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Significado de Atos 12:1-5
Depois de a igreja ter experimentado anos de paz, o que lhe permitiu crescer, ela é atingida por uma oposição repentina e violenta. Inicialmente, os crentes em Cristo enfrentaram o antagonismo dos líderes religiosos de Jerusalém: os fariseus e saduceus, os mesmos grupos que haviam crucificado a Jesus. Essa perseguição se intensificou sob a liderança de Saulo, o fariseu (Atos 8:1). Jesus apareceu a Saulo em uma visão, chamando-o a desistir de sua perseguição e tornar-se um ministro do Evangelho (Atos 9:3-4). Saulo creu e obedeceu. Depois disso, os crentes foram deixados em paz (Atos 9:31).
Agora, não eram os líderes religiosos quem disputavam abertamente com os seguidores de Jesus. A perseguição vinha do governo judeu:
Naquele tempo, o rei Herodes mandou prender alguns da igreja para os maltratar (v. 1).
Lucas, o autor de Atos, fornece indicadores cronológicos em relação a quando os eventos sobre os quais ele escreve ocorreram. Ao dizer “naquele tempo”, ele se refere ao final do capítulo 11, quando Barnabé e Saulo haviam partido de Antioquia para a Judeia visando entregar doações de caridade aos crentes em Jerusalém devido à fome iminente (Atos 11:27-30).
Enquanto Barnabé e Saulo viajavam para a Judéia, no sul da Antiga Síria (atual Turquia), o rei Herodes decide atacar a igreja em Jerusalém.
Há muitos Herodes na Bíblia. Este Herodes era Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande. Foi Herodes, o Grande, quem havia ordenado a matança dos bebês do sexo masculino em Belém na tentativa de matar o menino Jesus (Mateus 2:16). O filho de Herodes, o Grande, Herodes Antipas, foi quem ordenou a execução de João Batista e a quem Pilatos enviou Jesus durante Seu julgamento (Marcos 6:27; Lucas 23:7).
O sobrinho de Antipas, Herodes Agripa I, passou grande parte de sua juventude em Roma, fazendo amizade com os futuros césares. Agripa I influenciou César Calígula a acreditar que seu tio Antipas estava planejando uma rebelião contra o César. Calígula exilou Antipas na Gália (França), onde morreu. Agripa I recebeu autoridade sobre os territórios de Antipas, Galiléia e Peréia.
Depois que Calígula foi assassinado, Herodes Agripa I ajudou Cláudio (seu amigo de infância) a se tornar César e Cláudio recompensou Agripa I com autoridade sobre a maior parte da Judéia, Iduméa (Edom) e Samaria (norte de Israel). Desde Herodes, o Grande, seu avô, não havia existido um Herodes que governasse o antigo reino e, agora, muito mais.
O reinado de Agripa sobre essas muitas províncias duraria apenas três anos. Apesar de uma vida inteira de sucesso com os romanos através de armações políticas e de pisar na cabeça de muita gente, Herodes Agripa I encontrou um inimigo ao qual ele não poderia manipular ou trair: o Deus de Israel.
Herodes mandou prender alguns da igreja, cristãos em Jerusalém, com um objetivo claramente definido em mente: maltratá-los. Isso pode significar que ele ordenou que eles fossem espancado, provavelmente em público, para envergonhar e assustar aos outros seguidores de Cristo.
Herodes vai além dos maltratos dos crentes: agora, ele executa um deles. Por ordem de Herodes, o primeiro dos 12 apóstolos é martirizado:
Ordenou que matassem à espada Tiago, irmão de João (v. 2).
Tiago, irmão de João, era Tiago, filho de Zebedeu. Jesus chamou Tiago de "Boanerges", junto com seu irmão João, que significa "Filhos do Trovão". Tiago havia estado com Jesus no início de Seu ministério. Jesus havia advertido a ele e aos outros discípulos: " “Por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios” (Mateus 10:18). Assim aconteceu e Tiago se tornou o primeiro dos doze a ser martirizado.
Tiago era pescador no mar da Galiléia e parceiro de negócios de Pedro (Lucas 5:10). Há algumas evidências de que ele era primo de Jesus por meio de sua mãe Salomé (Mateus 27:56; Marcos 15:40; João 19:25).
