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Significado de Atos 11:4-10
Depois de pregar o Evangelho aos gentios romanos em Cesaréia, Pedro retornou a Jerusalém. Os crentes judeus lá o confrontam com o que percebiam ser um ato pecaminoso. Eles haviam ouvido que ele havia se associado aos gentios e comido com eles, algo proibido na sociedade judaica. Eles desafiaram sua decisão: "Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles" (v. 3).
Pedro, agora, dá sua explicação e defesa do porquê ele foi para os gentios. Tudo havia começado com a visão que teve antes de visitá-los em Cesaréia:
Mas, Pedro, começando a falar, lhes fez uma exposição por ordem (v. 4):
O apóstolo explica cuidadosa e sistematicamente os acontecimentos que o haviam levado a visitar os gentios. Ele destaca a importância do ocorrido, relatando os eventos por ordem. Ele procura ser o mais claro possível, conduzindo seus irmãos judeus ao longo da mesma jornada feita por ele, porque anteriormente ele também pensava que associar-se com os gentios era algo inadequado e desafiava a vontade de Deus.
Ele estava errado e Deus lhe mostrou o certo. Assim, Pedro busca levar esses crentes judeus para longe de suas críticas, sua raiva e seu preconceito contra os gentios. Ele os guia à verdade sobre o plano de Deus para a salvação de todos os grupos de pessoas de seus pecados, não apenas o povo judeu.
A história começa quando ele estava na cidade de Jope orando (v. 5). A localização é interessante. Jope (atual Jaffa, Israel) era o mesmo lugar de onde Jonas fugiu da ordem de Deus de ir a Nínive e pregar aos gentios impuros (Jonas 1:3). Nínive era a capital da Assíria, uma superpotência à época que buscava conquistar Israel. O paralelo com Roma era é óbvio. Ambos os reinos eram impérios mundiais.
Em ambos os casos, Deus chama a um de Seus mensageiros (Jonas e Pedro) para pregar aos opressores de Israel (Assíria e Roma), dando-lhes a oportunidade de se salvarem do juízo de Deus. Jonas fugiu da vontade de Deus e sofreu por isso, mas Pedro obedeceu e fez parte da incrível condução dos gentios à família de Deus como Seus filhos. Pedro foi o instrumento de Deus para pregar a eles a salvação através da fé em Seu Filho Jesus, o Messias.
Pedro estava em Jope depois de haver visitado outras igrejas na Judéia, realizando vários milagres de cura e verificando o bem-estar geral dessas igrejas.
Pedro continua a relatar sua experiência, explicando por que havia interagido diretamente com os gentios. Enquanto estava orando, talvez buscando a vontade de Deus sobre onde deveria ir a seguir, Deus responde com um êxtase bizarro e uma visão (v. 5), uma ilustração da mudança de coração que Pedro precisava experimentar antes de poder continuar pregando o Evangelho.
Pedro relata: “Em êxtase, tive uma visão em que via descer um objeto como se fora uma grande toalha, que era baixada do céu pelas quatro pontas e chegar até perto de mim” (v. 5). O fato de o grande lençol ter sido baixado pelas quatro pontas era simbólico da revelação e instrução divinas, ou seja, ele veio do alto, do Céu.
Pedro estava ansioso para entender a visão enquanto ela se desenrolava: “Olhando-a atentamente, eu notava e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu” (v. 6).
Aqueles animais - quadrúpedes, répteis e aves do céu representavam um espectro abrangente de todos os animais proibidos de serem ingeridos pelas leis dietéticas judaicas. Sabemos disso porque, logo a seguir, os animais são revelados.
Pedro ouviu uma voz que lhe dizia: “Levanta-te, Pedro! Mata e come”.
Pedro, porém, respondeu: “De nenhum modo, Senhor, porque nunca entrou na minha boca coisa impura ou imunda” (v. 8).
Com base na resposta de Pedro, os animais apresentados no grande lençol eram todos criaturas impuras e não permitidas para consumo com base nas leis de Moisés (Levítico 11; Deuteronômio 14).
