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Significado de Deuteronômio 32:15-18
Moisés continua a apresentar o Cântico de Moisés a ser cantado por Israel, buscando lembrá-los de sua aliança com Ele. Isso ocorre pouco antes do momento em que Moisés morreria e Josué conduziria o povo através do Jordão para a Terra Prometida.
Esta seção inicia a elaboração do segundo grande tema do poema, a saber, a rejeição de Israel ao Deus Susserano. O pai de Israel, Javé (o SENHOR), os abençoara em excesso, fornecendo-lhes leite, mel, gorduras de cordeiro, carneiros, frutas e óleo (vv. 13-14). No entanto, Israel havia demonstrado rebelião e desobediência em relação ao seu Deus Susserano. Assim, o imaginário aqui muda da excessiva provisão divina (vv. 13-14) para a excessiva rebelião humana.
Esta parte da canção inclui uma palavra profética sobre o futuro de Israel, no momento em que esta canção é apresentada a Israel. É afirmada no tempo pretérito para mostrar a certeza com que se concretizaria.
Começando com a conjunção "mas", visando tornar o contraste vívido, Moisés afirma: Mas Jeshurun engordou e chutou (v. 15). O termo “Jeshurun” ("ereto") é um nome carinhoso. É usado ironicamente para Israel aqui. Os israelitas deveriam ser retos porque pertenciam a um Deus Susserano (Governante) reto (v. 4). Porém, eles provaram que eram tudo, menos retos, porque viviam em contínua rebelião às estipulações da aliança de Deus. Os mandamentos de Deus eram para o seu bem, mas eles tolamente se recusavam a segui-los, para sua própria ruína.
O verbo “engordar” muitas vezes se refere à riqueza e à prosperidade, conforme visto em Neemias 9:25. Ele explica como o povo de Deus vivia em prosperidade e abundância depois que o Deus Susserano (Governante) os resgatou da escravidão no Egito para trazê-los à Terra Prometida. No entanto, o verbo é usado ironicamente tanto para se referir à riqueza de Israel quanto para descrever a falta de resposta de Israel (como um animal obeso) em relação à bondade do Senhor.
Assim, Jeshurun engorda e, em vez de ser grato e permanecer fiel à aliança, ele chuta a aliança. Embora o verbo "chutar" (hebraico "bā'aṭ") geralmente signifique literalmente golpear violentamente com o pé, aqui ele tem o sentido de desprezar algo (1 Samuel 2:29), abandonar o que é bom (Jeremias 2:17). Esta imagem mostrava que, embora Jeshurun tivesse engordado com a prosperidade, ele havia chutado (abandonado) ao Doador da prosperidade.
Moisés, então, dirige-se diretamente a Jeshurun, dizendo: Tu és gordo, grosso e elegante. Como que para enfatizar o fato de os israelitas terem se tornado insensíveis às bênçãos do Senhor, Moisés novamente os chama de gordos (hebraico "shāmēn"). O termo “grosso” (hebraico "'ābâ") é sinônimo do verbo "ser gordo". O termo “elegante” (hebraico "kāsâ", usado apenas aqui) significa literalmente "ser empanturrado de comida". Esses termos trazem a idéia de obstinação. Esses termos juntos descrevem o quão intensa havia se tornado a rebelião de Jeshurun, especialmente à luz das bênçãos do Senhor.
Uma vez que tudo isso faz parte do Cântico de Moisés, isso servia como um alerta para cada geração de que aquelas palavras estavam no futuro caso não dessem ouvidos ao SENHOR e não permanecessem gratos e obedientes aos Seus caminhos. Uma vez que entrassem na Terra, eles começariam a ser preguiçosos e esperar que os outros fizessem seu trabalho. Tornar-se-iam exploradores e deixariam de amar ao próximo. Isso espalharia as sementes de sua própria destruição.
Apesar de ser tão abençoado, ele (Jeshurun) abandonou ao Deus que o criou. “Abandonar” (hebraico "nāṭash") também pode ser traduzido como "largar" (Juízes 6:13), "partir" (Ezequiel 32:4) ou "negligenciar" (Isaías 32:14). A palavra implica a interrupção da realização de certas ações necessárias. No contexto da canção, a expressão do abandono de Deus por Jeshurun era por não ter cumprido Seus preceitos. No entanto, foi Deus quem havia feito Jeshurun (Israel) como uma nação, convidando a Israel para um relacionamento de aliança após o êxodo do Egito. Assim, Jeshurun violou aos termos da aliança de Deus ao deixar de cumprir seus deveres para com o Deus Susserano (Governante). Como resultado, Israel havia escolhido receber as provisões de maldição da aliança, conforme pré-estabelecido. Essas disposições de maldição haviam sido estabelecidas apenas alguns capítulos antes (Deuteronômio 27:11-26).
