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Significado de Atos 7:44-50
Estêvão está sendo julgado perante o Sinédrio, o conselho de 70 fariseus e saduceus e o Sumo Sacerdote. A acusação contra Estêvão é a de que ele era inimigo do templo e da Lei de Moisés. Porém, Estêvão aproveita a oportunidade, guiado pelo Espírito, para confrontar àqueles líderes religiosos. Ele dá um sermão que resume seções relevantes do Antigo Testamento, respondendo às acusações contra ele sobre o templo e Moisés.
Em contraste com o "tabernáculo de Moloque", que era símbolo da constante adoração aos ídolos, Estêvão aponta que nossos pais tinham o tabernáculo do testemunho no deserto.
O Sinédrio havia acusado Estêvão de blasfemar contra Moisés e o templo. Estêvão já havia mostrado sua profunda compreensão de Moisés e de como ele havia sido um libertador rejeitado por seus pais. Agora, ele se dirige ao tabernáculo, o primeiro templo para os israelitas após vagarem pelo deserto. O tabernáculo fora construído exatamente como Aquele que falou com Moisés o orientou a fazê-lo de acordo com o padrão que ele havia visto. Aquele que falou com Moisés era Deus, que lhe deu todo o projeto, até os menores detalhes de como deveria ser o tabernáculo, sua disposição, suas cores e materiais usados para fazê-lo.
Deus usa dois capítulos inteiros na Bíblia descrevendo a criação dos Céus e da Terra e oito capítulos falando sobre a construção e o projeto do tabernáculo, provavelmente porque o tabernáculo era uma cópia do templo no céu (Hebreus 8:5). Em resposta à acusação de que Estêvão era inimigo do templo, que ele "falava contra" po templo (Atos 13:14), Estêvão mostra que entendia e honrava a história do templo no que diz respeito a Israel, ao mesmo tempo em que o entendia de forma espiritual, um nível ao qual o Sinédrio ignorava. Para mostrar isso, Estêvão resume a história do tabernáculo, que havia evoluído para o que eles tinham na época do templo de Herodes:
Depois de ter recebido o tabernáculo por sua vez, ele foi carregado e passado da geração que o construiu no deserto para a geração que tomaria posse da Terra Prometida, assim nossos pais trouxeram o tabernáculo com Josué ao desapossar as nações (os cananeus) que Deus expulsou diante de nossos pais (a conquista de Canaã, Êxodo 34:11; Deuteronômio 11:23, Josué 11:23). Após a conquista, o tabernáculo foi estabelecido em Siló:
"Então toda a congregação dos filhos de Israel reuniu-se em Siló, e ali montou o [tabernáculo]; e a terra foi subjugada diante deles" (Josué 18:1).
Aparentemente, o tabernáculo do deserto permaneceu montado em Siló: "Todo o tempo que a casa de Deus esteve em Siló" (Juízes 18:31, ver barra lateral sobre descobertas arqueológicas em Siló indicando a localização do tabernáculo do deserto). Isso ocorreu até o tempo de Davi, quanado o rei Davi faz um tabernáculo temporário em Jerusalém para abrigar a Arca da Aliança (2 Samuel 6:17). O rei Davi achou graça aos olhos de Deus e pediu que construísse uma morada para o Deus de Jacó: "Eis que moro em uma casa de cedro, mas a arca da aliança do Senhor está atrás de cortinas" (1 Crônicas 17:1). Davi desejava construir um edifício permanente que substituísse à tenda itinerante que Israel havia usado no deserto, mudando o local de adoração para Jerusalém.
No entanto, Deus queria que o templo fosse construído por um homem de paz, em vez de Davi, cujo reinado havia sido cheio de guerras e derramamento de sangue (1 Crônicas 22:8). Deus escolheu o filho de Davi para construir o templo: Mas foi Salomão quem construiu uma casa para Ele (1 Reis 8:1-11). Salomão construiu o primeiro templo permanente em Jerusalém.
Estêvão explica tudo isso para mostrar que sabia de onde vinha o templo, onde ele estava e no que se havia tornado. Então, ele puxa o tapete de debaixo do Conselho dizendo: No entanto. Ele passa a mostrar uma compreensão muito mais significativa da diferença entre tendas e templos e da presença real de Deus:
No entanto, o Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas. A presença de Deus descia na Arca da Aliança, porém a Arca da Aliança não continha Deus. Nem o tabernáculo, nem o templo. Deus é onipresente. Ele não habita em casas feitas por mãos humanas. Ele é o Altíssimo, não habita em lugar físico nenhum.
Deus está no Céu, no trono, Ele é Deus. Ele não está contido em nenhum ponto fixo no espaço, em nenhuma dimensão. Ele está além de tudo. Estêvão argumenta que a compreensão do Sinédrio sobre Deus e o que Deus valorizava era muito pequena, muito limitada. Pensar que a glória de Deus fosse relegada à Arca da Aliança era literalmente "colocar a Deus em uma caixa". Estêvão estava demonstrando que não apenas o Sinédrio havia rejeitado a Deus e ao Profeta de Deus, assim como os antigos israelitas havia feito, mas também estavam preocupados com objetos materiais, ídolos. Eles defendiam o templo e a Lei e pareciam ver a Deus como subserviente a ambos, o que significava que podiam controlar a Deus. Em certo sentido, o próprio templo havia se tornado um ídolo em suas mentes, já que achavam que o controlavam. Estêvão cita outro profeta, Isaías 66:1-2:
Como diz o profeta:
"O céu é o meu trono, e a terra é o estrado dos pés dos meus pés. Que tipo de casa construireis para Mim?', diz o Senhor, 'Ou que lugar há para o Meu repouso? Não foi Minha mão que fez todas essas coisas?'”
