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Significado de Deuteronômio 26:16–19
Este parágrafo conclui a exposição de Moisés ao povo de Israel que estava reunido para ouvi-lo falar, em preparação para a entrada na Terra Prometida (Deuteronômio 5:1). Em Deuteronômio 5:1 - 26:15, Moisés fala ao povo reunido para que "os aprendais e os observeis cuidadosamente" (Deuteronômio 5:1).
Moisés conclui sua exposição sobre a lei em Deuteronômio 5:1 - 26:15, lembrando-os das provisões às quais deveriam seguir em sua aliança com seu governante supremo, seu Deus Susserano. Sua exposição constituiria uma ratificação e reafirmação da aliança de Deus com a segunda geração que havia deixado o Egito, depois que a primeira geração morreu (Deuteronômio 2:16). Moisés pede ao povo que, mais uma vez, afirme sua aliança com Deus, buscando seu acordo e reafirmando o contrato com Deus. Isso ocorre em Deuteronômio 26:16-17.
Em seguida, Moisés registra que o povo concordou com o pacto e se comprometeu a seguir aos mandamentos de Deus e manter sua parte do contrato (ou aliança) com Deus como Governante Susserano de Israel e Provedor gracioso (Deuteronômio 26:18-19).
Este compromisso mútuo entre o SENHOR (Javé) e os israelitas começa com a voz do orador, Moisés, encorajando aos israelitas, dizendo: Neste dia o Senhor, seu Deus, ordena que vocês façam esses estatutos e ordenanças (v.16). Os estatutos e ordenanças são apresentados nos capítulos 5 a 25 de Deuteronômio. A expressão “o SENHOR, seu Deus” enfatizava o fato de que o SENHOR, seu Criador, havia decidido entrar num relacionamento especial de aliança com Israel, tomando-os como Seu próprio povo entre todos os povos da terra (Êxodo 19:4-6).
Esta estrutura vassalo-susserano era comum à época. O governante superior, o susserano, contraía um contrato com um rei inferior e prometia-lhe bênçãos (recompensas) por seu serviço fiel e maldições (castigos) por sua infelidade. Deus segue a este formato básico em Seu acordo com Israel, porém o modifica em vários aspectos. Primeiro, a escolha de Deus por Israel como Seu Seu povo não dependia de seu comportamento. Seu chamado a eles como Seu povo era irrevogável (Deuteronômio 7:7-9; Romanos 11:29). Em segundo lugar, Deus não fez acordo apenas com um líder ou líderes, como normalmente era o caso dos contratos da época. O acordo de Deus era com toda a nação. Além disso, Deus não estava fazendo um acordo para expandir Seu território, como era o caso dos reis terrenos; Deus era dono de tudo. Em vez disso, a intenção de Deus era determinar estatutos ordenados "para o seu bem" (Deuteronômio 10:13). Deus desejava que Seu povo fizesse escolhas que lhe trouxessem vida.
Deus revela pelo menos duas motivações para Sua escolha de Israel como Seu povo. Uma delas era que Ele os amava (Deuteronômio 4:37, 7:8). A outra era que Ele desejava fazer de Israel uma nação santa que servisse numa função sacerdotal, mostrando às nações vizinhas que amar uns aos outros era uma forma melhor de se viver (Êxodo 19:6). Quando as pessoas escolhem viver em amor e harmonia, como Deus originalmente projetou, elas calam aos inimigos de Deus (Salmo 8:2).
Esta aliança entre Deus e Israel era um acordo especial que exigia que os vassalos (Israel) obedecessem aos estatutos e ordenanças prescritos a eles por seu Javé Susserano, a fim de obter os benefícios prometidos. As palavras “estatutos e ordenanças” usadas aqui como sinônimo dos mandamentos de Deus têm significados distintos. Em sentido estrito, o termo “estatutos” (hebraico "ḥuqqîm") refere-se a regras de conduta. O termo “ordenanças” (hebraico "mišpāṭîm") refere-se a procedimentos legais, ou ordens emitidas por um juiz, ou decisões reveladas pelo Senhor quanto a situações específicas. Tomados em conjunto, eles se referem a todo o corpo legal ou às estipulações da aliança (5:31; 6:1) que o SENHOR, seu Deus, ordena que façam. Em outras palavras, para permanecerem como vassalos leais, os israelitas precisavam seguir exatamente ao que seu Deus Susserano (Governante) exigia.
Eles deviam ter o cuidado de fazê-lo de todo o coração e de toda a alma. A palavra coração descreve a sede do intelecto e da vontade, incluindo a intenção (Gênesis 20:5) e a motivação (Deuteronômio 4:20, 39). Refere-se às atividades da mente. É também o lugar dos valores, como em Levítico 26:36. A palavra “alma” refere-se à parte invisível e espiritual do homem representada pelo fôlego de vida (Gênesis 2:7). É o espírito da vida alojado dentro do corpo, a identidade que continua a existir depois de ser desalojada do corpo físico (Gênesis 35:18). Essas duas palavras (coração e alma) enfatizavam a obediência completa aos mandamentos de Deus e seu amor pelo SENHOR com todo o seu ser (Deuteronômio 6:5).