Além de abandonar a seu Deus, Jeshurun desprezou a Rocha de sua salvação. O verbo traduzido como "desprezar" (hebraico "nābal") significa "tratar como um tolo" ou "consideração sem sentido". Assim, em vez de honrar a seu Deus Susserano (Governante) por Sua generosidade e amor, os israelitas O trataram com desprezo, ignorando todos os Seus princípios da aliança. No entanto, o Deus Susserano era a Rocha da salvação de Israel. Simplificando, o SENHOR, Aquele que havia libertado a Israel e servido como Rocha, fornecendo refúgio a eles, foi tratado como sendo sem sentido e tolo. Por isso, voltaram-se para seus próprios caminhos, que eram caminhos autodestrutivos.
Apesar de todas essas coisas boas que Deus havia providenciado para Israel, eles se afastaram Dele e O fizeram ciumento de deuses estranhos (v. 16). Em vez de seguirem a todas as leis de Deus e serem abençoados, os israelitas juraram fidelidade a deuses estranhos (literalmente "coisas estranhas") e, com abominações, provocaram a ira do Deus Susserano. Os deuses estranhos lhes forneceriam a autoridade moral para as práticas pagãs de exploração, abuso e depravação humana (Levítico 18). No caminho pagão, os fortes sempre exploravam aos fracos. Ao adotar esses caminhos e abandonar o mandamento do Senhor de amar o próximo, Israel escolheu um caminho de destruição de sua cultura autônoma e prosperidade comunitária.
O versículo 17 descreve a natureza dessas abominações. Em vez de sacrificar ao Senhor, sacrificaram-se a demônios que não eram Deus (v. 17). A palavra demônios (hebraico "shēdîm") é usada apenas aqui e no Salmo 106:37 no Antigo Testamento.
Em outras palavras, os israelitas passaram a praticar a idolatria e a agir perversamente aos olhos de seu Senhor, sacrificando a outros deuses que não eram divindades, mas demônios que não eram Deus. No antigo Oriente Próximo em geral, deuses pagãos ou estrangeiros eram considerados como representantes de demônios. Geralmente, o fascínio pelos demônios vem com a promessa de receber o que queremos e de alcançar prazeres às custas dos outros (em outras palavras, exploração).
Os israelitas sacrificaram a deuses que não conheceram. Esses deuses não eram conhecidos porque não tinham nenhum relacionamento de aliança com eles. Isso contrastava fortemente com o Senhor, a quem eles conheciam havia muito tempo. No entanto, em vez de segui-Lo, confiando que Seus caminhos eram a melhor opção, os israelitas buscaram os caminhos de deuses que não conheciam.
Esses demônios incluíam novos deuses a quem os pais de Israel não temiam nem adoravam. Esta é provavelmente uma referência às divindades cananéias. Os pais provavelmente haviam adorado às divindades egípcias, além do Senhor. Eles, então, adicionaram as divindades dos povos que encontraram durante o êxodo. Agora, a geração que entraria na Terra Prometida lidaria com os deuses e deusas dos grupos que compunham os cananeus.
Geralmente, os ídolos são divindades que podem ser controlados, visando dar a seu adorador aquilo que ele deseja. Tal divindade fornece autoridade moral para comportamentos imorais. O problema disso, é claro, é que, uma vez que uma sociedade inicia uma competição para ver quem pode explorar a quem, esta sociedade cai no caos. Deus julgou o mundo com um dilúvio porque ele havia se enchido de violência (Gênesis 6:11).
Finalmente, Moisés se refere a Israel diretamente e diz: Negligenciaste à Rocha que vos gerou e esqueceste o Deus que vos deu à luz (v. 18). O verbo "negligenciar" (hebraico "tešî", usado apenas aqui) é sinônimo do verbo “esquecer” (hebraico "tiškaḥ") na segunda linha. Também pode significar "ignorar". Esses verbos descrevem a falta de compromisso de Israel com seu Deus Sussernao (Governante), que era sua Rocha. Em vez de seguirem ao Deus Susserano (Governante), a Rocha fiel e perfeita, os israelitas O negligenciaram, vivendo suas vidas de modo a negar sua aliança com Ele. Ao fazerem isso, eles ignoraram Sua existência e Sua benevolência para com eles. A ingratidão de Israel fez com que ignorassem a Rocha que os gerou e os deu à luz em favor de deuses insignificantes que eles não conheciam.
Novamente, no tempo de Moisés, tudo isso era profético, anunciado no tempo pretérito para mostrar a certeza de seu cumprimento. Cada geração que cantasse este Cântico de Moisés seria lembrada de que poderia ser a geração que cairia nessa armadilha da indiferença agnóstica e colheria as consequências adversas de suas próprias ações.
Assim, pagariam caro por sua apostasia. Eles escolheriam uma sociedade inclinada à exploração em vez do amor ao próximo e, ao fazê-lo, semeariam sua própria destruição.