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Significado de Êxodo 15:22-27

Os versículos 22-27 são o primeiro relato de uma seção maior do Êxodo descrevendo a jornada de três meses (19:1) do Mar Vermelho ao Monte Sinai (15:22–18:27). Esta passagem contém o primeiro encontro dos israelitas com a vida no deserto. Depois de três dias viajando em uma área que não tinha água, eles chegaram a um lugar chamado Mara, onde havia água, mas ela não era potável. O povo se irrita e confronta Moisés a respeito desse problema. Moisés, por sua vez, clama ao SENHOR que, milagrosamente, providencia água potável para todo o povo. Esse problema, que foi um teste do SENHOR, resulta em um estatuto que exigiria que o povo dependesse do SENHOR para suas necessidades. A falta de fé de que o SENHOR poderia prover todas as suas necessidades resultaria em sofrimento físico por meio de doenças.

Depois de um espaço de tempo desconhecido, Moisés conduziu Israel do Mar Vermelho, e eles saíram para o deserto de Shur, localizado na parte norte da Península do Sinai. É importante observar que o SENHOR, por meio de Moisés, "conduz" aos israelitas pelo deserto. O deserto não é um lugar confortável para se estar. Como tal, Deus prepara o terreno para testar as pessoas.

Tendo partido do Mar Vermelho, os israelitas foram três dias no deserto e não encontraram água. Os "três dias" lembram a "viagem de três dias" que Moisés pediu ao Faraó durante as pragas (3:18, 5:3, 8:27). Moisés queria ir por "três dias" para o deserto a fim de adorar ao Senhor. Em vez disso, eles chegaram a Marah. A palavra "Mara" significa "amargura" e é usada três vezes neste versículo para comunicar não apenas a condição da água, mas também a atitude das pessoas. O problema que eles enfrentaram era que não podiam beber as águas de Mara, pois eram amargas, por isso foi chamado de Mara. Mara é associada com o atual Ain Hawarah.

Privados de fontes de água, o povo reclama para Moisés, dizendo: "Que havemos de beber?" A palavra "reclama" é mais forte do que um simples resmungo. É usada em todo o relato do êxodo para referir-se à uma rebelião aberta contra o Senhor. Eles questionavam Sua capacidade para prover. Isso é incrível à luz do que eles haviam experimentado apenas alguns dias antes no Mar Vermelho. Eles não conseguiam ver que, se um Deus soberano e onipotente pôde separar as águas para libertar Seu povo do Egito, Ele podia fornecer água potável para Seu povo no deserto.

Durante as pragas, Moisés disse que eles fariam uma viagem de três dias para adorar ao Senhor. Agora, eles estavam três dias fora do Egito e, em vez de adorar, reclamam. Eles sabiam que o SENHOR era o seu Libertador. Porém, será que Ele poderia ser seu Provedor naquele ambiente hostil? Para eles, naquele momento, a resposta parecia ser "não". Eles podiam ter apresentado ao SENHOR suas necessidades, crendo que Ele as supriria. Mas, em vez disso, eles "reclamam" por estarem no deserto.

Os versículos 25-26 contêm a resposta do à reclamação dos israelitas. Depois de ser confrontado pelo povo, Moisés clamou ao Senhor e o Senhor mostrou-lhe uma árvore, e ele a jogou nas águas, e as águas se tornaram doces. Vale a pena notar a diferença entre Moisés e o povo. Moisés pediu ajuda. O povo só culpava e reclamava. A palavra traduzida como "mostrou" é a forma verbal da palavra “torah”, que é a palavra hebraica para "lei". Além disso, não havia nada de mágico na árvore. Foi uma demonstração visível de que o SENHOR era capaz de mudar o mundo natural para prover às necessidades de Seu povo.

A provisão do SENHOR aqui é um incrível ato de graça para um povo tão incrédulo. Ele poderia tê-los julgado severamente, mas, em vez disso, atende às suas necessidades sem que eles tivessem que fazer nada para merecer. Deus responde à intercessão de Moisés, orientando-o a lançar uma árvore nas águas salobras de Mara.

Algo muito importante acompanhou essa graciosa disposição do Senhor. Ele exige algo de Seu povo. Para expressar essa exigência, Ele fez para eles um estatuto e um regulamento, e lá Ele os testou. A frase "estatuto e regulamento" provavelmente significa "uma lei social".