Moisés questiona a multidão para saber se estavam realmente dispostos a ratificar a aliança que Deus fizera com seus antepassados, que haviam entrado em aliança com Deus mas a quebraram (Êxodo 19:8; Números 14:22-23).
O povo concorda. Assim, Moisés declara: Hoje declarou o Senhor como sendo o seu Deus (v.17). A palavra “hoje” provavelmente se refere ao dia em que a renovação da aliança ocorreu. Neste momento, eles proclamaram que o SENHOR (Javé) era o seu Deus, excluindo a todos os outros deuses.
Em segundo lugar, eles se comprometeram a andar em Seus caminhos e a guardar Seus estatutos, Seus mandamentos e Suas ordenanças, e ouvir Sua voz. Andar em Seus caminhos significa conformar o estilo de vida ao que o SENHOR diz. Ouvir Sua voz significava que eles obedeceriam às revelações divinas que o Senhor lhes daria no futuro. Assim, os israelitas aceitaram os termos da alilança e se comprometeram a obedecer completamente a esses termos - estatutos, mandamentos e ordenanças.
Os versículos 18 e 19 indicam o que o Deus Susserano (Governante) se comprometeu a fazer naquela aliança: O Senhor hoje vos declarou Seu povo (v.18). A palavra “hoje” refere-se ao dia da renovação da aliança nas planícies de Moabe. O SENHOR promete fazer dos israelitas um bem precioso, como prometeu. Deus havia feito a promessa incondicional a Abraão de que todas as nações seriam abençoadas por meio de seus descendentes (Gênesis 12:3; 22:18). Deus escolhe Israel como Seu povo, não porque eles fossem especiais, mas porque Ele havia amado a seus pais e escolhido seus descendentes depois deles (Deuteronômio 4:36-38; 7:7-9).
Deus exorta Israel a guardar a todos os Seus mandamentos. Aqui, novamente, nesta ratificação da aliança, Deus renova Seu compromisso com Israel e os lembra de todas as bênçãos que receberiam caso vivessem em obediência às Suas leis. Deus dá Seus mandamentos para benefiício de Israel. Tudo era para o seu bem (Deuteronômio 10:13). Após uma rápida reflexão, parece bastante óbvio entender que uma sociedade é grandemente abençoada quando opta por seguir aos preceitos da lei de Deus, amando e servindo uns aos outros ao invés de explorar uns aos outros (como é a norma do mundo ao nosso redor).
O versículo 19 se concentra no status especial de Israel para as outras nações do mundo. O SENHOR promete colocar Israel acima de todas as nações que Ele havia feito. Esta exaltação incluiria motivos de louvor, fama e honra. Essas três palavras são usadas em outros lugares para expressar o mais alto nível de respeito (Jeremias 13:11).
O cumprimento desta profecia ainda não ocorreu totalmente. Parece estar ainda no futuro. Parece provável que tal cumprimento ocorra durante o reinado de mil anos, quando Jesus restaurará o reino a Israel e se assentará no trono de Davi (Apocalipse 20:4; Atos 1:6-7). Zacarias prevê um momento em que a geografia de Israel seria materialmente alterada, provavelmente devido à volta de Jesus, que colocaria os pés no Monte das Oliveiras (Zacarias 14:4-8). Nesse tempo "...qualquer um que reste de todas as nações que foram contra Jerusalém subirá de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos..." (Zacarias 14:16). Assim, Israel será exaltado entre as nações, como previsto em Deuteronômio 26:19.
Guardar aos Seus mandamentos também resultaria em torná-los um povo consagrado ao Senhor seu Deus. Ser consagrado significa ser separado para um serviço especial. Esta consagração fazia dos israelitas um reino de sacerdotes (Êxodo 19:4-6). Este era e é o desejo de Deus para Seu povo. Ser sacerdote é servir numa função intermediária entre Deus e os outros. Ser um reino de sacerdotes significa que toda a nação viverá de modo a testemunhar a todas as outras nações que seguir o Senhor é uma maneira superior de se viver. Qualquer nação pode ser abençoada seguindo ao exemplo piedoso de Israel, com uma sociedade baseada na cooperação mútua e no amor ao próximo, ao invés de uma sociedade de exploradores. Este modo de vida superior proporciona imensos benefícios a todos.
Em resumo, esta seção aborda a oferta e a aceitação do discurso de Moisés sobre as leis da Aliança Mosaica (capítulos 5 a 26). Moisés instrui ao povo que ratifique sua aliança com Deus. O povo concorda com a ratificação.
Moisés enfatiza a importância da obediência aos termos da aliança (que é a vontade do SENHOR) e afirma que tal obediência resultaria em grande bênção para o povo.