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Significado de Atos 11:11-18

A defesa de Pedro diante dos judeus céticos continua: O Espírito havia descido sobre os gentios. Depois da visão de Pedro em Jope, os três homens enviados por Cornélio de Cesaréia chegam. Ordenado pelo Espírito Santo, Pedro vai com eles ao encontro do centurião, que havia sido instruído por um anjo a procurar por Pedro. Pedro prega o Evangelho a Cornélio, seus amigos e sua família — todos gentios. O Espírito Santo desce sobre os gentios e eles crêem em Jesus. Depois de ouvirem tal relato, os crentes de Jerusalém percebem que Deus havia concedido aos gentios a oportunidade de serem salvos do pecado para a vida eterna.

Pedro continua a relatar sua experiência em Jope e Cesaréia aos crentes judeus em Jerusalém críticos de sua visita a Cornélio, um centurião romano. Pedro estava sendo confrontado por outros judeus pelo que eles percebiam ser uma violação da lei judaica e, portanto, um pecado explícito diante de Deus.

O que se segue à visão dos animais sendo baixados do céu foi relativamente simples. Pedro acordou do transe. Ele relata que, já fora do êxtase e de volta ao mundo real, Logo, três homens, enviados a mim, de Cesaréia, pararam em frente à casa onde estávamos (v. 11).

Os três homens eram dois servos e um soldado enviado pelo centurião romano Cornélio para encontrarem-se com Pedro (Atos 10:7-8). O próprio Cornélio havia experimentado uma visita angelical, quando Deus lhe diz para buscar um homem chamado Simão Pedro em Jope.

O momento - logo após sua visão - ressalta a orquestração divina desses eventos.

O Espírito disse-me que eu fosse sem escrúpulo com eles (v. 12). Pedro não nos diz se a voz havia sido audível. Porém, os detalhes subsequentes eliminam qualquer dúvida.

Pedro enfatiza sua obediência ao Espírito Santo, algo que acrescenta autoridade divina às suas ações. Pedro havia feito aquilo porque Deus lhe ordenou que fizesse. Aquela era a vontade de Deus. Também sugere que Pedro poderia ter tido reservas, dúvidas, já que o Espírito disse especificamente para ir com eles sem duvidar. Era de se esperar que Pedro tivesse dúvidas, dado o fato de Cornélio ser um gentio. No entanto, a instrução do Espírito Santo havia sido clara.

Pedro aponta aos homens que o haviam acompanhado a Cesaréia: Foram comigo também estes seis irmãos (v. 12). Seis judeus crentes haviam viajado com o apóstolo para visitar os gentios. Eles poderiam confirmar o que Pedro estava dizendo. Eles também haviam ficaram surpresos pelo fato de Deus os estar chamando para ministrar a não-judeus. A lei judaica exigia duas ou três testemunhas para qualquer caso. Pedro tinha mais do que o número necessário. O fato de Lucas registrar e recontar a história de Pedro em detalhes, neste caso citando várias testemunhas, mostra a importância do relato.

No Concílio de Jerusalém, Lucas registrará novamente o testemunho de Pedro a respeito desse evento, onde ele diz:

"Havendo uma grande discussão, levantou-se Pedro e disse: Irmãos, vós sabeis que há muito tempo Deus escolheu-me dentre vós, para que da minha boca ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem" (Atos 15:7).

Isso afirma que o propósito primário de Lucas ao escrever Atos era o de documentar que havia sido por meio de Pedro que o Evangelho chegou pela primeira vez aos gentios e que o Espírito Santo veio sobre eles sem qualquer necessidade de que eles fossem circuncidados ou estivessem em conformidade com a tradição religiosa judaica. Tal documentação de Lucas, parceiro de ministério de Paulo, fornece um apoio poderoso à mensagem da graça do Evangelho de Paulo e à sua autoridade como apóstolo designado a pregar o Evangelho da graça aos gentios.

Pedro continua contando sua história aos judeus céticos em Jerusalém. Após entrarem na casa em Cesaréia, Cornélio relata a eles como havia visto o anjo em sua casa. O anjo lhe disse:

"Envia a Jope e chama a Simão, que tem por sobrenome Pedro, 14o qual te anunciará as coisas pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa" (v. 13,14).

