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Significado de Deuteronômio 5:28-33

O SENHOR aceita o pedido de Israel para que Moisés servisse como seu mediador. Então, Ele ordena a Moisés que inistrua o povo a voltar para suas tendas, enquanto Moisés sozinho ficaria perto Dele para receber as instruções para o povo.

Na seção anterior (vv.22-27), todos os chefes das tribos de Israel exortaram Moisés a servir como intercessor de Israel e a ser o único a ouvir a voz de Deus, porque tinham medo de morrer caso continuassem a ouvir a voz de Deus. O fato de eles ouvirem Sua voz e verem Sua glória no fogo ardente no Monte Sinai foi a razão de seu medo.

Esta seção nos diz que o SENHOR ficou satisfeito com o pedido feito pelos chefes das tribos de Israel. Como Moisés relata: "O SENHOR ouviu a voz das tuas palavras quando me falaste".  Como o SENHOR estava bem satisfeito, disse a Moisés: "Ouvi a voz das palavras deste povo que vos falaram. Eles se saíram bem em tudo o que falaram."

Deus deve ter ficado satisfeito com o pedido de Israel porque foi feito com espírito de reverência e humildade. De acordo com o relato paralelo no livro de Êxodo, o propósito da manifestação de Deus no Monte Sinai era o de "testar" o povo para que o temor do SENHOR "permanecesse" com ele, para impedi-lo de pecar (Êxodo 20:20). Portanto, já que Israel passou no teste, Deus ficou satisfeito e disse: "Oh, que eles tivessem um coração tão grande neles, que eles Me temeriam".

Êxodo 20:20 é instrutivo para entendermos o temor adequado ao SENHOR. O texto diz: "Não tenhais medo; porque Deus veio para testar-vos, e para que o temor d'Ele permaneça convosco, para que não pequeis."

A primeira instrução é "não ter medo". Deus diz para não temerem a morte, já que esta era a principal preocupação do povo. Deus, então, deixa claro que Ele os "testou" para ajudá-los a ver que precisavam temer algo muito mais grave do que a mera morte física. Deus queria que eles O temessem e não pecassem. Estar diante de Deus em pecado era a coisa que eles deveriam temer mais do que a morte física. A mensagem parece ser clara de que é preferível morrer fisicamente do que trazer pecado para a presença de Deus.

O apóstolo Paulo parece usar esse mesmo tipo de imagem em relação ao julgamento dos crentes no Tribunal de Cristo. Em 1 Coríntios 3:13-15, Paulo escreve aos crentes na igreja de Corinto:

"...A obra de cada homem se tornará evidente: pois o dia a mostrará porque deve ser revelada com fogo, e o próprio fogo testará a qualidade da obra de cada homem. Se a obra de qualquer homem que ele construiu sobre ela permanecer, ele receberá uma recompensa. Se a obra de alguém for queimada, sofrerá perda; mas ele mesmo será salvo, ainda assim pelo fogo".

Isso deixa claro que as obras egoístas e os comportamentos contaminados pelo pecado queimarão no fogo do julgamento. Porém, pelo fato de o nosso relacionamento como filhos de Deus ser concedido incondicionalmente, mesmo que todas as nossas obras sejam queimadas, ainda seremos "salvos". No entanto, não receberemos as recompensas, embora sejamos salvos "através do fogo". Isso é algo que deve ser temido muito mais do que simplesmente morrer fisicamente. Todos nós morreremos fisicamente. Porém, ver a vida virar fumaça por não termos feito nada duradouro é uma tragédia muito maior a ser temida.

O livro de Hebreus, no Novo Testamento, também se refere a este episódio no Monte Sinai (Horebe) e alerta aos crentes a temer a Deus e a perda das recompensas proveniente da desobediência. Depois de exortar aos crentes hebreus a "fortalecer as mãos que são fracas e os joelhos que são fracos" (Hebreus 12:12), Paulo diz a seus irmãos que eles não estariam chegando ao Monte Sinai, mas a algo ainda mais temível, o Monte Sião no céu (Hebreus 12:22).

O Monte Sinai era tão temível que o povo implorou para voltar para suas casas e ter Moisés como seu mediador. Porém, estar diante de Jesus será imensamente mais assustador (Hebreus 12:18-29). Portanto, "Cuide para que não recuseis Aquele que está falando" (Hebreus 12:25). Ouvir a voz de Deus é vital para nós, como crentes do Novo Testamento. Devemos andar em obediência e temer uma vida de pecado, porque "nosso Deus é um fogo que consome" (Hebreus 12:29). Diante da presença de Deus veremos nossas obras serem queimadas, ainda que sejamos "salvos pelo fogo".

