Add a bookmarkAdd and edit notesShare this commentary

Significado de Deuteronômio 29:22-28

O julgamento devastador do SENHOR sobre o povo e sobre a Terra Prometida serviria como um alerta às futuras gerações de israelitas.

A seção anterior tratou de um indivíduo ou grupo de pessoas caindo na idolatria e o julgamento do SENHOR sobre seu pecado, resultando em uma devastação completa (vv. 16-21). A presente seção descreve um momento em que a geração vindoura (v. 22), ou seja, os filhos que se levantarem depois de vocês, e o estrangeiro que vem de uma terra distante, falarão quando virem as pragas sobre a terra e as doenças com as quais o SENHOR a tem afligido.

Ao verem tudo isso, tanto os israelitas nativos como os estrangeiros ficariam perplexos com a razão da devastação da terra de Israel. Veriam que toda a sua terra é enxofre e sal, uma terra queimada, não cultivada e improdutiva, onde não cresce grama (v. 23). O enxofre era um mineral amarelo inflamável que produz grande calor. Podia ser encontrado na costa do Mar Morto. Era frequentemente usado para expressar a idéia de punição e destruição (Gênesis 19:24-25; Isaías 30:33; Ezequiel 38:22). Usado com sal, ele representava a destruição da fertilidade da terra.

Assim, o juízo de Deus seria uma completa reversão de Suas bênçãos. Deus havia prometido dar a Israel uma terra que manava leite e mel quando eles O obedecessem (Deuteronômio 28:16-18, 24, 38-40). No entanto, quando Israel caísse sob juízo, a terra não mais seria produtiva ou fértil. Seria um deserto em chamas, o que significa que seria completamente desprovida de toda a sua vegetação. Os agricultores não seriam capazes de plantar ou cultivar qualquer coisa no solo. Nem mesmo a grama cresceria nele. Isso indica que, além das consequências naturais de afundar na lama de uma cultura onde os fortes exploram aos fracos (como era exibido pelas nações vizinhas), Deus também derramaria maldições sobrenaturais. Neste caso, sobre a fertilidade da terra.

Como isso poderia acontecer a uma terra que o próprio SENHOR chamou de terra que mana leite e mel (Deuteronômio 6:3; 11:9; 26:9)?

A terra de Israel se tornaria como a destruição de Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, que o Senhor destruiu em Sua ira e em Sua fúria. Essas quatro cidades estavam todas localizadas no vale do Jordão. Em Gênesis 19, Sodoma e Gomorra foram destruídas pelo SENHOR por causa da maldade do povo:

Então, Jeová fez chover sobre Sodoma e sobre Gomorra enxofre e fogo, da parte de Jeová, desde o céu; subverteu aquelas cidades, e toda a planície, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da terra” (Genesis 19:24-25).

Embora o relato de Gênesis não afirme explicitamente que Admá e Zeboim foram destruídas naquele momento, outros versículos assumem que elas haviam sido incluídas na devastação (Deuteronômio 29:23; Oséias 11:8). Assim, o julgamento sobre Israel seria semelhante ao daquelas cidades. A maldição tornaria a terra desolada, não cultivada e improdutiva, o oposto de "uma terra que mana leite e mel".

Ao presenciarem toda essa devastação, todas as nações vizinhas a Israel diriam: Por que se houve Jeová assim com esta terra? Que significa o ardor desta grande ira? (v. 24). Estas perguntas surgiriam diante da destruição avassaladora da Terra Prometida.

A resposta (proveniente de uma parte não mencionada) declara que o SENHOR julgaria a Seu povo porque eles [os israelitas] abandonaram a aliança do SENHOR, o Deus de seus pais, que Ele fez com eles quando os tirou da terra do Egito (v. 25). O SENHOR deixa bem claro ao longo de Deuteronômio que a obediência à aliança feita com Israel ao tirá-los da terra do Egito traria bênçãos e a desobediência traria um julgamento devastador. Esta aliança fora foi feita no Horebe (Monte Sinai) e renovada e ampliada nas planícies de Moabe.

O Deus Susserano havia redimido a Israel e estabelecido uma relação de aliança com eles, na qual eles seriam Seus filhos e Ele seria o Seu Deus (Êxodo 6:7). Esta aliança adicional era a mesma nesse aspecto (Deuteronômio 29:1). Deus estabelece claramente quais seriam as consequências das escolhas do povo. E, então, Deus os deixaria escolher.

É importante notar que a escolha de Deus por Israel como Seu povo era incondicional, porque Ele os amava (Deuteronômio 4:37; 7:7). Os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis (Romanos 11:29). A Bíblia deixa claro que Israel é e sempre será o povo de Deus (Romanos 11:26). No entanto, as bênçãos de Deus dependiam de sua obediência à aliança com a qual haviam concordado. Era uma escolha deles.

Infelizmente, as gerações futuras em Israel se recusariam a viver como vassalos leais ao seu Deus Susserano. Eles servirão e adorarão outros deuses (v. 26). A palavra “adorar” (hebraico "shāḥâ") significa literalmente "curvar-se", um sinal de lealdade e reconhecimento da soberania. O fato de se curvarem diante desses deuses e oferecerem sacrifícios a deuses pagãos que eles não conheceram e que o Deus Susserano não lhes havia designado era um ato de desobediência ao primeiro mandamento da aliança (Deuteronômio 5:7).

Como resultado de sua deslealdade, a ira do Senhor se acendeu contra aquela terra, para trazer sobre ela todas as maldições escritas neste livro (v. 27). O comportamento ímpio de Israel, especialmente seu forte desejo pela idolatria, iria despertar a ira de Deus e Ele traria maldições sobre Seu povo da aliança, conforme está escrito no livro de Deuteronômio. O fato de estar na forma verbal no pretérito indicava a certeza de que isso aconteceria.

Além disso, esses observadores diriam: O Senhor os arrancou de sua terra com ira, fúria e grande indignação, e os lançou em outra terra, como acontece até hoje (v. 28). O verbo “arrancar” (hebraico “nātash”) geralmente se refere a tirar uma árvore ou planta do chão. Essa linguagem vívida descreve a forma como o povo de Deus seria capturado e levado a uma terra estrangeira. Eles seriam removidos com ira, fúria e grande ira da Terra Prometida e lançados em outra terra, o que significa que seriam exilados para outro lugar. Todas essas calamidades recairiam sobre Israel por causa de sua desobediência às leis da aliança de Deus.

1 Crônicas reconta a história de Judá e inclui uma análise sobre o motivo pelo qual Judá foi exilado da terra. É claramente afirmado que foi devido "à sua infidelidade" em cumprir à aliança de Deus (1 Crônicas 9:1). Deuteronômio acontece aproximadamente em 1445 a.C. (ver linha do tempo na barra lateral). O exílio de Judá para a Babilônia estava ainda cerca de 859 anos no futuro, pois o exílio de Judá é datado em 586 a.C.

A frase “como está neste dia” deve ser entendida do ponto de vista desses observadores futuros, em um momento em que esses eventos já teriam acontecido. Essa tensão profética deixa claro que Deus visitaria as escolhas de Israel, assim como a aliança estabelecia.

Select Language
AaSelect font sizeDark ModeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.