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Significado de Eclesiastes 1:3-7

Salomão descreve a criação de Deus como produtiva, confiável e cíclica. Ele contrasta isso com a vida limitada e confusa do homem, inquirindo sobre o valor dos esforços do homem diante de padrões que estão destinados a se repetir.

Salomão começa a esclarecer sua afirmação sobre o “não alcançável” (hebel) com um poema feito para focar a atenção do leitor no que é e não é possível alcançar pelo trabalho humano, perguntando: Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho com que se fadiga debaixo do sol?

Existem algumas palavras para “trabalho” no livro de Eclesiastes. A palavra hebraica amal (usada aqui) se refere ao trabalho difícil. Tem uma conotação negativa e normalmente é traduzida como fadiga, trabalho, enganação, miséria, angústia, luto, etc em todo o Antigo Testamento. Mais exatamente, é a tensão ou o esforço do trabalho.

Amal ocorre neste versículo tanto como substantivo (“trabalho”) e verbo, traduzido como “fazer”. Temos uma afirmação muito forte: “...em todo trabalho que ele faz...” Essa palavra “fadiga” é usada trinta e cinco vezes em Eclesiastes. Aqui a pergunta é: “Que vantagem ela traz?” A Idéia é que ela vai acontecer. Teremos fadiga na vida.

Isso pode lembrar ao leitor do resultado da queda de Adão, em que a frustração é adicionada ao trabalho do homem (Gênesis 3:17-19). O exemplo de Gênesis se refere à frustração proveniente de tentar cuidar das plantas que produzirão frutos e, como consequência, ter uma infestação de pragas. O trabalho foi um presente de Deus para a humanidade. A primeira coisa que Deus deu a Adão foi o trabalho de dominar a terra (Gênesis 1:28). Porém, a frustração do trabalho foi uma das partes da maldição. A “fadiga” é resultado direto do pecado no mundo. Levando em consideração que agora existe a labuta, Salomão pergunta se existe alguma vantagem inata no trabalho.

Para ilustrar este ponto, Salomão começa com um poema sobre os ciclos da natureza. Os seres humanos vêm e vão, mas a natureza continua repetindo seus ciclos. Salomão diz: Uma geração vai e uma geração vem, mas a terra continua para sempre. Assim, a natureza continua repetindo seus ciclos. Os ciclos continuarão acontecendo para sempre - enquanto a terra existir. Mas, nós, como humanos, vamos passar, apenas para vermos outra geração surgir. Então, que diferença faz termos estado aqui? Estamos aqui apenas para perpetuar o ciclo de gerações? Que vantagem isso nos traz? Será que somos apenas como hamsters correndo em uma esteira, nos esforçando, sem chegar a lugar algum?

O poema compara os trabalhos de Deus, que continuam para sempre, com os trabalhos dos homens, que vê, e vão. Ele sugere uma comparação entre os esforços humanos, que começam e terminam, com os esforços de Deus, que continuam para sempre. Salomão concluiu que isso deve nos levar a ter fé para superarmos essa tensão. Porém, até esse ponto, ele se limita apenas a fazer observações.

Os resultados do trabalho são temporários. Nós comemos, mas logo estaremos com fome outra vez. Nós ajuntamos riquezas, mas não podemos levá-las conosco ao morrermos. Portanto, os resultados do trabalho são como vapor, “hebel”. Não existe nenhuma vantagem aparente. Com grande sabedoria e habilidade, Salomão nos ensina a observar tudo isso. Ao fazê-lo, ele conclui que o benefício do trabalho não é aparente.

Gerações humanas, sol, vento e rios são usados como exemplos que formam esse ciclo. Tudo vai e vem, e depois vem e vai outra vez. É como um carrossel. Enquanto cada ser humano se desloca em linha reta e finita, os céus trabalham em um ciclo infinito.

O vento continua se agitando e mudando de direções em padrões regulares e em formações cíclicas. Algumas vezes, o vento sopra em direção ao sul e outras vezes ele se vira para o norte. Mas ele continua em movimento, não existe lugar de descanso para ele. Não há fim. O vento continua indo e vindo.

Os rios são cruciais para a sobrevivência humana na terra e nenhuma pessoa minimamente observadora deixaria de reconhecer seus muitos benefícios. E, mesmo assim, o processo cíclico é infinito, seu “trabalho” não chega a nenhuma conclusão (1:7). Todos os rios fluem para o mar, e mesmo assim o mar não está cheio. Os mares evaporam, a neve cai nas montanhas, se derrete e desce para os rios, apenas para retornarem ao céu novamente. Para o mesmo lugar onde os rios fluem, eles fluirão para lá novamente.

Assim como o vento, o ciclo da água é circular. Ela continua em movimento, se repetindo. Em contraste, nossa vida começa e termina. Como explicar isso? Qual é a vantagem de todo o esforço que colocamos em nossas vidas?

Gerações chegam, começam seu trabalho e inevitavelmente se vão. O sol nasce trazendo calor, mas depois se põe. E se apressando para seu lugar, outros dias surgem, da mesma forma que um relógio, literalmente. O vento vai em direção ao sul e volta para o norte; volve-se e revolve-se em sua jornada. Todos os rios correm para o mar e o mar não se enche. O propósito dos rios, assim como o vapor, inicialmente aparenta ser bem claro, porém após observação, vemos que ele desaparece. Os rios não terminam e nunca se enchem.

Salomão apresenta respostas, mas elas não são uma questão de dedução lógica baseada em observação. Até aqui, Salomão está primariamente apresentando os dilemas da vida.

Existe, de qualquer forma, uma pista sutil para termos um pouco de esperança nesse poema. A terra permanece para sempre. O fato de esses ciclos serem tão confiáveis e estáveis sugere a existência de um Criador com um propósito. No entanto, o que isso significa para nós? A resposta não será encontrada em nossas ações, nossas conquistas. Salomão continuará sua investigação a seguir.

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