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Significado de Sofonias 2:1-3
Depois de descrever o dia do julgamento do SENHOR sobre a terra no capítulo 1, Sofonias, agora, exorta ao povo de Judá a se arrepender de forma rápida e genuína. Nos dois primeiros versículos, ele se dirige ao povo pecador de Judá que praticava rituais pagãos e, consequentemente, adotava as práticas pagãs de engano e exploração (Sofonias 1:9, 11). Após se dirigir aos rebeldes de Judá, ele se dirige aos fiéis seguidores na nação, aqueles que procuravam agradar ao Senhor com corações humildes.
Ao dirigir-se ao primeiro grupo, os pecadores, o profeta afirmam: Reúnam-se, sim, reúnam-se, ó nação, sem vergonha (v. 1). O verbo traduzido como “reunir” era normalmente usado para descrever a colheita da palha. Era uma prática comum no antigo Israel que o povo colhesse as pontas inúteis e afiadas dos talos de milho e os lançasse no fogo no final da colheita. Nos dias de Moisés, por exemplo, o povo de Israel "se espalhou por todo o Egito para recolher restolho para usar como palha" a ser usada na fabricação de tijolos de barro (Êxodo 5:12). Aqui em Sofonias, o profeta utiliza o verbo para chamar os judeus a se unir e mudar seus caminhos perversos. Tal chamado era urgente, como indica a repetição do verbo.
Na época de Sofonias, a nação de Judá havia experimentado um momento espiritual sombrio. O profeta chama Judá de nação “sem vergonha”, o que significa que eles deliberada e desafiadoramente desobedeciam às estipulações da aliança que Deus lhes havia dado. Eles haviam mergulhado na idolatria e persistido na maldade. No entanto, seus rostos nem ficavam vermelhos de vergonha. Eles aparentemente não sentiam vergonha ou remorso por quebrarem as leis da aliança que Deus lhes dera, mesmo tendo prometido guardá-las (Êxodo 19:7-8). Isso indicava que as leis do pacto com Deus nem sequer eram mais consideradas (Oséias 8:12).
Por meio deste apelo urgente, o profeta lhes diz que eles precisavam perceber seu comportamento impróprio em relação a seu Deus e voltar a seus sentidos, evitando, assim, Seu juízo. De fato, o arrependimento era necessário para que Judá evitasse o desastre que se aproximava.
Sofonias enfatiza a urgência da ordem de arrepender-se no versículo seguinte, onde usa o termo "antes" em três linhas consecutivas. Ao fazer isso, ele deixa claro que o povo de Judá precisava se afastar de sua iniquidade e se voltar ao SENHOR genuinamente, antes que fosse tarde demais. Na primeira linha, Sofonias diz que eles precisavam se arrepender antes que o decreto entrasse em vigor (v. 2).
O termo “decreto” referia-se, em linhas gerais, a uma ordem oficial com força de lei. Era o resultado da ação realizada por um superior que afeta a um inferior. Em nossa passagem, o superior era o Deus Susserano de Israel, o governante da aliança de Judá (Jó 14:5; 23:14; Salmos 148:6; Ezequiel 16:27). O decreto era Seu veredito a respeito de Judá. Deus havia determinado julgar ao povo de Judá por seus pecados. Ele realizaria Seu julgamento sobre eles no devido tempo.
Porém, o dia do julgamento não estava longe porque o dia passa como o joio (v. 2).
O termo “joio” refere-se à casca e ao talo dos grãos debulhados. Na hora da debulha, os grãos eram lançados ao ar. A semente/fruto pesado caía e o joio era soprado para fora. Assim seria com o tempo que restava para que Judá se arrependesse; iria demorar um pouquinho e, de repente, sumir.
Na segunda linha, Sofonias chama Judá ao arrependimento antes que a ira ardente do SENHOR venha sobre vós (v. 2). A ira do SENHOR era Sua resposta à desobediência e ao pecado (Deuteronômio 1:26-46; Josué 7:1). Uma vez que Ele era Deus e o pecado era um comportamento que violava ao caráter e aos padrões de Deus, Sua natureza justa requeria o julgamento de seu pecado.
