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Significado de Deuteronômio 32:23-27
Moisés continua a apresentar o Cântico de Moisés a ser cantado por Israel, visando lembrá-los de sua aliança com Deus. Isso ocorre pouco antes do momento em que Moisés morreria e Josué conduziria ao povo através do Jordão para a Terra Prometida.
Após condenar a Israel por abandoná-Lo (vv. 19-22), o SENHOR se volta do símbolo do julgamento com fogo à imagem de um guerreiro, buscando explicar como Seu julgamento seria realizado. Ele começa dizendo: Eu amontoarei infortúnios sobre eles; Usarei as Minhas flechas sobre eles (v. 23). O verbo "amontoar" (hebraico "sāpâ") significa "multiplicar" ou "empilhar". O termo “infortúnios” (hebraico "rā'ōwṯ") pode ser traduzido como "maldade" ou "mal" (Gênesis 6:5). Aqui, é melhor traduzido como "miséria" ou "calamidades" trazidas pelo Deus Susserano pela desobediência do povo, de acordo com os termos do tratado que Israel havia concordado em seguir (Êxodo 19:8), poprém agora havia quebrado.
Para implementar isso, o SENHOR diz que usaria Minhas flechas sobre eles. Como Seu povo de aliança O havia rejeitado em favor de deuses falsos e insignificantes (Deuteronômio 32:15-18), eles seriam vítimas de Suas flechas. Pelo fato de haverem abandonado ao mandamento de Deus de amar ao próximo e, ao invés disso, se afundado nos caminhos pagãos de exploração, Deus os julgaria assim como havia julgado aos cananeus por sua iniquidade. A forma dessas flechas é descrita no versículo seguinte.
Os israelitas experimentariam as flechas do Senhor como sendo lançadas pela fome e consumidas pela peste (v. 24). A fome seria causada por plantações destruídas por mau tempo ou alguma outras catástrofes naturais. Essas mudanças climáticas causariam colheitas ruins, levando à falta de alimentos (Gênesis 41:29-31; 2 Reis 4:38). Como tais condições eram muitas vezes imprevisíveis, o povo de Deus entendia a necessidade de confiar em seu Deus Susserano (Governante) para suprir suas necessidades (Salmos 33:18-19; 37:19). Neste caso, a ausência da fome era uma bênção do SENHOR (Ezequiel 34:29).
Aqui, a fome é uma das flechas que o Rei-Guerreiro promete usar contra Seu povo do pacto caso desobedecessem a Seus preceitos (Deuteronômio 28:48). Este foi "o acordo" com o qual Israel havia concordado. A primeira geração havia concordado (Êxodo 19:8). Então, Deus reafirma a aliança a esta segunda geração que ouvia ao discurso de Moisés, um trecho compreensivo do livro de Deuteronômio. Eles haviam ratificado o tratado (Deuteronômio 26:17). Portanto, esses julgamentos de Deus seriam necessários e esperados, pois Deus guarda Sua palavra, embora seja rico em misericórdia e lento para se irritar (Êxodo 34:6).
A palavra “peste” (hebraico "reshep") é traduzida como "pestilência" em outras traduções. Além disso, é o nome do deus da peste na literatura ugarítica. Ugarite era uma cidade portuária cananéia ao norte de Israel, no que hoje é a Síria. Assim, pode se aplicar à destruição dos inimigos. Também pode potencialmente aplicar-se a ataques de forças demoníacas.
Segue-se a destruição amarga, uma referência a epidemias ou desastres naturais. A palavra “destruição” (hebraico "Qeṭeb") pode referir-se aos danos causados pelas pestes. Não apenas as maldições causadas a Israel pela exploração uns dos outros viriam de consequências naturais por conta da remoção da proteção de Deus - o SENHOR também permitiria que desastres naturais acontecessem sobre eles (novamente, em linha com o pacto do tratado no qual Israel, como vassalos, havia entrado com Deus, o Governante Susserano). Isso estava de acordo com as maldições para a desobediência em Deuteronômio 28:21-22. Este Cântico de Moisés deveria servir como lembrete dos termos com os quais Israel havia concordado em seguir.
