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Significado de Lucas 4:42-44
Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 4:23-25 e Marcos 1:35-39.
Lucas continua sua narrativa depois de Jesus ter passado a noite anterior curando pessoas de males físicos e livrando outras de possessão demoníaca (Lucas 4:40-41),
Sendo já dia, saiu e foi a um lugar deserto; as multidões procuravam-no e, encontrando-o, queriam detê-lo, para que não as deixasse (v. 42).
A frase de Lucas - sendo já dia - pode significar que Jesus tenha passado a noite inteira curando e expulsando demônios ou simplesmente que Ele fez isso no início do dia seguinte. Considerando que as multidões procuravam por Ele, Jesus pode ter ficado acordado a maior parte daquela noite. Independentemente disso, Jesus saiu e foi para um lugar deserto.
O Evangelho de Marcos nos dá mais informações sobre o que Jesus estava fazendo ao encontrar alguma paz e tranquilidade. Ele "foi a um lugar deserto e ali orava" (Marcos 1:35). Depois dos eventos milagrosos e cansativos do dia anterior, Jesus precisou comungar com Deus Pai e renovar Suas forças em oração.
Isso não dissuadiu as multidões que procuravam por Ele (v. 42b).
Quem poderia culpá-los? Jesus os havia surpreendido com Seu ensino, autoridade e milagres. Ele estava proclamando as boas novas sobre o Reino de Deus (v. 43). Muitos naquela multidão provavelmente esperavam que Ele fosse o Messias.
O Evangelho de Marcos relata que "Simão e seus companheiros" procuraram por Jesus e acabaram sendo os que O encontraram depois que Ele partiu (Marcos 1:36-37). Marcos 1:38 deixa tranparecer que Jesus estava falando com Simão e "seus companheiros" quando fez a declaração sobre pregar o Reino de Deus em outras cidades. A partir disso, Simão parece falar em nome das multidões. Talvez Lucas tenha diferenciado Simão entre as multidões que buscavam por Jesus naquele momento, porque Simão ainda não havia decidido seguir a Jesus como discípulo (Lucas 5:1-11). Marcos provavelmente tenha mencionado Simão porque ele havia sido a fonte apostólica do Evangelho de Marcos.
Eles finalmente encontram Jesus, porque Lucas escreve que eles vieram até Ele e tentaram impedi-lo de se afastar deles (v. 42b). Eles não queriam que Ele se ausentasse. As multidões queriam que Ele continuasse fazendo (Lucas 4:36) e ensinando (Lucas 4:32) aquelas coisas incríveis.
Mas Jesus lhes disse: "É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades" (v. 43a).
A mensagem que Jesus estava ensinando era sobre o Reino de Deus. A palavra “evangelho” significa "boas novas". As boas notícias eram tanto espirituais quanto políticas. “Reino” é uma palavra política e Deus é uma palavra espiritual. Jesus anunciava Sua chegada e descrevia como era. Era diferente de tudo o que eles haviam ouvido antes. Era muito diferente de qualquer outro reino terreno ao qual o público gentio grego estaria acostumado. Aliás, era muito diferente dos reinos que os judeus conheciam.
O Reino de Deus ao qual Jesus pregava baseava-se nos princípios opostos aos princípios dos reinos deste mundo. O princípio do Reino de Jesus é o de servir a todos, inclusive aos que estão abaixo de nós, em vez de dominá-los. É um Reino que se submete e confia no poder de Deus, buscando Sua vontade, em vez da nossa própria vontade e desejos. A mensagem de Jesus conhecida como o Sermão da Montanha é onde os princípios do Reino de Deus são mais claramente ensinados e concentrados (Mateus 5-7).
Comparação entre o Reino de Deus e o Reino dos Céus
Curiosamente, Lucas usa o termo “Reino de Deus”, assim como Marcos faz em seu Evangelho (Marcos 1:15) ao comunicar a mensagem de Jesus ao público grego e romano, enquanto Mateus usa a expressão "Reino dos céus" para comunicá-la a seus leitores judeus (Mateus 4:17).
