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Significado de Oséias 4:4-10

O SENHOR acusa os sacerdotes de não cumprirem a lei e de negligenciarem suas responsabilidades. O SENHOR rejeitará a sua condição sacerdotal; eles e as pessoas que enganam estão no mesmo barco.

Nesta seção, o Deus Susserano (governante) acusa os sacerdotes por sua falta de obediência às leis da aliança e por sua negligência em atender adequadamente aos seus deveres sacerdotais. Mais particularmente, os sacerdotes estavam falhando em fazer o trabalho adequado de instruir o povo de Israel.

A cena parece ser um confronto entre o SENHOR e um sumo sacerdote, o líder religioso supremo que supervisionava as atividades no templo e representava o povo diante de Deus (Levítico 4:3-21; Números 27:11). Neste caso, o SENHOR estava repreendendo a todos os sacerdotes, na pessoa de seu líder supremo, por desviarem ao povo.

O SENHOR declara: Ora, ninguém ache culpa, e ninguém ofereça repreensão. Pode ser que o próprio profeta Oséias esteja confrontando os sacerdotes aqui que se recusavam a ouvir sobre suas falhas. Eles não queriam ouvir à repreensão. Eles não buscavam instrução. Assim, eles simplesmente diziam: Ninguém encontre culpa, porque eles simplesmente queriam o que agradasse aos seus ouvidos (2 Timóteo 4:3-4). Eles só queriam ouvir que tudo estava bem. Ou talvez sua atitude de não deixar ninguém encontrar culpados refletisse sua recusa de confrontar aqueles a quem eles deveriam instruir e corrigir.

Ao invés de oferecer repreensão e liderar ao povo, os sacerdotes pareciam estar indo junto com a massa. Aparentemente, tanto os sacerdotes quanto o povo se recusavam a ouvir a repreensão dos profetas. Esta é uma reação consistente aos profetas em Israel (Atos 7:51-52). Amós experimentou a mesma atitude, quando o sacerdote lhe disse para cessar suas profecias, porque eles não queriam ouvir sua repreensão (Amós 7:16).

Toda repreensão oferecida por Oséias era inútil, pois seu povo é como aqueles que disputam com o sacerdote. Os sacerdotes deveriam ser os instrutores de Israel (Deuteronômio 33:10). Cabia a eles instruir o povo. Porém, aquele era um povo que não queria receber instrução. Em vez de ouvir e aprender com o sacerdote, eles o confrontavam.

Porém, os sacerdotes faziam a mesma coisa em relação ao profeta de Deus e, portanto, em relação a Deus. Em essência, os sacerdotes davam um mau exemplo ao povo, como dirá Oséias no versículo 9. Neste versículo, Deus afirma que cada um seria julgado individualmente. Porém, parte da razão pela qual cada um seria julgado era porque cada um havia adotado a mesma atitude básica de se recusar a buscar a verdade. Eles não estavam dispostos a ouvir a correção ou a repreensão. Eles só desejavam ouvir o que queriam.

A expressão “seu povo” refere-se ao povo de Israel, a quem os sacerdotes tinham a responsabilidade de liderar e instruir. Os líderes religiosos, designados para representar o povo diante de Deus e conduzi-lo à justiça, não reagiram, assim como aqueles que repreendiam ao ofício sacerdotal. Toda a congregação de Israel era corrupta e culpada diante de Deus, do povo aos sacerdotes. Deus trataria com cada um, começando com os sacerdotes e profetas, porque eles desviavam o povo (v. 6).

Portanto, o SENHOR proclama juízo sobre os sacerdotes, dizendo: Assim tropeçareis de dia e o profeta também tropeçará convosco de noite. Por causa da falta de instrução, o povo iria tropeçar, mesmo sendo dia. Eles seriam como um cego, que não consegue enxergar os obstáculos e tropeça neles. Pelo fato de o povo não aceitar a repreensão, ele estava condenado a cometer erros evitáveis. Não era apenas o povo, mas também os profetas. Isso provavelmente se refira aos profetas entre eles que não eram verdadeiros profetas de Deus, mas diziam às pessoas o que elas queriam ouvir, profetas que lideravam as pessoas no escuro. Eles também tropeçariam à noite.

