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Significado de Deuteronômio 28:27-37

O SENHOR afligiria aos israelitas com vários tipos de doenças caso eles não obedecessem à aliança.

Moisés continua dando o roteiro a Israel da cerimônia que deveriam realizar assim que entrassem na Terra Prometida. O roteiro contém bênçãos para a obediência e maldições para a desobediência ao pacto. Isso seguia à antiga forma dos tratados de susserania-vassalagem.

Esta seção dá continuidade às maldições declaradas pelas seis tribos em pé no Monte Ebal após Israel entrar na terra de Canaã (Deuteronômio 27:13). Moisés, aqui, continua o roteiro da cerimônia, como parte de suas instruções a Israel logo antes de entrarem na terra (Deuteronômio 27:1-13).

A desobediência de Israel faria com que eles sofressem grandemente nas mãos de seu Deus Susserano (Governante). Nesta seção, Moisés lista várias aflições que viriam sobre Israel quando não seguissem aos mandamentos de Deus. Essas aflições eram de natureza física e psicológica.

Moisés alerta Israel: O SENHOR os ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com coceira, dos quais não podereis ser curados (v. 27). A palavra “úlceras” (hebraico "sheḥîn") parece se referir a um tipo de inflamação da pele (Levítico 13:18). O SENHOR infligiu essa doença aos egípcios na sexta praga (Êxodo 9:8-12). Aqui, Deus ameaça ferir a Israel com essa mesma doença caso eles não obedeçam a Seus mandamentos. Além das úlceras, Deus também feriria Israel com “tumores” (hebraico "’ōpel", um espessamento do tecido - possivelmente hemorróidas), “sarna” (hebraico "gārāb", erupções cutâneas crônicas) e “coceira” (hebraico "ḥeres", uma doença que causa a saída de fluídos do corpo). Embora os significados exatos desses termos não sejam sólidos, todos se referem a várias doenças de pele das quais Israel não seria curado.

A próxima aflição envolvia doenças de natureza psicológica: O SENHOR te ferirá de loucura, e de cegueira, e de desnorteamento de espírito. A “loucura” (hebraico "shiggā’ôn") referia-se a um estado de insanidade ou doença mental. Embora a “cegueira” (hebraico "‘iwwārôn") significasse literalmente a perda de visão, neste caso o termo é provavelmente usado figurativamente para se referir a estar desorientado. O “desnorteamento” (hebraico "timmāhôn") do espírito refere-se à confusão da mente (Zacarias 12:4). Em termos modernos, essas doenças podem ser abrangidas dentro do termo "saúde mental".

Como resultado, os israelitas andariam apalpando ao meio dia (v. 29), tentando encontrar o caminho assim como o cego tateia nas trevas (Jó 5:14). O meio-dia é o momento do dia com a maior quantidade de luz solar. Porém, eles apalpariam ao meio-dia, porque nenhuma quantidade de luz lhes mostraria o caminho. Isso provavelmente se refira ao grau de confusão mental ao que eles seriam acometidos.

Paulo descreve uma progressão semelhante àqueles que escolhem andar contra os caminhos de Deus, ou seja, os caminhos da injustiça. Em Romanos 1:24, 26, 28, Paulo apresenta uma progressão da ira de Deus sobre a injustiça. Ele diz que Deus nos entrega à nossa própria destruição. A progressão começa quando decidimos seguir aos nossos próprios desejos; então, nos tornamos escravos deles. A última etapa dessa progressão é uma "mente depravada" que não consegue mais discernir o que é bom ou verdadeiro. Provavelmente seja isso que temos aqui, ou seja, a idéia de que os israelitas desobedientes submergiriam a um estado no qual apalpariam ao meio-dia.

Eles perderiam a perspectiva e não seriam capazes de pensar claramente sobre qualquer coisa, e assim não prosperariam em seus caminhos. A cegueira espiritual também os deixaria vulneráveis à opressão e ao roubo contínuos, sem ninguém para salvá-los. Isso eventualmente levaria Israel ao fracasso total. Tal confusão, fracasso e vulnerabilidade provavelmente os levariam a uma perda completa de esperança, especialmente diante do fato de que ninguém os ajudaria.

Os versículos anteriores descrevem o caos na sociedade israelita. No versículo 30, o SENHOR enfatiza que o caos afetaria a vida no lar também. Aqui, um homem israelita poderia se comprometer com uma esposa, mas outro homem a violaria (v. 30). Ele poderia construir uma casa, mas não viveria nela. Ele poderia plantar uma vinha, mas não desfrutaria de seus frutos. Isso deixa claro que quando Israel abandonasse aos caminhos de autogoverno de Deus e se afastasse de amar ao próximo como a si mesmos, eles afundariam na exploração mútua. Famílias seriam destruídas pela infidelidade. Mulheres seriam exploradas. Propriedades seriam saqueadas. Na medida em que Israel afundasse em uma cultura onde os fortes exploram aos fracos, a prosperidade proveniente da cooperação mútua na sociedade se desfaria e a sociedade se desmoronaria cairia em trevas.

