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Significado de Lucas 4:9-13
Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 4:5-7, 11 e Marcos 1:12.
Mais uma vez, a segunda e a terceira tentações de Jesus em Lucas são apresentadas na ordem inversa da de Mateus. Isso provavelmente se deva ao propósito original de Lucas de seu relato evangélico: escrever uma “narração em ordem" (Lucas 1:3). O relato de Lucas provavelmente apresente os eventos em ordem cronológica, enquanto Mateus provavelmente tenha listado as tentações de forma temática.
Lucas escreve:
Então o levou a Jerusalém, o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito para te guardarem, e: eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares em alguma pedra (v. 9-11).
Depois de Jesus resistir às duas primeiras tentações do diabo, ele lança um terceiro ataque. Ele leva Jesus ao pináculo do templo na cidade santa de Jerusalém. O templo era o edifício mais santo e proeminente dentro de Jerusalém. Ele havia sido expandido por Herodes, o Grande, a partir da restauração que Neemias realizara no templo original de Salomão, construído para honrar a Deus.
Para mais informações sobre o templo, veja o artigo A Bíblia Diz: "O Templo".
Mais uma vez, o diabo usa uma linguagem sutil: "Se és Filho de Deus" visando questionar a identidade divina de Jesus. O diabo O provoca a atirar-se para baixo, isto é, a saltar do pináculo do templo. O ponto mais alto do templo de Salomão era um arco de 120 côvados (2 Crônicas 3:4), 55 metros. O templo de Herodes era maior do que o anterior; assim, é razoável imaginarmos que seu pináculo era ainda mais alto. A questão era: sobreviver a uma queda livre dessa altura seria um milagre óbvio.
O local desta tentação tem um significado especial. A primeira razão é prática. O templo era o edifício mais público de toda a Judéia. Se um homem saltasse do templo e sobrevivesse, muitas pessoas saberiam disso. A conversa se espalharia dos saduceus para os oficiais romanos. A notícia de tal acontecimento se espalharia rapidamente não apenas por toda a Judéia, mas por todo o mundo romano.
A segunda razão dera simbólica. O templo estava localizado no topo de uma colina na parte norte da cidade. 2 Crônicas 3:1 nos diz que este era o Monte Moriá, o mesmo monte onde Abraão havia oferecido Isaque a Deus, antes que o Senhor o detivesse. As simetrias entre o sacrifício de Abraão e a segunda tentação do diabo não seriam duvidosas entre leitores de Lucas ou Mateus. Tanto Jesus quanto Isaque haviam sido filhos prometidos. Como Deus havia poupado ao filho de Abraão, Isaque, sobre o Monte Moriá, certamente, Ele faria o mesmo por Seu próprio Filho divino.
O diabo enfatiza esse ponto citando o Salmo Messiânico 91:11-12, que fala da proteção de Deus aos que confiam no Senhor. O tentador diz: “Ele dará ordens a Seus anjos a respeito de Ti”, mas omite ou apenas infere a segunda metade do versículo, que diz: "...para que te guardem em todos os teus caminhos". Ele, então, cita o Salmo 91:12 na íntegra: “Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares em alguma pedra”.
O uso das Escrituras pelo diabo nessa tentação era uma resposta ao uso que Jesus havia feito das Escrituras no primeiro teste. Ironicamente, a citação do diabo, embora não fosse uma profecia, era mais uma referência do Antigo Testamento em apoio a Jesus ser o Messias. O salmo usado pelo diabo contra Jesus fora cuidadosamente selecionado. Jesus havia negado a primeira tentação do diabo, dizendo-lhe que o Homem deve viver confiando somente em Deus. O diabo, agora, contra-ataca e diz: "Ok, já que você confia somente em Deus, então prove isso pulando do templo", antes de citar um salmo cujo tema principal era sobre a confiança somente em Deus.
Mais uma vez, o diabo estava tentando Jesus a tomar um caminho fácil para que as pessoas O reconhecessem como o Messias, em vez do caminho que Deus tinha para Ele, que incluía sofrer, antes de receber a recompensa de glória (Isaías 53:1-12).
Respondeu-lhe Jesus: Dito está que não tentarás o Senhor teu Deus (v. 12).
Mais uma vez, Jesus responde à tentação do diabo citando a lei encontrada no Deuteronômio:
"Não experimentareis a Jeová, vosso Deus, como o experimentastes em Massá" (Deuteronômio 6:16).
O nome “Massá” significa "tentar, testar, provar." Massá refere-se ao lugar perto do Monte Horebe (Sinai). Recebeu esse nome porque foi ali que os israelitas colocaram Deus à prova (O tentaram) e exigiram que Ele lhes desse água. Este incidente está registrado em Êxodo 17:1-7. Os israelitas testaram a Deus dizendo: "Está Deus entre nós ou não?" Em outras palavras: "Se Deus não fizer o que queremos, talvez precisemos buscar um outro deus".
