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Significado de Sofonias 1:2-6
Na seção anterior (v. 1), o versículo inicial apresentou aos leitores o profeta Sofonias e confirmou a natureza divina de sua mensagem. Lemos que o profeta recebeu uma revelação do SENHOR durante o reinado do rei Josias de Judá e tinha a responsabilidade de transmitir essa revelação ao povo da aliança de Deus.
Na passagem atual, a revelação começa com a voz do SENHOR descrevendo o que pretendia fazer tanto com Judá quanto com as nações da terra.
O SENHOR inicia Seu discurso com uma declaração geral sobre o Seu julgamento: Hei de consumir por completo tudo de sobre a face da terra (v. 2).
O verbo hebraico traduzido como ”consumir” é frequentemente usado no sentido de "destruir". No livro de 1 Samuel, por exemplo, Saul ordenou aos quenitas, dizendo: "Vão embora, saiam do meio dos amalequitas, para que eu não os destrua com eles; pois vocês mostraram bondade a todos os filhos de Israel quando eles saíram do Egito" (1 Samuel 15:6).
Esse é um início forte e um lembrete de que tudo o que vemos nesta terra presente é apenas temporário. Nada é permanente. O apóstolo Pedro expressa a mesma ideia de maneira semelhante:
“Mas os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, se guardam para o fogo, reservados até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7).
O Livro do Apocalipse nos diz que haverá um novo céu e uma nova terra, pois a terra presente terá "passado" (Apocalipse 21:1). A única razão pela qual o mundo atual se mantém em ordem é porque Deus o sustenta (Colossenses 1:17). O nome de Deus na aliança, Yahweh, expressa Sua própria existência. Tudo existe a partir de Deus. Este Ser Existente destruirá e remodelará a tudo o que existe. Ele destruirá a maldade:
“Mas virá como ladrão o Dia do Senhor, em que os céus passarão com grande estrondo, os elementos, com o calor, se dissolverão, e a terra e as obras que nela há serão descobertas” (2 Pedro 3:10).
Deus remodelará uma "nova terra" onde "segundo a Sua promessa habita a justiça" (2 Pedro 3:13).
Após relatar o que o SENHOR diz sobre a remoção de todas as coisas da terra, Sofonias acrescenta a expressão: Declara o SENHOR. Essa declaração é uma fórmula que ocorre com frequência nos livros proféticos. Ela carrega muito peso e afirma a veracidade da mensagem do profeta (Joel 2:12; Oséias 2:16, 21; Amós 9:13). Ao dizer “declara o SENHOR”, o profeta adiciona peso e ênfase à mensagem, indicando que ela não havia vindo dele. Em vez disso, a mensagem vinha do SENHOR, Aquele que era fiel e verdadeiro em todos os Seus caminhos (Deuteronômio 32:4).
Assim, a função da fórmula profética “declara o SENHOR” é dupla: (1) ela deixa claro que a mensagem de Sofonias de julgamento sobre toda a terra vinha do SENHOR e, como tal, certamente se cumpriria; e (2) segue-se que se Deus julgaria a maldade em toda a terra, é razoável supor que Deus também julgaria a Judá pelas mesmas práticas malignas.
Nos versículos 2-3, Deus explica a gravidade de Seu julgamento sobre toda a terra ao listar as várias criaturas vivas às quais Ele destruiria. Isso prepara o terreno para a mensagem a Judá a partir do versículo 4; se Deus iria destruir a maldade em toda a terra, Ele certamente julgaria a maldade do Seu próprio povo.
A lista começa e termina com a humanidade, indicando que o foco principal da mensagem era o ser humano. O SENHOR declara: Consumirei os homens e os animais (v. 3). No sexto dia da criação, "Deus fez as bestas da terra conforme a sua espécie" e "criou o homem à sua imagem" (Gênesis 1:25, 27). Tudo o que "Deus havia feito era muito bom" (Gênesis 1:31).
No entanto, os seres humanos se rebelaram contra Deus e praticaram a maldade. Deus destruiu a quase tudo na terra nos dias de Noé (Gênesis 6:7). Ele fez isso porque a terra havia se enchido de violência (Gênesis 6:11). O plano de Deus era que os seres humanos reinassem sobre a terra em harmonia uns com os outros, assim como com Deus e com a natureza. Poprém, quando a terra se enche de violência, Ele a destrói e recomeça (2 Pedro 3:6). A profecia de Sofonias é iniciada com a afirmação de Deus de que Ele repetiria o processo mais uma vez, embora dessa vez a destruição viria pelo fogo, ao invés da água, já que o Senhor promete nunca mais destruir a terra com água (2 Pedro 3:7, 12).
