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Significado de Oséias 9:1-6
Ao chegar a época das colheitas, o profeta Oséias adverte aos israelitas, dizendo: Não vos alegreis, ó Israel, com exultação como as nações! (v. 1). O cenário para este versículo parece ser o tempo da Festa das Tendas, que deveria ser celebrada sete dias depois que os grãos e as uvas tivessem sido processados, colocados em recipientes e armazenados (Deuteronômio 16:13).
Israel deveria celebrar esta festa com grande alegria, dando graças a Deus por abençoar o fruto de seu trabalho (Deuteronômio 16:14). Porém, aqui em Oséias, Israel se alegrava com exultação como as nações (v. 1). A exultação das nações aparentemente se refere às práticas das celebrações das nações pagãs vizinhas, que celebravam a colheita com libertinagem pagã.
Oséias assim descreve: Bancaste a meretriz, abandonando a seu Deus (v. 1). Israel havia demonstrado sua infidelidade confiando em Baal — o deus cananeu da fertilidade — para prover suas necessidades, em vez de confiar no SENHOR, seu Deus (Oséias 2:7-8). Eles agiram como parceiros infiéis. Foi por isso que Deus instrui Oséias a tomar uma esposa da prostituição, como ilustração de que a quebra da aliança de Israel com Deus era como uma esposa que quebrava seu voto matrimonial (Oséias 1:2, Ezequiel 16:15).
A infidelidade de Israel a Deus é bem ilustrada na seguinte frase de Oséias: Israel amava os ganhos da meretriz em cada eira. A expressão “ganhos das meretrizes” refere-se aos presentes dados a uma meretriz em troca de seus serviços (Oséias 2:12). No caso de Israel, esses presentes eram produtos agrícolas como trigo, vinhas e figos, comida, água, lã, linho, óleo e bebida (Oséias 2:5-12). A imagem parece se referir aos agricultores de Israel na época das colheitas trazendo meretrizes para suas festas noturnas e pagando-lhes com produtos de suas colheitas.
Em vez de desfrutarem das colheitas em gratidão, como deveriam fazer (Deuteronômio 16:14), eles as desperdiçavam com prostitutas. É provável que as prostitutas fizessem parte das práticas de adoração pagãs, o que indicaria que eles estavam se engajando em práticas pagãs. Na Festa das Temdas, eles deveriam dormir em cabanas para se lembrar que haviam sido libertados do Egito e habitado em moradias temporárias no deserto, e que a cada sete anos devem ouvir a leitura completa da Lei (Levítico 23:43, Deuteronômio 31:10). Parece não haver evidências de que as lições daquele festival estejam sendo praticadas. Em vez disso, eles estavam praticando a imoralidade sexual, como era costume no Egito e em Canaã (Levítico 18).
Israel perderia todos esses presentes porque erroneamente os atribuiu a Baal. Eles negligenciaram completamente o fato de que fora o SENHOR, seu Deus, que os supria. Eles amavam os ganhos das meretrizes, em todas as eiras.
A eira refere-se a uma superfície dura e plana na qual o grão era removido das plantas colhidas. Era uma das instalações essenciais dentro das áreas agrícolas de Israel. Depois de cortados, os cereais eram separados dos grãos antes de serem virarem farinha. O costume era o de debulhar tarde da noite e dormir na eira durante a colheita (Rute 3:2-4). Aqui parece evidente que Israel patrocinava orgias durante as colheitas. Eles provavelmente creditavam a Baal pelas colheitas, enquanto se entregavam a festas de sexo.
Consequentemente, os israelitas seriam privados de todas essas abundantes colheitas. Deus havia prometido que se eles se alegrassem e demonstrassem gratidão a Ele, lembrando-se de que havia sido Ele quem os livrara do Egito para a Terra Prometida, Ele garantiria colheitas abundantes (Deuteronômio 16:15). Porém, Israel não estava sendo grato a Deus. Em vez disso, eles estavam quebrando sua aliança seguindo aos deuses pagãos e praticando sua cultura pagã. Portanto, Deus invocaria a penalidade em seu acordo de aliança e secaria a produtividade da terra (Deuteronômio 28:18).
A eira e o lagar de vinho não os alimentarão, e o vinho novo lhes falhará (v. 2). O termo “prensa de vinho” também pode ser traduzido como “cuba de vinho”. A lição de Deus ao se referir à eira e ao lagar é que as épocas de colheita não renderiam grãos e não haveria uvas para produzir vinho (Deuteronômio 28:18). Em vez de viverem em prosperidade material, os israelitas experimentariam um corte na safra. Tanto a eira quanto o lagar estariam vazios devido à falta de produção agrícola.
Além disso, os israelitas não permaneceriam na terra do SENHOR (v. 3) porque atribuíram erroneamente o produto da terra a Baal e seguiram às práticas de Baal (incluindo a prostituição cultual). O Deus Susserano (governante) havia concedido a terra de Canaã a Israel em cumprimento de Suas promessas a seus antepassados (Gênesis 17:8).
Porém, Israel deveria obedecer às leis do pacto de Deus para desfrutar dos benefícios da terra e permanecer nela. O fracasso em se submeter à autoridade de Deus e seguir aos mandamentos do pacto, como haviam prometido fazer (Êxodo 19:8), resultaria na remoção de Israel da terra. Ela seria espalhada "entre todos os povos, de um extremo ao outro da terra" (Deuteronômio 28:64).
Durante os dias de Oséias, essa maldição pela desobediência à aliança tornou-se realidade. Como o profeta declara: Efraim retornará ao Egito, e na Assíria eles comerão alimentos impuros (v. 3). A frase “retornar ao Egito” é uma metáfora do retorno ao jugo de um senhor. Neste caso, o senhor não seria Faraó, mas a Assíria.
