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Significado de Atos 7:1-8

O Sinédrio pergunta a Estêvão se ele era um inimigo do templo e Moisés. Ele começa sua defesa ensinando a história de Israel aos líderes judeus. Deus havia aparecido a Abraão e disse-lhe para ir a uma terra que Ele lhe daria. Deus disse a Abraão que antes que seus descendentes herdassem a terra, eles seriam escravizados por 400 anos. Conforme ordenado, Abraão circuncidou a seu filho, Isaque e Isaque tornou-se o pai de Jacó e Jacó o pai das doze tribos de Israel.

Estêvão está sendo julgado perante o Sinédrio, o Concílio de 70 fariseus e saduceus e o Sumo Sacerdote. Antes de sua prisão, Estêvão havia realizado maravilhas e milagres, provavelmente curando os doentes ou deficientes, já que este era o milagre mais comum realizado pelos crentes e por Jesus (Atos 6:8). Homens de uma certa sinagoga que se autodenominavam Libertos começaram a debater com Estêvão (Atos 6:9). Ele fala com sabedoria na liderança do Espírito e frustra seus esforços para desacreditá-lo. Assim, os Libertos pagaram alguns homens para espalhar calúnias contra ele. Os caluniadores espalharam a falsa narrativa de que Estêvão pregava blasfêmia contra Moisés e Deus. Como resultado, Estêvão é levado perante os fariseus e saduceus governantes e levado a julgamento (Atos 7:8-12).

As acusações contra ele eram:

"Este homem fala incessantemente contra este lugar santo e a Lei; porque o ouvimos dizer que este Nazareno, Jesus, destruirá este lugar e alterará os costumes que Moisés nos transmitiu" (Atos 6:13-14).

Naturalmente, o sumo sacerdote pergunta a Estêvão: "São estas coisas assim?" O senhor nega essas acusações?

A acusação contra Estêvão era a de que ele era inimigo do templo e da Lei de Moisés. Neste momento, Estêvão é levado pelo Espírito a confrontar àqueles líderes religiosos. Ele dá um sermão que resume seções relevantes do Antigo Testamento, respondendo às acusações contra ele sobre o templo e Moisés. Neste sermão, Estêvão demonstra um mandamento das Escrituras, refutando a alegação de que ele se opunha a Moisés (autor dos cinco primeiros livros da Bíblia, muitas vezes chamados de Lei de Moisés). Ele também contextualiza o templo, mostrando que não se opunha ao templo. Porém, em vez de buscar sua própria libertação, Estêvão confronta o Sinédrio e demonstra que Jesus era o libertador deles, a quem eles haviam rejeitado. Ao fazer isso, Estêvão vira a acusação em 180 graus e demonstra que, na verdade, eram aqueles líderes judeus quem haviam rejeitado a Moisés e a palavra de Deus.

Ao final, sua mensagem básica era: "Moisés foi seu libertador e vocês o rejeitaram. Ele foi para o exílio e os salvou. José foi seu libertador e vocês o rejeitaram. Ele foi para o exílio e Deus os libertou por meio de José. O próprio Deus tabernáculo com vocês no deserto e trouxe Sua presença a vocês e isso não foi o suficiente para que vocês o seguissem, Ele não se comportou da maneira que vocês queriam, então vocês abraçaram a falsos deuses, como Moloque, para justificar seus maus caminhos e, assim, abandonaram ao seu guia (Deus). Vocês têm sido infiéis a todos os seus libertadores. Vocês rejeitaram a todos eles. De repente, vem Jesus, o segundo José, o segundo Moisés. Deus desce como homem e habita entre vocês e vocês O rejeitam também. Vocês são como seus pais, que rejeitaram a Deus vez após vez". Isso não é bem recebido pelo Sinédrio, que para de ouvir, se recusa a reconhecer as obras de Deus, já que eles haviam se tornado lei para si mesmos.

Estêvão começa sua defesa: Ouçam-me, irmãos e pais! Ele pede uma escuta atenta quanto ao que vai dizer, os desdobramentos da lição de história e do sermão. Ele se dirige ao Sinédrio como “irmãos, companheiros israelitas e pais”, um termo de respeito aos homens do Concílio, que eram os líderes espirituais e políticos de Israel.