Após pronunciar o julgamento sobre a humanidade e os animais, o Senhor volta Sua atenção às aves do céu e aos peixes do mar, enfatizando Sua declaração original de que consumiria completamente todas as coisas (v. 2): Eu vou consumir as aves do céu e os peixes do mar (v. 3). O Deus Todo-poderoso criou as aves do céu e os peixes do mar no quinto dia (Gênesis 1:20-23). Porém, Ele os destruiria no dia do Seu julgamento por causa da desobediência dos homens.
Não apenas o julgamento do Senhor afetaria a todas as criaturas vivas, mas também afetaria às cidades da terra: E os tropeços juntamente com os ímpios (v. 3).
O termo hebraico traduzido como “tropeços” se refere a um monte de destroços e é usado para as cidades reduzidas a um estado de decadência (Isaías 3:6). O termo “ímpios” se refere àqueles que se desviam do padrão moral de Deus, ou seja, amar ao próximo e servir uns aos outros (Levítico 19:18). A alternativa é viver no orgulho, o que resulta em pessoas que competem e exploram umas às outras (Habacuque 2:4). No dia do julgamento de Deus, Ele devastaria as cidades da terra e julgaria aos ímpios.
Para enfatizar Seu julgamento sobre a humanidade, o SENHOR diz ainda: De sobre a face da terra exterminarei os homens (v. 3). O verbo “exterminar” é um verbo forte que indica destruição. O SENHOR usa o mesmo verbo em Levítico, onde lista as maldições que recairiam sobre Israel por sua desobediência: "Lançarei entre vós as feras do campo, que vos privarão de vossos filhos, e destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a pouca gente, de modo que vossas estradas fiquem desertas" (Levítico 26:22).
Aqui em Sofonias, o SENHOR deixa claro que destruiria a humanidade por sua desobediência e rebelião. Sofonias acrescenta a fórmula “declara o Senhor” para dar peso e ênfase à mensagem divina de que Ele pretendia remover tudo o que era conhecido.
Deus julgará a toda a humanidade e a terra sobre a qual habitamos. Se Ele julgará toda a terra, com certeza julgará a Seu povo. Portanto, agora Ele se concentra em Judá, parte do Seu povo da aliança e diz: Estenderei a minha mão sobre Judá e sobre todos os habitantes de Jerusalém (v. 4).
O justo julgamento de Deus se aplicará a toda a terra, mas também ao Seu povo. A Bíblia nos diz que o povo de Israel e Judá eram o povo de Deus. Deus os escolheu porque os amava (Deuteronômio 4:37, 7:7). O Deus soberano estabeleceu um relacionamento de aliança com eles, tomando-os como Sua propriedade preciosa e fazendo deles uma nação santa (Êxodo 19:4-6). A aliança/contrato estabelecia claramente que Israel tinha uma escolha e essa escolha resultaria em bênçãos ou julgamento. Agora, Sofonias pronuncia o julgamento: Judá/Israel escolheram o julgamento.
O SENHOR direciona Seu julgamento ao povo de Judá porque eles haviam ignorado às leis da aliança às quais haviam prometido obedecer (Êxodo 24:7). As outras nações também praticavam maldade e desagradavam ao SENHOR. Porém, elas não estavam em relacionamento de aliança com Ele e não haviam feito um juramento de seguir a Seus mandamentos (Êxodo 19:8). Elas não tinham as leis da aliança de Deus para orientá-las e instruí-las a respeito de como conduzir suas vidas.
Judá, no entanto, tinha as leis divinas. Eles sabiam que sua obediência àquele as leis os levaria às bênçãos de Deus. Grande parte disso era algo bastante prático, uma sociedade baseada no amor e no serviço mútuo naturalmente seria altamente produtiva e levaria ao florescimento humano. Mas, Deus também promete bênçãos divinas além das consequências naturais, caso seguissem a Seus caminhos.
No entanto, eles rejeitaram às leis de Deus e praticaram a maldade, criando um obstáculo para a comunhão com Ele. Consequentemente, eles falharam em cumprir seu papel de mostrar um caminho melhor para outras nações (Êxodo 19:6). Portanto, para restaurar a comunhão e honrar ao acordo da aliança, o SENHOR os julgaria. Ele estenderia Sua mão contra eles (v. 4).