O termo Efraim refere-se à maior tribo de Israel e representa aqui a toda a nação. A palavra significa "duplamente fecundo" (Gênesis 41:52). É usado ironicamente para se aplicar ao reino do norte de Israel, porque o povo não continuaria a viver na terra fértil de Canaã, "uma terra que jorra leite e mel" (Êxodo 3:17).
Como no capítulo anterior, o nome Egito é usado simbolicamente para indicar que a futura condição de exílio de Israel seria como a que eles haviam experimentado no Egito. Tal experiência pode ser resumida em duas palavras: opressão e trabalho (Êxodo 1). Porém, o destino de Israel nos dias de Oséias seria a Assíria (2 Reis 17:6). Lá, eles comeriam alimentos impuros porque viveriam em uma terra impura e pagã. Isso aconteceria porque Israel havia se contaminado (Oséias 6:10). Eles haviam ignorado a Deus e se misturado com as nações pagãs, adotando sua cultura de exploração e abandonando a cultura de amor ao próximo (Oséias 7:8, Mateus 22:37-39).
Confinados na terra da Assíria, os israelitas não seriam capazes de oferecer sacrifícios aceitáveis ao Deus Susserano. Eles não derramarão ofertas de vinho ao SENHOR e seus sacrifícios não O agradarão (v. 4). As ofertas de bebidas eram acompanhadas por sacrifícios de animais (Êxodo 29:38-46). De acordo com o livro de Números, "um quarto de um him", aproximadamente um galão de vinho (quatro litros) deveria ser derramado no fogo do altar para cada sacrifício (Números 15:4-5).
No exílio, no entanto, as ofertas de bebidas e os sacrifícios de animais não ocorreriam; caso ocorressem, não agradariam a Deus. A palavra hebraica traduzida como “agradar” é frequentemente usada para indicar algo tomado em penhor como garantia a um empréstimo ou voto. A ideia parece ser que a de que, caso eles fizessem sacrifícios no exílio, isso não os libertaria dele. Não haveria "libertação antecipada" ou "liberdade condicional" de seu exílio. Eles iriam para lá e cumpririam seu "mandato completo".
O fato de o culto sacrificial de Israel não restaurar sua comunhão com Deus nem os trouxesse novamente à terra é explicado pela comparação vívida de Oséias, na qual ele diz: Seu pão será como o pão dos enlutados, todos os que dele comerem serão contaminados (v.4). No antigo Israel, alguém que tivesse tido contato com um cadáver numa casa em luto era considerado "impuro por sete dias" (Números 19:11).
Durante o período de impureza, seu pão poderia ser só para si mesmo, mas não deveria entrar na casa do Senhor. Isso pode indicar que Israel não voltaria do exílio, pois não haveria casa do Senhor no lugar de exílio. Historicamente, Samaria jamais foi restaurada novamente. Isso foi diferente no reino de Judá, ao qual foi prometido um retorno após 70 anos no exílio (Jeremias 29:10). No futuro, todo Israel será restaurado e Jesus será recebido como seu Messias (Romanos 11:26-27).
A ideia parece ser a de que os israelitas ainda seriam capazes de comer sua comida enquanto estivessem no exílio, mas não seriam capazes de oferecer nenhuma de suas refeições ao Senhor, seu Deus, pois tal oferta seria cerimonialmente impura (Jeremias 16:7, Ezequiel 24:17). Oséias usa essa imagem para caracterizar a vida de Israel ao ser levado cativo pelo império assírio.
Antecipando o próximo julgamento de Israel, Oséias pergunta: O que fareis no dia da festa designada e no dia da festa do Senhor (v. 5)?
A expressão “festa do Senhor” é provavelmente usada como sinônimo para retratar a Festa das Tendas, que parece ser o cenário para a passagem no capítulo 8 (v. 1). Esta festa ocorria na época das colheitas. Oséias, então, responde à sua própria pergunta a respeito dessa época de colheita:
“Pois eis que irão por causa da destruição; O Egito os reunirá, Mênfis os enterrará. As ervas daninhas tomarão conta de seus tesouros de prata; Espinhos estarão em suas tendas.”
O povo de Deus não poderia celebrar suas festas mais importantes porque estaria no exílio: Eis que ireis por causa da destruição. Eles deixariam a terra porque ela seria devastada. Alguns tentariam fugir para o Egito, mas não prosperariam lá. O Egito os reuniria, Mênfis os enterraria.
A cidade chamada Mênfis está localizada a apenas 35 quilômetros ao sul do Cairo moderno, na margem oeste do rio Nilo. Servia como a capital do Baixo Egito durante grande parte da história do Egito. Era um famoso local de sepultamento egípcio. O povo de Deus morreria e seria enterrado lá em Mênfis por causa de sua desobediência a Ele. A imagem parece ser a de que o Egito iria coletá-los, Mênfis os enterraria quando morressem.
Quanto aos seus pertences, eles sairiam às pressas e deixariam para trás a prata e as tendas. Presumivelmente, essas coisas os atrasariam. Assim, as ervas daninhas tomariam conta de seus tesouros de prata, espinhos estariam em suas tendas (v. 6). A imagem parece ser a dos israelitas fugindo às pressas, deixando para trás seus tesouros de prata. Porém, Israel/Samaria seriam tão desabitadas que ninguém pegaria sua prata. Em vez disso, as ervas daninhas tomariam conta de seus tesouros de prata. E suas barracas não seriam ocupadas; aparentemente não haveria população suficiente para ocupar as barracas deixadas para trás. As barracas seriam tomadas por espinhos.