O desejo de Deus de que Israel compreendesse as terríveis consequências do pecado era para seu próprio benefício. Ele desejava que eles O temessem para que vivessem uma vida de bênçãos, semelhante a um pai que deseja que seus filhos não se auto-destruam devido à ignorância de comportamentos perigosos. Tal temor permitiria que Israel guardasse a todos os mandamentos de Deus para sempre, para que tudo lhes vá bem! O desejo de Deus é claramente o de beneficiar a Seu povo. Ele é o Criador e sabe o que pode trazer grandes benefícios. A obediência a Deus traz benefícios duradouros, enquanto o pecado traz destruição. No entanto, muitas vezes não sentimos assim no momento em que pecamos. Assim, precisamos temer a Deus e buscar as melhores escolhas.

Deus ordena que Moisés diga aos israelitas: "Voltai às vossas tendas". Deus atende ao pedido do povo e os dispensa para voltar às suas moradias, que a esta altura da história ainda eram as tendas. Porém, quanto a Moisés, Deus lhe diz: "Fica aqui ao meu lado, para que eu te fale todos os mandamentos, os estatutos e os juízos que vocês lhes ensinarão".

A palavra "mandamento" refere-se às leis e regras, ou seja, todo o corpo jurídico. As palavras "estatutos" e "juízos" são usadas aqui como sinônimos para os mandamentos de Deus, embora cada um tenha um significado distinto. O termo "estatutos" ("ḥuqqîm" em hebraico) refere-se a algo prescrito por uma autoridade. Como tal, pode ser traduzido como "prescrições" ou "decretos". O segundo termo ("mišpāṭîm") refere-se a procedimentos legais, ou ordens emitidas por um juiz. Assim, o uso dessas três palavras (mandamentos, estatutos e julgamentos) é visto como uma maneira padrão de se referir às estipulações de aliança entre Deus, o Governante ou Susserano, e o povo (os vassalos).

Assim, como os israelitas pediram, Deus revela as estipulações da aliança a Moisés e este, por sua vez, passa a ensiná-las ao povo mais tarde. O objetivo geral era que os israelitas pudessem observá-las na terra que Deus estava prestes a dar-lhes para possuir. Mais uma vez, Moisés enfatiza a dádiva da terra a qual Deus já lhes havia concedido; porém, a terra diante do povo esperava ser possuída.

A terra foi-lhes concedida através de Abraão. Foi dada a ele como concessão real, como recompensa por sua obediência. A concessão da terra havia sido dada através da aliança incondicional entre Deus e Abraão (Gênesis 12-15). Este pacto de concessão (da terra) não era mútuo; Abraão não tinha obrigações. Só Deus tinha obrigações.

A terra havia sido concedida havia muito tempo, porém agora era hora de possuí-la. E a submissão fiel ao Deus Susserano (o Governante) era necessária para que Israel vivesse bem na terra e desfrutasse de todos os seus privilégios como vassalos. A terra seria deles para sempre. No entanto, possuí-la e desfrutá-la exigiria sua obediência. Este é o mesmo padrão dos crentes do Novo Testamento. Somos membros da família de Deus incondicionalmente, como concessão real da graça de Deus, recebida através da fé. Porém, o gozo dos benefícios desta concessão requer nossa obediência fiel.

Seguindo a narrativa que resume os eventos no Monte Sinai, os versículos 32 e 33 terminam com uma forte exortação. O versículo 32 diz: "Assim observareis fazer o que o Senhor, teu Deus, te ordenou; não te desviarás para a direita nem para a esquerda". Os israelitas precisavam seguir as leis da aliança de Deus de todo o coração e sem desvios. A integridade para com as estipulações do pacto era necessária para desfrutarem dos benefícios da concessão da terra. A própria declaração de Deus a Israel - não se desviar para a direita ou para a esquerda - significava que o povo precisaria seguir por caminhos de retidão caso desejassem manter sua parte na aliança mútua. Em outras palavras, os israelitas nunca deveriam deixar de fazer exatamente o que Deus lhes havia ordenado. Eles deveriam viver como vassalos, a fim de representar bem a seu Susserano (Governante) e servir na função sacerdotal para as outras nações.

Por fim, no versículo 33, Deus ordena que Seu povo O obedeça integralmente, para que recebessem Suas bênçãos. Ele afirma: "Andarás em todos os caminhos que o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que vivas, e para que fique bem contigo, e para que prolongue os teus dias na terra que terás". "Andar em todos os caminhos" de Deus significava viver como Deus exigia, isto é, obedecer-Lhe e guardar todos os Seus mandamentos. A integridade às leis de Deus era necessária, uma vez que Ele é o Susserano (Governante) de Seu povo. Tal ato de obediência garantiria uma vida longa e próspera na Terra Prometida.

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