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Significado de Jonas 1:10-16
Na seção anterior, depois de lançar sortes e identificar Jonas como o responsável pela tempestade, os marinheiros lhe fizeram várias perguntas para determinar o próximo curso de ação. Jonas respondeu dizendo que era um hebreu fugindo do SENHOR, o Deus que fizera o mar e a terra seca (vv. 7-9). Quando os homens ouviram a declaração de Jonas, ficaram extremamente assustados (literalmente, "eles temeram com grande medo"). Como no versículo 5, esse medo se referia ao terror dos marinheiros por sua segurança física. Por que um medo tão grande?
Os homens ficaram assustados porque haviam acabado de saber sobre o SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a tempestade. Eles haviam acabado de perceber que o SENHOR, o Deus de Jonas, era mais poderoso do que os deuses a quem serviam. Eles descobriram que Jonas estava fugindo desse grande Deus, colocando suas vidas em risco. Então, eles dizem a ele: 'Como poderias fazer isso?' Aqui eles perguntam a Jonas como ele poderia colocá-los em perigo quando Jonas sabia estar fugindo de Deus.
Jonas havia sido designado como missionário a Nínive, capital da Assíria, inimiga de Israel, para dizer-lhes que se arrependesse. Porém, Jonas não queria que Nínive se arrependesse; ele queria que Deus os destruísse (Jonas 4:2). Deus o enviara a Nínive, mas ele entrou em um barco rumo a Társis, na direção oposta. Os marinheiros entenderam imediatamente que foram pegos no meio de uma disputa entre Jonas e seu Deus. É irônico que esses marinheiros pagãos encontrem ao profeta cometendo essa ação perversa assim que chegam à compreensão correta do caráter do SENHOR: Pois os homens sabiam que ele estava fugindo da presença do SENHOR porque ele lhes havia dito.
Enquanto pensavam no risco de perderem a vida por causa de um profeta desobediente, os marinheiros continuavam a explorar suas opções de sobrevivência. Disseram-lhe: 'O que devemos fazer contigo para que o mar se acalme?' — pois o mar estava cada vez mais tempestuoso. Como os marinheiros sabiam que Jonas estava fugindo da presença do Senhor, pediram-lhe uma solução. Eles aparentemente estavam perguntando o que poderiam fazer para apaziguar a ira do Senhor, já que não estavam cientes de Suas exigências de obediência. Somente Jonas saberia como apaziguar a ira de Deus.
O profeta Jonas deu uma resposta claramente inesperada aos marinheiros. Uma vez que reconheceu que ele era a causa da tempestade, parecia razoável esperar que ele apelasse ao SENHOR em arrependimento. Ele poderia orar para que o SENHOR os fizesse voltar em segurança à terra seca para que, então, pudesse obedecer e ir para Nínive. Em vez disso, Jonas dá uma resposta que choca os marinheiros: "Lancem-me ao mar. Então o mar se acalmará para vós, pois sei que, por minha causa, esta grande tempestade veio sobre vós."
Isso é inesperado porque os homens relutaram em seguir ao conselho de Jonas. Talvez eles acreditassem que as divindades poderiam proteger à vida de seus adoradores e isso poderia piorar as coisas. Ou talvez eles simplesmente tenham chegado ao o senso comum de que Deus habitava em todos os seres humanos e percebido que era errado fazer o que equivaleria a um sacrifício humano (Romanos 2:14). Em ambos os casos, os homens decidiram reagir com honra. Eles remaram desesperadamente para voltar à terra, mas não conseguiram, pois o mar estava se tornando ainda mais tempestuoso contra eles.
O verbo traduzido como “remar” significa "cavar" ou "percorrer o caminho remando". Isso ocorre no livro de Ezequiel, quando o SENHOR pede ao profeta que "cavasse o muro" (Ezequiel 8:8). O uso desse verbo aqui no livro de Jonas nos diz que os marinheiros fizeram um esforço extremo para voltar à costa. Porém, não tiveram sucesso na tentativa.
Como os marinheiros tentaram voltar para a costa sem sucesso, eles pensaram que o Deus de Jonas era contrário à sua decisão. Neste ponto, eles parecem ter percebido que todos iriam morrer de qualquer maneira, então sua única opção seria seguir ao conselho de Jonas e jogá-lo ao mar. Na pior das hipóteses, todos morreriam, mas Jonas morreria primeiro. Na melhor das hipóteses, eles seriam poupados. No entanto, aparentemente com medo de deixar o Deus de Jonas furioso ao jogar Seu servo no mar, eles imploraram o favor do Senhor. Começaram dizendo: 'Oramos fervorosamente, Senhor.’
O pedido dos marinheiros mostra a reverência deles ao SENHOR. Eles haviam ouvido ao testemunho de Jonas e sobre no poder do Senhor. Assim, em vez de orar a seus deuses pagãos, como haviam feito anteriormente (Jonas 1:5), eles agora oraram ao verdadeiro Deus, Aquele que controlava o mar e a terra seca (Jonas 1:9).
