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Significado de Deuteronômio 33:13–17

Moisés pronuncia bênçãos sobre a tribo de José (Efraim e Manassés).

Moisés continua o poema de bênção sobre Israel iniciado em Deuteronômio 33:1. Depois de abençoar a Benjamim, Moisés volta-se para José, o primeiro filho biológico de Raquel com Jacó (Gênesis 30:22-25). Como Raquel havia sido a esposa escolhida por Jacó, a desejada por ele, pode ser que o casaco de muitas cores de José representasse a escolha de Jacó para receber a herança de primogenitura do mais velho, dando a ele o direito de governar sua família. As bênçãos que Moisés pronuncia sobre José (especificamente, as duas tribos de seus filhos Efraim e Manassés) estão divididas entre um pedido por prosperidade material a partir dos produtos da terra (v.13-16) e por poder militar (v.17).

A oração de Moisés aqui é: Bendita do SENHOR seja a sua terra (v.13). Isso se refere à prosperidade material e à fertilidade que ele desejava que viesse a José.

Moisés ora para que esta prosperidade fosse multiplicada com as coisas escolhidas do céu, com o orvalho e do fundo do poço. A frase “coisas escolhidas” traduz a palavra hebraica "meged", que significa "o melhor", "mais precioso" ou "escolhido" e é usada cinco vezes nos v. 13-16. Seu desejo era de que Deus enviasse o orvalho de debaixo da terra (e a chuva do céu) para permitir que as plantações de José crescessem.

Além disso, Moisés pede que a terra de José fosse abençoada com o melhor (hebraico "meged", como no v.13) do sol e com o melhor dos meses (v.14). A palavra hebraica traduzida como “meses” significa literalmente "luas" e se encaixa bem no paralelismo aqui. De fato, tanto o sol quanto a lua se relacionam com as estações do ano, permitindo que as lavouras cresçam em vários momentos do ano. Basta dizer que o sol e a lua serviriam como agentes para fazer com que a produção de José crescesse durante os meses.

Além disso, a terra de José deveria ser abençoada com as melhores coisas das montanhas antigas, e com as coisas escolhidas  (hebraico "meged" como no v.13) das colinas eternas (v.15). Os produtos das montanhas e das colinas eternas (que caracterizam a terra das tribos de José, Efraim e Manassés, no meio de Canaã) incluiriam coisas como madeira, pedra e metais, como cobre (Deuteronômio 8:9). Todos esses produtos abundantes fariam parte das bênçãos de José.

Essas bênçãos viriam dos céus (o sol e a lua) ou das montanhas e colinas. José (Efraim e Manassés) também deveria ser abençoado com o melhor das coisas  (hebraico "meged" como no v.13), da terra e sua plenitude (v.16). Ele receberia presentes de todos os habitantes da terra.

O texto deixa claro que a fonte de todas essas bênçãos era o próprio Deus, aquele que habitou na sarça, uma referência ao SENHOR aparecendo a Moisés na sarça ardente em Horebe (Sinai) (Êxodo 3:1-6). Este Deus mostraria favor (hebraico "rāṣôn", "boa vontade") a José, fazendo com que suas tribos (Efraim e Manassés) se tornassem prósperas. Usando imagens impressionantes, Moisés ora para que todas essas bênçãos materiais viessem à cabeça de José e à coroa da cabeça daquele que se distinguia entre seus irmãos. Isso é semelhante ao que Jacó orou, ou seja, que o SENHOR fizesse dessas bênçãos uma coroa na cabeça de José, mostrando seu domínio sobre as outras tribos (Gênesis 49:26). Isso provavelmente se refira ao status de José como líder sobre os outros irmãos, como o aparentemente escolhido de Jacó (através do casaco de muitas cores), conforme ocorreu enquanto ainda habitavam no Egito (Gênesis 45-47).

Além da prosperidade de José, Moisés ora para que José fosse forte militarmente. Ele pede ao Senhor que o fizesse como o primogênito de seu boi (v.17) tendo majestade, e que seus chifres fossem os chifres do boi selvagem para empurrar os povos de uma só vez, até os confins da terra. O boi (ou boi selvagem) era um grande animal domesticado usado essencialmente para trabalhos agrícolas, como arar a terra (Deuteronômio 22:10). Era usado para transportar cargas e como símbolo de fertilidade e força (Números 23:22). O termo chifre também é usado aqui metaforicamente como "força". José se tornaria, assim, forte para lutar contra seus adversários até derrotá-los.

A referência aos chifres do boi selvagem tem a ver com a ação militar contra outras nações (povos), que empurram os povos todos de uma vez, para os confins da terra. Este pode ser um retrato da conquista de Canaã por Josué, um efraimita (1 Crônicas 7:22-27). A palavra hebraica traduzida como "terra" é mais frequentemente traduzida como "solo". E a expressão "tudo de uma vez" também pode ser traduzida como "juntos". Assim, a frase empurrar os povos todos de uma vez, para os confins da terra era provavelmente um pedido de oração para que as tribos de José ocupassem rapidamente seu território e empurrassem quaisquer ocupantes restantes para além de suas fronteiras em uma única operação.

Para acrescentar a esse quadro de força, Moisés se refere aos dez mil de Efraim, e esses são os milhares de Manassés. Efraim e Manassés eram os dois filhos de José (Gênesis 48:14-20). Embora Manassés fosse o mais velho, Efraim tornou-se o filho proeminente e a tribo dominante no reino do norte ao longo do tempo. É por isso que os dez mil são associados a Efraim e os milhares são ligados a Manassés. Os números (que representam grandes números) provavelmente se referem à grandeza ou magnitude dessas tribos (Gênesis 48:19-20).

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