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Significado de Deuteronômio 31:9-13
Depois de apresentar Josué ao povo de Israel como o próximo líder e encorajá-lo a ser forte e corajoso para conduzir aos israelitas à Terra Prometida, Moisés volta sua atenção aos sacerdotes e anciãos de Israel. Algum tempo antes de sua morte, Moisés escreveu esta lei (v. 9), que certamente inclui Deuteronômio 5 a 26 ou possivelmente todo o livro. Após completá-lo, Moisés entregou-o aos sacerdotes, os filhos de Levi que carregavam a arca da aliança do Senhor.
A arca da aliança era uma caixa que continha as duas tábuas com os Dez Mandamentos. Ela ficava dentro do tabernáculo (Êxodo 25:10-16; Deuteronômio 4:13). Os sacerdotes eram aqueles que adoravam ao Senhor e ofereciam sacrifícios a Ele, além de pronunciar bênçãos sobre o povo de Israel (Deuteronômio 10:8; 2 Crônicas 29:11; Ezequiel 44:15). Os sacerdotes e os filhos de Levi constituíam a liderança espiritual de Israel.
Moisés também entregou a lei a todos os anciãos de Israel. Os anciãos eram homens conhecidos e respeitados, servindo como autoridades em suas respectivas comunidades (Deuteronômio 1:13). Os anciãos constituíam a liderança política e cívica de Israel. Tanto os líderes espirituais quanto os líderes políticos eram responsáveis por cumprir a lei. A implicação era a de que eles deveriam liderar a Israel de acordo com as palavras da lei, que era parte integral da aliança/tratado que o Deus Yahweh havia feito com Seu povo (Êxodo 19:7-8). A essência do tratado era que se o povo servisse uns aos outros, amando ao próximo como a si mesmos, eles seriam grandemente abençoados; porém, se vivessem explorando uns aos outros (como as culturas pagãs faziam), eles seriam amaldiçoados (Deuteronômio 30:15-20).
Moisés entrega a lei aos sacerdotes e aos anciãos para que a guardassem e a fizessem uso dela, mas especificamente ordena que eles a lessem diante de todo o Israel, para que todos ouvissem (v. 10). A lei não deveria ser um conhecimento secreto usado pelos líderes de Israel para coagir e controlar. Ela deveria ser algo que o povo de Israel pudesse aplicar individualmente, todos os dias (Deuteronômio 6:4-9). A lei de Deus deveria ser honrada e obedecida por Israel como comunidade e como nação.
Os líderes deveriam recitar a lei (o documento da aliança) em reuniões públicas ao final de cada sete anos, ou seja, no ano da remissão das dívidas. Isso se referia ao sétimo ano, o "ano sabático", o período designado como o "ano de remissão das dívidas" (Deuteronômio 15:1-9). A cada sétimo ano, cada credor deveria perdoar às dívidas e liberar a pessoa que lhe devia o dinheiro. Além disso, os credores não deveriam deixar de conceder empréstimos que ajudariam a pessoas em situação de pobreza apenas porque o ano da remissão estava se aproximando (Deuteronômio 15:9).
Neste sétimo ano, quando as dívidas deveriam ser perdoadas, a leitura da lei aconteceria na Festa dos Tabernáculos, um festival de sete dias que começava após o processamento do grão e das uvas, após serem colocados em recipientes e armazenados (Deuteronômio 16:13). De acordo com Levítico 23:33-44, esta celebração começava no décimo quinto dia do sétimo mês (chamado Tisri), correspondendo aproximadamente ao mês de outubro em nosso calendário solar (Levítico 23:34). Clique aqui para ler nosso comentário sobre a Festa dos Tabernáculos (Tendas).
A razão para se ler a lei na Festa dos Tabernáculos era porque todo Israel estaria reunido diante do Senhor, seu Deus, no lugar que Ele escolheu (v. 11). Neste momento, Israel ainda estava do lado leste do rio Jordão e ainda não havia cruzado em direção à terra prometida. Nesse ponto, o Senhor ainda não havia escolhido o lugar onde Israel se reuniria. O lugar inicial que Deus escolheria seria Siló (1 Samuel 1:3). Por fim, Deus escolheria Jerusalém. O propósito da festa era ser uma celebração alegre no auge do ano agrícola para agradecer a Deus em antecipação ao novo ano (Levítico 23:39-43).