Da perspectiva terrena, baseada na mentalidade dos judeus e gentios à época, tal encontro nunca deveria ter acontecido. Ambas as culturas defendiam que cada grupo ofendia o outro.

Aquele encontro jamais teria acontecido se Deus não tivesse dado a Pedro a visão dos animais imundos e se o Espírito Santo não o tivesse dirigido a Cesaréia. Nos dois casos, Deus, o Espírito, disse a Cornélio para buscar a Pedro e, simultaneamente, disse a Pedro para ir com os homens que viriam procurá-lo.

Tanto Cornélio quanto Pedro obedeceram a Deus. Pedro não fugiu de Jope, como Jonas (Jonas 1:3). Cornélio não descartou a visão. Ele é descrito como um adorador de Deus, alguém que tratava aos judeus com respeito e caridade (Atos 10:1-2). Ele desejava aprender as palavras (a mensagem) pelas quais ele e sua família poderiam ser salvos do pecado e da morte.

Tal encontro foi a vontade de Deus e desafiou a todas as expectativas humanas. Os seres humanos são tribais por natureza, mas aos olhos de Deus, somos uma só raça e Ele deseja se reconciliar com todos (Romanos 5:10; Gálatas 3:27-28; 2 Coríntios 5:18-20). Pelo fato de ambos terem obedecido, o Evangelho chegou aos gentios. A graça de Deus sempre fora dada aos gentios. Alguns exemplos são Naamã, o Sírio (2 Reis 5), o povo de Nínive (Jonas 3:10) e Nabucodonosor, rei da Babilônia (Daniel 3:29). Porém, agora, começava o cumprimento da promessa de Deus a Abraão de que nele todas as nações seriam abençoadas (Gênesis 12:3). Por meio de Jesus, filho de Abraão, todas as nações poderiam se reconciliar com Deus através da fé.

Pedro, ao saber que a razão pela qual o Espírito o havia levado à casa de um gentio era para falar palavras de salvação — o Evangelho —, obedece sem hesitação. A visão dos animais impuros agora purificados por Deus provavelmente voltou à sua mente e, desta vez, ele não os recusa. Como disse a seus anfitriões gentios: "Na verdade, reconheço que Deus não se deixa levar de respeitos humanos" (Atos 10:34). O amor de Deus se aplica a todos os povos da terra (João 3:16).

Assim, aqui em Atos 11, Pedro diz aos crentes judeus em Jerusalém que ele começou a pregar as boas novas de Jesus Cristo: Começando-me a falar, desceu o Espírito Santo sobre eles como no princípio descera também sobre nós (v. 15). Pedro se refere ao momento em que o Espírito Santo desceu sobre eles quando estavam reunidos no cenáculo no dia de Pentecostes (Atos 2:1-4).

Esta era a confirmação final de que os gentios eram bem-vindos ao plano de Deus. Através de Jesus, Deus resgata as pessoas do pecado e da morte através da fé. Pedro, sabiamente, traça um paralelo entre o derramamento do Espírito sobre os gentios com o dia de Pentecostes (no princípio), quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e discípulos (Atos 2:1-4). Os gentios começaram a louvar a Deus em vários idiomas, assim como no Pentecostes (Atos 10:46). Aqueles judeus crentes haviam recebido o Espírito de Deus. Agora, os gentios estavam recebendo o mesmo Espírito. Não poderia haver outra conclusão, senão a de que Deus, agora, estava recebendo plenamente aos gentios em Sua família como filhos.

Pedro comenta sobre o que lhe veio à mente ao ver o Espírito Santo descer sobre os gentios da mesma forma que havia descido sobre os crentes judeus: “Lembrei-me da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (v. 16). Pedro cita as palavras de Jesus pouco antes de subir aos céus (Atos 1:5) a respeito do batismo no Espírito, enfatizando a igualdade da experiência dos crentes gentios com a dos primeiros crentes judeus.

Novamente, o que importava não eram os rituais religiosos, como o batismo nas águas (o que era bom, mas não salvava), mas, sim, ser batizado no Espírito Santo, ser imerso ou cheio Dele, nascido de novo em posição de justiça para com Deus (João 3:3, 6).

A palavra “batismo” é uma transliteração da palavra grega "baptizo", que significa estar "imerso" ou "submerso". Quando alguém crê em Jesus Cristo como seu Salvador, esta pessoa é imersa no Espírito Santo, que vem habitar dentro dela.

