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Significado de Deuteronômio 19:8-10

Moisés instrui os israelitas a reservar mais três cidades de refúgio na Terra Prometida, além das três primeiras, caso Deus ampliasse ainda mais seu território.

Tendo explicado claramente a razão para se reservar as cidades de refúgio na Terra Prometida, Moisés abre esta seção como um parênteses para dizer aos israelitas que eles poderiam ter que reservar mais três cidades caso o SENHOR, seu Deus, ampliasse seu território, assim como jurou a seus pais, e lhes der a terra que Ele prometeu dar a seus pais.

Ficou claro na seção anterior que, caso Javé fornecesse mais terras a Israel, mais cidades de refúgio seriam necessárias. Simplificando, se houvesse apenas três cidades de refúgio dentro de um amplo território, o matador (que acidentalmente matasse a alguém) não seria capaz de alcançar a segurança antes de ser pego pelos parentes do morto que buscam vingança. Porém, com seis dessas cidades, a possibilidade dessas pessoas pegarem o matador seria reduzida.

Moisés, mais uma vez, enfatiza que a conquista de Canaã era a graciosa provisão de Javé, assim como havia jurado a seus pais. Isso destacava a fidelidade de Deus às Suas promessas. O Deus Susserano desejava que Israel possuísse a terra de Canaã porque Ele havia prometido dá-la a Abraão e seus descendentes (Gênesis 12). Deus havia concedido a terra a Abraão como recompensa por seu  serviço fiel (Gênesis 15:7-20). Agora, como previsto, os descendentes de Abraão e do Filho da Promessa (Isaque) possuirão a terra, cumprindo a promessa de Deus. Possuir a terra exigirá obediência e fé de que Deus proveria conforme havia prometido.

Além disso, permanecer na terra e ter a terra expandida após ser conquistada também exigiria obediência. Embora a concessão da terra fosse algo incondicional, a obediência a Deus era necessária para que desfrutassem de seus benefícios. Moisés lembr ao povo de que o gozo da terra só aconteceria se observassem cuidadosamente todo os mandamento que hoje lhes ordeno (v.9). A palavra “mandamento (hebraico "miṣwâ") refere-se às leis e regras, isto é, todo o corpo legal que o Deus Susserano havia prescrito a Seus vassalos (Israel). Ele ampliaria o território de Seu povo da aliança caso eles obedecessem cuidadosamente a Seus mandamentos.

Eles também foram instruídos a amar ao SENHOR, seu Deus, e a andar em Seus caminhos sempre. Amar ao SENHOR significava viver em completa obediência a Ele. Como Jesus Cristo disse mais tarde a Seus discípulos: "Se me amardes, guardareis os Meus mandamentos" (João 14:15). Assim, o amor de Israel deveria ser sua resposta apropriada ao SENHOR, porque Ele era o Seu Deus Susserano. Ele exigia a fidelidade e a lealdade de Seu povo. Este mandamento é um resumo básico dos quatro primeiros dos Dez Mandamentos (Êxodo 20).

O SENHOR também exigia que Seus vassalos (Israel) andassem em todos os Seus caminhos sempre. O termo traduzido como "caminhos" (hebraico "derek") significa literalmente "estrada", ou vereda". No entanto, Moisés frequentemente a usou figurativamente em Deuteronômio para referir-se ao modo como os israelitas deveriam viver, isto é, de acordo com as leis de Deus. Assim, andar nos caminhos de Deus implicava a resposta de Israel às leis de aliança de Deus, que deveriam ser manifestas por um senso de engajamento dinâmico e mútuo. Andar nos caminhos de Deus também levaria a grandes benefícios individuais. Era do interesse das pessoas obedecer a Deus. Haveria imensa prosperidade e alegria dentro da sociedade autogovernada, onde cada pessoa amasse e buscasse o melhor para os outros. Porém, para desfrutarem dessas bênçãos, o povo deveria escolher obedecer aos caminhos de Deus.

Assim, para andar nos caminhos de Deus, Israel precisaria adicionar mais três cidades para si, além das três primeiras (Deuteronômio 19:1-7). A adição dessas cidades seria necessária porque Deus ampliaria seu território. Isso seria uma bênção direta de Deus para a obediência à aliança. Esta é a maneira como Deus opera em toda a Bíblia. Ele dá dons aos humanos, mas deixa aos humanos a escolha e a responsabilidade de andar em obediência a Ele para desfrutarem dos dons.

Não há registro de que essas três cidades de refúgio extra tenham sido estabelecidas. Este provavelmente tenha sido o caso porque os israelitas nunca consolidaram a conquista da Terra Prometida na medida em que havia sido especificada pelo Senhor. Deus havia prometido expandir a Terra Prometida e preencher o território desde o rio Nilo, no Egito, até o rio Eufrates (Gênesis 15:18). As fronteiras de Israel nunca atingiram tal extensão. Este é um exemplo claro no qual Deus disponibiliza um benefício que não foi recebido devido à falta de obediência. Os dons de Deus são irrevogáveis (Romanos 11:29). Porém, experimentar os benefícios de Seus dons requer obediência. Quando Deus promete recompensas pela obediência, Ele as concede após a obediência.

Finalmente, Moisés diz que a adição dessas três cidades (além das três primeiras) em Canaã forneceria refúgio apenas para os matadores, os que matassem a alguém acidentalmente e sem premeditação. O propósito era para que sangue inocente não fosse derramado no meio da terra que o Senhor daria a Israel como herança (v.10). O sangue inocente aqui mencionado seria o do matador. Isso evitaria que a culpa de sangue recaísse sobre o povo de Deus. Em outras palavras, o povo escolhido de Deus não seria culpado de derramar sangue inocente. O Deus Susserano, que dá vida a todos, também nos ordena a não matar (Êxodo 20:13; Deuteronômio 5:17). Vingar a morte de alguém que tenha morrido acidentalmente significava derramar sangue inocente. Qualquer derramamento de sangue inocente viola a aliança de Deus e desrespeita a dignidade da vida.

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