Enquanto estivessem no santuário central, os sacerdotes e os anciãos reuniriam o povo, homens, mulheres, crianças e também o estrangeiro que estivesse em suas cidades (v. 12). O estrangeiro se referia aos não-israelitas que faziam de Israel sua morada permanente. Uma vez que muitos estrangeiros residiam em Israel, eles também deveriam ser incluídos na reunião pública.
O propósito dessa reunião, ao final de cada sete anos, na Festa dos Tabernáculos, era o de lembrar à comunidade da aliança sobre suas obrigações para com a lei. Eles precisavam constantemente ouvir, aprender e temer ao Senhor, seu Deus. As três palavras - ouvir, aprender e temer - descrevem a relação do povo com seu Soberano. Ouvir implicava uma resposta obediente ao que havia sido dito. Aprender significava aumentar o entendimento de quem o SENHOR era e manter a perspectiva Dele para suas vidas. Temer significava ver o SENHOR com reverência suprema (e, em parte, temor). Temer ao SENHOR incluía crer em Sua palavra e que Ele executaria os juízos pronunciados contra aqueles que não seguissem Sua aliança.
Vale a pena refletir que uma parte substancial das consequências adversas de não obedecer a Deus é proveniente do princípio de causa e efeito. Uma versão do Novo Testamento sobre este tema pode ser encontrada em Romanos 1, onde Paulo afirma que a ira de Deus se derrama sobre aqueles que escolhem servir a seus próprios apetites carnais. Eles são entregues às suas próprias paixões, o que os leva à dependência e resulta na perda da capacidade de pensarem corretamente (Romanos 1:18, 22, 24, 26). Isso acontece no nível pessoal. Parece evidente que, em uma comunidade, quando todos amarem e servirem ao próximo como desejam ser amados e servidos, essa comunidade prosperará (Levítico 19:18). Por outro lado, se uma comunidade abraçar uma cultura de exploração dos mais fracos pelos mais fortes, é evidente que o resultado será a corrupção.
No entanto, é normal que essa percepção seja inicialmente ignorada pelos seres humanos. Frequentemente perdemos de vista que a gratificação adiada do nosso amor e serviço a outros é, na verdade, nossa melhor opção. As crianças não precisam ser ensinadas a ser egoístas, elas precisam ser ensinadas a compartilhar e cuidar dos outros. O ponto de partida para a sabedoria, onde descobrimos nosso verdadeiro interesse, é o temor do SENHOR (Provérbios 9:10). A leitura pública da lei encorajaria as pessoas a confrontar a realidade de que suas próprias escolhas determinariam se Israel seria abençoado ou amaldiçoado. Elas entenderiam que o SENHOR era seu Governante Soberano; Ele executaria Seus juízos com base na forma como eles tratassem uns aos outros. Como resultado do fato de temerem ao SENHOR, eles seriam cuidadosos em observar a todas as palavras desta lei.
A leitura da lei a cada sete anos também perpetuaria esses ensinamentos para seus filhos, que não conheciam tudo o que aquela geração havia aprendido através de suas experiências no deserto (v. 13). Ao recitar a lei da aliança a cada sete anos, as futuras gerações de israelitas ouviriam e aprenderiam a temer o Senhor, seu Deus, e isso deveria ser feito enquanto vivessem na terra que estavam prestes a possuir. A lei de Deus deveria ser abraçada por Israel em perpetuidade. Ela não havia sido projetada para uma única geração. Portanto, as gerações futuras precisariam ouvir e aprender as palavras da lei para temer a Deus enquanto vivessem na terra que Ele lhes havia dado. Deus deixa claro que se Israel parasse de seguir aos caminhos da lei e se tornasse explorador como as nações pagãs vizinhas, eles seriam "demitidos" de sua missão de serem uma nação sacerdotal que visava mostrar ao mundo um caminho melhor (Êxodo 19:6) e seriam exilados da terra (Deuteronômio 4:25-27).