Deixando de lado todas as expectativas anteriores e entendimentos equivocados, Pedro conclui de forma racional: “Pois, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para que pudesse resistir a Deus?” (v. 17).

Isso mostrava o crescimento espiritual de Pedro. Apenas alguns anos antes, Pedro havia chamado Jesus à parte e O repreendido por dizer que deveria sofrer e morrer. Jesus declarou a Pedro:

"Sai de diante de mim, Satanás; tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não cuidas das coisas de Deus, mas sim das dos homens" (Mateus 16:23).

O texto mostra que o caráter de Pedro era, de fato, bloquear o caminho de Deus. Porém, várias coisas aconteceram. Pedro havia negado a Cristo e aprendido uma lição amarga (Mateus 26:75). Pedro havia sido restaurado por Jesus (João 21:15-19). Ele havia sido cheio do Espírito Santo, que agora o guiava. Ele havia aprendido a seguir a Deus, ao invés de acreditar que Deus deveria segui-lo.

A pergunta retórica de Pedro - “Quem era eu para que pudesse resistir a Deus? - desafia aos crentes judeus. O apóstolo argumenta que, se Deus havia aceito os gentios, quem era ele, ou qualquer outra pessoa, para discordar? Como Pedro poderia bloquear o caminho de Deus? Ele não podia.

Ninguém tem autoridade para corrigir a Deus. Ninguém pode deter a Sua vontade. A única conclusão razoável é a de que os gentios que ouviram a palavra e creram foram plenamente aceitos por Deus. Isso significava que eles, agora, haviam sido justificados por meio de Jesus. Isso era indiscutível por causa da evidência: Deus concedeu a eles o mesmo dom do Espírito Santo que havia concedido aos judeus depois de crerem no Senhor Jesus Cristo.

A fé em Jesus dos gentios resultou no mesmo dom do Espírito Santo que os judeus haviam experimentado. O dom do Espírito Santo desceu sobre os gentios imediatamente ao crerem na palavra pregada. Esta é a obra de Deus, Sua vontade, Seu caminho. Ele concedeu Seu Espírito àqueles que crêem, mesmo sendo gentios.

Nada pode frustrar os planos de Deus. Sua vontade sempre se concretiza. Nada pode impedi-la. Assim, ao invés de bloquear o caminho de Deus, Pedro decidiu se submeter a Ele. Ele deixou de lado suas antigas tradições sobre quem poderia ser justificado aos olhos de Deus. Ele seguiu à vontade do Senhor e acolheu aos gentios no aprisco, convidando-os a serem batizados como expressão simbólica de sua nova vida:

"Porventura, pode alguém negar a água, para que não sejam batizados estes que receberam o Espírito Santo como nós?" (Atos 10:47).

Pedro dá aos judeus céticos em Jerusalém um relato com minuciosos detalhes e "por ordem", dizendo-lhes sobre a visão e seu propósito em ir aos gentios romanos em Cesaréia (v. 4). Ele faz sua defesa diante dos crentes judeus em Jerusalém que o criticavam, dizendo: "Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles" (v. 3).

Os crentes judeus reagem à história de Pedro com surpresa, porém com aceitação e até mesmo alegria:

Depois de ouvirem essas palavras, se apaziguaram (v. 18).

A expressão “se apaziguaram” implica que, o início de seu encontro com Pedro foi intenso, raivoso, descrente. Eles estavam descontentes por Pedro ter-se associado aos gentios, comido com eles e comungado com os opressores romanos, inimigos do povo escolhido de Deus. Pior, por meio de Pedro eles "receberam a palavra de Deus" (v. 1). Sua reação inicial lembrou a reação de Jonas, que se recusou a levar a palavra de Deus aos inimigos de Israel. Esta comparação é particularmente apropriada, uma vez que Jope foi o porto marítimo de onde Jonas embarcou rumo á desobediência à voz de Deus (Jonas 1:3) e também o lugar onde Pedro teve a visão e o chamado para levar a Palavra de Deus aos gentios romanos e, de lá, embarcou para obedecer.

No entanto, quando eles (os judeus céticos) ouviram o relato de Pedro de que Deus havia dado uma visão tanto ao gentio Cornélio quanto a Pedro, e que os gentios haviam recebido o Espírito Santo, os acusadores se acalmaram. Quem eram eles para ficar no caminho de Deus? Sua resposta foi abandonar seus preconceitos e louvar ao Senhor.