Além disso, o SENHOR enviaria os dentes de bestas com o veneno para destruir a Israel. Esses termos se referem aos animais selvagens, como leões, ursos e cobras venenosas. Esses eram os animais enviado pelo Deus Susserano para prejudicar ou matar Seu povo de aliança como punição por violarem Suas leis, de acordo com os termos do pacto com o qual o povo havia concordado (Deuteronômio 28:15-68).
Descrevendo o alcance de Seu castigo, o SENHOR agora diz: Fora, a espada se enlutará, e dentro, o terror (v. 25). Os termos “fora” e “dentro” (um merismo inferindo a totalidade de tudo o que há entre eles) implicam que o julgamento de Deus ocorreria em todos os lugares - tanto nas ruas quanto nas casas das pessoas. A palavra “enlutar” (hebraico "Shākal") é muitas vezes traduzida como "ficar sem filhos". Dada a importância de terem filhos que carregassem o nome de família na sociedade israelita, esta era uma consequência especialmente ameaçadora.
Paralelo a isso, estavam os que seriam tomados pelo terror em suas casas. A palavra “terror” (hebraico "êmâ") tem a conotação de pavor avassalador (ver Provérbios 20:2). O julgamento de Deus incluiria tanto o jovem quanto a virgem, a mãe que amamenta como o homem de cabelos grisalhos. Este é também um merismo indicando que ninguém seria poupado, de jovens a velhos, todos. Mais uma vez, esta estrofe é um lembrete das disposições do pacto com o qual o povo havia concordado. Era um lembrete de que eles escolheriam as consequências, bem como uma exortação a que escolhessem sabiamente.
Nos dois últimos versículos desta seção, o SENHOR lembra a Israel de que havia revertido Sua decisão de acabar com toda a nação de Israel. Ele diz que os cortaria em pedaços e removeria a memória deles dos homens (v. 26) porque eles haviam agido corruptamente em relação a Ele (ver v. 6). Sua intenção era a de aniquilar a Seu povo sem fé da face da terra. Isso é abordado anteriormente no Deuteronômio, quando Moisés intercede junto a Deus. Deus pausa Seu desejo de destruir Israel e começar de novo para cumprir Suas promessas a Abraão, Isaque e Jacó por meio de Moisés (Deuteronômio 9:13-14).
O SENHOR afirma que teria acabado com o Seu povo se não temesse a provocação do inimigo (v. 27). Isso faria com que as outras nações interpretassem mal o que estava acontecendo. Esta foi a essência da oração intercessória de Moisés a Deus, pedindo-lhe que cedesse à destruição de Israel. Moisés argumenta que o Egito e as nações vizinhas interpretariam mal e pensariam que Deus não era capaz de libertar (Êxodo 32:11-14).
Assim, Deus cede porque as nações estrangeiras (os adversários de Israel) julgariam mal a situação e concluiriam que sua mão é triunfante, e o Senhor não fez tudo isso. A partir de sua perspectiva, eles pensariam que seus exércitos eram superiores aos exércitos de Israel e seus deuses superiores ao Deus de Israel. Assim, Israel é convidado a recordar que escaparam por pouco da destruição e a prestar atenção à advertência de andar em obediência a Deus e seguir aos mandamentos da aliança com a qual haviam concordado.
Javé havia decidido mostrar grande compaixão, graça e misericórdia a Israel, vontando Sua ira contra seus inimigos. O Deus de Israel não permitiria que o inimigo triunfasse ou julgasse mal Suas ações porque Ele não daria Sua glória a outros deuses insignificantes ou Seu "louvor a imagens gravadas" (Isaías 42:8). No entanto, este Cântico de Moisés deixa claro que Deus acabaria por manter os termos da aliança e Israel colheria o que semeasse.