Juntamente com Pedro, Tiago e João pareciam fazer parte do círculo íntimo de Jesus. O trio foi autorizado a entrar na casa quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo dentre os mortos (Marcos 5:37). Eles foram os únicos três discípulos a testemunhar a transfiguração de Cristo (Mateus 17:1; Marcos 9:2; Lucas 9:28). Tiago, Pedro e João haviam sido levados mais perto de Jesus no Jardim do Getsêmani, sendo convidados a orar por Ele antes de Sua prisão (Lucas 26:37). Ambos os irmãos Zebedeu eram apaixonados e zelosos. Em um ponto durante o ministério de Cristo, eles mostraram seu zelo de uma maneira equivocada, e Jesus aproveitou a oportunidade para corrigi-los. Depois de uma aldeia em Samaria não ter dado atenção ou alimento a eles, Tiago e João perguntaram se Jesus os permitiria chamar fogo do céu para destruir a aldeia samaritana. Jesus os repreendeu fortemente (Lucas 9:51-56).
Tiago queria ser grande. Ele convenceu sua mãe a pedir a Jesus que nomeasse seus filhos para se sentarem ao lado esquerdo e direito de Jesus na vinda de Seu Reino (Mateus 20:20-21; Marcos 10:35-37). Tal pedido despertou ressentimento entre os outros discípulos (Marcos 10:41). Jesus, porém, não desencorajou a ambição de Tiago e João. Ele redirecionou seu zelo para que se tornassem servos. Jesus encorajou sua ambição de serem grandes, mas para o Reino de Deus e não para os homens:
"Mas, Jesus chamou-os para junto de si e disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios dominam sobre os seus vassalos, e sobre eles os seus grandes exercem autoridade. Porém não é assim entre vós. Mas quem quiser tornar-se grande entre vós, será este o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será este servo de todos. Pois o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:42-45).
Curiosamente, em Apocalipse 3:21, Jesus oferece a recompensa de compartilhar Seu trono a todos os crentes. Tal promessa foi originalmente dirigida à igreja em Laodicéia. Porém, o Apocalipse foi escrito aos servos de Jesus, de modo que as promessas são aplicáveis a qualquer crente (Apocalipse 1:1).
Jesus promete a recompensa do Seu Reino a qualquer um que vencer como Ele venceu. Uma das provações à qual Jesus venceu foi a tentação de viver de acordo com Sua própria vontade, a tentação de tomar o poder ao invés vez de servir à missão de Seu Pai (Mateus 26:53).
Assim, no momento em que os irmãos Zebedeu pediram a Jesus que os colocasse à Sua direita e esquerda em Seu Reino, Ele respondeu e os testou para ver o quão sérios eram e o quanto estavam dispostos a fazer para alcançarem a grandeza no Reino dos Céus:
"Mas, Jesus disse-lhes: Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo ou ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Responderam eles: Podemos. Replicou-lhes Jesus: Bebereis, na verdade, o cálice que eu bebo e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado" (Marcos 10:38-39).
Jesus parecia estar se referindo à Sua morte neste versículo de Marcos. Assim, Tiago acabou sendo batizado com o mesmo batismo de Jesus, já que morreu por seu testemunho, assim como Jesus. De acordo com Apocalipse 3:21, isso significa que Tiago venceu como Jesus venceu e, portanto, alcançará seu desejo de compartilhar o trono de Jesus com Ele.
A mensagem básica do Apocalipse é que Jesus recompensará grandemente a qualquer um que superar a morte, a perda ou a rejeição do mundo. Esta é a grande bênção prometida a qualquer servo de Jesus que ouve, entende e faz o que está escrito no livro (Apocalipse 1:3).
Mais tarde, enquanto orava no Jardim do Getsêmani, pouco antes de ser preso, Jesus perguntou ao Pai:
"Adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou: Pai meu, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39).
Agora, pelas mãos de Herodes Agripa I, Tiago bebe o cálice bebido por Jesus, ou seja, ele obedeceu ao Pai até a morte (Filipenses 2:8-9). Tiago venceu o mundo.
O fato de ter sido morto pela espada significava que Tiago foi decapitado. A resposta agradou aos fariseus e saduceus. Herodes tomou nota de sua reação (v. 3). Os líderes religiosos em Jerusalém haviam sido responsáveis pela morte de Jesus e, nos anos seguintes, tentaram eliminar a todos os seguidores significativos deixados por Cristo.
Eles conseguiram apedrejar a Estêvão, o Diácono, até a morte (Atos 7:59) e sob a iniciativa de Saulo eles prenderam (e possivelmente mataram) a muitos na igreja (Atos 8:3), fazendo com que toda a igreja fugisse de Jerusalém por um tempo, exceto os doze apóstolos. Porém, desde que Saulo colocou sua fé em Cristo e começou a anunciar o Evangelho em vez de persegui-lo, os líderes religiosos pareciam ter desistido de destruir aos seguidores de Jesus. Houve um bom tempo de paz (Atos 9:31).