Entretanto, Deus era também um Deus amoroso, lento para se irar (Salmo 103:8). Ele desejava que todos se arrependessem (2 Pedro 3:9). O profeta Sofonias exorta os judeus a se arrependerem para que Deus os poupasse de Sua ira.
Na terceira linha, Sofonias repete o mesmo pensamento a respeito da ira do SENHOR, mas o intensifica acrescentando a palavra “dia”, relacionadas ao tempo do julgamento de Deus. Ele ordena ao povo que se arrependa antes que o dia da ira do SENHOR viesse sobre eles (v. 2). Deus havia designado um tempo para julgar ao povo de Judá por sua iniquidade e rebelião. Ele os havia instruído a obedecer às estipulações do pacto para que vivessem por muito tempo e prosperassem na terra de Canaã (Deuteronômio 8:1). No entanto, os judeus haviam se recusado a obedecer à voz do Senhor. Portanto, Ele estava prestes a julgá-los severamente. Embora Deus tenha declarado especificamente que não cederia do julgamento de Judá por causa da iniquidade do rei Manassés, Ele voltou atrás e não julgou ao povo de Judá quando Josias liderou um avivamento espiritual e a nação retornou a Ele, talvez em parte como resultado do ministério de Sofonias (2 Reis 23:26; 2 Crônicas 34:33).
No entanto, em meio ao pronunciamento do juízo, o profeta Sofonias dirige-se àqueles judeus que desejavam servir ao Senhor. Ele usa o verbo “buscar” três vezes para enfatizar a importância e a urgência da instrução. Em primeiro lugar, ele diz: Buscai o SENHOR, todos vós humildes da terra que carregastes Suas ordenanças (v. 3).
Buscar é um ato consciente com um objetivo específico em mente. Requer muito esforço, como quando alguém procura por tesouros escondidos (Provérbios 2:4). Em nosso contexto, o verbo “buscar” significa esforçar-se para obedecer ao SENHOR, seguir Suas ordenanças. O termo “terra” na expressão “humildes da terra” pode ser traduzido como "território". Neste contexto, provavelmente se refere à terra de Judá. A expressão “humildes da terra” referia-se àqueles judeus que desejavam servir a Javé e viver somente para Ele. Eles contrastavam com a nação que "não buscava ao Senhor" (Sofonias 1:6).
Podemos ter uma boa ideia do que a Bíblia quer dizer com humildade a partir deste versículo em Números:
"Ora, o homem Moisés era muito humilde, mais do que qualquer homem que estivesse na face da terra" (Números 12:3)
Moisés fora um líder corajoso e ousado que falava a verdade sem medo, apesar dos potenciais perigos para si mesmo. Moisés era mais humilde do que qualquer outro homem. Também adquirimos informações em outro versículo de Deuteronômio, citado por Jesus citou ao resistir à tentação de Satanás. O contexto desta escritura é Deus falando com a segunda geração através de Moisés, pouco antes de entrarem na Terra Prometida:
"[Deus] humilhou-vos e deixaram-vos passar fome, e alimentou-vos com maná que não conheceis, nem vossos pais sabiam, para que vos fizesse compreender que o homem não vive só de pão, mas o homem vive de tudo o que sai da boca do Senhor" (Deuteronômio 8:3).
A partir desses dois casos, podemos inferir que humildade é a vontade de ver e se envolver com a realidade como ela é. Uma vez que Deus é a essência da existência e, portanto, da realidade, ter humildade é procurar ver as coisas a partir da perspectiva de Deus, porque esta é a perspectiva verdadeira e correta.
Deus desejava que judeus judaístas procurassem ouvi-Lo, entendendo Seus caminhos e crendo que Seus propósitos eram para o seu bem. Assim, eles seriam humildes, pois estariam vivendo e abraçando a realidade.
Na segunda e terceira ordens, o profeta continua sua exortação e diz aos humildes da terra: Buscai a justiça, buscai a humildade (v. 3). É interessante notar que Deus exorta aos humildes a buscar a humildade. Isso indica que a humildade é algo que requer esforço contínuo. É preciso investimento contínuo para ver as coisas a partir da perspectiva de Deus, para conhecermos e sabermos o que é real e verdadeiro.