Eles glorificaram a Deus por haver estendido a salvação aos gentios, observando com algum choque: "Deus também aos gentios deu o arrependimento para a vida" (v. 18). A salvação é um assunto de Deus. Deus redimiu aos gentios por Sua graça em resposta à fé. A graça de Deus não pode ser contida ou controlada através das preferências dos homens. Deus concedeu aos gentios a salvação da morte e do pecado. Deus concedeu aos gentios o arrependimento que leva à vida.

A frase “Deus deu” indica o favor ou a graça de Deus. Na maioria das vezes, a palavra “dar” é traduzida como "presente". Deus deu aos gentios um grande presente. Este dom é o arrependimento que leva à vida. Os crentes judeus não pareciam estar pensando na dicotomia céu versus inferno. Eles pareciam estar mais focados na realidade prática de sua conversão. Deus lhes havia dado o arrependimento. Arrepender-se é passar de um modo de pensar e viver para outro. Pela doação de Seu Espírito, Deus deu aos gentios um novo coração. Eles, agora, tinham a capacidade de ver com os olhos espirituais, conhecer e viver a verdade.

Conhecer e viver a verdade nos leva à maior experiência da vida. A palavra “vida” é a palavra grega "zoe", que se refere à qualidade e quantidade da experiência de vida.

Crer no Senhor Jesus Cristo significa afastar-se do pecado e do mundo e voltar-se para Jesus, nossa única esperança de vida. Os judeus entendiam que esta era a vida abundante, a "vida eterna" (Gálatas 6:8).

Quando cremos em Jesus, nascemos de novo, somos batizados no Espírito Santo. O poder do Espírito nos capacita a viver uma vida purificada do pecado e da morte, uma vida de significado, propósito, paz, alegria. Esta é a porta que se abre para nós. No entanto, resta-nos andar em Espírito para obtermos a bênção de experimentar a vida abundante ("zoe").

A nova vida de um crente se inicia com seu nascimento espiritual, mas isso é apenas o início da vida espiritual que podemos viver.

Foi isso o que Pedro pregou aos gentios - as boas novas sobre o que Jesus, o Messias, realizou na terra: "Por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados" (Atos 10:43). Ser resgatado e justificado aos olhos de Deus está disponível a qualquer pessoa que creia Nele.

Isto é o que Jesus disse a Nicodemos, o fariseu:

"Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna" (João 3:14, 15).

Nesta passagem de João 3, Jesus se refere ao julgamento no deserto, onde os israelitas estavam morrendo das picadas de serpentes venenosas. Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e dissesse que todos os que olhassem para ela não morreriam do veneno. Deus curou a todos os que expressaram fé suficiente na promessa de Deus de simplesmente olhar para a serpente de bronze, esperando ser libertos do veneno (Números 21:4-9). Da mesma forma, tudo o que é necessário para recebermos o perdão dos nossos pecados é expressarmos fé suficiente e olharmos para Jesus, esperando sermos libertos do veneno do pecado. Esta é a fé para o arrependimento. Esta é a expressão do desejo de se passar da morte para a vida.

Nascer de novo espiritualmente requer o reconhecimento de que estamos morrendo do veneno mortal do pecado e nossa decisão de olhar para Jesus na cruz, esperando ser libertos da morte através da promessa de Deus. Precisamos crer em Jesus como o Filho de Deus que morreu por nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia (1 Pedro 1:3). Aqueles que crêem recebem o novo nascimento espiritual (João 3:3; 2 Coríntios 5:17).

Para saber mais sobre como receber o dom da vida eterna por meio da fé em Jesus, leia nosso artigo: "O que é a Vida Eterna? Como Alcançar o Dom da Vida Eterna".

Esta foi uma constatação monumental para os judeus: o resgate de Deus para o pecado e a morte não estava disponível apenas a eles, mas também foi oferecido a todos os povos da terra. Jesus indicou que este era o objetivo da "Grande Comissão". Agora, ela estava se tornando uma realidade (Mateus 28:18-20).

