AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Eclesiastes 1:8-11
O Tempo representa um suporte formidável à afirmação de Salomão de que tudo é vaidade ou vapor no versículo 2, pois quanto mais o tempo passa, mais as coisas se repetem. Observar os eventos do Tempo nos traz à conclusão de que todas as coisas são cansativas. Não existe nenhum propósito nisso, nenhum destino que possa ser determinado por observação ou pela razão.
Isso naturalmente segue o poema anterior - tentar entender a totalidade da vida é exaustivo. E adicionar o tempo neste exercício não ajuda em nada, apenas deixa as coisas ainda mais cansativas. Salomão pergunta que vantagem ou benefício os seres humanos podem alcançar em seu trabalho, tendo em vista o contexto da observação e compreensão da natureza e do mundo à nossa volta. Porém, tal exercício é comparável com a tentativa de se capturar e analisar a água, o vapor e a névoa.
A afirmação de Salomão é compreensível: ele diz que todas as coisas são cansativas. A palavra traduzida como coisas também pode significar “palavras” e é traduzida dessa maneira na maioria das outras vezes em que aparece no Antigo Testamento. Salomão pode estar dizendo que “todas as palavras” são cansativas. O exercício de tentar explicar a vida e seus significados é um exercício exaustivo e inconclusivo.
As três próximas linhas do poema fornecem um conjunto de três imagens - palavras que não podem ser ditas, olhos que não podem entender e ouvidos que não podem escutar. Cada um tem uma inadequação. As palavras (ou coisas) são cansativas e os homens não conseguem falar corretamente. As explicações humanas são insuficientes e sempre inadequadas. Para colocar de forma mais simples, nós não temos a capacidade de entender e explicar o propósito das coisas baseados na razão e na observação.
Os olhos não ficam satisfeitos com o que vêem. Os olhos querem ver mais e mais, porém nunca é o bastante. Quando tentamos discernir o significado e o propósito da humanidade, ou o propósito de nossos esforços, a observação lógica não nos leva à compreensão alguma. De maneira similar, o ouvido jamais se satisfaz com o que ouve. As explicações de outros não proporcionam respostas satisfatórias. Isso coloca todos os seres humanos no mesmo barco.
Os sentidos não ficam satisfeitos, eles não conseguem se completar, portanto continuam sua busca. E, mesmo quando ouvem, eles não compreendem. Esses três sentidos são inadequados para se chegar a qualquer resposta em nossa busca por significado - ficamos exaustos ao tentar entender, sempre desejando mais, sem jamais alcançarmos respostas adequadas.
Assim como os versículos da primeira metade desse poema (3-7), os esforços humanos são cíclicos. Aquilo que foi é o que será, e aquilo que foi feito é o que será feito novamente. Não há nada novo sob o sol. A frase sob o sol ocorre vinte e nove vezes em Eclesiastes e se refere a diferentes exemplos sobre a terra. Qualquer coisa que vemos é apenas uma repetição de algo que já aconteceu.
Os seres humanos não são criadores originais, nós somos re-organizadores. Salomão faz uma pergunta retórica que demanda uma resposta negativa: Será que existe alguma coisa que alguém pode dizer “está vendo isso, será que é novo?” E ele diz que “não, isso já existe há eras.”
Para a questão de se a tecnologia moderna é uma exceção a esta afirmação, Salomão infere que isso já ocorreu muitas outras vezes: os seres humanos inventam coisas para melhorar suas vidas. Porém, essas novas invenções criam seus próprios problemas. Assim, as circunstâncias dos homens melhoram e, ao mesmo tempo, se tornam mais perigosas. Não há resolução alguma. O poder nuclear cria uma fonte de energia incrível que permite aos humanos florescer, porém também é usada para criar armas de destruição em massa. Este é um ciclo que sempre existiu e vai sempre continuar existindo sob o sol. Nada é novo. As invenções mudam, porém os resultados são sempre os mesmos.
Então que vantagem isso traz? Nenhuma vantagem observável. É por isso que este tema é tão cansativo. Mesmo que tivéssemos muito tempo, iríamos apenas enxergar mais e mais repetições. Qualquer padrão que observarmos já existe por eras. Portanto, a explicação para o significado da vida não virá através da invenção ou criatividade humanas.
Não apenas todos os eventos humanos são cíclicos, mas o que aconteceu antes já foi esquecido. Nossos esforços vão se transformar em memória. Coisas antigas são esquecidas. E o ciclo vai se repetir novamente, porque as coisas no presente são destinadas a seguir o mesmo caminho (assim como na natureza; Eclesiastes 1:3-7). As Coisas futuras são destinadas a serem esquecidas. Nenhum esforço é original e todos eles vão cair no esquecimento. Novamente, ecoamos as realidades que levam Salomão a fazer a pergunta fundamental: “Que vantagem um homem tem com todo seu trabalho?” (1:3).
Em nosso mundo moderno, mesmo com todas as tecnologias de registro de dados, conseguimos nos referir a eras passadas, onde milhões de pessoas viveram e tomaram diferentes decisões, apenas através de figuras e eventos, focando-nos em apenas alguns minutos de suas existências. Tudo o mais é esquecido. A maioria de nós tem dificuldade em recontar o que aconteceu ontem. O vasto e esmagador fluxo da história será esquecido.
Quando conhecemos os detalhes de um evento, raramente ficamos satisfeitos quanto á forma como o mesmo é contado. Não é de se surpreender que os historiadores criem teorias opostas, já que toda teoria é baseada em evidências escassas, porque grande parte do que já aconteceu não deixou lembranças. Buscar lembrar do que aconteceu sob o sol é como tentar agarrar o vapor. É “hebel”.
Assim, Salomão afirma que o Tempo é repleto de ciclos. Portanto, não haá finalidade alguma para os esforços humanos. Não existe conclusão ou entendimento para o propósito da humanidade a partir dos esforços humanos.
Então, deve existir algo a mais, algo maior, outra dimensão além da experiência humana.
Usar a observação e a razão para se determinar propósitos é como tentar capturar o vapor. É um problema que não pode ser resolvido. Podemos observar, mas só iremos ver a forma externa das coisas. Não conseguimos entender o por quê elas são como são, ou como alcançar vantagem no que observamos. Nosso raciocinio só consegue compreender a realidade de que a vida neste mundo é um enigma. Não existe nada novo. Não existe nenhuma lembrança da fadiga das gerações anteriores. Nada que a humanidade faz é permanente sob o sol, ou seja, nada feito pela ação humana. Esta é uma perspectiva da realidade que precisa ser abraçada.