Nest eponto, Herodes reinicia a perseguição e os fariseus e saduceus comunicam-lhe em alto e bom som que aquela havia sido uma boa jogada. Seu favor pode ter sido o motivo pelo qual ele tenha começado a prender e maltratar aos cristãos.
Assim, no esforço de sustentar seu aumento de popularidade, Herodes repetiu o que havia funcionado antes:
Vendo que isso agradava aos judeus, fez ainda mais: mandou prender também a Pedro.
Os fariseus e saduceus ficaram satisfeitos ao ver Tiago, um dos seguidores mais antigos e proeminentes de Jesus, ser brutalmente executado. Eles provavelmente estavam para lá de extasiados ao verem Herodes prender a Pedro também. Pedro era uma pedra nos seus sapatos desde o Pentecostes. Através de sua pregação, muitos milhares de judeus haviam colocado sua fé em Jesus (Atos 2:41; 4:4; 5:42). O Sinédrio (o Concílio dos fariseus e saduceus) prendeu a Pedro e ameaçou matá-lo, mas nada do que fizeram o impediu de pregar a respetio respeito de Jesus.
Agora, eles precebiam que Herodes estava obtendo resultados. Tiago estava morto. Pedro estava preso. Logo ele seria executado também.
Lucas conta que a prisão de Pedro ocorreu durante os dias dos Pães Ázimos (v. 3). Os dias dos Pães Ázimos era uma festa também conhecida como Páscoa. Foi durante a Páscoa que Jesus havia sido preso e crucificado mais de uma década antes. Milhares de judeus subiam a Jerusalém todos os anos para celebrar este dia sagrado.
Pedro foi preso a sete chaves:
Tendo-o feito prender, lançou-o no cárcere, entregando-o a quatro escoltas de quatro soldados cada uma para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da Páscoa (v. 4).
Não apenas Pedro foi colocado na prisão, mas quatro escoltas de soldados foram ordenados a guardá-lo. A expressão “quatro escoltas” é "tetradiois", significando que havia quatro homens em cada grupo, perfazendo um total de dezesseis soldados apenas para guardar um homem, Pedro, o pescador da Galiléia.
Tiago havia sido executado antes da festa dos Pães Ázimos, mas provavelmente não muito tempo antes, já que Herodes prendeu a Pedro após a reação positiva que recebeu dos fariseus e saduceus pela execução de Tiago. Porém, entre a prisão de Pedro e sua execução houve um atraso. Herodes pretendia, depois da Páscoa, trazê-lo diante do povo. Primeiro, o dia santo deveria ser celebrado, o Seder da Páscoa deveria ser realizado, sua refeição ritual; depois disso, talvez no dia seguinte, Pedro deveria ser decapitado diante do povo, em público, para que todos vissem.
A idéia de Herodes era que tal evento causasse um impacto ainda maior devido ao momento da execução, ou seja, no aniversário da execução de Jesus. Isso acrescentaria sal à ferida e seria algo ainda mais horrível para os crentes em Jesus verem seu líder e apóstolo morto publicamente no mesmo dia em que seu Senhor havia sido executado.
Os milhares de judeus que haviam viajado a Jerusalém para a celebração também veriam àquele crente proeminente morto, gerando grande medo em todos. Parece que o momento foi calculado para se criar um impedimento, visando induzir os judeus a se afastarem de Cristo ou de Seus seguidores.
Não era sábio matar a Pedro no dia da Páscoa:
Pedro, pois, estava guardado no cárcere. Foi-lhe dado algum tempo, embora atrás das grades, com quatro escoltas de soldados a assistir a cada movimento seu.
No entanto, os cristãos não se deram por vencidos: “Mas a igreja orava com insistência a Deus por ele” (v. 5).
A igreja refere-se aos crentes em Jerusalém. A palavra grega traduzida como “igreja” significa "assembléia". O uso da palavra “igreja” neste contexto refere-se aos crentes reunidos para um propósito compartilhado. Neste caso, eles se reuniram para orar pela libertação de Pedro.
Sua oração foi fervorosa. A palavra “fervorosamente” aqui é o grego "ektenēs", que literalmente significa "esticar". Metaforicamente, o termo é usado para significar algo como "sem cessar". Eles estenderam o tempo de oração pelo apóstolo. Isso nos passa a imagem de que a igreja não parou de orar durante todo o tempo em que Pedro estava preso.