Parece, então, que o povo de Israel não estava sendo ensinado pelos sacerdotes, e nem os sacerdotes ou os profetas estavam ouvindo a Deus. Este parecia ser um tempo solitário para os poucos profetas verdadeiros como Oséias, que de fato ouviam a Deus e falavam fielmente Suas palavras.

O SENHOR ameaça também destruir a sua mãe, isto é, a nação de Israel, o solo de onde esses indivíduos saíram (Oséias 2:2). Isso seria consistente com as disposições da aliança entre Deus e Israel, que Israel havia quebrado completamente (Deuteronômio 28:15ss).

Além disso, o SENHOR declara: Meu povo é destruído por falta de conhecimento. O povo de Deus estava sendo desviado porque não tinha o conhecimento adequado de Deus. Era dever dos sacerdotes instruir o povo sobre os caminhos de Deus (Deuteronômio 33:10). No entanto, parece que nem os sacerdotes estavam ensinando, nem as pessoas estavam dispostas a aprender. Como resultado, a ignorância imperava.

Com certeza, os israelitas tinham a palavra de Deus disponível, porém não a buscavam nem a obedeciam. Eles ignoravam ao SENHOR e Suas leis. Em vez de viverem de acordo com os preceitos do SENHOR e agradá-Lo em todos os aspectos, os israelitas falhavam em reconhecer Sua autoridade como seu Deus Susserano (Governante). Portanto, a ignorância da lei de Deus estava no centro da destruição de Israel. São, no entanto, responsáveis por sua ignorância; era uma ignorância deliberada.

A ignorância de Israel quanto às leis de Deus falava alto sobre o trabalho horrível que os sacerdotes faziam nos dias de Oséias. Isso explicava o fracasso dos sacerdotes em ensinar todo o conselho de Deus. Isso fica claro no próximo versículo, onde Deus diz: Porque rejeitaste o conhecimento, Eu também o rejeitarei como Meu sacerdote. Aqueles nomeados como sacerdotes não apenas haviam falhado em fornecer liderança espiritual e alimento ao povo (Deuteronômio 31:9-13), mas também em viver uma vida piedosa. Uma vez que os sacerdotes haviam se esquecido das leis de seu Deus, eles perderiam seus privilégios sacerdotais, porque Deus se esqueceria seus filhos. O ofício sacerdotal chegaria ao fim.

Os sacerdotes não apenas não cumpriam a lei do Senhor, como também expressavam uma atitude gananciosa em seus deveres sacerdotais. Deus declara: Quanto mais se multiplicavam, mais pecavam contra Mim. Sob o rei Jeroboão II de Israel (793 a.C. - 753 a.C.), o número de pessoas servindo como sacerdotes aumentou muito.

Em uma situação normal, seria de se esperar um avivamento espiritual com tal aumento nos números. No entanto, a condição espiritual dos sacerdotes havia declinado muito naqueles dias e isso resultou na decadência espiritual de toda a população. Por causa da condição dos sacerdotes, o SENHOR transformaria sua glória em vergonha. Ou seja, eles seriam privados de seus privilégios e status social. Parece que a razão pela qual as pessoas queriam ser sacerdotes não era para servir ao Senhor e ao Seu povo. Era, antes, para ganhar os privilégios do cargo.

Para completar, Deus descreve o que os sacerdotes estavam fazendo em seu culto, dizendo: Eles se alimentam do pecado do Meu povo e direcionam seu desejo para sua iniquidade. A palavra traduzida como pecado” também pode ser traduzida como "ofertas pelo pecado" (Êxodo 29:36; Levítico 4:8, 20). Assim, é provável que a ênfase dos sacerdotes no pecado do Meu povo não esteja relacionada à repreensão (vs 4), como deveria ser, algo que os levaria ao arrependimento. Em vez disso, a ênfase do sacerdote era trazer mais sacrifícios, a fim de aumentar sua própria riqueza. Como os sacerdotes guardavam a maior parte do sacrifício, a atitude dos sacerdotes parecia ser: "Mais pecado é bom para os negócios". Então, eles estavam ganhando dinheiro com o pecado, o que fornecia um incentivo perverso que os dissuadia de instruir o povo a evitar o pecado. Como resultado de sua recusa em cumprir seus deveres, Israel quebrou sua aliança com Deus, à qual eles haviam concordado em seguir (Êxodo 19:8).