Estêvão começa seu sermão, que se tornaria em uma acusação contra os fariseus e saduceus, voltando até Abraão, o pai, o primeiro patriarca do povo hebreu: O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão quando ele estava na Mesopotâmia, antes de viver em Harã, e lhe disse: 'Deixe seu país e seus parentes e vem para a terra que eu te mostrar'.

A Mesopotâmia, atual Iraque, era onde Abraão havia nascido e crescido, especificamente na cidade de Ur. Em Gênesis 12, Abraão já estava em Harã quando  Deus o chama a deixar sua família e ir para a terra que Ele lhe mostraria (Gênesis 12:1). Aqui, em Atos 7, Estêvão observa que antes de Abraão viver em Harã, Deus já o havia chamado. Então, aparentemente, Abraão foi chamado por Deus primeiro para fora de Ur na Mesopotâmia, mas trouxe sua família com ele. Isso é significativo porque indica que Abraão creu em Deus enquanto ainda estava em Ur. Portanto, o versículo em Gênesis 15:6 afirmando que Abraão "creu no Senhor; e Ele lhe considerou isso como justiça", enquanto Abraão ainda estava em Canaã, provavelmente não fosse a primeira vez que Abraão havia crido em Deus. De acordo com o sermão de Estêvão, a primeira vez que Abraão creu em Deus e foi considerado justo aos olhos de Deus foi enquanto ele ainda estava em Ur .

Portanto, em obediência à ordem de Deus, Abraão deixou a terra dos caldeus, a cidade de Ur na Mesopotâmia, que o Gênesis chama de "Ur dos Caldeus" (Gênesis 11:28). Os caldeus são associados à Babilônia em toda a Bíblia. Seus exércitos serviam ao rei Nabucodonosor quando ele conquistou Jerusalém e iniciou o exílio (Reis 25:5). Acredita-se que Ur tenha sua localização no Eufrates ou perto dele, cerca de 200 quilômetros da Babilônia. Abraão foi instruído a deixar seu país e seus parentes para ir para uma terra que não conhecia. Abraão obedeceu em parte, deixando seu país, mas não seus parentes.

Assim, Abraão e sua família viajam para o norte e se estabelecem em Harã, que ficava a meio caminho do rio Eufrates na rota para Israel (veja o mapa na barra lateral). Abraão foi instruído por Deus, enquanto estava em Ur, a deixar todos os seus parentes, o que ele inicialmente não fez. Seu pai, Terá, e seu sobrinho Ló, e presumivelmente outros parentes, foram com ele (Gênesis 11:31). Então, no meio do caminho para Israel, Abraão parou e ficou em Harã com seu pai. Parece que Abraão confiou em seu pai, o que era de acordo com o costume, em vez de confiar em Deus. Curiosamente, o relato de Gênesis começa em Harã depois que Abraão obedece apenas parcialmente. A parte sobre Abraão ser chamado enquanto estava em Ur provavelmente fazia parte da tradição oral, que em Atos se torna escrita como parte das Escrituras para nossa edificação (2 Timóteo 3:6).

A história de Abraão é uma história de obediência parcial. Deus continua trabalhando com Abraão mesmo que ele O obedeça parcialmente de cada vez. Isso era diferente dos governantes de Israel que ouviam ao sermão de Estêvão. Eles estavam em rebelião total contra Deus. A partir daí, isto é, da cidade de Harã, depois que o  pai de Abraão, Terá, morre, Abraão obedece um pouco mais ao chamado de Deus e deixa para trás a todos os seus parentes, exceto um, seu sobrinho Ló. O sobrinho de Abraão, Ló, viaja com ele por muitos anos. Somente depois que Abraão finalmente se separa de Ló e obedece plenamente à ordem de deixar a seus parentes é que Deus lhe concede a terra (Gênesis 13:14-15).

Quando Abraão deixa a todos os seus parentes, conforme a ordem do Senhor, quando ele faz tudo o que Deus lhe pede para fazer, Deus lhe concede a terra. Depois que Abraão se separa de Ló, ele finalmente obedece ao chamado de Deus plenamente. Só então Deus lhe dá a terra. Quando Abraão pede uma garantia de que receberia a terra (Gênesis 15:8), Deus decreta uma aliança de sangue, cortando animais ao meio e passando entre eles na forma de uma tocha, que era uma cerimônia antiga de assinatura de acordo entre duas partes. Neste caso, Deus se compromete a conceder a terra: "Esta terra vos é concedida" (Gênesis 15:12-21). Duas imagens passam entre os animais: um forno (no qual era assado o pão) e uma tocha de fogo. Isso pode representar Deus, o Pai, e Jesus, o Verbo Vivo, que descenderia de Abraão. Jesus estava fazendo a aliança de sangue tanto em nome de Deus quanto de Abraão, como Seu descendente prometido, no qual toda a terra seria abençoada (Gênesis 12:3).

