvidos para não ouvir (v. 11, Neemias 9:29). Eles eram rebeldes e se recusavam a reconhecer que sua rebelião contra a aliança com Deus estava destinada a resultar na invocação das disposições de execução da aliança (Deuteronômio 28:15-68).

O profeta continua a descrever a rebelião do povo. Ele diz: Fizeram-se duros como diamante os seus corações (v. 12). O termo se refere a uma rocha cinza dura. Suas bordas lascadas eram usadas como instrumento cirúrgico pelos antigos israelitas (Êxodo 4:25, Josué 5:2). Devido à sua rigidez, Zacarias usa essa imagem para retratar a desobediência obstinada do povo de Deus (Ezequiel 3:9). Os profetas os advertiram que as disposições de execução do acordo de seu aliança/pacto com Deus seriam invocadas caso não ouvissem e se arrependessem, mas eles se recusavam a ouvir.

Então, Zacarias nos diz por que as gerações anteriores de israelitas haviam endurecido seus corações como diamante: foi para que não pudessem ouvir (v. 12). Isso é outra maneira de dizer que os judeus que viviam na terra antes do exílio babilônico enrijeceram seus corações contra o temor de Deus. Embora o SENHOR os incitasse a se arrepender, eles decidiram que não iriam ouvir. Essa era sua predisposição.

O verbo traduzido como ouvir é "shema" no texto hebraico (Deuteronômio 6:4). Ele descreve tanto a atividade mental de ouvir quanto seus efeitos. Em outras palavras, aquele que ouve aos preceitos divinos deveria entender e, portanto, obedecer. Porém, o povo de Judá tapava seus ouvidos. Especificamente, as pessoas não queriam obedecer a lei nem as palavras que Jeová dos Exércitos tinha enviado pelo seu Espírito por intervenção dos profetas anteriores. (v. 12). Eles não queriam seguir aos caminhos de Deus e endureceram seus corações contra Ele.

O termo “lei” ("Torá" em hebraico) se refere aos primeiros cinco livros de Moisés e indica as instruções e ensinamentos que Deus deu a Israel sobre como construir uma cultura e sociedade prósperas. As palavras que o SENHOR enviou pelo seu Espírito por intervenção dos profetas anteriores se referem às palavras faladas pelos profetas, algumas das quais estão registradas nos livros proféticos da Bíblia. O termo Espírito é "rûaḥ" em hebraico, que também pode ser traduzido como "vento" ou "fôlego". Isso nos diz que o Espírito de Deus era o agente divino que falava ao povo, enquanto os profetas eram os instrumentos humanos (Neemias 9:30).

O Espírito de Deus moveu os profetas a falar a verdade (2 Timóteo 3:16, 2 Pedro 1:21). As pessoas endureceram seus corações e se recusaram a ouvir. Consequentemente, elas sofreram as consequências de sua escolha, assim como Deus havia definido (Deuteronômio 30:19, 28:15-68).

Antes de Jerusalém cair diante do império babilônico, os profetas haviam chamado Judá a voltar para o SENHOR para evitar o julgamento divino (Joel 2:12-14). Eles deveriam abandonar seus caminhos perversos e voltar-se para Deus em fé, reconhecendo que Seus caminhos eram o caminho para a maior bênção. Eles deveriam cumprir o juramento de sua aliança com Deus, que os escolheu como Sua "propriedade especial entre todos os povos" (Êxodo 19:5).

No entanto, embora os profetas anteriores tenham chamado o povo a "buscar a Deus para que possam viver" (Amós 5:6), o povo de Judá endureceu seu coração e ignorou o aviso: Portanto, da parte de Jeová dos Exércitos se acendeu grande ira (v.12).

A grande ira do SENHOR significava que Ele disciplinaria a Seu povo. As Escrituras afirmam que Deus disciplina àqueles a quem Ele ama (Provérbios 3:11-12, Hebreus 12:5-6, Apocalipse 3:19).

