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Significado de Oséias 14:1-3
O livro de Oséias fala sobre pecado e julgamento, mas também fala sobre amor e compaixão. Nos capítulos iniciais, Oséias demonstrara seu amor por sua esposa infiel, Gomer (Oséias 1-3). Na presente passagem, o SENHOR demonstra Seu amor infalível por Sua esposa infiel, Israel. O livro termina com um último chamado ao arrependimento, no qual o profeta exorta Israel a retornar ao Senhor, seu Deus.
O profeta primeiro se dirige aos israelitas no singular, como se estivesse se referindo a um indivíduo. O objetivo era provavelmente destacar a verdade de que todos eram responsáveis por obedecer ao comando. Cada membro da sociedade israelita era responsável por seu bem-estar, para garantir sua longevidade. A aliança de Deus com Israel tomou a forma do que os modernos chamam de tratado susserano-vassalo. Mas, ao contrário do que era costume naquela época, Deus não fez o tratado com o rei de Israel, mas sim com o próprio povo (Êxodo 19:8).
Por isso, Oséias lança um chamado ao arrependimento e diz: Voltai, ó Israel, ao Senhor, teu Deus (v. 1).
Retornar ao SENHOR significa arrepender-se do pecado, voltando assim a um estado de favor e comunhão com Ele. Significa recomeçar a seguir aos mandamentos de Deus, como Israel havia prometido fazer em sua aliança com Ele. Em vez de seguir aos caminhos pagãos de exploração e sensualidade egoísta, significa voltar a seguir os caminhos de Deus de amar ao próximo como a si mesmo (Levítico 19:18, Mateus 22:37-39).
Os israelitas deveriam consertar seus caminhos. Eles deveriam redirecionar suas vidas para longe dos caminhos do pecado e se devotar a Deus novamente, sua única fonte de ajuda (Oséias 11:1-4). Eles precisavam voltar ao SENHOR porque haviam cometido grandes pecados contra Ele. Em suma, tropeçaram por causa de sua iniquidade (v. 1).
O verbo “tropeçar” também pode ser traduzido como "cambalear". É frequentemente usado para descrever a incapacidade de alguém de andar firmemente (Levítico 26:37). Aqui em Oséias é usado para descrever o fracasso de Israel em viver em retidão diante do Deus Susserano, seguir a Seus mandamentos e criar uma cultura de autogoverno e serviço aos outros.
De fato, os israelitas tropeçaram por causa de sua iniquidade, que o profeta identificou em outro lugar, incluindo a adoração hipócrita (4:8), mentiras e violência (7:1), adoração idólatra (8:1-7), injustiça social (12:7-8), orgulho (12:8, 13:1) e liderança corrupta (13:9-12). Assim, ao chamar Israel para retornar ao Senhor, o profeta ilustra a dupla natureza do arrependimento bíblico: afastar-se do pecado e retornar a Deus. O comportamento explorador da mentira e da violência é um subproduto da filosofia/adoração pagã idólatra, por isso todos caminham juntos. Retornar ao SENHOR incluiria obedecer a Seu mandamento de amar ao próximo e viver uma vida de serviço.
Tendo se dirigido aos israelitas no singular, o profeta passa aos preceitos plurais para fortalecer a ordem. Ele diz: Leva palavras contigo e volta ao SENHOR (v. 2). O profeta instrui os israelitas a levar palavras com eles, em vez de fazerem sacrifícios. Deus deseja uma mudança de coração. Deus não tinha prazer em sacrifícios hipócritas, feitos sem um espírito arrependido, mas não "desprezaria um coração quebrantado e contrito" (Salmo 51:17). O povo de Israel deveria falar ao SENHOR genuinamente, confessando seus pecados para obterem misericórdia e perdão. Este princípio de confessar para obter perdão e falar/escolher uma perspectiva que seja verdadeira para transformar o comportamento de alguém percorre todas as Escrituras (Gênesis 4:6-7, Deuteronômio 30:14, 1 João 1:9).
Para garantir que os israelitas realmente retornassem a Deus e confessassem adequadamente seus pecados, o profeta Oséias lhes fornece um modelo de oração. Segundo Oséias, os israelitas deviam dizer-Lhe: Tira toda a iniquidade e recebe-nos graciosamente (v. 2).
