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Significado de Jonas 4:1-4
Quando Jonas adverte aos ninivitas sobre o julgamento de Deus, eles jejuaram, usaram pano de saco para expressar sua tristeza e se afastaram de seus maus caminhos. Quando Deus viu sua resposta genuína, Ele os perdoou e os poupou do julgamento que traria sobre eles (Jonas 3:10). Porém, a misericórdia de Deus sobre os ninivitas não causou nenhum deleite ao coração do profeta. Pelo contrário, o desagradou muito. Nínive era a capital da Assíria, inimiga de Israel. Jonas havia profetizado durante o reinado de Jeroboão II (2 Reis 14:25), cujo reinado terminou cerca de vinte e cinco anos antes da Assíria conquistar Israel e exilar seu povo.
A expressão é clara: "Desagradou Jonas com grande desagrado". Curiosamente, o substantivo traduzido como “desagrado” é "raʿah" em hebraico, que muitas vezes se refere a maus comportamentos (Jonas 3:8). Aqui, descreve a avaliação de Jonas sobre a compaixão de Deus para com Nínive. O profeta acreditava que a decisão de Deus de poupar os ninivitas era injusta e isso o desagradou. Talvez, da perspectiva de Jonas, ao poupar a Nínive, Deus estava pronunciando a desgraça de Israel.
O julgamento de Jonas sobre a ação de Deus em favor dos ninivitas fez com que ele ficasse ressentido; então, ele ficou com raiva (literalmente "ele ficou quente").
A palavra “raiva” refere-se à condição emocional de Jonas. Alguém fica com raiva quando ouve algo que não atende às suas expectativas. Na maioria das vezes, a raiva é uma reação espontânea a uma ameaça de algum tipo dirigida à pessoa ou a um grupo ao qual a pessoa pertence. Aqui em nossa passagem, não houve ameaça dirigida a Jonas. Ele estava com raiva simplesmente porque não esperava que Deus poupasse ao povo de Nínive. Ele queria ver Nínive ser destruída.
Embora Jonas tenha obedecido à mensagem de Deus e ido a Nínive para alertar ao povo sobre seu comportamento perverso, ele acreditava que eles mereciam a justiça de Deus, não Sua misericórdia. Agora que Deus havia respondido com compaixão, Jonas responde com raiva e desprazer.
Como Jonas estava descontente com a decisão do SENHOR de mostrar misericórdia para com os ninivitas, ele ora ao SENHOR. O termo para SENHOR é "Javé" em hebraico. É o nome da aliança de Deus, revelado a Moisés na declaração: "EU SOU QUEM EU SOU" (Êxodo 3:14). O nome especifica a presença de Deus com Seu povo da aliança (Salmo 34:18). Jonas estava ciente da presença de Deus, por isso orou a Ele.
Este é o segundo caso em que o texto nos diz explicitamente que Jonas orou. Na primeira ocasião, o profeta orou para agradecer ao SENHOR por poupá-lo de se afogar, permitindo que um grande peixe o engolisse (1:17; 2:1). Aqui, o profeta orou para expressar sua insatisfação quando o SENHOR poupou os ninivitas do julgamento.
Na oração de Jonas, ele diz: Por favor, Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em meu próprio país? A pergunta de Jonas exigia a resposta "Sim". Neste ponto, o texto revela por que o profeta se recusara a ir a Nínive quando Deus o enviara pela primeira vez. Quando Jonas ainda estava em seu país, a "palavra do SENHOR veio a ele" (Jonas 1:1). Deus lhe pediu para ir a Nínive e pregar contra ela, porque os ninivitas persistiam em sua iniquidade (Jonas 1:2). No entanto, Jonas raciocinava que Deus perdoaria Nínive caso o povo se arrependesse; assim, ele se recusou a ir até lá.
Jonas desejava que Nínive fosse destruída. Ele provavelmente viu a destruição de Nínive como um meio de salvar Israel. Conforme declara: Portanto, a fim de evitar isso, fugi para Társis.
O verbo traduzido como “evitar” é "qadam" em hebraico. Significa "ir antes" ou "antecipar algo" (Salmo 119:148). Ao usar o verbo para descrever sua ação, Jonas revela seu propósito ao fugir para Társis: impedir a maravilhosa graça de Deus a Nínive diante da ordem de Deus de ir até lá.
O lugar chamado Társis era provavelmente o sul da Espanha. Era um porto no Mediterrâneo ocidental conhecido por seu comércio de exportações e o ponto geográfico mais distante conhecido a oeste. (Jonas 1:3). Era, portanto, o destino mais distante que Jonas poderia navegar na direção oposta de Nínive. Assim, ao fugir para Társis, Jonas demonstrou que seu desejo era que Deus julgasse os ninivitas por seus atos perversos.
Jonas, então, explica o motivo por trás de sua fuga para Társis, ou seja, escapar de sua missão: Pois eu sabia que Tu és um Deus gracioso e compassivo, lento para a ira e abundante em bondade. Embora Jonas tivesse sido desobediente, ele tinha a visão correta sobre Deus. Talvez ele tivesse aprendido sobre a bondade de Deus no livro de Êxodo (Êxodo 34:6-7). Ele sabia exatamente que Deus cederia ao envio do julgamento anunciado caso Nínive se arrependesse. Era exatamente por isso que ele não queria ir para lá.