A ira de Deus frequentemente é manifesta ao permitir que os transgressores sofram as consequências negativas naturais de suas escolhas ruins (Romanos 1:18, 24, 26, 28). Nesse caso, a ira de Deus também incluía entregar o povo de Judá às nações nas quais haviam confiado (Ezequiel 16:35-39). Judá decidiu imitar a seus vizinhos, explorando em vez de amarem-se uns aos outros. A ira de Deus, então, foi permitir que os exploradores se tornassem explorados.

Depois de descrever a resposta dos judeus desobedientes que viviam na terra antes do exílio babilônico, Zacarias delineia a resposta divina. Ele declara: Como ele clamou, e eles não quiseram ouvir, assim eles clamarão, e eu não ouvirei (v. 13).

A ira de Deus incluía uma versão divina de "faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você." Como o povo não quis ouvir a Deus, Deus os tratou da mesma maneira. Vale ressaltar que o ponto central na oração modelo que Jesus ensinou aos Seus discípulos é:

Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12).

A oração que somos instruídos a fazer aqui é: "Deus, por favor, me perdoe na mesma medida em que eu tenho perdoado aos outros". Jesus explica isso após a oração modelo, dizendo: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celestial também vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai perdoará as vossas ofensas" (Mateus 6:14-15). Esta Regra de Ouro Divina também é apoiada por alguns versículos posteriores, quando Jesus diz:

Porque, com o juízo com que julgais, sereis julgados; e a medida de que usais, dessa usarão convosco” (Mateus 7:2).

Esses trechos destacam que um grande foco na aplicação da justiça de Deus é tratar as pessoas da mesma maneira como elas tratam a seus semelhantes. Nesse caso, Judá estava explorando as pessoas; assim, Deus os entregou aos babilônicos para serem explorados por eles.

O pronome “Eu” na frase “assim eles clamaram e Eu não ouvi” refere-se ao SENHOR. O profeta muda repentinamente do pronome da terceira pessoa para a primeira pessoa, lembrando seu público que ele não era o autor da mensagem. Em vez disso, o SENHOR era a fonte da revelação. Zacarias adiciona a fórmula profética “diz o SENHOR dos Exércitos” para dar peso à mensagem (v.9, v.12).

Em toda a Escritura, o SENHOR chama Seu povo da aliança a obedecer a Seus mandamentos de todo o coração - a manter sua promessa e obedecer às disposições do tratado que tinham feito com o SENHOR (Deuteronômio 5:32, Josué 1:7). Porém, eles tinham um histórico de quebrar sua promessa e se afastar Dele. Vez após vez, Ele suplicava amorosamente: "Voltai-vos a Mim e Eu me voltarei a vós" (Zacarias 1:3, Malaquias 3:7).

No entanto, o povo não O ouvia. Portanto, Deus responderia de maneira apropriada, permitindo que eles experimentassem Sua justiça. Sim, Ele "esconderia o Seu rosto deles" porque eles se recusavam a obedecê-Lo (Miquéias 3:4). Quando clamassem a Ele, Ele não os ouviria. Em vez disso, os espalharei com um turbilhão por entre todas as nações (v.14).

Um turbulhão era uma força natural perigosa que acompanha tempestades no mar (Salmo 107:25, 29, Jonas 1:4, 11-13). Ele evocava imagens de destruição e despertava sentimentos de impotência e terror. O mar frequentemente é usado como uma imagem das forças caóticas e destrutivas das nações do mundo, por exemplo, como quando a besta do Apocalipse surge do mar (Apocalipse 13:1). A imagem aqui em Zacarias é a de que Deus retirou Sua mão de proteção e entregou Judá às nações violentas como seu julgamento.