Os quadrúpedes poderiam incluir qualquer criatura que não tivesse cascos fendidos e não ruminasse, sendo, portanto, impura (Levítico 11:3). Vacas, ovelhas, veados e cabras eram "kosher" (em hebraico, "aptos, limpos, aceitáveis") de acordo com a lei judaica, mas quase todo o restantes dos quadrúpedes eram proibidos para ingestão (desde porcos, que não ruminam; cavalos, que não têm cascos fendidos; e qualquer outro que não tenha casco, seja o leopardo, o cachorro ou o urso).
As aves do céu incluíam as águias, os pelicanos, as gaivotas, as corujas, as cegonhas e várias outras (Levítico 11:13-19).
A palavra grega traduzida como “répteis” é "herpeton", mais frequentemente traduzida em outros lugares como "serpentes". O campo da herpetologia é o estudo dos répteis e anfíbios. "Herpo" significa "rastejar"; por isso, pode incluir todos os animais rastejantes. Da mesma forma, a lei levítica proibia o consumo de alguns outros grupos de animais, como roedores e lagartos (Levítico 11:29-30).
Pedro atesta que nunca havia infringido essas leis, nada de profano ou impuro jamais havia entrado em sua boca. Ele certamente não desejava pecar nesta área a essas alturas do campeonato. O conceito de santidade na Bíblia significa que algo é "separado" para um propósito especial. Os israelitas eram o "povo santo" de Deus (Deuteronômio 7:6), separados por Ele, escolhidos por Ele para viver de acordo com Seus padrões. Eles deveriam ter uma missão sacerdotal para os gentios, visando mostrar-lhes uma maneira melhor de viver (Êxodo 19:6). Os alimentos separados para consumo eram "kosher" e todo o resto era profano, ou seja, não separado, fora dos parâmetros dietéticos aceitáveis.
Os judeus do período do Novo Testamento viam outros grupos de pessoas da mesma forma que viam aos animais imundos. Os gentios não eram santos, não eram separados por Deus, portanto eram profanos e impuros. Esta era a mentalidade que Pedro tinha antes da visão e era exatamente a mentalidade dos crentes judeus em Jerusalém que “disputavam com ele” (v. 2) por ter-se associado com os gentios romanos em Cesaréia.
Apesar da recusa de Pedro em comer os animais impuros em sua visão, ele relata que uma voz do céu respondeu uma segunda vez: "Ao que Deus purificou, não consideres profano" (v. 9).
Tal resposta mostrava o cerne do que Deus estava tentando comunicar. Era uma transformação radical no entendimento de Pedro. Deus estava indicando a universalidade do Evangelho de Cristo. Jesus morreu por todos e todos os que crêem podem ser justificados aos olhos de Deus e nascer em Sua família eterna (João 3:14-15). O ponto crítico da visão não tinha a ver com alimento, mas que Jesus havia morrido por todo o mundo, por causa de Seu amor (João 3:16). Jesus é o Rei dos judeus, porém morreu por todos, não apenas pelos judeus (João 19:21).
Antes de regressar ao Céu, Jesus Cristo ordenou a Pedro e aos apóstolos que pregassem o Evangelho a todos os povos (Mateus 28:19). A visão mostrava a Pedro que era hora de fazerem isso. Deus mostra a Pedro que Ele havia purificado os gentios e, portanto, Pedro não mais deveria considerá-los como profanos. Eles não estavam fora da extensão da graça de Deus. Deus deseja revover todas as pessoas de seus pecados e se reconciliar com elas (João 3:16-17; Romanos 5:10; 2 Coríntios 5:18-20).
Mesmo assim, Pedro rejeita por três vezes o pedido de Deus para que ele comesse e, assim, a visão termina (v. 10).
Na passagem seguinte, Pedro continuará a dizer aos judeus céticos em Jerusalém que o Espírito Santo lhe havia dito diretamente o que fazer e para onde ir. Ao obedecer, Pedro começou a entender a visão.
A visão foi o pontapé inicial da igreja primitiva, baseada na afirmação divina de alcançar os gentios, preparando o terreno para as viagens missionárias de Paulo e a propagação da fé em Cristo por todo o Império Romano.