O termo hebraico para “gracioso” é "hanan", descrevendo a Deus como Aquele que concede favor imerecido e perdão a alguém. Por exemplo, quando Jonas estava prestes para morrer por afogamento, Deus graciosamente "designou um grande peixe para engoli-lo" (Jonas 1:17). Então, Deus ordenou que o peixe o vomitasse em terra firme depois de três dias (Jonas 2:10). Deus não era obrigado a resgatar Seu profeta desobediente (Jonas 1:3). Ele o fez porque era gracioso.
Deus não apenas é gracioso, mas também compassivo; Ele é cheio de compaixão. A palavra traduzida como “compassivo” é "rakham" em hebraico. Refere-se a um profundo amor de um pelo outro. O termo é usado em Isaías 49:15 para o amor de uma mãe para com seu bebê que amamenta. Uma mãe que dá à luz seu filho sempre o amará, independentemente do que aconteça. Da mesma forma, Deus é compassivo para com todas as pessoas porque Ele é o Criador. Mesmo no caso dos ninivitas pagãos, Ele lhes deu a chance de se arrependerem porque Ele é o Senhor de todas as nações.
Deus também é tardio em se irar. Essa expressão idiomática significa "de nariz comprido". No Antigo Oriente Próximo, dizia-se que alguém com pavio curto tinha nariz curto. Porém, dizia-se que uma pessoa paciente tinha um nariz comprido. O SENHOR é paciente, "não desejando que nenhum pereça, mas que todos venham ao arrependimento" (2 Pedro 3:9b). É por isso que Ele enviou Jonas aos ninivitas pagãos, dando-lhes uma janela de oportunidade para se arrependerem.
Deus não era apenas tarido para se irar, mas Ele também abundante em bondade. A palavra “bondade” é "hesed" em hebraico. Pode ser traduzida como "amor firme" ou "lealdade". O profeta afirma que a bondade de Deus era abundante, o que significava que Deus era cheio de amor infalível. Por causa da abundância de Seu amor, Ele pode perdoar aos pecadores e poupá-los das calamidades. Em suma, Deus cede em relação à calamidade quando as pessoas se arrependem. Deus não tem prazer na morte dos ímpios (Ezequiel 33:11).
“Ceder” é abandonar uma intenção severa ou um tratamento cruel. Muitas vezes descreve como Deus altera Seus julgamentos anunciados quando as pessoas se arrependem, embora Ele não seja obrigado a fazê-lo (Joel 2:13; Jonas 3:10; Jeremias 18:8). A palavra “calamidade” refere-se aos infortúnios que Deus traz sobre um indivíduo ou uma nação. Por exemplo, quando os israelitas moldaram o bezerro derretido e o adoraram como seu deus, o SENHOR estava prestes a destruí-los (Êxodo 32). No entanto, quando Moisés intercede em favor dos israelitas, o SENHOR cede de infligir a calamidade anunciada (Êxodo 32:14).
Jonas estava ciente da bondade de Deus. Ele confessa que o SENHOR era gracioso, compassivo e paciente. No entanto, ele não aprecia essas qualidades quando o Senhor as aplica aos ninivitas, inimigos de Israel. Como Criador, Deus sabe que todos os pecadores precisam de Sua graça. Portanto, Ele está sempre pronto para perdoar as pessoas quando elas se arrependem. E como Deus perdoou aos ninivitas, Jonas respondeu com raiva. Ele queria ver o inimigo de Israel destruído.
A ira de Jonas foi tão severa a ponto de dizer a Deus: Portanto, agora, ó Senhor, por favor, tire a minha vida, pois a morte é melhor do que a vida. O profeta pede que o SENHOR o mate por não conseguir lidar com a misericórdia do SENHOR para com os ninivitas. Tal pedido demonstrava o nível de raiva de Jonas. Ele estava optando pela morte ao invés da vida. Isso parece ser semelhante à sua atitude enquanto estava na tempestade. Ele parecia raciocinar que, caso fosse jogado ao mar e morresse, isso frustraria o plano de Deus de enviá-lo para resgatar a Nínive.
O SENHOR responde ao pedido de Jonas com uma pergunta: Tens boas razões para estar com raiva? A resposta esperada é "Não". O SENHOR já sabia que Jonas não tinha o direito de se zangar. Porém, Ele faz a pergunta para desafiar o profeta a reavaliar sua atitude. Como seres humanos, recebemos a administração de controlar três coisas: em quem ou no que confiamos, o que fazemos e a perspectiva ou atitude que escolhemos. Essa pergunta faria Jonas desacelerar e pensar sobre sua raiva, reavaliando se sua perspectiva era verdadeira. Deus o estava convidando a ver as coisas a partir de Sua perspectiva, enxergando os ninivitas como seres humanos necessitados de perdão, não apenas como inimigos. Assim, talvez ele pudesse entender melhor a paciência e a compaixão de Deus para com os ninivitas. No entanto, não nos é contada a resposta de Jonas, embora possamos inferir que ele tenha respondido positivamente pelo fato de ter escrito o livro. Talvez o livro termine com esta pergunta angustiante, convidando a cada um de nós a examinarmos nossas próprias atitudes em relação àqueles a quem percebemos como inimigos.