Na medida em que os israelitas persistiam em seus pecados, os sacerdotes os encorajavam a levar ofertas ao SENHOR para poder receber sua porção das ofertas, conforme ordenado pelo SENHOR (Levítico 7:7-10; Deuteronômio 18:1-5). Os sacerdotes estavam simplesmente aumentando sua própria riqueza a partir desta prática, em vez de ensinarem o povo e levá-lo para longe do pecado. Dessa forma, o sistema de sacrifícios que deveria restaurar o povo à comunhão com Deus havia perdido seu propósito original.

Consequentemente, os sacerdotes deixariam de gozar de privilégios especiais. Como diz o SENHOR: E será, como as pessoas, como sacerdote, assim os castigarei por seus caminhos. Os sacerdotes e o povo cairiam sob o julgamento de Deus porque toda a congregação de Israel era corrupta. Deus os recompensaria por seus atos, que não eram nada além de perversos.

O julgamento de Deus seria severo, mas apropriado. Os sacerdotes, juntamente com o povo, experimentariam grande frustração porque comeriam, mas não teriam o suficiente; eles bancariam a meretriz, mas não aumentariam.

A frase “comer, mas não ter o suficiente” indica que Israel havia adotado o sistema do materialismo, que definia a felicidade como "ter mais". Como "mais" é algo que não teremos, nunca se interrompe a busca por adquirir "mais". Portanto, a filosofia do materialismo é uma sentença para a futilidade infinita. Buscamos mais, mas nunca conseguimos obtê-lo.

Além de comer e beber, Israel também buscava a indulgência sexual. Eles bancavam a meretriz, provavelmente se referindo a se entregar às religiões cananéias pagãs. Esses cultos normalmente se concentravam na imoralidade sexual como parte central de sua adoração.

Uma lista das práticas típicas entre os cananeus é encontrada em Levítico 18, incluindo uma vasta gama de imoralidades sexuais, variando de muitas expressões de incesto a bestialidade e sacrifício de crianças. O Novo Testamento nos diz que o pecado sexual é particularmente prejudicial aos seres humanos (1 Coríntios 6:18). Como resultado dessas filosofias corruptas, o povo não se multiplicaria. A frase “não aumentar” significa que eles não prosperariam. Buscar a definição de ganho do mundo realmente leva à grandes perdas.

Como o povo havia se voltado aos deuses cananeus, como Baal, para garantir sua fertilidade, ao invés de se voltar ao verdadeiro Deus, a terra cairia sob julgamento. Todas essas calamidades aconteceriam porque eles haviam parado de dar ouvidos ao Senhor. Eles ignoraram a lei do Senhor e se entregaram à apostasia. Eles davam ouvidos aos deuses pagãos, que prometiam dar às pessoas o que elas queriam.

Esta passagem fala muito sobre o problema do que o pecado pode causar na vida do crente. O pecado leva ao desastre. A consequência do pecado é sempre a morte (Romanos 6:23). Morte é separação. O pecado significa buscar aos nossos desejos e nossos próprios caminhos, ao invés dos caminhos de Deus. Quando vivemos separados de Deus, acabamos sendo separados de tudo o que Deus nos criou para ser. Em vez de estarmos em unidade com os outros, permanecendo juntos em amor e serviço, acabamos sozinhos. Em vez nos unir uns aos outros, nos envolvemos com os outros em competição para ver quem pode explorar mais.

Deus criou o princípio da causa e efeito e Suas leis de causa-efeito moral são tão certas quanto as leis da física, como a gravidade. Podemos optar não acreditar na gravidade, mas vamos bater no chão mesmo assim. O mesmo acontece no universo moral. Israel havia suspendido a crença e a busca por Deus. Eles haviam substituído pela busca de seus próprios caminhos e paixões, gerando injustiça em todo o país. Em breve Israel cairia diante do mais explorador de todos os povos: os assírios.

O pecado é como um padrão rítmico em uma canção musical. Muitas vezes leva a outros pecados (v. 7). Por esta razão, os crentes devem procurar ter um bom conhecimento de Deus e de Sua palavra. Um relacionamento mais profundo com o Senhor Jesus Cristo é importante para todo crente, pois não há coisa melhor do que conhecer a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo, a quem Ele enviou para salvar o mundo (João 17:3).

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