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Significado de Mateus 12:9-14
O Evangelho paralelo que narra a história dste evento pode ser encontrado em Marcos 3:1-6 e Lucas 6:6-11.
Mateus prossegue para o segundo confronto deste capítulo entre Jesus e os fariseus. Aparentemente, isso ocorreu imediatamente depois de Jesus declarar a eles que “o Filho do Homem é o Senhor do Shabat” (Mateus 12:8). Este evento parece ter acontecido logo em seguida, porque Mateus registra que Jesus estava partindo daquele lugar e entrou na sinagoga deles. O relato escrito por Mateus ocorreu no Shabat. Se esse for o caso, é provável que esta tenha sido a segunda parte da mesma discussão entre o mesmo grupo de fariseus e Jesus.
Ao entrar em sua sinagoga, Jesus estava entrando no território dos fariseus. As sinagogas eram como centros comunitários de reunião do povo, um lugar de louvor, e também funcionavam como sedes para cada um dos grupos de fariseus da cidade. As sinagogas eram o edifício e a comunidade nas quais os fariseus ensinavam a Lei e seus costumes. Era pelo sistema da sinagoga, iniciado durante - e, principalmente, depois - do exílio babilônico, que a influência e a autoridade dos fariseus se espalhou. Muitas sinagogas que provavelmente estavam em funcionamento nessa era foram encontradas em escavações arqueológicas em todo o território de Israel, incluindo as cidades na costa norte do Mar da Galiléia, como Cafarnaum.
Quando Jesus entrou em sua sinagoga, Mateus registra que havia um homem que tinha uma mão ressequida. Esse homem era provavelmente muito pobre, porque sua mão seca fazia com que fosse muito difícil para ele conseguir trabalho ou ter uma profissão. Ele provavelmente sofria de rejeição social, porque nessa época era uma crença popular que o motivo de alguém ser aleijado era por causa de algum pecado que a pessoa havia cometido contra Deus, e sua deficiência era uma punição de Deus contra ela. A citação do Evangelho de João ilustra como tal crença era comum:
“Perguntaram-lhe seus discípulos: Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego?” (João 9:2)
Esse homem com a mão ressequida possivelmente era parte da comunidade dessa sinagoga e, neste caso, os fariseus o conheciam. Ele ouvia seus ensinamentos e recebia seu cuidado espiritual. Era trabalho dos fariseus ministrar a ele. Porém, ao invés de fazer isso, os fariseus usavam este homem como uma peça em sua armadilha. Eles o trataram como um peão em seu jogo para desmoralizar Jesus.
Eles questionaram Jesus perguntando, “está dentro da lei curar alguém no Sahbat?” Mateus comenta que eles perguntaram isso a Ele para que pudessem acusá-lo. A armadilha tinha muitas camadas.
Jesus disse a eles, especificamente: “O Filho do Homem é o Senhor do Shabat” (Mateus 12:8). E mais: “Eu vos digo que algo maior que o templo está aqui” (Mateus 12:6). Os fariseus entenderam corretamente o que Jesus quis dizer com tais afirmações corajosas; que eram sobre Ele mesmo. E estavam apontando aquilo como blefe. Basicamente, eles estavam desafiando Jesus: “Tudo bem, se és o Senhor do Shabat e tens autoridade no dia do Shabat, nos diga se está de acordo com a lei curar neste dia ou não”. Se Jesus não curasse a mão ressequida do homem, Ele iria provar ser um impostor. Mas, se Jesus curasse o homem, então Ele violaria as regras dos fariseus em sua própria sinagoga, na frente de muita gente. Isso seria algo socialmente temerário a se fazer, porque as pessoas poderiam imediatamente acusar Jesus de ter quebrado a lei na frente de todos e, portanto, ser um blasfemo.
Independente da forma como Jesus agisse, os fariseus O tinham deixado sem saída. Pelo menos era o que achavam.
Jesus, de forma magistral, reformula a questão. Ele diz: “Qual de vós, tendo uma ovelha, se ela, no sábado, cair em uma cova, não lançará mão para tirá-la?” A construção de Sua pergunta implica que não havia ninguém entre eles que iria deixar sua ovelha na cova até depois do pôr do sol. Todos ali iriam se importar com suas ovelhas o suficiente e, no dia do Shabat, iriam tirar sua ovelha da cova. Fica claro que a pergunta de Jesus deduz que aquela era uma prática comum e lícita entre o povo. Ninguém entre eles pensaria muito antes de tomar tal atitude. O bem-estar do animal necessitava desse tipo de compaixão imediata.
De maneira similar, Deus não proibia o povo de ajudar ao próximo no Shabat. Como mestres da Lei de Deus, os fariseus sabiam disso. No entanto, ainda que soubessem que Jesus estava certo, já que eles certamente iriam resgatar uma ovelha em perigo, suas regras limitavam o povo de amar as pessoas em suas enfermidades. Fica claro que a preocupação dos fariseus estava focada apenas neles mesmos.
Pelo fato de os fariseus não terem respondido à pergunta de Jesus, Ele mesmo a respondeu: Quanto mais vale a vida de um homem do que a de uma ovelha? Não existe nem comparação. Um homem é feito à imagem de Deus e é imensuravelmente mais valioso que uma ovelha. Ao invés de fazer Jesus cair em sua cilada para que pudessem O acusar, Jesus virou a mesa. Ele os envergonhou e expôs publicamente sua hipocrisia e falta de compaixão em sua própria sinagoga.
Jesus concluiu sua resposta aos fariseus: “Assim (ou seja, todos concordamos com isso, não é mesmo?) está dentro da lei fazer o bem no Shabat.” Jesus estabeleceu essa verdade e a bondade da Lei de Deus, bem como sua superioridade acima das regras do Shabat dos fariseus. Jesus havia reformulado a pergunta e virou completamente a armadilha dos fariseus contra eles mesmos. Porém, Ele ainda não tinha terminado.
Jesus se voltou ao homem com a mão ressequida e pediu a ele que a estendesse. O homem a estendeu e ela foi restaurada ao normal, assim como a outra mão. O homem agora estava plenamente sarado.
Com esse milagre Jesus, realizou três coisas ao mesmo tempo. Primeiro, Ele mostrou compaixão pelo homem que tinha a mão doente. Esse homem, agora, poderia usar ambas as mãos para trabalhar e melhorar sua vida, tendo o respeito dos outros. Segundo, com essa demonstração de poder, Jesus provou que Ele era quem dizia ser: “O Senhor do Shabat”. Assim sendo, é Ele quem determina a justiça. O terceiro feito desse milagre foi que Jesus expôs a crueldade e a hipocrisia dos ensinamentos dos fariseus. Jesus havia abalado seu controle sobre as pessoas.
Humilhados e ofendidos pela verdade e pelo amor de Jesus, os fariseus “saíram dali e tramaram o modo de tirar-lhe a vida.” Mateus já havia registrado encontros tensos antes, relacionados aos escribas e os fariseus (Mateus 9:2-8, 9:9-13). Porém, esta foi a primeira vez que o escritor indica a intenção assassina que pairava em seus corações. Lucas conta que os fariseus “estavam cheios de ódio” por tal humilhação pública (Lucas 11:6). Eles tinham recebido a oportunidade de se humilhar e se arrepender, vontando-se ao significado real da Lei e deixando de servir a si mesmos para servir às pessoas que estavam encarregados de pastorear. Ao invés disso, eles aumentaram sua oposição a Jesus, ignorando o grande poder ao qual haviam acabado de testemunhar.