AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Joel 2:1-3
Este capítulo descreve uma invasão iminente em termos militares. O primeiro capítulo descreveu essa invasão iminente como uma praga de gafanhotos. Essa praga retratava um julgamento devastador que viria sobre o povo de Judá. A voz profética no primeiro capítulo falou como se a invasão já tivesse ocorrido, provavelmente para enfatizar a certeza do cumprimento da profecia. Tendo em vista a aproximação iminente desse grande julgamento, Joel emite uma ordem para tocarem uma trombeta em Sião e soar um alarme em Minha montanha santa.
O termo traduzido como “trombeta” é "shofar" em hebraico. Refere-se a um instrumento de sopro feito a partir do chifre dos carneiros. No antigo Israel, as trombetas eram sopradas para os holocaustos e ofertas de paz, e também para a celebração da festa da Lua Nova (Números 10:10). Elas também eram tocadas pelos vigias para sinalizar um perigo iminente, como quando uma nação inimiga estava se aproximando de Israel (Números 10:9). O som da trombeta serviria como alerta quanto ao julgamento iminente de Deus sobre Seu povo desobediente.
O local específico onde o som da trombeta seria ouvido era em Sião, a montanha sagrada de Deus. O Monte Sião fica na parte sudeste da cidade de Jerusalém. Era a alta colina sobre a qual o rei Davi construíra uma cidadela, por isso é muitas vezes referida como "a cidade de Davi" (2 Samuel 5:7). Isso explica por que "Sião" é usado como símbolo para a nação de Israel, bem como Jerusalém, sua capital. O soar da trombeta em Sião tinha como objetivo avisar a toda a terra e a todos os seus líderes de que a invasão era iminente.
Tendo ordenado ao povo que tocasse a trombeta para anunciar o julgamento de Deus, Joel declara: Que todos os habitantes da terra tremam. O verbo “tremer” é significativo. As pessoas tremem de emoção ou ansiedade (1 Crônicas 17:9), alegria (Jeremias 33:9), tristeza (2 Samuel 18:33) ou terror, como nesta passagem (Êxodo 15:14). O som da trombeta sinalizaria um perigo iminente e causaria medo e pânico entre todos os que viviam em Judá (Amós 3:6; Jeremias 4:5-6). A razão para se soar o alarme era porque o dia do SENHOR estava chegando; com certeza, está perto. Isso significaria que a primeira invasão estava às portas de Judá. Esta seria a primeira das quatro invasões (Joel 1:4).
A frase “dia do SENHOR” geralmente se refere a qualquer momento específico em que o SENHOR intervém abertamente nos assuntos humanos para julgar aos ímpios e libertar aos justos. O tempo específico pode estar perto ou longe (2 Pedro 3:8). Esta referência refere-se a um tempo próximo em que Deus julgaria os atos perversos de Judá através de uma invasão militar de um povo estrangeiro. Isso provavelmente se refere à invasão babilônica a Judá, que começou em 586 a.C. Também pode se referir às três invasões adicionais que ocorreriam no futuro.
O profeta, então, usa quatro termos diferentes para o termo “escuridão”, visando descrever a aflição que acompanharia o julgamento de Deus. Seria um dia de escuridão e melancolia, um dia de nuvens e escuridão espessa. O termo “escuridão” refere-se literalmente à ausência de luz ou brilho. Como é usado aqui em conexão com a melancolia, é aplicado metaforicamente para retratar o dia do julgamento de Deus, que seria um dia de aflição e problemas (Amós 5:18-20; Sofonias 1:15). No capítulo 1, a praga de gafanhotos que representava a invasão iminente vinha acompanhada por uma seca severa; assim, a referência a um “dia de nuvens” aqui pode não se referir à chuva. O profeta pode ter em mente a presença de Deus ao julgar Judá, já que a presença de Deus era frequentemente retratada pela presença de uma nuvem (Êxodo 16:10; 19:9; 19:16; 24:15-18; 33:9). A palavra raiz traduzida como “escuridão espessa” é a mesma palavra usada para descrever a praga das trevas com a qual Deus feriu o Egito (Êxodo 10:22).