O conteúdo do estatuto era condicional. Ele diz: "Se derdes sincera atenção à voz do Senhor, vosso Deus, e fizerdes o que é certo aos Seus olhos, e derdes ouvidos aos Seus mandamentos, e guardareis todos os Seus estatutos, não porei sobre vós nenhuma das doenças que coloquei sobre os egípcios.” O povo de Israel foi obrigado a fazer quatro coisas:

  • "Dai ouvidos com fervor à voz do Senhor, vosso Deus." A frase "dar ouvidos sinceros" é intensa no hebraico. Vem do hebraico “shamah” (ouvir) e pode ser traduzida como "obedecer diligentemente". Isso envolve ouvir o que o SENHOR diz para fazer e obedecê-lo.
  • "Fazei o que é certo aos Seus olhos". Ouvir e obedecer à palavra do SENHOR deve resultar em fazer o que é certo, sendo o próprio SENHOR o padrão.
  • "Dai ouvidos aos Seus mandamentos". Isso também envolve mais do que apenas ouvir. Inclui a obediência ativa ao que é ouvido.
  • "Guardai todos os seus estatutos". A palavra hebraica para "estatuto" está relacionada ao verbo "inscrever" ou "gravar". É usada para se referir às leis da natureza (Salmos 148:6 sobre as estrelas; Jó 28:26 sobre a chuva; Provérbios 8:29 a respeito do mar). Pode referir-se a uma regra ou prescrição.

Se esses quatro requisitos fossem seguidos, o SENHOR promete que os protegeria das doenças que havia colocado sobre os egípcios. A natureza exata das "doenças" não é especificada, mas é razoável supor que as doenças fossem semelhantes às sofridas pelos egípcios durante as pragas (tumores etc.).

O SENHOR, então, diz que a razão pela qual eles poderiam se livrar das doenças é porque Ele, o Senhor, era o que os sarava. O SENHOR diz que Ele sararia Seu povo no momento em que as águas de Mara precisavam ser "curadas". Eles não só precisavam da água, precisavam ser curados fisicamente. Os meios para essa cura física viriam através da cura espiritual resultante de sua obediência. Eles haviam testemunhado a provisão milagrosa do Senhor para suas necessidades. Esta foi uma prova positiva de que o SENHOR não era apenas seu Libertador, mas também seu Provedor. Até este ponto, Deus havia provido para o seu bem-estar. Agora, era hora de eles desempenharem seu papel na equação.

Depois do teste em Mara, eles vieram para Elim. Elim estava localizada a cerca de sete milhas ao sul de Mara, no que hoje é conhecido como o Vale de Gharandel. Isso significa que eles não precisaram ir muito longe para encontrar mais água potável. Aparentemente, era um lugar agradável, porque havia doze nascentes de água e setenta tamareiras e eles acampavam ali ao lado das águas. À luz do que tinham acabado de experimentar, Elim deve ter parecido um paraíso.

Em resumo, esta passagem é um relato vívido do povo do SENHOR que, tendo acabado de ser libertado através da milagrosa despedida do Mar Vermelho, começou a se rebelar contra seu Libertador. Eles duvidaram de Sua bondade no deserto. Eles duvidaram de Seu amor porque estavam ficando sem água e a falta de água causaria uma morte lenta e dolorosa.

Essas reclamações eram características do povo de Deus havia muito tempo. Haviam se tornado um tema importante durante o Êxodo. As pessoas reclamaram quando precisaram de algo físico e o SENHOR provia às suas necessidades, geralmente através de um milagre ao qual todos testemunhavam. Eles testaram a Deus dez vezes (Números 14:22). Isso pode ser um número literal, ou uma figura de linguagem que significa "muitas vezes". O texto não nos diz qual teste teria sido o primeiro, mas a reclamação parece ser a principal questão que deixava Deus irado. Esta passagem se concentra em Deus testando-os, dando-lhes algo a fazer, uma responsabilidade a cumprir, a fim de receberem Sua bênção.

No Novo Testamento, Paulo adverte os cristãos que vivem reclamando contra o SENHOR (1 Coríntios 10:10-11). Os coríntios viviam em uma cidade repleta de centros de cultos místicos. Não há dúvida de que os cristãos em Corinto experimentavam hostilidade tanto desses cultos quanto do Império Romano. No entanto, Paulo lhes diz para não reclamarem. O SENHOR poderia libertar e prover no meio de seu deserto espiritual.

Cada crente deve esperar que o SENHOR os conduza a "desertos", visando aprenderem a confiar Nele, abraçar a responsabilidade e a conhecê-Lo pela fé. O deserto não é um lugar divertido ou confortável. Porém, nos mostra nossa inadequação e revela a qualidade (ou falta dela) de nossa fé. Se permitirmos, poderemos mostrar que nosso SENHOR é completamente capaz de suprir às nossas necessidades. Ele deseja que acreditemos Nele e O obedeçamos, porque Ele é digno da nossa confiança.

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