Buscar a justiça significa fazer o que é bom e agradável aos olhos de Deus. Fazer o que é agradável a Deus significa buscar o nosso próprio bem (Deuteronômio 10:13). Tratar bem aos outros e amar ao próximo como a nós mesmos é para o nosso bem. Nossa inclinação natural é explorar, em vez de amar aos outros. Porém, quando amamos, redimimos nossas comunidades, criamos laços duradouros e encontramos a verdadeira realização.
Buscar a humildade significa ver as coisas a partir da perspectiva de Deus. Há três escolhas que todos os seres humanos têm que administrar de forma pessoal e intransferível: em quem confiar, qual perspectiva escolher e quais ações tomar. Todas as outras coisas estão fora do nosso controle. Se não buscarmos e encontrarmos a realidade, estaremos condenados a viver em falsas perspectivas. Isso inevitavelmente nos levará à autodestruição.
Os judeus humildes são, portanto, exortados a buscar ao SENHOR, seu Deus da aliança com corações genuínos, pois isso os levaria a resultados positivos. Era o desejo de Deus abençoá-los. Porém, Ele deixa claro que a experiência completa de Sua bênção requereria obediência a Seus caminhos.
Sofonias conclui esta seção com a justificativa de seu chamado aos humildes para buscarem ao Senhor. Ele a introduz com um termo de esperança: Talvez sejais escondidos no dia da ira do SENHOR (v. 3).
O termo “talvez” deixa claro que Deus não seria manipulado; Ele não seria transacional, como os ídolos eram. Deus decidiria e faria o que quisesse. Deus não pode ser colocado em nosso padrão, porque Ele é o padrão final a partir do qual todos os padrões devem ser calibrados. Porém, neste caso, a esperança do profeta era a de que os humildes pudessem ser escondidos no dia da ira do Senhor. Asua esperança era a de libertação para esses indivíduos durante o período em que toda a nação estaria sob severo juízo.
Isso segue ao princípio bíblico de que Deus muitas vezes livra aos fiéis do julgamento geral. Alguns exemplos notáveis são Noé, Ló e Raabe (Gênesis 6:8, 19:12-13; Josué 6:17).
O profeta estabelece um princípio diferente neste versículo, apontando para uma terra que havia pecado e caído sob o juízo de Deus:
"Ainda que esses três homens, Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dele, por sua própria justiça só puderam libertar-se", declara o Senhor DEUS” (Ezequiel 14:14).
Sofonias exorta os piedosos a orar para que fossem libertos.
Lemos em 2 Crônicas que, para que a nação fosse poupada, o povo precisaria se humilhar. Isto foi estabelecido pelo Senhor a Salomão para qualquer momento em que a terra estivesse sob juízo:
"Se o meu povo que é chamado pelo Meu nome humilha-se e ora e busca a Minha face e se afasta de seus maus caminhos, então ouvirei do céu, perdoarei seu pecado e curarei sua terra" (2 Crônicas 7:14).
No entanto, Deus diz que abriria mão do julgamento de Sodoma caso houvesse apenas dez justos vivendo lá (Gênesis 18:32-33). Portanto, não há "palavras mágicas" com as quais possamos manipular a Deus, como se Ele fosse o gênio da garrafa. Em todo caso, era imprescindível que todos se humilhassem diante de Deus, O buscassem e seguissem a Seus caminhos.
O SENHOR poderia escolher poupar àqueles que buscavam a justiça. O versículo indica que esta era uma possibilidade real, porém não uma certeza. Esta possibilidade de abri mão do julgamento por conta dos justos deixa claro que as ações do SENHOR não dependem de ninguém, uma vez que somente Ele é Deus (Joel 2:14; Jonas 3:9). E, sabendo que Ele é um Deus misericordioso, Sofonias chama os humildes da terra a buscarem humildade e justiça para que pudessem encontrar um esconderijo e escapar da destruição vindoura.
Em meio à certeza do juízo do Senhor, havia um raio de esperança para o remanescente.