Significado de Lucas 4:40-41

Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 8:16-17 e Marcos 1:32-34.

Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias moléstias lhos trouxeram (v. 40a).

Quando o sol estava se pondo, as pessoas começaram a trazer até Jesus aqueles que estavam com vários tipos de doenças.

A frase aparentemente insignificante - “ao pôr so sol” - foi a maneira do escritor do Evangelho nos informar de que o sábado havia terminado. Os dias judaicos terminavam ao pôr do sol. Deus havia ordenado que Seu povo descansasse de seu trabalho no sábado (Êxodo 20:8-11; Deuteronômio 5:12-15). As leis do sábado ensinadas pelos fariseus limitavam a quantidade de trabalho que o povo podia realizar no sábado. O dia da cura da sogra de Simão foi o mesmo dia em que Ele havia expulsado um espírito impuro enquanto ensinava na sinagoga (Lucas 4:31-39). Aquele era um dia de sábado (Lucas 4:31).

A incrível notícia da expulsão do espírito imundo se espalhou rapidamente por todo o distrito (Lucas 4:37). Outros podem ter ouvido falar da sogra de Simão. Assim, quando a noite chegou e o sábado terminou, todos os que tinham algum doente os levaram a Jesus.

Todos os três escritores evangélicos que relatam esse evento comentam o fato de a noite haver chegado como forma de expressar que o sábado havia acabado (Mateus 8:16; Marcos 1:32).

O Evangelho de Marcos descreve essa cena com um detalhe um pouco mais expressivo: "toda a cidade estava reunida à porta" (Marcos 1:33). Depois de Jesus curar o homem possuído pelo demônio na sinagoga de Cafarnaum, "por todos os lugares da circunvizinhança divulgava-se a sua fama" (Lucas 4:37). Os eventos milagrosos do início do dia haviam atraído multidões em busca de cura física e espiritual.

...e ele, pondo as mãos sobre cada um deles, os curou (v 40b).

Lucas descreve a maneira pela qual Jesus os curava — Ele impunha Suas mãos sobre eles, como um médico tinha que colocar suas mãos sobre os pacientes. Marcos esclarece que os que estavam doentes incluíam tanto os que sofriam de doenças físicas quanto os que sofriam enfermidades espirituais.

Lucas descreve como Jesus expulsava os demônios:

Também de muitos saíram os demônios, gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitiu que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo (v. 41).

Aqueles demônios se comportaram como o espírito imundo que havia sido expulso do homem na sinagoga mais cedo naquele dia de sábado. Aqueles demônios também identificavam a Jesus como "o Santo de Deus" (Lucas 4:34). Jesus havia repreendido ao espírito imundo, ordenando que se calasse (Lucas 4:35). Isso revela que os demônios reconheciam corretamente a Jesus e Sua autoridade, embora os homens não O reconhecessem. Jesus os silenciava e se recusava a aceitar seu testemunho sobre Ele. A provável razão pela qual Ele os repreendia e ordenava que se calassem provavelmente tivesse a ver com o fato de não querer que as pessoas concluíssem erroneamente que eles estivessem trabalhando juntos. Deus e os demônios são inimigos absolutos. Deus é infinitamente mais forte e logo esmagará a Satanás debaixo de nossos pés (Romanos 16:20).

Os demônios são seres malignos que servem a Satanás. O mundo no qual habitamos é físico e espiritual. Há uma interconexão entre essas duas dimensões. Tanto a dimensão física quanto a espiritual foram criadas por Deus. A Bíblia afirma que tanto o mundo físico quanto o mundo espiritual são reais. A dimensão física é tangível aos nossos corpos físicos e nossos sentidos físicos. O ambiente físico pode, em parte, ser quantificado e medido pela arte e ciência humanas. Porém, o mundo sobrenatural, embora seja, em grande parte, invisível para nós, não é menos real. Como seres humanos que têm um corpo e um espírito, temos uma natureza física e uma natureza espiritual. Anjos e demônios (e também Deus, que veio à terra como Homem através do nascimento de Jesus) têm naturezas espirituais.

Durante esta era atual (entre a queda de Adão e Eva no Jardim do Éden e a derrota final de Satanás), o diabo é o príncipe do mundo, alguém que abusa de seu poder para trazer danos àqueles a quem odeia, ou seja, os portadores da imagem de Deus.

A maneira mais comum pela qual Satanás alcança seus objetivos malignos é convencer as pessoas a desobedecer à boa ordem de Deus e, como ele, se rebelar. Ele tenta nos levar a agir egoisticamente em relação ao que queremos e a explorar os outros através de abusos, seja pela força ou pela fraude. O reino de Satanás é construído sobre o orgulho, a inveja, a luxúria e o ódio. Satanás deseja que nos comportemos como tiranos. Isso é o oposto do princípio da misericórdia e da ética da regra de ouro do Sermão da Montanha ensinado por Jesus (Mateus 5-7).

Outra maneira pela qual o diabo prejudica as pessoas é ganhando influência sobre suas mentes ou corpos. Quando isso ocorre, essa pessoa fica possuída por seus demônios. Como Deus, Jesus tinha autoridade sobre tudo, inclusive sobre os demônios. Ele expulsava a esses espíritos imundos com uma só palavra. Jesus tinha o poder de restaurar as pessoas à saúde física, bem como à sua integridade espiritual. Lucas nos mostra que Jesus tinha esses poderes ao registrar os eventos sobrenaturais do capítulo 4, começando com a expulsão do demônio, a cura da sogra de Simão e, agora, quando o sol se punha, curando aos males físicos e espirituais das pessoas.

Os Evangelhos não especificam quantas pessoas foram curadas, mas sabemos que foram muitas. Muitos foram curados. Foi um dia inteiro de milagres, pois Jesus servia ao povo de Cafarnaum e ao distrito vizinho da Galiléia.