Os verbos “tirar” e “receber” não apenas descrevem as ações de Deus em favor de um Israel arrependido, mas também exibem a sequência em que tais ações ocorreriam. Deus primeiro removeria a iniquidade de Seu povo do pacto e depois os aceitaria graciosamente, caso eles se afastassem do paganismo e retornassem a Ele. O propósito, disse Oséias, era para que pudéssemos apresentar o fruto de nossos lábios (vs 2).
O termo “lábios” é usado consistentemente na Bíblia para se referir a palavras faladas. No livro de Provérbios, por exemplo, muitas vezes é retratado como aquilo que produz frutos, bons ou maus: "Os lábios dos justos alimentam a muitos" (Provérbios 10:21), mas "os lábios de um tolo trazem contenda, e sua boca pede golpes" (Provérbios 18:6). Assim, o profeta Oséias encoraja Israel a oferecer o fruto de nossos lábios como sacrifício de louvor e ação de graças oferecido ao SENHOR (Hebreus 13:15). Este seria um passo prático que eles poderiam dar para se arrepender e retornar a Deus.
Além de pedir perdão e misericórdia a Deus em sua oração a Deus, Oséias os instruiu a confessar que Deus era seu único Governante. Em sua confissão, eles deveriam fazer três promessas.
Primeiro, eles deveriam dizer: A Assíria não nos salvará (v. 3). Os israelitas deveriam renunciar à Assíria e reconhecer ao Senhor como seu único salvador. Eles deveriam adorar e servir somente a Deus. Tal compromisso faria com que Deus perdoasse e restaurasse Seu povo.
Em segundo lugar, os israelitas deveriam remover sua dependência do poder militar. Oséias os encoraja a dizer a Deus: Não montaremos em cavalos (v. 3). Nos tempos bíblicos, os cavalos eram essenciais para o sucesso na batalha. Assim, os cavalos se tornaram um símbolo do poderio militar e da segurança nacional (Salmos 20:7, Isaías 30:16). No entanto, o Deus Susserano demonstrara repetidamente Sua superioridade sobre tais forças militares. Por exemplo, no Mar Vermelho, Ele derrotou os cavalos e carros do Faraó (Êxodo 14:9, 23, 15:1). Além disso, nas águas de Merom, Ele derrotou a coalizão cananéia com suas hordas de cavalos e carros (Josué 11:4-11). Portanto, Oséias admoesta o povo a colocar sua confiança em Deus ao invés de em cavalos (seu próprio poder).
Em terceiro lugar, os israelitas deveriam renunciar à idolatria: Não diremos novamente: 'Nosso deus', à obra de nossas mãos (v. 3). O povo precisaria renunciar aos falsos deuses. Esses falsos deuses haviam sido criados por hábeis artesãos e não eram reais. Eles eram incapazes de interagir com os seres humanos (Salmo 115:4). Eram apenas uma desculpa moral para satisfazer seus desejos carnais por prazer sensual e exploração dos outros. Uma renúncia à adoração de ídolos pagãos, e sua consequente cultura exploradora, juntamente com um compromisso com Deus, garantiria a prosperidade de Israel e faria com que Deus restaurasse Sua comunhão com eles.
O profeta Oséias instrui Israel a terminar a oração com uma confissão de confiança e razão para se apegar a Deus: Pois em Ti o órfão encontra misericórdia (v. 3). Nesta confissão há um reconhecimento da necessidade, bem como um reconhecimento da misericórdia de Deus para com aqueles que têm necessidade.
Na era bíblica, o órfão era especialmente vulnerável porque não desfrutava da proteção da figura masculina (pai), que era o principal protetor e provedor, a força humana era a principal fonte de energia para a agricultura e a guerra. Mas, Deus cuida dos órfãos e provê para eles, porque Ele provê para os necessitados.
Deus, não Baal ou Assíria, poderia ter compaixão e misericórdia de Seu povo. É por isso que os israelitas deveriam reconhecer sua dependência Dele ao renunciarem à idolatria. Eles precisavam se enxergar verdadeiramente, reconhecendo que eram carentes e dependentes.
Isso é semelhante à mensagem de Jesus à igreja de Laodicéia em Apocalipse 3. Lá Jesus lhes diz que eles pensavam ser ricos e que não precisavam de nada, quando na verdade eram "miseráveis, pobres e cegos e nus" (Apocalipse 3:17). Jesus foi contundente ao confrontar esta igreja porque Ele castiga àqueles a quem ama (Apocalipse 3:19). É o mesmo aqui em Oséias com Israel (Romanos 11:28-29).