A essência da terceira tentação de Jesus foi testar a Deus da mesma forma que Israel testou a Deus em Massá. Satanás tentou levar Jesus a tratar a Deus como gênio mnuma garrafa, ou seja, exigir que Deus cumprisse Sua ordem, em vez de se submeter à ordem de Deus. Jesus reconhece isso e deixa claro que devemos aceitar as circunstâncias com fé de que elas são para o nosso bem, ao invés de exigirmos que Deus faça por nós de acordo com nossos planos e desejos. Deus havia prometido provisão a Israel, mas eles exigiram que Ele providenciasse as coisas no seu tempo.
Usando esta passagem, Jesus lembra ao diabo que não nos cabe exigir nada de Deus. Devemos confiar em Deus. Deus não tem que responder a nós. Nós devemos responder a Ele.
Tendo o Diabo acabado toda a sorte de tentação, apartou-se dele até ocasião oportuna (v. 13).
A frase de Lucas sobre o diabo ter terminado todas as tentações pode apontar para o fato de Satanás ter tentado seus esquemas para a tentação de Jesus e fracassado por ora, ou que as três tentações específicas haviam sido amplamente representativas de diferentes categorias de tentações em geral. Sabemos pelo relato de Mateus que Jesus ordenou que o diabo fosse embora (Mateus 4:10). Jesus fez como Tiago nos aconselha a fazer: "Submetei-vos, pois, a Deus. Resisti ao diabo e ele fugirá de vós" (Tiago 4:7).
Cada uma das três tentações pode ser vista como correspondentes ao que o discípulo João se refere em uma de suas cartas como a "concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida":
"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo, a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a vaidade da vida, não vem do Pai, mas, sim, do mundo. Ora, o mundo passa e a sua cobiça; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2:15-17).
A primeira tentação - transformar pedras em pão - é um exemplo da concupiscência da carne. Concentra-se nos apetites. Ao criar a imagem mental do pão, ele também poderia se concentrar no desejo dos olhos ou dos sentidos. A segunda tentação do diabo foi a oferta de dar poder real a Jesus em troca de Sua adoração. Este é um exemplo da soberba da vida. A terceira tentação de Satanás foi saltar do templo, potencialmente criando um espetáculo para todos verem, que pode corresponder à concupiscência dos olhos. Também pode se sobrepor à soberba da vida na medida em que Jesus estaria exigindo um comportamento particular de Seu Pai, provocando o controle, a estima e a reputação dos outros.
O diabo deixou-O naquele momento, mas não desistiu. Embora esta tenha sido a forma mais direta de tentação que Jesus sofreu de que temos em registro, Ele certamente foi tentado durante Seu ministério terreno de muitas outras maneiras. Por exemplo, o autor de Hebreus explica que Jesus foi tentado em "todas as coisas, mas sem pecado", dando aos crentes a esperança de que não estamos sozinhos ao enfrentarmos as tentações da vida (Hebreus 4:15).
“...até momento oportuno” provavelmente seja uma referência às provações de Jesus relacionadas à Sua crucificação. Jesus revela a Seus discípulos que Satanás estava agindo em João 14:30, imediatamente depois de dizer-lhes que iria embora, ou seja, voltaria para o Pai em João 14:28:
"Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe do mundo; ele nada tem em mim" (João 14:30).
Jesus também parece aludir que o diabo estava agindo através das ações dos homens quando as autoridades religiosas vieram prendê-lo no Jardim do Getsêmani mais tarde em Lucas:
"Todos os dias, estando eu convosco no templo, não me tocastes; porém esta é a vossa hora e o poder das trevas" (Lucas 22:53).
A tentação de Satanás também é vista quando Jesus está na cruz e é tentado a demonstrar Seu poder para salvar-Se de Sua dor e sofrimento. Os soldados romanos primeiro zombam de Jesus, dizendo: "Se és o Rei dos judeus, salve-se a Si mesmo" (Lucas 23:38). Jesus é, então, tentado de maneira semelhante por um dos ladrões: "Não és tu o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!" (Lucas 23:39). Assim como havia feito nas três tentações diferentes de Satanás em Lucas 4, Jesus não sucumbe à tentação, nem toma a saída mais fácil.
Não sabemos como Lucas foi informado sobre esse episódio. Podemos presumir que Jesus tenha contado a Seus discípulos sobre isso como meio de instrução. A inclusão dessa experiência por Lucas imediatamente após o batismo, aprovação e unção de Jesus por Deus Pai, bem como a genealogia de Jesus desde Adão, indicavam que a tentação no deserto havia sido o início do ministério de Jesus na terra. O público grego de Lucas provavelmente teria compreendido a resistência de Jesus à tentação do diabo como prova de que Ele era o homem perfeito e digno de ser seguido. O exemplo de Jesus também serve como instrução aos crentes de que Deus permite testes para os que vivem uma vida que O agrada. Os testes são a preparação para o serviço. Ao observar como Jesus resistiu a Satanás, Lucas nos instrui sobre como resisti-lo também, agarrando-nos à perspectiva de Deus por meio de Sua Palavra.