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Significado de Mateus 23:2-3

Jesus diz a Seus discípulos que ouçam e sigam ao que os escribas e fariseus dizem, porque eles se assentam na cadeira de Moisés. Mas Ele os adverte a não imitar seu comportamento e exemplo. Eles praticam a má religião.

Não há relatos paralelos equivalentes a este ensinamento nos Evangelhos.

Jesus começou Seu discurso às multidões com uma observação. Os escribas e os fariseus sentam-se na cadeira de Moisés.

Os escribas e fariseus eram importantes autoridades religiosas dos dias de Jesus. Eles eram vistos como as autoridades da Lei de Deus e os defensores da cultura judaica contra as influências pagãs romanas. Eles promoviam seus ideais nas sinagogas locais espalhadas por toda a Judéia.

Os escribas e fariseus eram inimigos de Jesus. Eles se opunham a Ele porque Ele representava uma ameaça ao seu poder político e sua posição diante do povo. Seus valores controle e egoísmo eram opostos aos valores de amor e serviço do Reino de Cristo. Eles praticavam o que pode ser descrito como "Má Religião". A má religião é um abuso da autoridade religiosa para justificar a exploração ou o comportamento autodestrutivo (pecado). Tal comportamento tenta manipular as regras de Deus para pressionar os outros a dar o que queremos, justificando o pecado como algo bom. Mas é apenas má religião. Não traz harmonia. Seu produto é o pecado e a morte. Jesus era contra a Má Religião e suas práticas.

Portanto, Ele se opôs aos escribas e fariseus e advertiu a Seus discípulos e as multidões a não replicarem suas ações. Não sejam como eles. Não pratiquem a Má Religião.

Jesus disse que eles se assentavam na cadeira de Moisés. A frase “a cadeira de Moisés” era uma alusão simbólica à autoridade moral ou profética sobre o povo de Deus. Arqueólogos encontraram uma cadeira de pedra em uma sinagoga em Corazim na década de 1920, conhecida como a Sede de Moisés, presumivelmente o local de onde o rabino local leria a Torá. Moisés foi o profeta de Deus que havia levado Israel para fora da escravidão (Êxodo 3:10) e ele era um legislador divino (João 1:17). É interessante notar a observação de Jesus de que os fariseus e escribas assumiram tal posição, ou seja, o assento de autoridade. Eles não haviam sido chamados por Deus como Moisés foi. Eles se sentaram. Ou seja, eles tomaram o poder para si mesmos.

No entanto, pelo feto de estarem na cadeira de Moisés, Jesus sugere a Seus discípulos que façam e observem a tudo o que eles dizem. Isso indica que os fariseus liam as Escrituras e exortavam as pessoas a seguirem seus ensinamentos. A palavra do Senhor nunca volta vazia. Ela pode nos beneficiar mesmo quando é expressa por alguém que não crê nem segue as Escrituras. Paulo afirmou isso sobre alguns missionários concorrentes que se preocupavam principalmente com dinheiro (Filipenses 1:15-18). Deus usou Caifás, o sumo sacerdote, para profetizar a morte sacrificial de Jesus para a salvação dos seres humanos do veneno do pecado e ele foi o homem que liderou o plano para crucificar Jesus (João 3:14-15; 11:49-51). Até mesmo os burros podem nos dizer a verdade de Deus (Números 22:27-30).

Assim como Paulo e Pedro convidaram sua audiência cristã a obedecer às autoridades políticas do governo romano (Romanos 13:1-7; 1 Pedro 2:13-17), assim também Jesus, aqui, pede a Seus discípulos que sigam as autoridades religiosas do Templo e das Sinagogas. Os líderes religiosos tinham autoridade em virtude de estarem na cadeira de Moisés, mesmo que suas motivações ou sua tomada de poder fossem suspeitas. O princípio é não permitir que a autoridade corrupta corrompa nossa própria moralidade. Afinal de contas, aqueles líderes aparentemente estavam ensinando coisas verdadeiras, justas e boas.

Em Romanos 13, o apóstolo Paulo exorta os crentes em Roma a obedecer à autoridade do império, porque ela havia sido designada por Deus para punir o mal e recompensar o bem (Romanos 13:3-5). Está bem documentado que o governo romano estava cheio de corrupção, mas Paulo exorta seus seguidores a não usar isso como desculpa, mas sim a seguir a lei, mesmo que as próprias autoridades governamentais não o façam. Paulo apelou à autoridade governante romana para salvá-lo do julgamento injusto dos judeus ao apelar a César (Atos 25:11).

Paulo, por fim, foi executado por César por pregar o Evangelho, o que também nos diz que ele seguiu uma hierarquia de autoridade e, finalmente, obedeceu à autoridade de Deus acima da autoridade do governo humano. Pedro e João fizeram algo semelhante quando disseram às autoridades religiosas judaicas que teriam que obedecer a Deus e não aos homens quando foram ordenados não mais pregar o Evangelho e, portanto, desafiaram sua ordem (Atos 5:29-32). Não obstante as exceções de aderirmos à autoridade de Deus acima das autoridades humanas, em nenhum caso temos a desculpa de "fazer o que queremos" por causa das falhas da autoridade humana.

Mesmo que os escribas e fariseus parecessem ter a atitude do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço", Jesus não queria que Seus discípulos seguissem seu mau exemplo. Jesus os advertiu: Não façam de acordo com suas obras. Ele ressaltou: Eles mesmos não fazem as coisas que instruem os outros a fazer. Aqueles líderes religiosos não seguiam suas próprias boas regras. Ainda que lessem e ensinassem os mandamentos de Deus, eles não faziam o que Deus ordenava. Eles eram a epítome da "Má Religião". Foi por isso que Jesus advertiu Seus discípulos a não imitarem seu mau exemplo e não usarem sua corrupção como desculpa.

Nunca devemos seguir líderes que vivem um estilo de vida ímpio. Devemos examinar suas obras e ver se suas obras se alinham com a Palavra de Deus. Isto é o que Jesus quis dizer em Mateus 7:15-17 quando ensinou: "Conhecereis a eles [mestres] pelos seus frutos... toda árvore boa [bom mestre] dá bons frutos [boas ações], mas a árvore má [maus mestres] dá maus frutos [más ações]." Os escribas e fariseus eram árvores ruins. Portanto, seus exemplos não deveriam ser seguidos. Vale lembrar que julgar os mestres é uma exceção à regra geral de julgar os outros (Mateus 7:1-2). Os mestres não devem julgar a seus alunos, mas os alunos devem julgar a seus mestres e seguir aos que mostram bons frutos. Devemos ouvir as pessoas com as quais queremos nos parecer.

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