A oração dos marinheiros consistia de dois pedidos. Primeiro, eles pedem ao Senhor por segurança e proteção, pois se comprometeram a lançar Jonas ao mar: Não nos deixes perecer por causa da vida deste homem! Como os marinheiros sabiam que Jonas era culpado, não queriam sofrer as consequências de sua desobediência. Eles apelaram ao Deus de Jonas por proteção. Em segundo lugar, os marinheiros dizem ao Senhor: Não coloques sangue inocente sobre nós! Esta declaração mostra que os marinheiros estavam preocupados em serem responsabilizados pelo Senhor pela morte de Jonas. Eles desejavam que Javé visse esse ato como um ato de honra a Deus, não de violação aos Seus mandamentos.
O motivo por trás da dupla petição dos marinheiros é explicitado: Porque Tu, ó Senhor, fizeste o que quiseste. Os marinheiros reconheceram o poder soberano do Senhor. Ele havia lançado a tempestade contra o navio (v. 4). Ele interveio no lançar da sorte e permitiu que os marinheiros identificassem Jonas como o culpado (v. 7). Por todas essas razões, os marinheiros creram, com razão, que o Senhor estava por trás de tudo aquilo. Suas palavras ecoam as palavras do Salmo 115, que contrasta os deuses pagãos com o Senhor: "Mas o nosso Deus está nos céus; Ele faz o que quiser" (Salmo 115:3).
Podemos nos perguntar, neste momento, por que Jonas não interveio para pedir a Deus que parasse o vento, prometendo que iria para Nínive. Jonas 4:2 infere que o raciocínio de Jonas era o de que ele preferiria morrer para que Nínive não fosse lartada, em vez de levar Nínive a se arrepender e Deus ceder de Seu julgamento. De fato, cerca de trinta anos após a morte de Jeroboão II, o rei de Israel, durante o ministério de Jonas, a Assíria destruiria Israel e deportaria seu povo. Portanto, o cálculo de Jonas não foi irracional. No entanto, parece que a visão de Jonas sobre Deus era limitada; ele imaginava poder frustrar a vontade de Deus. Jonas parece ter racionalizado que, se morresse, a Assíria não seria avisada; assim, ao ser jogado no mar, Israel seria salvo. Deus poderia, é claro, advertir a Assíria de muitas maneiras. Mas, neste caso, o SENHOR escolhe trabalhar por meio de Jonas e ensinar-lhe uma lição.
Tendo feito uma oração ao Senhor, os marinheiros pegaram Jonas e o lançaram ao mar. De repente, o mar parou de se agitar. A calmaria mostrou aos marinheiros, mais uma vez, o poder do Senhor. Também confirmou que a tempestade era o resultado da desobediência de Jonas. A turbulência cessou quando os marinheiros cumpriram fielmente as instruções de Jonas. O SENHOR respondera às suas orações (Jonas 1:14).
Em resposta à ação de Deus às suas orações, os homens temeram muito ao Senhor. Eles ficaram admirados porque reconheceram que todo o poder pertencia a Ele. Ao demonstrarem reverência ao SENHOR, ofereceram-Lhe um sacrifício.
O termo traduzido como “sacrifício” é "zebhach" (também pode ser escrito como "zevaḥ") na língua hebraica. Normalmente refere-se ao abate de um animal. Um "zevaḥ" era geralmente uma oferta de ação de graças que servia para trazer comunhão entre Deus e o adorador (Levítico 7:16; 22:18-23). O livro de 1 Reis descreve o processo deste ritual. O adorador pegava o animal, o matava e fervia sua carne. Então, dava sua carne ao povo para que a comessem (1 Reis 19:21).
Como esse tipo de ritual envolvia a morte de um animal, não está claro quando os marinheiros o fizeram. Talvez, eles tivessem o animal a bordo enquanto se preparavam para uma longa viagem, ou tenham realizado o ritual após chegarem de volta à terra firme. De qualquer forma, o texto nos diz que eles ofereceram um sacrifício ao Senhor.
Além de oferecerem um sacrifício ao Senhor, os marinheiros também fizeram votos. Nos tempos antigos, as pessoas muitas vezes faziam votos quando pediam ajuda divina. Ou seja, eles prometiam realizar uma determinada ação caso a divindade concedesse seus pedidos. Este ato voluntário era feito para demonstrar gratidão à divindade por fornecer alívio ou libertação, uma vez que a pessoa que precisava de intervenção divina passava por algum tipo de aflição (1 Samuel 1:9-11).
Aqui no livro de Jonas, os marinheiros reconheceram o poder e o caráter do SENHOR e fizeram um voto solene de louvá-Lo.