No livro do Êxodo, lemos sobre uma praga de gafanhotos enviado por Deus aos egípcios quando eles se recusaram a libertar os israelitas. Os gafanhotos eram tão numerosos que "cobriam a superfície de toda a terra, de modo que a terra escureceu" (Êxodo 10:14-15). Isso indicaria que a terra havia sido escurecida pelo enxame de gafanhotos. A melancolia em Judá pode derivar do enxame de invasores que cobriria a terra, escurecendo-a como um enxame de gafanhotos. Ao contrário do Êxodo, nesta passagem o julgamento não é sobre os inimigos de Deus, mas sobre Seu povo escolhido. Tal julgamento traria intensa tristeza e dor ao povo de Judá, fazendo-o tremer.
Joel também fala do tamanho inumerável do exército invasor, comparando-o ao amanhecer espalhado pelas montanhas. O termo “amanhecer” significa a aproximação da luz da manhã, que sinaliza o romper do dia. Quando a luz da manhã chega, os raios do sol cobrem todo o topo das montanhas, enquanto o sol sobe no horizonte. Essa comparação indica que o exército se espalharia por toda a terra de Judá na medida em que a invasão se aproximasse. De fato, o exército seria forte e irresistível.
O exército que invadiria a terra de Judá era um grande e poderoso povo. Além disso, o exército seria único. Nunca houve nada parecido, nem voltará a haver depois dos anos de muitas gerações. Esta é outra maneira de dizer que o desastre que estava prestes a ocorrer em Judá seria sem precedentes e permaneceria assim por muito tempo. Esta afirmação ecoa a afirmação do capítulo 1:
"Algo assim aconteceu em seus dias ou nos dias de seus pais?" (Joel 1:2).
A voz usada no capítulo 1 é uma narração, descrevendo uma recente invasão de gafanhotos, também considerada como um evento sem precedentes. Se fossem eventos diferentes, ou seja, uma invasão literal de gafanhotos seguida por uma invasão de exércitos humanos, não caberia chamar o segundo evento de inédito. Isso provavelmente indique que ambos os capítulos se refiram ao mesmo evento. No capítulo 1, o profeta está falando sobre o futuro como se ele tivesse acabado de ocorrer, a fim de enfatizar a certeza do cumprimento da previsão. No capítulo 2, a voz muda da descrição da recente invasão de gafanhotos para o momento atual, onde o profeta prevê uma invasão imediata por um exército estrangeiro. Isso fornece uma interpretação para os gafanhotos no capítulo 1, deixando claro que os gafanhotos eram a imagem de exércitos invasores. A expectativa era de uma invasão de Judá por uma nação estrangeira. Esta nação era um povo grande e poderoso, tão numeroso que era semelhante a um enxame de gafanhotos.
A invasão seria inesperada e incomparável. O capítulo 1 descreve uma sequência de quatro tipos de gafanhotos, provavelmente indicando quatro nações diferentes que invadiriam Judá. O primeiro invasor também foi retratado por um leão, representando a Babilônia. É discutível que a última nação a invadir, Roma, seria tão devastadora quanto a Babilônia, mas isso não ocorreria por muitas gerações, cerca de 700 anos.
O profeta compara o poder do exército vindouro a um fogo devastador e diz: Um fogo consome diante deles e atrás deles uma chama queima. O termo “fogo” denota a manifestação física da destruição, enquanto o termo “chama” refere-se à parte do fogo visível aos olhos humanos (Joel 1:19). Quando um campo pega fogo, geralmente ele é deixado estéril e desolador. Podemos pensar na imagem de um incêndio florestal, que consume tudo em seu caminho. Da mesma forma, o exército vindouro teria um efeito devastador na terra de Judá. Devoraria tudo em seu caminho, deixando a terra desolada e estéril.
Antes da chegada do exército invasor, a terra de Judá era fecunda e bela. Era como o jardim do Éden, no qual "o SENHOR Deus fez crescer toda árvore que é agradável à vista e boa para o alimento" (Gênesis 2:9). Na verdade, era uma terra bem cuidada e fértil. Porém, depois que o exército passasse, a terra se tornaria um deserto desolado. O exército era tão poderoso que nada lhes escaparia. Ninguém seria capaz de resistir aos invasores; o exército seria o instrumento de julgamento do Deus Susserano, o Todo-Poderoso (v. 11).