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Significado de Deuteronômio 26:12–15

Moisés ordena aos israelitas que ofereçam um dízimo especial ao Deus Susserano a cada três anos, visando apoiar aos vulneráveis da sociedade israelita.

Os israelitas receberam o mandamento de dar o dízimo todos os anos ao Senhor (Números 28:26). Eles também foram orientados a dar o dízimo anualmente em uma quantidade que deveria ser consumida em Jerusalém no festival (Deuteronômio 14:22 - 29). Eles deveriam oferecer um dízimo especial a cada três anos para ajudar aos menos afortunados na comunidade israelita. Este provavelmente fosse um substituto para o segundo dízimo, o dízimo que deveria ser consumido no festival. Assim, a cada três anos, os israelitas não deveriam desfrutar do que era dedicado ao Senhor para, ao invés disso, prover para o sustento dos pobres em sua comunidade. De acordo com a tradição judaica, isso deveria ocorrer no terceiro e sexto anos do ciclo de sete anos; o sétimo ano seria o ano sabático.

O dízimo era um décimo, ou seja, dez por cento do que era produzido. Parte da cerimônia desta renovação da aliança aconteceria quando o adorador terminasse de pagar os dízimos de sua renda no terceiro ano, o ano do dízimo (v.12).

O terceiro ano provavelmente se refira ao dízimo do terceiro ano, que normalmente iria para o Senhor e seria consumido em Jerusalém mas, que no terceiro e sexto anos, iria diretamente aos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas.

  • O levita, membro da tribo de Levi, dedicava-se ao trabalho no santuário central apoiando aos sacerdotes e não podia se envolver em trabalhos seculares (Deuteronômio 10:8-9). Em vez disso, ele dependia das ofertas e impostos das outras tribos.
  • O estrangeiro  (hebraico "gēr") era um imigrante que residia na terra de Israel, tornando-a seu lar permanente. Ele não poderia possuir terras em Israel. Portanto, era responsabilidade da nação prover comida para ele (Deuteronômio 1:16). A tradição judaica, mais tarde, passou a lidar com o estrangeiro como os que se convertiam ao judaísmo.
  • Na Bíblia, o órfão (hebraico "yātôm") geralmente se referia a uma criança sem pai. Tal pessoa era especialmente vulnerável porque não desfrutava da proteção da figura masculina (pai), como era o caso de uma família normal.
  • O termo viúva (hebraico "'almānâ") denotava uma mulher que havia perdido o marido por morte e permanecia solteira. Ela estava desprotegida e sem a provisão de um homem e, portanto, era vulnerável a ser vitimada e reduzida à pobreza extrema. Ela precisava de cuidados especiais por parte da comunidade.

Esses grupos eram dependentes e deveriam ser cuidados pelo povo. Outra diferença era que este dízimo, ao invés de ser levado ao santuário central, deveria permanecer no local, para que os necessitados pudessem comer em suas cidades e ficar satisfeitos. Era como uma despensa de alimentos, ou um refeitório, que armazenava provisões para que os pobres não passassem fome.

O dízimo (hebraico ma'ăsēr, que significa “décimo”) era uma dádiva de dez por cento dos produtos agrícolas de uma pessoa (grãos, vinho e azeite).

Além de reservarem o dízimo a cada três anos, as pessoas eram obrigadas a fazer uma declaração formal perante o Senhor, dizendo: Eu retirei a porção sagrada de minha casa, e também a dei ao levita e ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, de acordo com todos os Teus mandamentos que Tu me ordenaste (v.13). O dízimo (ou porção) era sagrado (hebraico "qōdesh", "santo") porque era reservado ao SENHOR e deveria ser usado apenas pelos necessitados. Na verdade, todos os dízimos pertenciam a Deus (Levítico 27:30). Os que davam este dízimo não deveria comer dele.

Isso se somava à lei relativa às colheitas, onde as sobras da colheita deveriam ser deixadas nos campos para serem recolhidas pelos pobres (Levítico 19:9Deuteronômio 24:19). Quando a colheita se mostrasse insuficiente naquele ano, isso dificultaria a vida dos pobres.

