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Significado de Deuteronômio 4:1-4

Moisés exorta aos israelitas a serem leais a Deus, lembrando-os do incidente em Baal-Peor, onde 24.000 deles morreram por causa da idolatria.

Depois de rever a história de Israel em sua jornada do Monte Horebe (Monte Sinai) até as planícies de Moabe (1:1 - 3:29), Moisés exorta o povo enquanto se preparava para entrar em Canaã. O capítulo começa com a palavra "Agora", sugerindo que ela é resultado dos capítulos anteriores. Dito de outra forma, a palavra "Agora" apresenta a lição que o autor vai trazer sobre a narrativa histórica. Era necessário que Moisés revisasse as experiências passadas de Israel para lembrá-los da fidelidade de Deus, bem como de seus acertos e erros, antes de entrarem na Terra Prometida. Tal lembrete serviria como lição para ensiná-los a maneira correta de agradar seu parceiro de aliança, o Susserano Yaweh, a fim de aproveitarem a vida na terra como vassalos leais.

Moisés começa chamando os israelitas para ouvir os estatutos e os juízos que ele estava prestes a ensinar-lhes. O verbo traduzido como "ouvir" (shema, em hebraico) descreve tanto a atividade mental de ouvir (ouvir) quanto seus efeitos. Em outras palavras, ouvir é sempre seguido de obedecer ao que é dito. Na verdade, a Bíblia equipara ouvir a obedecer e guardar os mandamentos de Deus. Isso explica o argumento de Tiago:

"Provai-vos cumpridores da palavra, e não meros ouvintes que se iludem. Pois se alguém é ouvinte da palavra e não realizador, é como um homem que olha para o seu rosto natural no espelho; pois, uma vez que ele olhou para si mesmo e foi embora, ele imediatamente esqueceu que tipo de pessoa ele era. Mas aquele que olha atentamente para a lei perfeita, a lei da liberdade, e a cumpre, não tendo se tornado um ouvinte esquecido, mas um cumpridor eficaz, este homem será abençoado no que faz" (Tiago 1:22-25).

Moisés sabia que era importante para os israelitas serem cumpridores da palavra e não apenas ouvintes. Por isso, ele os exorta a obedecer aos estatutos e aos juízos que os ensinava. As palavras "estatutos" e "juízos" são usadas aqui como sinônimo dos mandamentos de Deus. No entanto, cada uma tem um significado distinto. O termo "estatutos" ("ḥuqqîm", em hebraico) refere-se a algo prescrito, como uma ordenança. Como tal, pode ser traduzida como "prescrições" ou "decretos". O segundo termo ("mišpāṭîm") refere-se a procedimentos legais, ou ordens emitidas por um juiz. Moisés faz uso desses dois termos juntos para enfatizar a importância da obediência a todo o decreto de Deus. O propósito de obedecer era para que os israelitas vivessem, entrassem e tomassem posse da terra que o Senhor, o Deus de seus pais, lhes estava dando. Moisés enfatiza que a dádiva da terra estava diante do povo porque foi algo prometido a eles por meio da aliança incondicional entre Deus e Abraão (Gênesis 12Gênesis 15). No entanto, a submissão fiel ao parceiro da aliança era necessária para viverem bem na terra e desfrutar de todos os seus privilégios.

No versículo dois, Moisés adverte os israelitas a não acrescentarem à palavra que lhes ordenava, nem tirarem dela, para que guardassem os mandamentos do Senhor, seu Deus. Os israelitas precisavam seguir a lei de Deus de todo o coração, porque ela é perfeita e imutável (Salmos 19:7-9). Era preciso integridade para obedecê-las. Esse tipo de arranjo - não acrescentar nem subtrair as estipulações - era comum nos antigos tratados do Oriente Próximo, onde apenas o susserano (governante) definia suas expectativas. O vassalo só podia concordar com os termos e cumpri-los. Isso explica por que, ao receber os mandamentos de Deus no Monte Sinai, os israelitas responderam: "Tudo o que o SENHOR falou nós faremos!" (Êxodo 19:8).

Nos versículos 3-4, Moisés lembra os israelitas do trágico incidente em Baal-Peor, um lugar ao qual ele havia aludido anteriormente em Deuteronômio 3:29. Neste incidente, registrado em Números 25:1-9, aprendemos sobre o envolvimento de Israel no pecado sexual e na adoração de ídolos com as filhas de Moabe. Os versículos 1-2 afirmam: "Enquanto Israel permanecia em Sittim, o povo começou a tocar a meretriz com as filhas de Moabe. Porque convidaram o povo aos sacrifícios de seus deuses, e o povo comeu e se curvou aos seus deuses." Consequentemente, todos os que participaram do culto a Baal-Peor morreram por uma praga; 24.000 no total. Moisés lembra aos israelitas que seus olhos viram o que o SENHOR fez no caso de Baal-Peor, pois todos os homens que seguiram Baal-Peor, o SENHOR, seu Deus, os destruiu do meio do povo. Mas, aqueles  que se apegaram ao SENHOR foram preservados e ainda estavam vivos no momento em que Moisés falava (Deuteronômio 4:4).

O verbo traduzido aqui como "apegar" significa basicamente "agarrar-se" ou "segurar-se a". Expressa proximidade emocional e lealdade. Moisés usa o mesmo verbo em Gênesis 2:24 para explicar como um homem deixa seus pais para "unir-se" à sua esposa e "tornar-se uma só carne". Com base no significado do verbo, podemos dizer com segurança que aqueles que se recusaram a violar a aliança de Deus o fizeram com base no amor e na lealdade a Deus. Em contraste, aqueles que se envolveram no culto pagão o fizeram por causa da infidelidade à aliança de Deus. Este incidente em Baal-Peor nos mostra a importância de nos submetermos aos mandamentos de Deus. As consequências negativas sempre seguem a desobediência às estipulações do pacto.

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