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Significado de Atos 5:27-32

O sumo sacerdote interroga os apóstolos. Ele lhes pergunta por que estavam ensinando em nome de Jesus em toda Jerusalém. Ele os lembra de que já havia ameaçado a Pedro e João, exigindo que que parassem de fazê-lo. Ele também pergunta porque os apóstolos continuavam a acusá-los de serem os responsáveis pela morte de Jesus. Os apóstolos respondem que obedecem a Deus, não aos homens. Eles pregam sua mensagem ao Concílio: Deus ressuscitou a Jesus e O exaltou como Príncipe e Salvador, fazendo-O sentar-se à direita do trono de Deus. Os apóstolos testificam que haviam testemunhado esses atos de Deus e que o Espírito Santo estava com eles.

Quando os soldados trouxeram os apóstolos, eles os colocaram diante do Concílio. O Concílio era o corpo de 70 fariseus e saduceus, o mesmo grupo governante que havia matado a Jesus (Mateus 26:59). Era o mesmo grupo que havia recentemente repreendido a Pedro e João por pregarem sobre Jesus (Atos 4:18). Parece que os que haviam examinado e ameaçado a Pedro e João não havia sido todo o Sinédrio, apenas os que estavam disponíveis naquele momento. No versículo 21, entretanto, Lucas nos diz que "até mesmo o Senado dos filhos de Israel" compareceu a esse julgamento. Apenas Pedro é mencionado pelo nome aqui como o líder e principal orador dos apóstolos; porém, ao longo do capítulo, Lucas os identifica como "os apóstolos". Portanto, é razoável pensar que fosse todo o grupo dos 12 enfrentando aos 70 membros do Sinédrio, além do próprio sumo sacerdote.

O sumo sacerdote Anás os questiona. Ele ignora inteiramente a questão de como haviam escapado, talvez porque não quisesse enfrentar a resposta óbvia de que Deus estava do lado deles. Em vez disso, ele os ataca por desobedecerem à ordem do Concílio de não mais ensinarem a respeito de Jesus: Nós lhes demos ordens estritas para não continuar ensinando neste nome e, no entanto, vós enchestes Jerusalém com esses ensinamentos e pretendeis trazer o sangue deste homem sobre nós.

O sumo sacerdote faz referência às suas ordens estritas (ou, mais precisamente, ameaçasAtos 4:18, 21) relacionadas à pararem de ensinar sobre o nome, recusando-se novamente a falar o nome real de Jesus. Em Atos 4, o Sinédrio decide "adverti-los para que não falem mais a nenhum homem neste nome" (Atos 4:17). Fica a impressão de que os líderes religiosos temiam dar qualquer vida à influência do homem a quem haviam matado e que se não dignificassem o problema dando nome a ele, ele desapareceria. O sumo sacerdote aponta para a verdadeira questão que irrita o Sinédrio: Vós enchestes Jerusalém com esses ensinamentos e pretendeis trazer o sangue deste homem sobre nós. Pedro, João e os outros apóstolos não apenas haviam continuado a ensinar no nome de Jesus, como haviam enchido a cidade com sua mensagem (assim como disseram ao Concílio que fariam — Atos 4:19). Eles permaneceram no pátio do templo por dias atraindo grandes multidões, curando suas doenças, atraindo pessoas de fora de Jerusalém e mudando os corações para a fé em Jesus.

O sumo sacerdote introduz uma nova preocupação não expressa antes: os apóstolos pretendiam trazer o sangue de Jesus homem sobre eles. Eles os acusam de dizer às pessoas que o Sinédrio havia sido o responsável pela morte de Jesus. No entanto, Pedro inclui a todo o Israel como responsável.

Pedro acusa de forma clara, frequente e pública aos líderes religiosos (e toda Jerusalém) pela morte de Jesus:

"Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus, o Nazareno, pregado numa cruz pelas mãos de homens ímpios ". (Atos 2:22-23).

"...Jesus Cristo, o Nazareno, a quem crucificastes..."(Atos 4:10).

Era uma coisa verdadeiramente estranha para o sumo sacerdote reclamar que Pedro o acusava, bem como ao Concílio, de matarem a Jesus. Apenas alguns meses antes, quando Jesus foi crucificado, o governador romano Pilatos lavou as mãos como resultado do julgamento de Jesus:

"Quando Pilatos viu que não estava fazendo nada, mas que um tumulto estava começando, ele pegou água e lavou as mãos na frente da multidão, dizendo: 'Sou inocente do sangue deste Homem; cuidai disso vocês mesmos'. E todo o povo disse: 'Seu sangue estará sobre nós e sobre nossos filhos!'" (Mateus 27:24-25).