Na história mais geral de Atos, este momento marca uma virada significativa na igreja primitiva. O fato de o Evangelho ter sido oferecido a judeus e gentios é inegável. Lucas, o autor de Atos, prepara o terreno para o ministério do apóstolo Paulo, que pregou o Evangelho principalmente aos gentios. É crítico que Pedro tenha, inicialmente, aberto a porta para que o Evangelho fosse pregado aos gentios, porque isso validou o ministério de Paulo. Os gentios receberam o Espírito Santo sem qualquer necessidade de se converter ao judaísmo ou ser circuncidados. Pedro, o principal apóstolo de Jesus, foi o agente por meio de quem Deus concedeu aos gentios esse grande presente.

Aqui, o testemunho de Pedro se coloca como uma defesa contra as críticas dos judeus por ter levado o Evangelho aos gentios sem que eles, primeiro, se convertessem ao judaísmo. O relato de Lucas ajuda a fortalecer a eventual defesa de Paulo contra seus críticos judeus que tentavam resisti-lo. Vemos esse conflito entre Paulo e as "autoridades" judaicas nos livros de Romanos e Gálatas, para citar alguns exemplos.

Embora os judeus que ouviam a defesa de Pedro tenham reagido com paz e louvor a Deus, muitos judeus tentariam complicar o Evangelho da graça buscando forçar os gentios a se tornarem judeus - sendo circuncidados, colocando-se sob a Lei Mosaica, vivendo de acordo com a Lei. O ministério de Paulo enfatizaria aos gentios que a verdadeira justiça (a vida em harmonia com o desígnio de Deus para nós) vem pela fé, não pela obediência a regras religiosas (Romanos 9:30-32). Paulo instruiria os gentios a andar pela fé, seguindo a orientação do Espírito Santo, ao invés de andarem sob as leis religiosas (Gálatas 5:16-18).

Paulo, como Pedro nesta passagem, pregou o Evangelho da graça em seu ministério. O Evangelho da graça sustenta que o que importa é crer. Todos os crentes devem ser batizados espiritualmente no Espírito Santo, como os gentios em Cesaréia experimentaram. A fé em Jesus é o que nos coloca na família de Deus, não o mergulho na água, a circuncisão ou a obediência a certas regras religiosas.

É a transformação espiritual (arrependimento) que nos leva à vida. Grande parte do restante do Novo Testamento registra as disputas e conflitos entre Paulo e as pessoas que tentam contrariar o ensino da graça. Lucas foi o companheiro de ministério de Paulo. Veremos Lucas se juntar a Paulo em algumas de suas viagens missionárias mais tarde no livro (Atos 16:11).

Ao registrar essa história, Lucas cria um poderoso apoio para a autoridade e o ministério de Paulo. Ele estabelece a seguinte defesa de Paulo: "Conforme Pedro disse, o que Deus purificou não deve ser considerado impuro". O batismo no Espírito traz as pessoas à família de Deus. Não há necessidade alguma de as pessoas seguirem a costumes religiosos. Este preenchimento e imersão/batismo no Espírito de Deus é o presente de Deus aos que crêem.

Para os judeus em Atos, os gentios precisavam ser batizados para receber o Espírito Santo, ou deveriam recebê-lo através da imposição de mãos. Porém, os gentios receberam a presença do Espírito Santo imediatamente após crerem, como nesta história de Pedro e Cornélio. Para os judeus, seu arrependimento deveria ser traduzido em sua separação da geração perversa que havia rejeitado a Jesus (Atos 2:40-41). Para os gentios, seu arrependimento deveria ser traduzido na libertação da penalidade do pecado e seu posicionamento em Cristo por meio de Seu Espírito (Atos 10:43-44). Este arrependimento, ou mudança de mente, leva os gentios a receberem o dom gratuito da vida eterna (João 3:14-15). O fato de os gentios receberem um novo poder espiritual também lhes capacita a renovar suas mentes e se conformar à imagem de Cristo, o que os leva a experimentar a vida eterna (Romanos 12:1-2).

Assim, é importante ressaltar o registro de Lucas quanto à resposta crítica dos judeus em Jerusalém pelo fato de Pedro ter-se associado aos gentios incircuncisos. Ao ouvirem que os gentios haviam recebido o Espírito Santo, os judeus glorificaram a Deus. Este deveria ser o modelo de como outros judeus deveriam reagir aos gentios trazidos à fé, ao invés de tentarem adicionar a Lei mosaica à graça de Deus (Gálatas 2:21, 5:18, Romanos 6:14).

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