Conclui-se que esses termos são funcionalmente sinônimos. Ambas as expressões se referem à autoridade divina e messiânica de Jesus predita pelos profetas. O Reino dos céus e o Reino de Deus compartilham a promessa central de que o Senhor estabelecerá um governo físico e político na terra e o Messias será seu Rei. Este Reino prosperará eternamente sob a administração das leis divinas.
Além disso, muitos dos ensinamentos e parábolas registradas por Mateus sobre o Reino dos Céus também são contadas por Jesus usando o termo Reino de Deus nas narrativas de Marcos e Lucas. Mateus 4:17 e Marcos 1:15 são dois exemplos desse fenômeno. Alguns outros exemplos onde "Reino dos Céus" é usado em Mateus, enquanto Marcos e Lucas usam Reino de Deus, são:
Ainda que essas passagens descrevam funcionalmente a mesma realidade profética, tenham usos semelhantes e compartilhem o mesmo significado central, o Reino de Deus possuía conotações culturais diferentes do "Reino dos céus". Essas diferentes conotações culturais são sutis, porém importantes. Os respectivos termos foram provavelmente escolhidos e utilizados com base no público-alvo dos autores.
Mateus, cujos principais leitores eram judeus, escolheu o termo "Reino dos Céus" porque era mais atraente para a realidade judaica. Marcos, Lucas (e até João) podem ter usado o termo Reino de Deus porque era mais palatável aos gentios, seus leitores primários.
Há três maneiras pelas quais cada termo transmitia o mesmo significado central, mas o fazia de forma mais eficaz para cada cultura.
A primeira razão para a diferença cultural dizia respeito à forma como judeus e gentios falam de Deus. Os judeus reverenciavam o nome de Deus e não estavam inclinados a falar diretamente com Deus. O termo "Reino dos Céus" era menos direto do que Reino de Deus e, portanto, mais palatável aos judeus. Os gentios falavam diretamente sobre Deus.
Uma razão adicional pela qual o Reino de Deus pode ter sido um termo mais atraente do que "Reino dos Céus" para a audiência romana de Marcos e Lucas é porque, nas mentes gregas e romanas, o termo Deus era um termo mais familiar e mais específico do que "céu". Os gentios tinham muitos deuses. A frase “Reino de Deus” (singular) refletia a afirmação de que Deus era o Deus Único e Verdadeiro e estava, portanto, acima de todos os outros deuses. A frase "Reino dos Céus" poderia soar aos gentios como afirmativa dos muitos deuses pagãos que habitavam no panteão greco-romano.
Além disso, no panteão greco-romano, o céu era acessível aos humanos. Ao usar o termo “Reino de Deus”, a mensagem comunicada ao público gentio era a de que o ministério e a salvação de Jesus se estendiam do céu à terra, da nação judaica para todas as nações da terra.
A terceira diferença cultural entre a expressão "Reino dos Céus" (Mateus) e “Reino de Deus” (Marcos e Lucas) parece ser a lente através da qual o domínio do Reino poderia ser visto.
O "Reino dos céus" se concentrava no governo de Deus sobre a terra. Temos uma noção desse significado na oração de Jesus ao Pai Celestial:
"Venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu" (Mateus 6:10).
Esta frase deixa claro que o "céu" era o lugar onde a vontade de Deus era feita. É uma oração para que a autoridade de Deus se torne tão aparente na terra quanto no céu.
Como um rápido aparte, os Evangelhos foram escritos na língua grega. Jesus provavelmente tenha falado a Seu público judeu em alguma forma do aramaico, que era a língua comum da Judéia no primeiro século. Portanto, os escritores do Evangelho teriam traduzido as palavras de Jesus para o grego, através da inspiração do Espírito Santo, embora, pareça provável que o Evangelho de Mateus tenha sido originalmente escrito e circulado em aramaico e, mais tarde, traduzido para o grego.
O Espírito Santo inspirou Mateus a traduzir a expressão de Jesus como "Reino dos céus"; Marcos e Lucas traduziram a mesma expressão de Jesus como “Reino de Deus” a seus respectivos públicos.