O que é o trono de Deus? Um trono feito por mãos humanas? Não, Seu trono é o Céu. O que é a terra? É apenas um estrado para Seus pés. Há um tom zombeteiro nessa metáfora visando fixar lançar luz à falsa perspectiva daqueles homens. Deus pergunta retoricamente que tipo de casa os homens construiriam para Ele? Que lugar há para Seu repouso, para Ele descansar e se refugiar? Ele descarta a perspectiva mundana de quem realmente é, perguntando: Não foi a Minha mão que fez todas essas coisas? Que templo pode abrigar a Deus? Nenhum. Qualquer coisa construída pelo homem não impressiona a Deus, nem mesmo no nível cósmico. Ele fez tudo. Tudo o que fazemos é simplesmente um reordenamento do que Ele já fez. Pensar que um templo físico é o lugar onde Deus se localiza, um lugar ao qual apenas os sacerdotes tinham acesso, era algo fundamentalmente falho.
Novamente, as religiões pagãs pelas quais os israelitas eram constantemente tentados a adorar, como Moloque ou o bezerro de ouro que eles fizeram com suas próprias jóias, tudo isso era baseado em ídolos feitos por mãos humanas. Não apenas os deuses são feitos pelo homem, mas suas regras eram feitas pelo homem. O sistema religioso foi inventado pelos homens para que poderem controlar aos deuses que fazem, visando dar-lhes permissão divina para pecar e explorar uns aos outros. Se as pessoas sacrificassem aos ídolos de maneira correta, elas receberiam o que desejavam (na maioria das vezes isso envolvia pecados sexuais, uma justificativa para buscarem a luxúria para "agradar" a esses falsos deuses).
Por implicação, o Sinédrio estava tratando ao verdadeiro Deus de Israel como ídolo. Sua preocupação era com as regras, a Lei e o templo. Isso sustentava sua própria autoridade política e religiosa sobre os outros. Eles não estavam focados em agradar a Deus, caso contrário não teriam crucificado ao Filho de Deus. Eles teriam reconhecido a Jesus por quem Ele realmente era se estivessem andando na vontade de Deus. Esses líderes judeus, os fariseus e saduceus, se preocupam com o templo porque era seu local de negócios, sua sede de poder, o lugar de onde eles governavam e, em alguns casos, exploravam o povo (Lucas 20:47, Mateus 21:12-13).
Estêvão estava dizendo: "Deus não pode ser contido no templo. O céu é o Seu trono. Ele repousa os pés na terra, algo que está abaixo dele. Nada O controla."
Estêvão estava minando a acusação de que era contra o templo. A acusação contra ele era: "Ouvimos dizer que este Nazareno, Jesus, destruirá o templo e alterará os costumes que Moisés nos transmitiu" (Atos 6:14). Estêvão estava essencialmente dizendo que o Concílio realmente não entendia o templo, nem entendia as coisas de Deus.
O Templo fora construído para representar algo muito maior do que o próprio edifício. Ele fora construído para representar a presença de Deus. A realidade é que Jesus eliminou a necessidade de uma representação física da presença de Deus, porque Ele era Deus habitando entre os homens. Ele era o verdadeiro templo (João 2:19-22). Ele o construiu de volta em três dias, porque ressuscitou da sepultura depois de três dias (Lucas 24:6-7). Agora, Ele está assentado à direita do Pai. Jesus veio para cumprir aos costumes de Moisés, não alterá-los, e era isso que o Sinédrio não queria ouvir. Eles queriam se servir dos costumes de Moisés. Eles não queriam servir a Deus ou a qualquer um dos representantes por Ele enviados (José, Moisés, Jesus).
Estêvão apresenta o pano de fundo de seu argumento. Ele mostra os dois tipos de Cristo ("Messias", alguém enviado por Deus) do Antigo Testamento: José, o primogênito/governante e Moisés, o libertador. Ele percorre a história do templo, começando com o tabernáculo, mostrando como o povo de Israel o profanava. A presença de Deus estava com eles, assim como a presença de Deus está conosco através do Espírito Santo. Quando pecamos e seguimos aos nossos próprios caminhos, profanamos o templo de Deus.
É o nosso coração que Deus deseja.
O rei Davi entendeu isso:
"Porque tu não te deleitas no sacrifício, senão eu o daria; Você não está satisfeito com holocausto. Os sacrifícios de Deus são um espírito quebrantado; Um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás" (Salmos 51:16-17).
É possível que o profeta Samuel o tenha instruído nesse entendimento:
"O Senhor tem tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em obedecer à voz do Senhor? Eis que obedecer é melhor do que o sacrifício, e dar ouvidos do que a gordura dos carneiros" (1 Samuel 15:22).
Aqui, Estêvão mostra aos líderes religiosos de Israel que eles valorizavam as coisas que podiam possuir e controlar, edifícios e rituais, ao invés de seguirem a Deus.