Isso também seria verdade para o gado de Israel. Os poderosos começariam a tomar o gado daqueles que não poderiam resisti-los. Moisés declara ao povo: O teu boi será morto diante dos teus olhos, e não comerás dele; o teu jumento será arrebatado diante de ti e não te será restituído; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve. O boi e o jumento eram essenciais para o trabalho na fazenda e eram considerados riquezas naquela época.

Esta maldição impediria que os israelitas desfrutassem de sua própria prosperidade, pois esses animais valiosos seriam dados a outras pessoas. Isso removeria todo o incentivo para o trabalho, pois as pessoas perceberiam que os frutos de seu trabalho seriam explorados por outros. Assim, a nação afundaria na pobreza.

O boi era um animal doméstico de grande porte usado para trabalhos agrícolas, como arar a terra, conforme indicado em Deuteronômio 22:10. Ele era usado para transportar cargas. O jumento era um animal de carga, usado para transportar tanto bens como pessoas (Gênesis 22:3-5; Êxodo 4:20; 23:12; 1 Samuel 25:20). As pessoas perderiam sua produtividade no trabalho, já que seus bens seriam explorados por outros.

A ovelha também era um animal doméstico e constituía a principal riqueza e meio de subsistência dos agricultores na antiguidade, fornecendo alimento para comer e leite para beber. O povo de Deus veria seus inimigos matar seus bois, mas não comeria sua carne. Assim, eles enfrentariam uma qualidade de vida miserável, chegando até mesmo a enfrentar a fome. Além disso, não haveria ninguém para salvá-los.

Além de perderem seus animais, os israelitas perderiam seus filhos e seriam impotentes para fazer qualquer coisa a respeito. Moisés diz a eles: Teus filhos e tuas filhas serão entregues a outro povo, os teus olhos o verão (v. 32). Eles também experimentariam a dor de serem separados de seus filhos e desfalecerão de saudades todo o dia. Os israelitas procurariam em vão por seus filhos, pois seus inimigos os levariam embora. Mais uma vez, não haveria nada que pudessem fazer. Os fortes explorariam aos fracos, sem consideração pelos laços familiares.

Eles também seriam oprimidos e esmagados continuamente por um povo que não conheciam (v. 33). Um povo (ou “nação”) com quem os israelitas nunca tiveram qualquer relação iria consumir os frutos da terra e todo o trabalho deles. Além do roubo do gado no versículo 31, ter suas colheitas devoradas pelos inimigos também causaria fome e mais dificuldades. Seus inimigos se banqueteariam e desfrutariam de suas conquistas à custa dos israelitas. As ações desses inimigos enlouqueceriam a Israel, pois eles nunca seriam outra coisa, senão oprimidos e esmagados continuamente.

Testemunhando o colapso do mundo ao seu redor dia após dia, os israelitas seriam levados à loucura (veja o versículo 28) pela visão daquilo que presenciam (v. 34). Eles perderiam a clareza mental na medida em que testemunhassem e experimentassem todas as aflições que se abateriam sobre eles. Tudo isso aconteceria se eles se recusassem a obedecer a seu Deus Susserano e deixassem de cumprir sua palavra em honrar ao pacto que jhaviam feito com Ele (Deuteronômio 26:17).

Mais uma vez, Moisés menciona que o Senhor Soberano atingiria Israel com feridas dolorosas nas pernas e nos joelhos (versículo 35), a mesma doença vista na sexta praga no Egito (Êxodo 9:9-10). Até mesmo andar seria doloroso, pois essas feridas dolorosas surgiriam nos joelhos e nas pernas. Além disso, para aumentar sua miséria, seria impossível curá-las. Seria tão grave que as feridas afetariam a todo o corpo da pessoa, desde a sola dos pés até o topo da cabeça.

Nos dois últimos versículos desta seção, o Senhor declara que também enviaria Seu povo da aliança para o exílio: Jeová te levará a ti e ao teu rei que tiveres estabelecido sobre ti a uma nação que não conheceste, nem tu, nem teus pais (v. 36). Os transgressores da aliança de Deus voltariam à escravidão e ao exílio, assim como haviam experimentado no Egito. E ali servirás a outros deuses, que eram sem vida porque eram feitos de pau e pedra. Seriam obrigados a fazer ofertas a eles como forma de prestar homenagem. No entanto, esses deuses inanimados não seriam capazes de ajudá-los.

Como resultado de todas essas maldições, Israel seria levado a um estado muito baixo e, aos olhos de outros povos, se tornaria um horror (v. 37). Isso seria o oposto do status de Israel caso obedecessem à aliança (veja o versículo 13). Aqui, outras pessoas ficariam chocadas com sua condição. Eles se tornariam um provérbio porque seriam lembrados como aqueles que sofriam sérios maus-tratos nas mãos de outros. Pessoas de todos os lugares se lembrariam de Israel como aqueles que haviam sido seriamente vitimados e humilhados.

Por fim, os israelitas se tornariam motivo de zombaria entre todos os povos para onde o SENHOR os expulsasse. Isso significa que outros grupos de pessoas ridicularizariam a Israel. Eles seriam constante alvo de piadas.

Tudo isso foi estabelecido na cerimônia a ser realizada por toda a nação, para que compreendessem a gravidade de sua escolha, seja de seguir ou não aos caminhos da aliança estabelecida com seu Deus Susserano.

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