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Significado de Tiago 1:12
Nesta passagem, Tiago traz uma bem-aventurança, ou seja, uma forma de poesia da tradição literária hebraica: Bem-aventurado o homem que suporta a tentação.
Assim como Jesus trouxe uma série de bem-aventuranças (veja Mateus 5:1-11) para dar compreensão e esperança a Seus ouvintes, Tiago também invoca o poder da esperança e urge os irmãos a suportar a tentação. Tiago retoma o tema do início do capítulo (Tiago 1:2-4), exaltando a virtude do sofrimento e ordenando aos crentes que se alegrem durante as circunstâncias difíceis.
Ele começou com o sofrimento como uma parte importante de amadurecer na fé; agora, Tiago espelha as palavras de Jesus:
"Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem e vos persegueirem, e disserem falsamente toda espécie de mal contra vós por causa de Mim. Porque, do mesmo modo, perseguiram aos profetas que vieram antes de vós" (Mateus 5:11-12).
Jesus aborda o sofrimento proveniente da harmonia dos cristãos com Seus princípios. Tiago está mais focado na ideia mais ampla das "várias provações" (Tiago 1:2) que chegavam aos cristãos ao longo de suas vidas. No entanto, ambos se concentram na glória das recompensas futuras.
Tiago descreve essa bênção futura como um processo triplo, incluindo:
Prática e historicamente, esta sequência faz todo o sentido. Na prática, podemos ver que a recompensa vem ao final de um esforço. Os que desejam ser recompensados devem ser qualificados para receber a recompensa; devem ser aprovados por uma autoridade, um juiz. Neste caso, aquele a quem Deus promete aprovar é ao homem que persevera sob a provação. O homem que persevera sob a tentação é abençoado. Ele é abençoado porque pode esperar receber a aprovação de Deus e, com essa aprovação, uma grande recompensa. Neste caso, a grande recompensa é a coroa da vida.
A coroa da vida provavelmente não seja o tipo de coroa ou diadema usada pelos reis, mas a coroa de flores concedida ao vencedor no Bema, o Tribunal de Cristo (1 Coríntios 5:10). A palavra grega traduzida como “coroa” é "stephanos". É a mesma palavra usada em 1 Coríntios 9:25, onde Paulo expõe o exemplo de um atleta olímpico que recebe uma coroa de flores por ter vencido uma competição.
Os atletas se tornam heróis ao suportar os treinamentos e as competições, sendo verificados e aprovados como vencedores. Em seguida, eles recebem a coroa. Os crentes em Corinto certamente estavam familiarizados com essa metáfora, já que os jogos ístmicos eram realizados em Corinto nos anos seguintes aos Jogos Olímpicos. Em 1 Coríntios 9, Paulo expressa seu desejo em perseverar na fé e ser aprovado para receber a coroa dada por Deus:
"Não sabeis que os que correm no estádio correm, na verdade, todos, mas um só é que recebe o prêmio? Assim correi, de modo que o alcanceis. Todos os atletas, em tudo, se moderam; aqueles, com efeito, para receber uma coroa corruptível, mas nós, uma incorruptível. Eu, por minha parte, assim corro, não como na incerteza; de tal modo combato, não como açoitando o ar; pelo contrário, esbofeteio o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, havendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser rejeitado" (1 Coríntios 9:24-27).
Usando essa ilustração, Paulo indica que a coroa recebida pelos crentes aprovados tem grande valor por causa da pessoa que concede o reconhecimento. No mundo antigo, qualquer um podia fazer uma guirlanda de flores para si mesmo. O verdadeiro significado da coroa não estava na guirlanda. Pelo contrário, estava nas realizações reconhecidas pela autoridade, na presença de testemunhas.
Da mesma forma, a coroa da vida representa a glória, bênção e exaltação do crente para sempre na presença do Senhor. A coroa é prometida aos que O amam, pois o amor permanece sendo o grande motivo das ações nobres por parte dos cristãos (1 Coríntios 2:9; 2 Coríntios 5:14). Tiago é implacável a respeito da importância da ação, um eco das palavras de seu Senhor: "Se me amardes, guardareis os Meus mandamentos" (João 14:15).