Deus dispersou ao Seu povo da aliança entre todas as nações que eles não têm conhecido (v. 14). Judá foi exilado devido à sua infidelidade em manter seus votos de aliança (1 Crônicas 9:1). Eles foram exilados de acordo com os termos da aliança/pacto na qual haviam entrado (Deuteronômio 28:41, 64). A frase "que eles não conheciam" também pode ser traduzida como "onde eram estrangeiros". Isso significa que os judeus viviam em terras onde eram estrangeiros, forasteiros. Eles eram como estranhos entre as outras nações.

Este verso ecoa uma maldição associada à aliança que Yahweh havia estabelecido com Seu povo em Deuteronômio, caso eles quebrassem seu voto de aliança. Lá, Moisés adverte o povo e declara:

Jeová te levará a ti e ao teu rei que tiveres estabelecido sobre ti a uma nação que não conheceste, nem tu, nem teus pais; e ali servirás a outros deuses, ao pau e à pedra” (Deuteronômio 28:36).

O exílio babilônico cumpriu essa maldição. O povo da aliança, a quem o Senhor havia escolhido como sua possessão preciosa, se rebelou contra Suas leis e caiu sob Suas ações disciplinares, com as quais haviam concordado. Deus usou os babilônicos como ferramentas para enviar Seu povo para o cativeiro (Habacuque 1:6). Assim, a terra foi desolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava (v. 14).

A terra refere-se à área onde os judeus viviam antes do exílio babilônico, ou seja, a concessão da aliança que o SENHOR havia prometido a Abraão e às gerações subsequentes de Israelitas (Gênesis 15:18, Deuteronômio 34:4). Era uma "terra que mana leite e mel" (Êxodo 3:17). Sob a liderança de Josué, sucessor de Moisés, os israelitas (e os judeus) entraram e possuíram a terra (Josué 3). O reino do norte de Israel desobedeceu a Deus e se recusou a se voltar a Ele em fé. Consequentemente, Ele "ficou muito irado contra Israel e os removeu da Sua presença" (2 Reis 17:18).

O reino do sul, Judá, seguiu ao exemplo de sua irmã Israel e também quebrou sua aliança. Eles também se rebelaram contra os preceitos divinos de Deus. Como resultado, Deus permitiu que os babilônicos invadissem a terra de Judá. Quando o povo de Judá deixou sua terra natal para entrar no cativeiro, não havia trabalhadores para cultivar a terra (2 Reis 25:11-12).

Eles permaneceram no exílio pelo período que o Deus Soberano havia determinado. Ninguém passava, nem voltava para Judá, pois da terra apetecível, (os babilônios) fizeram uma desolação. (v. 14). A terra apetecível refere-se à Terra Prometida (Jeremias 3:19). A desobediência dos judeus levou Deus a reverter sua sorte. Assim, a terra produtiva tornou-se desolada.

A palavra “desolação” se refere ao seu estado vazio. A Babilônia esvaziou a terra de grande parte de seus habitantes. Apenas alguns pobres foram deixados para trás como trabalhadores (2 Reis 25:11-12).

Por meio dessa aplicação, vale a pena observar que nossas ações sempre têm consequências. Deus projetou o mundo com uma relação de causa e efeito moral, assim como o fez para as relações de causa e efeito no  campo físico. Quando escolhemos viver à parte do bom plano de Deus, nos separamos de Suas bênçãos. A morte significa separação e é por isso que a consequência do pecado (viver à parte do plano de Deus) é sempre a morte (a separação do plano de Deus para a criação) (Romanos 6:23).

Ao longo das Escrituras, Deus oferece à humanidade a escolha entre vida e morte, deixando-a a nosso critério. Isso foi verdade com Adão e Eva (Gênesis 2:17). Foi verdade com Israel (Deuteronômio 30:19). É verdade para os crentes do Novo Testamento (Gálatas 6:8). Através de Zacarias, Deus lembra a Judá de que suas escolhas tinham consequências, instando-os a fazer boas escolhas. Podemos aprender com o exemplo deles, em vez de termos que aprender por experiência própria ao fazermos escolhas ruins (1 Coríntios 10:11).

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