O termo “mão” representa o poder e a força de Deus (Êxodo 3:20; Deuteronômio 4:34). “Estender a mão” significa estar pronto para realizar uma ação, geralmente hostil. Por exemplo, no livro de Êxodo, o SENHOR estendeu Sua mão contra os egípcios, e eles reconheceram que Ele era Yahweh (Êxodo 7:5). Aqui em Sofonias, o SENHOR estenderia a sua mão sobre Judá e sobre todos os habitantes de Jerusalém (v. 4). O julgamento sobre Judá seria um resultado direto das ações de Deus.
A palavra Jerusalém significa "terra da paz". Jerusalém era a capital de Judá e a principal cidade da antiga Israel, bem como da atual nação de Israel. Ela fica a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar e está localizada cerca de 20 quilômetros a oeste da extremidade norte do Mar Morto, aproximadamente 50 quilômetros a leste da costa do Mar Mediterrâneo. Ela é chamada de "a cidade santa" em Isaías 52:1.
Infelizmente, a cidade de Jerusalém havia se corrompido. O povo de Judá praticava a idolatria e ignorava ao verdadeiro Deus, poluindo a nação de Judá e sua principal cidade, Jerusalém. Eles não estavam em paz com Deus, porque violavam deliberadamente seu compromisso de manter seu acordo de aliança com Ele. Por essa razão, o Deus Soberano os julgaria e restauraria a justiça na terra.
Deus interromperia aos cultos pagãos; Ele declara: Exterminarei deste lugar o resto de Baal e o nome dos chemarins juntamente com os sacerdotes (v. 4). Essa declaração indicava que Judá praticava o paganismo, totalmente contrário ao seu compromisso de adorar somente a Deus (Êxodo 19:8). Assim como amar ao próximo como a nós mesmos significa amar a Deus com todo o nosso ser, a exploração do próximo significava adorar a ídolos pagãos.
A idolatria é algo transacional; ela promete que podemos manipular poderes divinos para conseguir o que queremos. Assim, ela eleva o orgulho e o foco em nós mesmos. O resultado natural é a sensação de direito e a racionalização, o que gera a exploração. Assim, em vez de amar a Deus e servir aos outros, Judá havia caído no engano, exploração e violência (Oséias 4:2). Assim como Deus havia destruído a terra após estar cheia de violência, Deus agora destruiria Judá (Gênesis 6:11).
O termo “Baal” na frase “exterminarei o resto de Baal” significa "senhor", referente ao deus cananeu da fertilidade. Os cananeus adoravam a Baal, esperando aplacá-lo para obterem mais chuva para suas colheitas. A adoração a Baal incluía ritos de fertilidade imorais, incluindo o envolvimento de prostitutas. O termo “lugar” na frase “exterminarei o resto de Baal deste lugar” refere-se a Judá e Jerusalém (v. 4). Mas, também pode se referir ao templo, o santuário central em Jerusalém, onde o povo deveria oferecer seus sacrifícios ao SENHOR, seu Deus (Deuteronômio 12:5, 11, 21).
Deus também diz que exterminaria os nomes dos chemarins juntamente com os sacerdotes (v. 4). O termo hebraico traduzido como “chemarins” é "kemārîm". Ele se refere aos sacerdotes pagãos nomeados pelos reis (2 Reis 23:5). Os "kemarins" não eram da tribo de Levi, conforme exigido pela lei da aliança. Eles estavam fora do relacionamento de aliança de Deus com Israel e Judá. Assim, os reis de Judá violaram aos preceitos de Deus ao nomearem sacerdotes pagãos para servir na terra.
O segundo termo, “sacerdotes” ("cohenim"), refere-se aos sacerdotes levitas regulares em Judá que haviam abraçado às práticas e aos deuses pagãos. Como o povo escolhido por Deus, os cidadãos de Judá deveriam ser um "reino de sacerdotes" para representar a Deus na terra (Êxodo 19:4-6). Eles deveriam observar os estatutos divinos e os mandamentos para demonstrar sua "sabedoria e entendimento" diante das nações pagãs, a fim de levá-las a Deus (Deuteronômio 4:6). No entanto, em vez de influenciar aos pagãos, o povo de Judá foi influenciado por eles. O verdadeiro Deus destruiria tanto aos chemarins quanto aos sacerdotes levitas, porque todos eram corruptos.