O versículo 13 contém uma confissão positiva do doador do dízimo do terceiro ano. O versículo seguinte tem afirmações negativas:

  • Não transgredi nem me esqueci de nenhum dos Teus mandamentos (v.14). Isso inclui não apenas o mandamento do dízimo, mas todos os preceitos de Deus.
  • Não comi enquanto estava de luto. A palavra para “luto” (hebraico "'ānâ") ocorre apenas aqui e Oséias 9:1-5, onde é usada em conexão com rituais pagãos envolvendo sacrifícios e oferendas a deuses pagãos. Este é provavelmente o significado aqui também.
  • Também não removi nada disso enquanto estava impuro. O doador prometia que nenhum dízimo havia sido removido para uso em cultos pagãos, algo que definitivamente o tornaria impuro.
  • Nem ofereci nada disso aos mortos. Colocar comida em uma sepultura era comum na cultura cananéia e egípcia e, portanto, era um rito pagão. Este ritual jamais deveria ser replicado em Israel.

Aqui, o doador do dízimo do terceiro ano jurava que não havia transgredido aos mandamentos do Senhor de forma alguma, especialmente à luz do uso daquele dízimo em rituais pagãos imundos. Ele proclamava ao SENHOR que ouvira a voz do Senhor, seu Deus e que fizera de acordo com tudo o que Tu lhe ordenastes.

Portanto, após cumprir a todos os requisitos para a apresentação do dízimo e fazer as confissões positivas e negativas (vv.13-14), o adorador invocaria a bênção do SENHOR sobre o povo e sobre a terra. Ele pediria ao SENHOR que olhasse para baixo da Tua santa habitação no céu (v.15). Este era um reconhecimento de que o SENHOR governava do céu, ao contrário dos deuses pagãos.

Ele também lhe pedia que abençoasse o Teu povo Israel, e a terra que Tu nos deste, uma terra que flui com leite e mel, como Tu juraste aos nossos pais. Assim, o adorador pedia a bênção do SENHOR sobre Seu povo da aliança e sobre Sua maravilhosa Terra Prometida. Também reconhecia que Ele era o Doador de todas essas coisas e que havia cumprido Suas promessas a Seu povo. Ao fazer todos esses reconhecimentos, o adorador era lembrado quanto à realidade de Deus, Suas promessas, Suas alianças e Suas bênçãos.

Em suma, o israelita fiel deveria dar um décimo de sua produção (agrícola, etc.) às autoridades locais, aos anciãos, e depois distribuí-las às pessoas da sociedade mais necessitadas e vulneráveis, após proclamar que o dízimo era puro. Finalmente, ele deveria invocar a bênção do SENHOR sobre Seu povo e sobre Sua terra.

Esta provisão nos ensina que adorar ao SENHOR inclui servir a nossos irmãos de aliança. Cuidar das necessidades dos outros é parte integrante da adoração. Deus criou Israel para ser uma nação autônoma baseada no princípio de amar os outros como eles amavam a si mesmos (Levítico 19:18). A comunidade deveria ser justa. E uma parte dessa justiça era prover trabalho e comida aos necessitados, para que não passassem fome.

O Novo Testamento dá continuidade a esses princípios, instruindo os crentes a serem generosos (1 Timóteo 6:17). No Novo Testamento, Deus não prescreve uma porcentagem, mas afirma que a generosidade é como lançar sementes à terra e os crentes devem ser sábios e semear muitas sementes, a fim de colherem uma grande colheita de recompensas (Gálatas 6:6-10). Deus ama ao doador alegre (2 Coríntios 9:7).

Como a seção anterior, esta seção instrui o adorador a confessar certas verdades. O Novo Testamento também encoraja os crentes a aplicar a confissão verbal como parte de sua adoração contínua, a fim de andarem em estreita comunhão com Deus. A aceitação de Deus àqueles que crêem em Jesus Cristo é algo incondicional e completo. Todos os seus pecados foram pregados na cruz (Colossenses 2:14João 3:14-15). No entanto, a manutenção da comunhão com Deus requer obediência contínua. 1 João 1:9 instrui os crentes a confessar seus pecados para serem restaurados à comunhão.

Romanos 10:8-10 e ncoraja a confissão como forma de concentrar nosso coração para andar nos caminhos de Deus. Aqui, Paulo explica Deuteronômio 30:11-14, onde Moisés argumenta que essas leis não eram complexas, mas simples. A chave é crer que elas realmente levam à vida, enquanto escolhas alternativas levam à morte. Assim, devemos escolher a primeira. Uma parte dessas escolhas é confessar a crença de que os caminhos de Deus são para o nosso bem e, portanto, algo ao qual devemos seguir.

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