O fato de a "vida" ter sido dada como recompensa pode ser um pouco confuso, já que a "vida" também é um dom. A palavra grega traduzida como "vida" aqui é "zoe", indicando qualidade de vida. É a mesma palavra usada para descrever o novo nascimento:
"Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também o Filho do Homem deve ser levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna ('zoe')" (João 3:14-15).
Nesta passagem de João, Jesus explica a um líder judeu como nascer de novo espiritualmente. Jesus diz que demanda a mesma fé exigida dos filhos de Israel ao serem libertos das picadas mortais das serpentes venenosas no deserto. Assim como eles precisariam crer em Deus ao olhar para a serpente de bronze, todos os crentes em Jesus devem olhar para Ele na cruz, esperando ser libertos da morte eterna do veneno mortal do pecado. Esta é a vida ("zoe") dada como presente.
Após o novo nascimento ("zoe"), temos a oportunidade de alcançar a maior experiência da vida ("zoe"), através de uma caminhada de fé. Se escolhermos andar em fé, poderemos alcançar as grandes recompensas das nossas boas escolhas.
Isso possui um paralelo com a vida física. O nascimento físico é uma dádiva. Ninguém escolhe seus pais, o momento em que nascem ou as características físicas que herdam. Todas essas coisas nos são dadas no nascimento e nenhuma é conquistada. No entanto, a experiência de vida é muito afetada pelas atitudes/perspectivas que adotamos, bem como por nossas ações. Podemos destruir nossas vidas através de más escolhas, ou resgatá-las através de boas escolhas. Nada do que fazemos durante nossa vida afeta a realidade de nosso nascimento físico. No entanto, nossas ações têm grande influência sobre quem nos tornamos.
O dom da vida não pode ser eliminado por nossas ações. Fisicamente ainda somos quem nascemos para ser. Não podemos escolher crescer mais 10 cm, por exemplo. Da mesma forma, nascer de novo espiritualmente é um dom não merecido que não pode ser perdido. No entanto, nossa experiência de vida será substancialmente impactada por nossas decisões em relação às pessoas em quem confiamos, as perspectivas que adotamos e as ações que tomamos. Da mesma forma, nossas escolhas espirituais determinam as recompensas de nossa caminhada de fé, sem afetar a realidade de nosso novo nascimento espiritual em Cristo (2 Coríntios 5:17).
A “vida” ("zoe") é tanto um dom quanto uma recompensa. A vida eterna é dada gratuitamente, como uma dádiva da graça (João 3:14-15; Efésios 2:8-9). A vida eterna também nos é dada como recompensa pelo serviço fiel (Romanos 2:6-7). Tiago afirma a seus irmãos judeus que haviam crido que eles receberiam a coroa da vida que o Senhor prometeu àqueles que O amam. Alegrar-se nas dificuldades e caminhar na perseverança da fé requer crer que aquilo que o Senhor prometeu é real e verdadeiro. Paulo afirma isso sobre a incrível recompensa de amarmos a Deus e guardarmos Seus mandamentos:
"Mas, assim como está escrito: 'COISAS QUE OS OLHOS NÃO VIRAM E OS OUVIDOS NÃO OUVIRAM, E QUE NÃO SUBIRAM AO CORAÇÃO DO HOMEM, É O QUE DEUS PREPAROU PARA AQUELES QUE O AMAM'" (1 Coríntios 2:9).
Amar a Deus significa guardar Seus mandamentos. Tiago expõe aqui uma poderosa sequência de decisões que os crentes devem tomar para obterem os maiores benefícios da vida. Tudo começa com a fé, a escolha de crer que os caminhos de Deus são para o nosso bem, sem duvidar. Isso nos permite escolher a perspectiva de que todas as circunstâncias da vida são neutras; elas devem ser vistas principalmente como oportunidades de amadurecimento da nossa fé. Isso significa que podemos nos alegrar em qualquer provação, em qualquer circunstância, porque cada uma delas significa uma grande oportunidade. Tiago logo nos levará a entender que o grande benefício de termos uma perspectiva verdadeira é que ela nos levará a iniciar ações construtivas.