Haviam sido os principais sacerdotes e anciãos os que supervisionaram a prisão, o julgamento e a morte de Jesus (Mateus 26:3-4). Pilatos, o governador romano sobre a Judéia, não entendeu nem endossou seu desejo de matar Jesus e, ainda assim, os líderes religiosos e as multidões que eles haviam agitado voluntariamente tomaram o sangue de Jesus sobre si mesmos e sobre seus próprios filhos. Eles haviam assumido total responsabilidade. Agora, o sacerdote-chefe e o resto do Concílio não queriam tal responsabilidade. Eles agem como se Pedro os estivesse difamando, dizendo que haviam crucificado a Jesus Cristo. Eles tentavam reescrever a história em seu próprio favor, talvez por observar o grande número de seguidores que os apóstolos acumulavam.

Os soldados, os guardas do templo, já havia demonstravam medo das multidões que se aglomeravam para ouvir aos ensinamentos dos apóstolos e ver as pessoas serem curadas. Isso havia ocorrido antes da prisão dos apóstolos pela segunda vez (Atos 5:26). Talvez o Concílio tivesse passado mais aos romanos para a crucificação de Jesus. Agora, os seguidores do homem ao qual eles haviam matado estavam dizendo a todos em Jerusalém que eles haviam condenado a Jesus. Pior ainda, muitos dos judeus não apenas estavam sendo persuadidos de que Sua morte havia sido injusta, mas viam a verdade de que Jesus era o Messias em quem eles deveriam depositar sua confiança.

Há várias coisas interessantes aqui, tendo em conta tudo o que aconteceu, não só nas últimas 24 horas, mas nos últimos dois meses. O tom do sumo sacerdote estava fora da realidade. Alguém poderia pensar que, depois de todos os milagres de cura, as provas bíblicas, a eloquência incomum daqueles pescadores galileus, a inexplicável fuga da cadeia, eles receberiam a mensagem de que algo sobrenatural estava acontecendo. É claro que os saduceus eram incrédulos em relação à atividades sobrenaturais em geral: "Porque os saduceus dizem não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito, mas os fariseus os reconhecem a todos" (Atos 23:8). Mesmo assim, em algum momento, eles poderiam mudar de ideia devido às inúmeras coisas inexplicáveis que inegavelmente aconteciam diante de seus olhos. Além disso, o Sinédrio era composto por fariseus e saduceus e eles deveriam saber o que estava acontecendo na cidade e ser capazes de avaliar que aquele era a ação de Deus.

Quando pessoas importantes ficam envergonhadas e têm seu poder ameaçado, elas tendem a ficar irritadas e na defensiva. É assim que o sumo sacerdote reage aos apóstolos e suas acusações contra ele. "Parem de ensinar sobre Jesus e parem de dizer a todos que O matamos", foi o ultimato.

Porém, Pedro e os apóstolos responderam. Eles não o fizeram de forma agressiva ou combativa. Na verdade, tudo o que eles fazem é exatamente pregar a mesma mensagem que pregavam ao povo de Jerusalém. Eles chamam o Conselho ao arrependimento. Em primeiro lugar, dizem os apóstolos: Devemos obedecer a Deus e não aos homens. É por isso que eles continuam a ensinar. É por isso que eles ignoram as ameaças do Conselho. Eles haviam sido muito honestos a respeito disso (Atos 4:19-20).

Pedro e os apóstolos continuam:

O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes pendurando-O em uma cruz. Ele é aquele a quem Deus exaltou à Sua direita como Príncipe e Salvador, para conceder arrependimento a Israel e perdão dos seus pecados. E nós somos testemunhas dessas coisas; e assim é o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.

Isso é semelhante à maneira como Pedro terminara seu longo sermão em Pentecostes, o primeiro ato de evangelismo ao povo judeu após a ressurreição de Cristo. Ele disse:

"Portanto, que toda a casa de Israel saiba com certeza que Deus o fez Senhor e Cristo — este Jesus a quem vós crucificastes." (Atos 2:37)

Os judeus que o ouviram foram convencidos em seus corações e perguntaram:

"Irmãos, o que faremos?" (Atos 2:38)

Pedro responde:

"Arrependei-vos, e cada um de vós será batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos e para todos os que estão longe, tantos quantos o Senhor nosso Deus chamará a Si mesmo" (Atos 2:38-40).