O Deus Todo-poderoso não deixaria os ímpios sem punição. Ele estenderia Sua mão contra aqueles que se inclinam nos terraços das casas diante do exército do céu (versículo 5). “Inclinar-se” significa se prostrar ou curvar-se em adoração e submeter-se a essa autoridade. Os “terraços” das casas se referem ao telhado das residências, que era plano e suficientemente sólido para suportar o peso das pessoas (Deuteronômio 22:8).
De acordo com Sofonias, muitas pessoas em Judá subiam aos telhados planos de suas casas para adorar aos exércitos do céu (Jeremias 19:13). Ou seja, eles prestavam lealdade ao sol, à lua, aos planetas e às estrelas, em troca de algum benefício. Tal adoração era contrária à Palavra revelada de Deus (Deuteronômio 4:19; 17:3). Em vez de se submeterem ao seu Deus da aliança, confiando que Ele tinha o melhor interesse deles em mente, as pessoas acreditavam na mentira de que poderiam manipular aos poderes divinos para seu próprio fim. Elas acreditavam saber o que era melhor para si mesmas. É a mesma mentira básica que levou Adão e Eva a cair (Gênesis 3:4).
Acreditar nessas mentiras havia levado a terra a se encher de violência (Gênesis 6:11; Oséias 4:2). Consequentemente, Deus julgaria a maldade. Não apenas Deus julgaria àqueles que adoravam aos deuses falsos, mas também julgaria àqueles que praticavam o sincretismo, que misturavam a verdadeira adoração com a adoração pagã. Ou seja, adoradores que juram a Jeová e juram por Milcom (v. 5).
O termo “Milcom” refere-se ao deus dos amonitas (1 Reis 11:5). No livro de Deuteronômio, Moisés instrui ao povo de Israel a fazer juramentos apenas ao SENHOR. Isso significava que eles deveriam participar da adoração ao verdadeiro Deus (Deuteronômio 6:13; 10:20). No entanto, o povo de Judá adorava a Deus ao mesmo tempo em que prestava lealdade ao deus pagão Milcom.
Baal e Milcom eram deuses populares durante o reinado de Josias, que iniciou uma reforma na terra de Judá para purgar esses ídolos (2 Reis 23:4-5, 13). Por essa razão, aqueles que adoravam a esses ídolos seriam eliminados, juntamente com todos aqueles que haviam se desviado dos caminhos do SENHOR e aqueles que não O buscavam nem O consultavam (v. 6). Em vez de buscarem ouvi-Lo, confiando que Seus caminhos eram para o seu bem, as pessoas buscavam a seus próprios caminhos.
A expressão “os que se têm desviado de andar em seguimento de Jeová” (v. 6) implica um movimento para longe de Deus, em vez de caminharem em direção a Ele. Significa alguém que volta atrás e deixa de seguir ao SENHOR, alguém que tinha um compromisso em servi-Lo, mas voltou a comportamentos ímpios (Salmo 78:57). O povo havia deixado de seguir aos caminhos de Deus de servi-Lo e de amar ao próximo como a si mesmos (Mateus 22:37-39).
Buscar ao SENHOR significa se arrepender do mal e se voltar a Deus em fé (Amós 5:4). Isso denota uma atitude adequada diante do SENHOR, incluindo o arrependimento e o temor a Deus, confiando que Ele sabe o que é melhor para nós e tem o nosso melhor interesse no coração. Inquirir ao SENHOR significa buscar o Seu conselho e orientação, buscar a Sua vontade em cada situação, crendo que Seus caminhos são os melhores caminhos. Ouvir a Deus resulta em seguir a Seus caminhos, se afastar da exploração e amar ao próximo.
Nos dias de Sofonias, o povo de Judá praticava o sincretismo: eles adoravam a Deus ao mesmo tempo em que adoravam a deuses pagãos falsos. Isso indicava que eles estavam apenas buscando aquilo que podia lhes dar o que desejavam. Portanto, eles confiavam em si mesmos. Quando uma pessoa acredita que sabe o que é melhor, ela acaba sendo levada à exploração e à violência. O povo não estava buscando conhecer ao seu Criador e seguir a Seus desígnios.
Como resultado, eles não têm buscado a Jeová, nem têm perguntado por ele. (v. 6). O sincretismo é algo perigoso. Ele leva à decepção e confusão. É por isso que, conhecendo os efeitos negativos do sincretismo, Jesus declara: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro" (Mateus 6:24).