Para saber mais sobre este tema, veja o artigo A Bíblia Diz: "As Quatro Línguas na Judéia de Jesus".
A razão pela qual Jesus precisou partir foi que Ele precisava pregar o Reino de Deus para as outras cidades também, significando as outras cidades judaicas de Israel — pois Jesus foi primeiro enviado como Messias aos judeus (Mateus 10:5-7; 15:24). De fato, Jesus proclamou as boas novas do Reino de Deus em todas as cidades predominantemente judaicas depois de Cafarnaum, do distrito da Galiléia e da Judéia. Porém, Jesus também foi a outras cidades menos judaicas e predominantemente gentias, ensinando e operando milagres entre eles também. Algumas dessas outras cidades às quais Jesus viajou durante Seu ministério terreno incluíam:
Curiosamente, o Evangelho de Lucas, escrito para gentios gregos, raramente menciona o ministério de Jesus nas cidades gentias, enquanto o Evangelho de Mateus, escrito para os judeus, tem a maioria das descrições de Jesus ministrando entre os gentios.
Talvez Mateus estivesse tentando demonstrar a Seu público judeu que o Evangelho, que estava começando a se espalhar rapidamente entre os gentios durante a produção do seu livro, não havia se corrompido ao chegar aos gentios, mas estava cumprindo seu as profecias. Até mesmo o próprio Jesus, o Messias judeu, insinuou isso ao operar milagres e proclamar o Reino entre os gentios.
Talvez, Lucas, que também escreveu Atos, onde o ministério de Paulo e suas numerosas missões entre os gentios se tornaria o foco histórico da segunda metade do livro, estivesse tentando enfatizar as origens judaicas de sua fé em Jesus, o homem ideal para seu público gentio, porque ele não apresenta muitas das interações de Jesus com os gentios.
Jesus explica a razão pela qual Ele tinha que pregar o Reino de Deus em outras cidades: "...para isso é que fui enviado" (v. 43b).
Deus não havia enviado a Jesus, o homem perfeito, o Messias, apenas a Cafarnaum. Jesus não havia sido enviado apenas para curar pessoas de doenças ou para expulsar demônios. Ele foi enviado para salvar o mundo inteiro (João 3:16) e fazer novas todas as coisas (Apocalipse 21:5). Ele foi enviado para estabelecer o Reino de Deus na terra em todas as outras cidades (Lucas 8:1; 17:21; Atos 1:6-7; Apocalipse 19:11-16). Este era o Seu propósito (Isaías 49:6; João 18:36-37).
E pregava nas sinagogas da Judéia (v. 44).
Este é o resumo que Lucas faz do ministério de Jesus depois daquele dia notável em Cafarnaum.
Ele não mais parou de pregar as boas novas a respeito do Reino de Deus. Ele não ficou apenas em Cafarnaum. Ele continuou pregando nas sinagogas de toda a Judéia. Mais uma vez, Lucas enfatiza como Jesus buscava levar Sua mensagem aos judeus - em suas sinagogas. Isso se encaixa com o padrão geral do ministério de Jesus até aqui, conforme visto em Lucas: Ele ensina nas sinagogas (Lucas 4:15, 16, 31).
Neste contexto, ao referir-se à Judéia, Lucas se refere à província romana da Judéia, não ao distrito da Judéia. A província da Judéia era um termo mais geral que englobava toda a região de Israel, incluindo oficialmente os distritos da Iduméia no extremo sul, a oeste do Mar Morto, os distritos da Judéia e Samaria entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, e o distrito da Galiléia ao norte.
As passagens paralelas de Mateus e Marcos especificam essa região geográfica da Judéia como "toda a Galiléia" (Mateus 4:23; Marcos 1:39). Portanto, as palavras de Lucas sobre as sinagogas da Judéia são tecnicamente precisas, mesmo que Mateus e Marcos sejam um pouco mais específicos. No capítulo seguinte, Lucas 5, começa com Jesus passando pelo Mar da Galiléia; Ele ainda estava no distrito da Galiléia (Lucas 4:14).