Em suma, Deus fez com que Abraão se mudasse de Harã e completasse sua jornada para este país em que vós (os saduceus e fariseus) viveis agora: Israel.

Estêvão observa que Deus tinha outros planos para Abraão. Depois que ele se mudou para Israel (então chamado de Canaã), Deus não lhe deu nenhuma herança nele, nem mesmo um pé de terra. Abraão vivia como nômade, não possuindo nenhum pedaço de propriedade. E, no entanto, diz Estêvão, mesmo quando Abraão não tinha filho, Deus havia prometido que daria a terra a ele como posse e a seus descendentes depois dele.

Apesar de não ter nenhuma propriedade real ou herdeiros, Deus promete dar todo o país a Abraão como sua posse e a seus descendentes.

Ao fazer a aliança de sangue com Abraão, Deus explica a ele o que aconteceria com a nação nascida dele:

Mas Deus falou nesse sentido, que seus descendentes seriam estrangeiros em uma terra estrangeira, e que seriam escravizados e maltratados por quatrocentos anos.

Deus concederia a terra aos seus descendentes. No entanto, haveria um atraso de tempo, como muitas vezes ocorre com as promessas de Deus. Ele dá responsabilidades a Seus seguidores e, eventualmente, os recompensa. Deus disse que os descendentes de Abraão habitariam em uma terra estrangeira e que seriam levados à escravidão e à opressão por quatrocentos anos.

Em Gênesis 15, ele fala dos 400 anos especificamente, mas não diz em que terra aquilo aconteceria (Gênesis 15:12-16). Sabemos, em retrospectiva, que era o Egito. O povo judeu esteve no Egito por 430 anos (Êxodo 12:40) como escravos por 400 anos depois que a influência de José diminuiu. Deus também promete julgar a nação que escravizasse ao povo judeu: "E qualquer nação à qual eles estarão em cativeiro, eu mesmo julgarei", disse Deus. Seu julgamento em relação ao Egito chegou com as 10 pragas e a destruição do exército egípcio no Mar Vermelho (Êxodo 7:14 - 12:30).

Estêvão continua com seu sermão. Depois que essas promessas a Abraão são cumpridas, depois que a escravidão de seus descendentes foi encerrada e Deus julgou a nação que os havia escravizado, Estêvão observa que Deus diz a Abraão: 'E depois disso eles virão e Me servirão neste lugar, em Canaã/Israel. Os descendentes de Abraão retornariam à terra que Deus lhes havia dado.

E assim Deus faz com Abraão a aliança da circuncisão, o ato de remover o prepúcio de todas as crianças do sexo masculino oito dias após o nascimento, visando separá-las fisicamente de todas as outras tribos. Este acordo foi feito antes de Abraão ter filhos, mas, finalmente, Abraão se torna o pai de Isaque, o Filho da Promessa e ele obedece a Deus e circuncida seu filho no oitavo dia. Os antepassados judeus descendiam de  Isaque, que se tornou o pai de Jacó (mais tarde renomeado por Deus como “Israel”) (Gênesis 32:38), e Jacó foi o pai dos doze patriarcas.

Esta é a origem das 12 tribos de Israel, os doze filhos de Jacó.

Estêvão estava conversando com pessoas que provavelmente conheciam o Antigo Testamento de cor, palavra por palavra; assim, eles entendiam perfeitamente o que ele estava falando.

Vale lembrar que parte da acusação feita pelos saduceus e fariseus contra Estêvão era: "Você não acredita na Bíblia". Então, Estêvão responde: "Sim, eu acredito na Bíblia. Essa é a nossa história". Ele não tenta informá-los sobre algo que eles não sabiam, mas responde às alegações infundadas e lança as bases para sua mensagem, chamando seus acusadores ao arrependimento.

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