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Significado de Deuteronômio 32:1-4
O Cântico de Moisés começa com o chamado de Moisés a que toda a criação fosse testemunha do que ele estava prestes a dizer. Ele diz: Dá ouvidos, ó céus, e deixa-me falar, e deixa a terra ouvir as palavras da minha boca (v. 1). Por causa de sua importância, os céus e a terra (uma figura de linguagem chamada “merismo”, significando toda a criação) são chamados a ouvir essas palavras, que servirão como testemunhas do que o Senhor Susserano tinha a dizer a Seu povo (Isaías 1:2). Esta convocação de testemunhas sustenta a idéia de que este poema foi proclamado em forma de processo judicial. Os céus e a terra servirão como testemunhas duradouras, testemunhas que sobreviverão muito depois de Moisés ou qualquer outra pessoa viva no momento em que o texto fosse proclamado.
O processo foi baseado no tratado Susserano-Vassalo feito com Israel. O tratado é uma aliança ou contrato entre Israel e Deus. A canção de Moisés é um testemunho relacionado a este tratado, pacto ou contrato.
Moisés queria que os israelitas deixassem seu ensinamento cair como a chuva e seu discurso como o orvalho (v. 2). A palavra “ensinar” (hebraico "leqaḥ", "doutrina") é usada frequentemente no livro de Provérbios (ver 1:5; 9:9; 16:21, 23). Assim, este ensino contém sabedoria. Sabedoria é a habilidade de viver efetivamente. Isso, juntamente com seu discurso, envolve tudo o que o SENHOR havia revelado a Moisés nos quarenta anos anteriores a respeito de Sua natureza e dos requisitos para Seu povo de aliança. O tratado de Deus com Israel especificava ações que lhes trariam benefícios na vida. No centro dele está a afirmação de Deus de que amar e cuidar do próximo resulta em comunidades prósperas e, portanto, a uma nação próspera, tanto espiritual quanto materialmente (Levítico 19:18).
Junto com a chuva e o orvalho (símbolos de bênção), Moisés queria que suas declarações fossem para o povo como as gotículas na grama fresca e como as chuvas na erva. Essas imagens transmitem a idéia de que Moisés queria que os israelitas acolhessem seus ensinamentos assim da mesma forma como a chuva ou mesmo o orvalho (chuva leve) eram recebidos pelos agricultores após um longo período de seca. O ensinamento de Deus é alimento para a alma humana. Assim como gotículas de água fazem com que a grama cresça e prospere, o mesmo acontece com os ensinamentos do Senhor repletos de sabedoria para a alma humana. Assim como as chuvas fazem com que a erva cresça e prospere, proporcionando cor, cura e alimento, o mesmo acontece com o ensino da sabedoria de Deus para a alma humana.
A mensagem de Moisés deveria ser recebida como gotículas na grama fresca ou chuvas caindo sobre a erva, ou seja, recebidas com gratidão, resultando em crescimento e prazer. Ele queria que seu público se alimentasse da mensagem da canção e a recebesse com a mesma avidez com a qual a grama ou a erva receberiam a umidade que dá vida.
De certa forma, Moisés se apresenta como uma testemunha do caráter do Senhor. Ele proclama ao povo o nome do SENHOR (v. 3). O nome de Deus aqui refere-se ao Seu caráter, conforme já revelado a Seu povo. A conexão que Moisés faz entre o nome do Senhor e a chuva e o orvalho tinha como objetivo mostrar ao povo que as bênçãos da vida vêm apenas quando eles seguissem aos caminhos definidos por seu Deus Susserano (Governante).
A aliança de Deus afirmava que as bênçãos fluiriam para eles caso eles se organizassem em torno do princípio de amar ao próximo como amavam a si mesmos (Levítico 19:18). Isso era senso comum, já que organizações altamente cooperativas sempre prosperam. Porém, nossa natureza humana caída busca que os outros se organizem para nos servir. Seguir ao temor do Senhor, honrando Seu nome, permite que os seres humanos deixem de lado o egoísmo e encontrem o caminho para sua maior bênção.
Por causa disso, o povo deveria atribuir grandeza a seu Deus. O seu Deus conhecia o caminho para o maior florescimento.