Vale a pena notar que Pedro declara que a promessa é para eles e seus filhos, o que era um antídoto para o momento horrível no qual o povo judeu havia se auto amaldiçoado pelo sangue de Jesus: "Que seu sangue recaia sobre nós e nossos filhos!" (Mateus 27:25). A promessa do perdão dos pecados na morte de Jesus na cruz estava disponível a todos os israelitas, presentes e futuros (Colossenses 2:14).

Como o sermão de Pedro no Pentecostes foi direcionado aos "homens devotos" (Atos 2:5), implorando-lhes que se arrependessem, parece provável que essa audiência já tivesse sido justificada aos olhos de Deus, porque eles criam que Deus lhes enviaria um Messias e que Deus os resgataria. Eles haviam crido em Deus, assim como Abraão (Gênesis 15:6). Porém, eles haviam ignorado completamente que Jesus de Nazaré era realmente o Messias, o Cristo, que eles (como parte de Israel) rejeitaram ao matar. Pedro deixa claro que, se continuassem a rejeitá-Lo como o Messias, perderiam a oportunidade de herdar o Reino de Deus (Colossenses 3:23).

Assim, o sermão de Pentecostes pregado por Pedro foi um convite ao arrependimento por terem matado ao Rei. Ele estava lhes oferecendo Seu perdão e um lugar em Seu Reino. No entanto, como Pedro os exortou, eles precisavam "ser salvos desta geração perversa!" (Atos 2:40). Eles precisavam ser salvos de se identificar com aquela geração perversa que havia matado ao Messias. Ao invés disso, eles deveriam se arrepender e ser contados entre aqueles que escolhiam seguir ao Messias.

Também é importante notar que essa mesma oferta feita aos homens devotos em Pentecostes é igualmente oferecida aos saduceus e fariseus depois de terem prendido os apóstolos; mas, eles se recusam a vê-la. Parece que isso está de acordo com a oração de Jesus a Seu Pai enquanto estava pendurado na cruz: "Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que estão fazendo" (Lucas 23:34).

Pedro intensifica sua mensagem ao Concílio dizendo que Jesus, a quem o Concílio havia matado, independentemente de eles afirmarem não terem nada a ver com isso, estava vivo. Ele não ficou morto, embora o Concílio o tivesse matado pendurando-O em uma cruz. Ele havia ressuscitado pelo Deus de nossos pais, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o mesmo Deus ao qual o Sinédrio fingia servir. Além disso, Ele estava assentado à direita do Pai Celestial, porque Deus O exaltou por Sua obediência (Filipenses 2:9). Ele estava governando no trono de Deus. Ele era o Príncipe de Israel, o Salvador deles, caso se arrependessem e pedissem perdão pelos erros que haviam cometido contra Ele. Jesus concederia arrependimento a Israel e perdão dos seus pecados, caso eles O pedissem. Isso deixava claro que os saduceus estavam sob a autoridade de Jesus, a quem resistiam (Mateus 28:18). Era uma repreensão severa e direta, juntamente com uma oferta de perdão.

Os apóstolos dão conta do motivo de fazerem essas coisas. Novamente, é devido a dois grandes temas no livro de Atos: Somos testemunhas dessas coisas, e assim é com o Espírito Santo, o qual Deus deu àqueles que lhe obedecem. Eles haviam vivido aquela história, eles haviam visto os milagres de Jesus, ministrado ao lado Dele, O viram sofrer tortura e morte, viram a Jesus depois de Deus O ressuscitar de volta à vida e, em seguida, testemunharam Sua subida ao Céu. Eles eram testemunhas (gregos, "mártires") dessas coisas. Assim é o Espírito Santo, que Deus lhes deu e dará àqueles que O obedecem através do arrependimento.

Esta era a oportunidade para o Sinédrio ver o que lhes estava sendo oferecido. Eles deveriam ver seu erro e corrigi-lo. Eles receberam a oferta da "mensagem completa desta Vida", que incluía a totalidade espiritual, bem como a vitalidade espiritual. Infelizmente, a maior parte do Concílio permaneceria religiosa por fora e endurecida por dentro (Mateus 23:27).

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