Moisés também descreve seu Deus Susserano (Governante) como a Rocha (v. 4). Esta é a primeira vez no Antigo Testamento que Deus é chamado de Rocha. Moisés usa essa expressão novamente mais tarde nos vv.15, 18, 30 e 31 deste capítulo. Isso retrata o SENHOR como um lugar de segurança, um refúgio (Salmo 18:2) e um alicerce confiável para Seu povo. Isso transmite às pessoas uma sensação de segurança. Eles sabiam que seu SENHOR estava a seu lado e cuidaria deles de todas as maneiras. Eles poderiam descansar sobre um alicerce firme, certos de que Seus caminhos eram caminhos de vida e paz.
Moisés descreve o que fazia desta Rocha, que era o SENHOR, um refúgio tão maravilhoso.
Primeiro, Sua obra é perfeita. A palavra “perfeito” (hebraico "tāmîm") traz a idéia daquilo que é irrepreensível, confiável e que tem integridade. O povo podia confiar que o SENHOR honraria Suas promessas e cumpriria aquilo que prometera a Seu povo de aliança, conforme registrado em Deuteronômio 4:44 até o capítulo 30.
Suas obras são perfeitas porque todos os Seus caminhos são justos. O caminho estabelecido por Deus para Israel em Sua aliança os levaria ao destino desejado, um lugar de prosperidade e florescimento. Como a grama verde e a erva frutífera, Seus caminhos levam a grandes benefícios. O cuidado e serviço ao próximo levam sempre à harmonia e ao benefício comunitários. Os modos pagãos de tirania das nações vizinhas levavam à exploração, morte e destruição humanas.
Em segundo lugar, Ele é um Deus de fidelidade, em quem não há injustiça. A palavra “fidelidade” (hebraico "ěmûnâ") enfatiza algo que é confiável, firme e certo. Pode ser traduzida como "verdadeiro" ou "ereto". Transmite a imagem dos braços fortes de um pai segurando um bebê pequeno. Na verdade, a primeira ocorrência desta palavra na Bíblia está em Êxodo 17:12 e refere-se às mãos de Moisés sendo erguidas e tornadas "firmes" ("ěmûnâ") por Arão e Hur, para que Israel pudesse prevalecer na batalha.
A expressão “em quem não há injustiça” (hebraico "wə'ên 'āwel", literalmente "não há injustiça") enfatiza Sua justiça e Sua completa falta de desonestidade. Em outras palavras, Ele é justo e reto. Na tradução grega do Antigo Testamento, o adjetivo traduzido aqui para o grego é "dikaios". A idéia grega de "dikaios" é de harmonia, onde todas as partes trabalham juntas para um propósito comum. A forma nominal "dikaiosune" também é frequentemente citada no Novo Testamento, aparecendo trinta e seis vezes apenas no livro de Romanos.
O verdadeiro significado de “dikaiosune” foi o principal ponto de investigação no clássico grego República de Platão. Na República, "dikaiosune" é traduzido como "justiça". O personagem-chave, Sócrates, conclui que a verdadeira natureza do "dikaiosune"/justiça é que cada pessoa em uma cidade-estado grega deveria fazer o melhor para o benefício mútuo de todos. Em sua carta aos crentes gentios em Roma, o apóstolo Paulo afirma algo semelhante: "dikaiosune" é um corpo onde todas as partes trabalham em harmonia para o maior benefício do corpo. (Sócrates e Paulo diferem apneas na natureza da cabeça do corpo; Sócrates afirma que a cabeça deve ser a dos reis e filósofos; Paulo afirma que é Jesus Cristo).
Deus é justo e Seus caminhos levam à justiça. Isso quer dizer que Deus é harmonioso em tudo o que criou e tudo o que Ele criou é bom (Gênesis 1:31). Tudo tem um propósito e o propósito de tudo é mutuamente benéfico. No entanto, devido à queda do homem, o pecado entrou no mundo. Portanto, agora, seres humanos precisam deixar de lado sua natureza caída e escolher seguir ao projeto original de Deus, a fim de restaurarem a harmonia de todas as coisas. Assim, esta canção estabelece um lembrete de que o caminho para se recuperar a harmonia e o florescimento humano é encontrado em seguir aos caminhos justos do Deus justo.